Liturgia da Segunda Feira — 18.03.2013
V
SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende piedade de mim, Senhor, pois me atormentam; todos
os dias me oprimem os agressores (Sl 55,2).
Leitura (Daniel
13,1-9.15-17.19-30.33-62 ou 41-62)
Leitura da profecia de Daniel.
Naqueles dias, 13 1 havia um
homem chamado Joaquim, que habitava em Babilônia.
2 Tinha desposado uma mulher chamada Suzana, filha de Helcias, de grande
beleza, e piedosa,
3 porque havia sido educada segundo a lei de Moisés por pais honestos.
4 Joaquim era sumamente rico. Junto à sua casa havia um pomar. Os judeus reuniam-se
freqüentemente em casa dele, porque gozava de uma particular consideração
entre seus compatriotas.
5 Haviam sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo, aos quais
se aplicava bem a palavra do Senhor: "A iniqüidade surgiu, em Babilônia,
de anciãos juízes que passavam por dirigentes do povo".
6 Esses dois personagens freqüentavam a casa de Joaquim, aonde vinham
consultá-los todos aqueles que tinham litígio.
7 Lá pelo meio-dia, quando toda essa gente tinha ido embora, Suzana vinha
passear no jardim de seu marido.
8 Os dois anciãos viam-na portanto todos os dias durante seu passeio, tanto
que se apaixonaram por ela e,
9 perdendo a justa noção das coisas, desviaram os olhos para não ver mais o
céu e não ter mais presente no espírito a verdadeira regra de comportamento.
15 Enquanto calculavam qual seria o momento propício, eis que Suzana chegou
como de costume, com duas empregadas, e tomou a resolução de banhar-se, pois
fazia calor.
16 Lá não havia ninguém, salvo os dois anciãos escondidos, que a espreitavam.
17 "Trazei-me", disse ela às duas empregadas, "óleo e
ungüentos, e fechai as portas do jardim, para eu me banhar".
19 Apenas saíram, os dois homens precipitaram-se em direção de Suzana.
20 As portas do jardim estão fechadas, disseram-lhe, "ninguém nos vê.
Ardemos de amor por ti. Aceita, e entrega-te a nós.
21 Se recusares, iremos denunciar-te: diremos que havia um jovem contigo, e
que foi por isso que fizeste sair tuas servas".
22 Suzana exclamou tristemente: "Que angústias me envolvem por todos os
lados! Consentir? Eu seria condenada à morte! Recusar? Nem assim eu escaparia
de vossas mãos!
23 Não! Prefiro cair, sem culpa alguma, em vossas mãos, do que pecar contra o
Senhor".
24 Suzana soltou grandes gritos, e os dois anciãos gritavam também contra
ela.
25 E um deles, correndo às portas do jardim, abriu-as.
26 Com essa balbúrdia, os criados precipitaram-se pela porta do fundo para
ver o que havia acontecido.
27 Os anciãos se puseram a falar, e os criados enrubesceram, pois jamais nada
de semelhante fora dito de Suzana.
28 No dia seguinte, os dois anciãos, cheios de criminosas intenções contra a
vida de Suzana, vieram à reunião que se realizava em casa de Joaquim, marido
dela.
29 Disseram, diante da assembléia: "Mandem buscar Suzana, filha de
Helcias, a mulher de Joaquim!" Foram-na buscar,
30 e ela chegou com seus pais, seus filhos e os membros de sua família.
33 Os seus choravam, assim como seus amigos.
34 Os dois anciãos levantaram-se à vista de todos, e pousaram a mão sobre sua
cabeça,
35 enquanto ela, debulhada em lágrimas, mas com o coração cheio de confiança
no Senhor, olhava para o céu.
36 Os anciãos disseram então: "Quando passeávamos pelo jardim, ela
entrou com duas servas; depois fechou a porta e mandou embora suas
acompanhantes.
37 Então, um jovem que se achava escondido ali, aproximou-se e pecou com ela.
38 Nós nos encontrávamos num recanto do jardim. Diante de tal
desvergonhamento, corremos para eles e os surpreendemos em flagrante delito.
39 Não pudemos agarrar o homem, porque era mais forte do que nós, e fugiu
pela porta aberta.
40 Ela, nós a apanhamos; mas quando a interrogamos para saber quem era o
jovem, recusou-se a responder. Somos testemunhas do fato".
41 Confiando nesses homens, que eram anciãos e juízes do povo, condenaram
Suzana à morte.
42 Então ela exclamou bem alto: "Deus eterno, vós que penetrais os
segredos, que conheceis os acontecimentos antes que aconteçam,
43 sabeis que isso é um falso testemunho que levantaram contra mim. Vou
morrer, sem nada ter feito do que maldosamente inventaram de mim".
44 Deus ouviu sua oração.
45 Como a levassem para a morte, o Senhor suscitou o espírito íntegro de um
adolescente chamado Daniel,
46 que proclamou com vigor: "Sou inocente da morte dessa mulher!"
47 Todo mundo virou-se para ele: "O que significa isso?",
perguntaram-lhe.
48 Então, no meio de um círculo que se formava, disse: "Israelitas,
estais loucos! Eis que condenais uma israelita sem interrogatório, sem
conhecer a verdade!
49 Recomeçai o julgamento, porque é um falso testemunho a declaração desses
dois homens contra ela".
50 O povo apressou-se em
voltar. Os anciãos disseram a Daniel: "Vem sentar
conosco e esclarece-nos, pois Deus te deu o privilégio da velhice!"
51 "Separai-os um do outro", exclamou Daniel, "e eu os
julgarei". Foram separados.
52 Então Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: "Velho perverso! Eis que
agora aparecem os pecados que cometeste outrora em julgamentos injustos,
53 condenando os inocentes e absolvendo os culpados; no entanto, é Deus quem
diz: ‘não farás morrer o inocente e o íntegro’.
54 Vamos! Se realmente a viste, dize-nos debaixo de qual árvore os viste
juntos?" "Debaixo de um lentisco", respondeu.
55 "Ótimo!", continuou Daniel, "eis a mentira, que pagarás com
tua cabeça. Eis aqui o anjo do Senhor que, segundo a sentença divina, vai
dividir teu corpo pelo meio".
56 Afastaram o homem. Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: "Filho de
Canaã! Tu não és judeu: foi a beleza que te seduziu, e a concupiscência que
te perverteu.
57 Foi assim que sempre fizeste com as filhas de Israel, as quais, por medo,
entravam em relação convosco. Mas eis uma filha de Judá que não consentiu no
vosso crime.
58 Vamos, dize-me sob qual árvore os surpreendeste em intimidade".
"Sob um carvalho".
59 "Ótimo!", respondeu Daniel, "tu também proferiste uma
mentira que vai te custar a vida. Eis aqui o anjo do Senhor, que empunha a
espada, prestes a serrar-te pelo meio para te fazer perecer".
60 Logo a assembléia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a Deus por
salvar aqueles que nele põem sua esperança.
61 Toda a multidão revoltou-se então contra os dois anciãos os quais, por
suas próprias declarações, Daniel provou terem dado falso testemunho.
62 De acordo com a lei de Moisés, aplicaram o tratamento que tinham querido
infligir ao seu próximo: foram mortos. Assim, naquele dia, foi poupada uma
vida inocente.
Salmo responsorial 22/23
Mesmo que eu passe pelo vale
tenebroso,
nenhum mal eu temerei, estais comigo.
O Senhor é o pastor que me
conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelo prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.
Ele me guia no caminho mais
seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei.
Estai comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!
Preparais à minha frente uma
mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.
Felicidade e todo bem hão de
seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.
Aclamação do Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus,
primogênito dentre os mortos!
Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e
tenha vida (Ez 33,11).
Evangelho (João 8,12-20)
Naquele tempo, 8 1 dirigiu-se
Jesus para o monte das Oliveiras.
2 Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se
e começou a ensinar.
3 Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em
adultério.
4 Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: "Mestre, agora
mesmo esta mulher foi apanhada em adultério.
5 Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a
isso?"
6 Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus,
porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.
7 Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: "Quem de vós estiver
sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra".
8 Inclinando-se novamente, escrevia na terra.
9 A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles
se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de
sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele.
10 Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe:
"Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?"
11 Respondeu ela: "Ninguém, Senhor". Disse-lhe então Jesus:
"Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar".
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. QUEM NÃO TIVER
PECADO...
Não sei se colocaram alguma
câmera oculta ou o marido traído contratou algum espião, o fato é que aquela
mulher fora pega com a “boca na botija” em flagrante adultério. Que prato
cheio para os fofoqueiros de plantão!
Quando ouvimos alguma notícia de alguém da nossa igreja, que cometeu algum
pecado na área da sexualidade, parece que é o maior de todos os pecados e nos
apressamos em passar a notícia para frente. “Bem que desconfiei que essa
mulher não valia nada!” - “Pois é, tinha uma aparência de santinha, mas de
santa não tinha nada” – “Ah isso eu já desconfiava faz tempo, essa nunca me
enganou!”.
Tenho séria desconfiança de que
isso aconteceu na comunidade do evangelista João e que também já ocorreu em
nossa comunidade em nível de paróquia ou de diocese. Como é que reagimos
diante de um escândalo?
A coisa é tão grave, que
dependendo da pessoa, nos alegramos interiormente, se dela já fazíamos mau
juízo. Julgamos e condenamos, usurpando de um direito que só pertence a Deus.
E se encontrarmos a pessoa na comunidade ficaremos horrorizados “Meu Deus,
como é que pode, será que ainda não avisaram o padre?”
Assim aconteceu com a mulher
adúltera que já estava presa nas mãos dos seus acusadores, que decidiram
levá-la até Jesus, só para verem como é que ele iria reagir diante de um caso
que não tinha saída. É verdade que ela ainda não tinha sido julgada pelo
conselho do sinédrio, mas não tinha escapatória, seria condenada à morte por
apedrejamento em praça pública.
Pediram a opinião de Jesus, mas
antes já tinham feito o julgamento “ela foi apanhada em flagrante adultério e
a lei de Moisés manda que seja apedrejada em praça pública até a morte. E o
senhor, o que é que diz?”
Quando vamos falar sobre o
pecado que o irmão cometeu, também fazemos assim: já o julgamos e condenamos,
não importa o que o outro vá dizer...
Mas Jesus passou de caça a
caçador, concordou com o apedrejamento como mandava a lei porém, mudou o foco
da conversa, que até aquele momento era o pecado da mulher “quem entre vós
não tiver nenhum pecado, que atire a primeira pedra”.
Como muda o que pensamos da
pessoa do próximo, quando olhamos para o nosso pecado! O evangelho afirma que
começando pelos mais velhos, todos se foram. Os mais velhos da comunidade não
têm direito de julgar e condenar a ninguém porque a referência não é uma
pessoa, por mais virtuosa que ela seja, mas Jesus! Ele é a cabeça da igreja,
nós somos apenas os membros. Ele é o tronco, nós simplesmente os ramos!
Jesus não a condenou “Se ninguém
te condenou nem eu te condeno. Vá e não tornes a pecar”. A palavra “condenar”
é própria do ser humano, mas não de Deus, ele jamais irá condenar a ninguém.
Quando em nossa mente projetamos a imagem de um Deus que nos condena, estamos
na verdade recusando todo o amor e a misericórdia que ele manifestou no seu
Filho Jesus.
O amor e a misericórdia que
Jesus manifestou para essa mulher pecadora, não foi motivado pelo
arrependimento, em nenhum momento o evangelho fala que a pecadora estava
arrependida, estava sim humilhada porque seu pecado fora descoberto, parece
que a dor moral era maior do que o medo das pedradas que estavam por vir.
Todos contra ela, apoiados no rigorismo da lei, porém Jesus coloca a vida e a
dignidade humana acima da lei, quando ficou a sós com a mulher, não lhe
perguntou se estava arrependida do que fizera, não lhe lembrou a gravidade do
seu pecado e não fez nenhum discurso moralista, apenas a orientou para que
não mais pecasse.
Às vezes o nosso perdão dado ao
próximo que errou, é acompanhado de tanto palavrório e discurso, que faz
ficar mais pesado o sentimento de culpa do outro. O verdadeiro perdão cura a
dor da culpa e resgata ao pecador a dignidade perdida. É assim que Deus age
conosco, foi precisamente para isso que Jesus veio ao mundo, missão definida
pelo precursor João Batista “eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado
do mundo”.
Portanto, antes de olharmos para
o pecado do irmão, com uma boa lupa de aumento, olhemos para a nossa vida e sintamos
o quanto Deus nos ama, sem nunca nos ter julgado e condenado.
2. Proteger o dom da
vida
No dia anterior já comentamos
este mesmo evangelho.
A pergunta dos escribas e
fariseus a Jesus era uma armadilha. Requerem de Jesus uma interpretação da
Lei de Moisés sobre o adultério (cf. Ex 20,14; Dt 5,18) e a pena imposta para
tal caso (cf. Lv 20,10; Dt 22,22-24).
O importante não é a leitura
casuística da Lei de Deus, mas a sua interpretação e aplicação a partir da
razão pela qual ela existe: proteger o dom da vida e garantir a liberdade do
povo de Deus. Aqui contra a vida e a liberdade, eis a grande falta. Não
permitir que a misericórdia seja o princípio da ação, eis o pecado! É esta
perspectiva que abre para aquela mulher a possibilidade de uma vida
transfigurada em Jesus, o Cristo.
ORAÇÃO
Pai, tira do meu coração a maldade e a hipocrisia que me tornam juiz iníquo
do meu semelhante, não me permitindo ver a necessidade de pôr em ordem a
minha vida.
3. UM JULGAMENTO
FRUSTRADO
O episódio do julgamento frustrado da mulher flagrada em adultério chama a
atenção para o tipo de juízo a que Jesus será submetido, chegando até ser
condenado à morte. A malícia e a hipocrisia que condenaram a mulher haveriam
de recair também sobre Jesus.
Os mestres da Lei e os fariseus,
ao surpreenderem a mulher em adultério, conheciam perfeitamente a providência
a ser tomada. Aliás, eles mesmos se confessaram conhecedores da Lei, a qual
ordenava a lapidação imediata das adúlteras. Portanto, não tinha sentido
interrogar Jesus a este respeito. O que os adversários visavam era colher
provas contra ele, saídas de sua própria boca. De fato, quem estava sendo
julgado era Jesus, não a mulher adúltera.
O gesto sereno do Mestre, apesar
da insistência de seus inquisidores, foi uma clara demonstração de que ele
não os temia. Continuou a escrever no chão. Depois, ergueu-se para
confrontá-los com uma pergunta fulminante: "Quem de vocês não tiver
pecado, seja o primeiro a apedrejar esta mulher!". Então, toda a malícia
de seus adversários ficou patente, pois foram se retirando, um por um, a
começar pelos mais velhos. É porque não tinham moral para julgar a adúltera,
e muito menos para julgar Jesus. Que tratassem de se corrigir, antes de se
arvorarem em juízes do próximo!
A mulher teve Jesus para
defendê-la da malícia e da hipocrisia dos seus acusadores. Quanto a Jesus,
haveria de ser condenado por pecados que não cometeu.
Oração
Pai, tira do meu coração a maldade e a hipocrisia que me tornam juiz iníquo
do meu semelhante, não me permitindo ver a necessidade de pôr em ordem a
minha vida.
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SÃO
JOSÉ - ESPOSO DE MARIA E PADROEIRO DA IGREJA
(BRANCO, GLÓRIA, CREIO,
PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE)
Antífona da entrada: Eis o servo fiel e prudente, a quem o Senhor confiou a
sua casa (Lc 12,42).
Primeira Leitura (2
Samuel 7,4-5.12-14.16)
Leitura do segundo livro de Samuel.
7 4 Mas a palavra do Senhor foi
dirigida a Natã naquela mesma noite, e dizia:
5 “Vai e dize ao meu servo Davi: ‘eis o que diz o Senhor: Não és tu quem me
edificará uma casa para eu habitar.
12 Quando chegar o fim de teus dias e repousares com os teus pais, então
suscitarei depois de ti a tua posteridade, aquele que sairá de tuas
entranhas, e firmarei o seu reino.
13 Ele me construirá um templo, e firmarei para sempre o seu trono real.
14 Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer
alguma falta, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de homens,
16 Tua casa e teu reino estão estabelecidos para sempre diante de mim, e o
teu trono está firme para sempre’”.
Salmo responsorial 88/89
Eis que a sua descendência
durará eternamente.
Ó Senhor, eu cantarei
eternamente o vosso amor,
de geração em geração eu cantarei vossa verdade!
Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!”
E a vossa lealdade é tão firme como os céus.
“Eu firmei uma aliança com meu
servo, meu eleito,
e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor.
Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem,
de geração em geração garantirei o teu reinado!”
Ele, então me invocará: “Ó
Senhor, vós sois meu Pai,
sois meu Deus, sois meu rochedo onde encontro a salvação!”
Guardarei eternamente para ele a minha graça
e com ele firmarei minha aliança indissolúvel.
Segunda Leitura (Romanos
4,13.16-18.22)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
4 13 Com efeito, não foi em
virtude da lei que a promessa de herdar o mundo foi feita a Abraão ou à sua
posteridade, mas em virtude da justiça da fé.
16 Logo, é pela fé que alguém se torna herdeiro. Portanto, gratuitamente; e a
promessa é assegurada a toda a posteridade de Abraão, não somente aos que
procedem da lei, mas também aos que possuem a fé de Abraão, que é pai de
todos nós.
17 Em verdade, está escrito: “Eu te constituí pai de muitas nações”; (nosso
pai, portanto) diante dos olhos daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida
aos mortos e chama à existência as coisas que estão no nada.
18 Esperando, contra toda a esperança, Abraão teve fé e se tornou pai de
muitas nações, segundo o que lhe fora dito: “Assim será a tua descendência”.
22 Eis por que sua fé lhe foi contada como justiça.
Aclamação do Evangelho
Louvor e glória a ti, Senhor,
Cristo, palavra de Deus!
Felizes os que habitam vossa casa, para sempre eles hão de vos louvar!
EVANGELHO (Mateus 1,16.18-21.24)
1 16 Jacó gerou José, esposo
de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
18 Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José.
Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito
Santo.
19 José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu
rejeitá-la secretamente.
20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e
lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o
que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
21 Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará
o seu povo de seus pecados”.
24 Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em
sua casa sua esposa.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. São José
É admirável em São José, esposo de
Maria e Pai adotivo do menino Jesus, á sua discrição. É o homem do silêncio,
mesmo em momentos como este, narrado pelo evangelho, onde poderia, quem sabe,
usar da sua autoridade de Pai para dar uma "dura" no menino que
ficou no templo sem sua prévia autorização. Na maioria dos relatos que o
envolvem, e que são bem poucos, menos que Maria, o nosso "Bom José"
entra mudo e sai calado. Não é que seja tímido e não queira se expor, é que
José, este Santo Homem venerado no mundo inteiro, sabia ocupar o seu lugar na
comunidade.
Em nossas comunidades conhecemos
pessoas que se identificam muito com José, dão o melhor de si, mas sempre
muito discretamente, sem muito alarde cumprem um papel importante na
caminhada da igreja, cientes de estarem cumprindo a Vontade de Deus. Um certo
dia fui ao velório de um irmão Vicentino e fiquei pasmo em ver a presença de
um grande número de assistidos por ele, que sofriam com a sua morte, uma
senhora bem pobrezinha disse chorando que "Ele dava-nos muito mais do
que uma cesta básica... Nos valorizava e nos fazia sentir importantes, pelo
jeito com que nos tratava". Pensei comigo mesmo que ele poderia ter sido
um coordenador da comunidade mais o meu pároco, muito sabiamente comentou
"Ele era exatamente aquilo que Deus queria que ele fosse...". Penso
que São José também era exatamente aquilo que Deus queria que ele fosse...
São José é Patrono da nossa
Igreja, e se Maria Santíssima é a primeira cristã, José merece o título de
primeiro agente de Pastoral pois sua missão foi servir Maria e a ela se
dedicou de tal forma que mudou os planos de sua vida para poder ficar para
sempre ao seu lado. Evidentemente ocupou na vida de Jesus o lugar de Pai,
ensinando-o a sobreviver transmitindo-lhe seus conhecimentos de artesão e
carpinteiro.
Teve uma morte Santa, não se sabe
exatamente em que momento, pois quando Jesus iniciou sua vida pública, já era
falecido. A morte santa não é pelo simples fato de ter morrido nos braços de
Jesus e de Maria, mas por tê-los servido durante a sua vida, sendo um homem
justo e reto. Nem Jose e nem Maria nunca quiseram ser na comunidade o centro
das atenções, tinham razões de sobra para fazê-lo mas preferiram o anonimato,
seguindo a mesma linha de conduta de João Batista, o Precursor "E
preciso que Ele cresça e eu desapareça".
Admirar José e tê-lo com
Padroeiro ou o Santo da nossa devoção, deve fazer parte da piedade cristã de
todos os tempos, entretanto, o bom mesmo é seguir o seu santo exemplo, dar
tudo de nós, aos irmãos e irmãs de caminhada, e passar sempre
desapercebido...
Oh Glorioso São José, Rogai por
todos Nós. Amém!
2. A missão de José
Para a nossa breve reflexão
vamos tomar o texto de Mateus.
O trecho trata da missão de José.
A importância do papel de José (vv. 18.19.20.24.25) consiste no fato de que
ele tem por tarefa inserir seu filho na linhagem de seus ancestrais, no povo
eleito de Deus.
José era um homem
"justo" (cf. v. 19) - conhecendo por revelação a origem divina do
filho (v. 18) - e julga não poder receber na sua casa alguém que o Senhor
reservou para si; por isso, procura despedir Maria secretamente (cf. v. 19).
Ele é obediente: "Quando acordou, José fez exatamente conforme o anjo do
Senhor tinha mandado" (v. 24).
ORAÇÃO
Pai, ajuda-me a contemplar tua ação maravilhosa em relação à concepção de teu
Filho Jesus. Que eu reconheça nela tua oferta gratuita de salvação para toda
a humanidade.
3. São José
Enquanto no Evangelho de Lucas a
anunciação da concepção virginal de Jesus é feita a Maria, em Mateus o
anúncio dirige-se a José. José é apresentado por uma genealogia elaborada por
Mateus, a fim de sugerir a origem davídica de Jesus. Ele pretende, assim,
contemplar sua comunidade formada por convertidos oriundos do judaísmo.
O texto de Mateus nos apresenta um drama. O sofrimento de
José pela constatação da gravidez daquela que lhe estava prometida em
casamento e que ele amava. Parece que o anjo tardou em seu anúncio. Só se
comunica quando José, no auge de seu sofrimento, resolve despedir Maria.
Percebe-se que se trata de um texto teológico de Mateus, despreocupado com as
implicações afetivas. O conteúdo é o convite do anjo a José para que assuma a
paternidade legal da concepção divina de Maria.
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V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vós me livrais, Senhor, de meus inimigos; vós me fazeis
suplantar o agressor e do homem violento me salvais! (Sl 17,48s)
Leitura (Daniel
3,14-20.49.91-92.95)
Leitura da profecia de Daniel.
Naqueles dias, 3 14
Nabucodonosor disse-lhes: "É verdade, Sidrac, Misac e Abdênago, que
recusais o culto a meus deuses e a adoração à estátua de ouro que erigi?
15 Pois bem, estais prontos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da
flauta, da cítara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de
instrumentos de música, a vos prostrardes em adoração diante da estátua que
eu fiz? Se não o fizerdes, sereis precipitados de relance na fornalha
ardente; e qual é o deus que poderia livrar-vos de minha mão?"
16 Sidrac, Misac e Abdênago responderam ao rei Nabucodonosor: "De nada
vale responder-te a esse respeito.
17 Se assim deve ser, o Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha
ardente e mesmo, ó rei, de tua mão.
18 E mesmo que não o fizesse, saibas, ó rei, que nós não renderemos culto
algum a teus deuses e que nós não adoraremos a estátua de ouro que
erigiste".
19 Então a fúria de Nabucodonosor desencadeou-se contra Sidrac, Misac e Abdênago;
os traços de seu rosto alteraram-se e ele elevou a voz para ordenar que se
aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume.
20 Depois deu ordem aos soldados mais vigorosos de suas tropas para amarrar
Sidrac, Misac e Abdênago, e jogá-los na fornalha ardente.
49 Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus companheiros à
fornalha e afastava o fogo.
91 Então Nabucodonosor, admirado, levantou-se precipitadamente, dizendo a
seus conselheiros: "Não foram três homens amarrados que jogamos no
fogo?" "Certamente, majestade", responderam.
92 "Pois bem", replicou o rei, "eu vejo quatro homens soltos,
que passeiam impunemente no meio do fogo; o quarto tem a aparência de um
filho dos deuses".
95 Nabucodonosor tomou a palavra: "Bendito seja, disse, o Deus de
Sidrac, de Misac e de Abdênago! Ele enviou seu anjo para salvar seus servos,
os quais, depositando nele toda a sua confiança, e transgredindo as ordens do
rei, preferiram expor suas vidas a se prostrarem em adoração diante de um
deus que não era o seu".
Salmo responsorial Dn 3
A vós louvor, honra e glória
eternamente!
Sede bendito, Senhor Deus de
nossos pais.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, nome santo e glorioso.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
No templo santo onde refulge a
vossa glória.
A vós louvor honra e glória eternamente!
E em vosso trono de poder vitorioso.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, que sondais as
profundezas.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
E superior aos querubins vos assentais.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito no celeste
firmamento.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Obras todas do Senhor,
glorificai-o.
A ele louvor, honra e glória eternamente!
Aclamação do Evangelho
Honra, glória, poder e louvor a
Jesus, nosso Deus e Senhor.
Felizes os que observam a palavra do Senhor, de reto coração, e que produzem
muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)
Evangelho (João 8,31-42)
Naquele tempo, 8 31 E Jesus
dizia aos judeus que nele creram: "Se permanecerdes na minha palavra,
sereis meus verdadeiros discípulos;
32 conhecereis a verdade e a verdade vos livrará".
33 Replicaram-lhe: "Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos
de alguém. Como dizes tu: Sereis livres?"
34 Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se
entrega ao pecado é seu escravo.
35 Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para
sempre.
36 Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.
37 Bem sei que sois a raça de Abraão; mas quereis matar-me, porque a minha
palavra não penetra em vós.
38 Eu falo o que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que aprendestes de vosso
pai".
39 "Nosso pai", replicaram eles, "é Abraão". Disse-lhes
Jesus: "Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.
40 Mas, agora, procurais tirar-me a vida, a mim que vos falei a verdade que
ouvi de Deus! Isso Abraão não o fez.
41 Vós fazeis as obras de vosso pai". Retrucaram-lhe eles: "Nós não
somos filhos da fornicação; temos um só pai: Deus".
42 Jesus replicou: "Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu
saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele
quem me enviou".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Grande Desafio
Jesus está falando com um grupo
de Judeus que a princípio acreditaram nele, entusiasmados pelas suas sábias
palavras e pelos prodígios que realizava. Jesus os convida a darem um passo á
frente: permanecer na Palavra que um dia acolheram... É aí que vem o grande
desafio.
As vezes as pessoas vagam de
paróquia em paróquia, principalmente nos grandes centros urbanos, á, procura
de padres que sejam pregadores de primeira. O que essas pessoas buscam? A
palavra transformadora ou palavras bonitas e frases de efeito, buscam um
evangelizador ou um exímio orador?
Claro que hoje em dia se exige
um desempenho melhor dos nossos pregadores de celebrações, sejam eles
sacerdotes, Diáconos ou Ministros Leigos, evidentemente nos estudos
teológicos deve constar da grade curricular uma boa aula de comunicação,
técnicas para aprimorar a oratória, postura, impostação da voz, pois a
concorrência é muito grande e há pastores evangélicos que nesse particular
são ótimos comunicadores.
Mas uma pregação, para ser boa,
depende de como ela é acolhida, conheço sacerdotes que não têm muita
eloquência no falar, mas são sábios no pouco que dizem pois o Espírito Santo
não fica selecionando oradores para os inspirar, não é esse o critério de
Deus...
Quando não se acolhe
interiormente a Santa Palavra mas apenas a ouve como algo bonito e comovedor,
acontece o que aconteceu com esse grupo de admiradores de Jesus: não percebem
que a Palavra de Deus manifestada em Jesus é essencialmente Libertadora!
Em resumo, Jesus fala muito bem,
prega muitas verdades, tem uma linha profética diferenciada e superior aos
demais, entretanto, a pregação serve para o meu vizinho, pois em mim não há
nada a ser mudado, está tudo muito bem...."Pertencemos a Tradição de
Israel, somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém, não
precisamos tanto assim da sua Palavra.
É o homem da pós modernidade
"escritinho"! Aprecia o cristianismo, é capaz até de frequentar a
celebração dominical, vibra ao ouvir as leituras e a pregação ( quando o
pregador tem cultura e conhecimento teológico) entretanto, do jeito que entra
ele sai, não sendo um crente sincero, mas apenas um admirador de Jesus e da
sua Igreja.
E quando esse grupo de
fervorosos Judeus que haviam manifestado uma certa queda por Jesus,
perceberam que seus ensinamentos e o seu modo de viver, contrariava certas
regrinhas e normas importantes do Judaísmo, passaram a rejeitá-lo e agora
articulam sua morte.
E no final Jesus os chama de
"Judeus de meia Pataca", porque se diziam descendentes de Abraão,
mas não seguiam o seu exemplo de Homem Santo, temente a Deus e fiel na sua
Fé, quem é realmente de Deus, jamais apóia as forças da morte e da
violência...
Muitos cristão há que, finda a
celebração, guardam o seu cristianismo em uma das gavetas junto com a Bíblia,
e vivem e pensam de um modo que contradiz tudo o que celebram aos
domingos....aborto, pena de morte, desigualdade social, intolerância
religiosa, opressão, exploração e violência. Filhos de Abraão ou Cristãos de
meia tigela?
2. Em Jesus se revela a
libertação
Depois do episódio da mulher
adúltera, retornamos ao discurso de Jesus. O gênero do discurso é um dos
traços característicos do evangelho segundo João.
Os destinatários desta parte do
discurso são os judeus que haviam crido em Jesus (v. 31), mas que têm
dificuldade de se abrir e compreender em profundidade seu ensinamento, e
colocá-lo em prática.
É em Jesus que se revela a
verdade de Deus que liberta. Esta verdade não é, em primeiro lugar, movimento
do intelecto, mas algo recebido na fé e na escuta atenta da Palavra encarnada
de Deus. É essa verdade, recebida como dom pela revelação, que permite ao ser
humano não cair na escravidão. O pecado escraviza e nega a liberdade, pois é
fechamento à comunhão com Deus.
ORAÇÃO
Pai, ajuda-me a acolher, sem preconceitos, a revelação de Jesus, pois sua
identidade messiânica de Filho de Deus transparece nas palavras e nos sinais
que ele realizou
3. A VERDADE QUE LIBERTA
No confronto com os judeus,
Jesus apresentou-se como a única verdade que pode trazer libertação. Com
isto, punha em xeque a prática religiosa judaica na qual fora educado e que
era a base da fé de seus discípulos e de seus interlocutores. Em que sentido
o ensinamento de Jesus era diferente, a ponto de proporcionar uma libertação
impossível de ser alcançada por outras vias?
A força libertadora da verdade
ensinada pelo Mestre está ligada à sua origem: ele ensinava o que havia visto
junto do Pai. Suas palavras tinham uma força única de colocar os discípulos
em contato com o desígnio do Pai e estabelecer uma profunda comunhão de amor
com ele. A libertação resultava da presença amorosa do Pai no coração do
discípulo. Presença capaz de banir toda forma de egoísmo escravizador e
estabelecer relações fraternas com o próximo. Presença suficientemente forte
para arrancar o discípulo das trevas do pecado e introduzi-lo no reino da
luz. Presença humanizadora e plenificadora.
Jesus considerava a doutrina dos
judeus demasiadamente contaminada por elementos espúrios, nem sempre
compatíveis com o querer divino. De fato, de tanto se intrometer na Lei de
Deus, os judeus acabaram por desvirtuar-lhe o sentido.
As palavras de Jesus serviam de
alerta para quem desejava tornar-se discípulo. Urgia deixar-se libertar pela
verdade proclamada por ele.
Oração
Pai, liberta-me por tua palavra de verdade que afasta o egoísmo do coração, e
capacita-me a amar meu semelhante, como amor total, a exemplo de Jesus.
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V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Cristo e o mediador de uma nova aliança, para que, por
meio de sua morte, recebam os eleitos a herança eterna que lhes foi prometida
(Hb 9,15).
Leitura (Gênesis 17,3-9)
Leitura do livro do Gênesis.
Naqueles dias, 17 3 Abrão
prostrou-se com o rosto por terra. Deus disse-lhe: 4 “Este é o pacto que faço
contigo: serás o pai de uma multidão de povos. 5 De agora em diante não te
chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão
de povos. 6 Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e
terás reis por descendentes. 7 Faço aliança contigo e com tua posteridade,
uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o
Deus de tua posteridade. 8 Darei a ti e a teus descendentes depois de ti a
terra em que moras como peregrino, toda a terra de Canaã, em possessão
perpétua, e serei o teu Deus.”
9 Deus disse ainda a Abraão: “Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu e tua
posteridade nas gerações futuras".
Salmo responsorial
104/105
O Senhor se lembra sempre da
aliança!
Procurai o Senhor Deus e seu
poder,
buscai constantemente a sua face!
Lembrai as maravilhas que ele fez,
seus prodígios e as palavras de seus lábios!
Descendentes de Abraão, seu
servidor,
e filhos de Jacó, seu escolhido,
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,
vigoram suas leis em toda a terra.
Ele sempre se recorda da aliança,
promulgada a incontáveis gerações;
da aliança que ele fez com Abraão
e do seu santo juramento a Isaac.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai, que é amor!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz. Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)
EVANGELHO (João 8,51-59)
Naquele tempo, disse Jesus aos
judeus: 8 51 "Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha
palavra, não verá jamais a morte".
52 Disseram-lhe os judeus: "Agora vemos que és possuído de um demônio.
Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua
palavra, jamais provará a morte.
53 És acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu e os
profetas também. Quem pretendes ser?"
54 Respondeu Jesus: "Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é
nada; meu Pai é quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus
55 e, contudo, não o conheceis. Eu, porém, o conheço e, se dissesse que não o
conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-o e guardo a sua palavra.
56 Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia. Viu-o e
ficou cheio de alegria".
57 Os judeus lhe disseram: "Não tens ainda cinqüenta anos e viste
Abraão!"
58 Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: antes que
Abraão fosse, eu sou".
59 A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém,
se ocultou e saiu do templo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Perigo do
Fundamentalismo
Podemos dizer que os Judeus eram
fundamentalistas em extremo e entendiam a escritura antiga ao Pé da Letra.
Desta visão distorcida e equivocada dos Profetas e da Torá, é que vem o
confronto com Jesus, que jamais contradisse uma só letra da escritura antiga,
mas fazia dela uma releitura aplicando á sua vida, tornando-se ele próprio a
Palavra Viva e a revelação mais clara da vontade de Deus, o mesmo Deus Javé
ou o Deus da Aliança, Pai de Jesus Cristo.
Jesus interpretava a Lei e os
Profetas mostrando em seu conteúdo o Deus que se revela e que busca o homem
para salvá-lo e resgatá-lo em definitivo das Forças do Mal. Interpretar
significa exatamente aplicar a Palavra de Deus escrita na Bíblia, nos dias de
hoje, na minha vida e na vida da comunidade, se não houver essa
interpretação, corre-se o risco de ser fundamentalista e isso acontece quando
não se faz a hermenêutica.
Jesus mostra com palavras e
obras á sua relação direta com o Pai, que é o Deus da Aliança, o Deus de
Moisés, o Deus de Abrão, Isac e Jacó. Os Judeus julgam serem exímios
conhecedores de Deus, apenas pelas escrituras, são eles os interpretadores
oficiais e não admitem que nenhum outro o faça, muito menos Jesus, um simples
galileu. O que na verdade eles conhecem de Deus é o que dele escreveram os
profetas e se falaram dos Patriarcas, conheciam na teoria mais Jesus, o Filho
Vivo de Deus está ali diante deles, mais do que conhecer a Deus, Ele provém
de Deus, Ele é o Deus vivo...
Jesus nunca se preocupou em
fazer sinais prodigiosos para superar os profetas ou os Patriarcas, pois
estes apenas prepararam o caminho para aquele que haveria de vir,
preliminarmente Deus se manifestou nesses Santos Homens, mas jamais com a
perfeição com que se manifestou em Jesus Cristo, seu Filho. Todos os que o
precederam anunciaram a Salvação e a libertação, Jesus é a Salvação e a
Libertação, ele não mostra o caminho mais ele é o caminho, ele não mostra a
Verdade, ele é a Verdade, ele não mostra a Vida, ele é a Vida!
Jesus é a Escritura Viva de
Deus, é o Verbo Encarnado, mas os Judeus fundamentalistas só o vêem como um
intermediário, na linha dos Patriarcas e dos Profetas de Israel, valorizam a
"casca" e menosprezam o fruto doce que está dentro dela, enfiam as
mãos pelos pés e confundem o meio com o fim....Confusão típica de quem é
fundamentalista e não consegue sentir em sua vida os efeitos maravilhosos da
Graça operante e santificante que Jesus oferece mediante a Fé...
2. A palavra de Jesus é um sopro
A palavra de Jesus é um sopro
que faz viver. “Guardar”, isto é, pôr em pratica a sua palavra, é viver e
experimentar a vitória sobre toda a realidade da morte.
No episódio de Lázaro (Jo
11,1-57), no diálogo com Marta, Jesus diz: “Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não
morrerá jamais” (11,25-26). No diálogo noturno de Jesus com Nicodemos, ele
também dirá: “… Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
ORAÇÃO
Pai, coloca-me em sintonia com as palavras e o modo de pensar de teu Filho
Jesus, para que eu possa compreender seus ensinamentos, sem deturpá-los.
3. O SENHOR DA VIDA
A origem e o destino de Jesus
foram motivo de controvérsia com os judeus. Por um lado, o Mestre proclamava:
“Se alguém guarda a minha palavra, jamais verá a morte”. Por outro, afirmava:
"Antes que Abraão existisse, Eu sou".
Seus adversários raciocinavam de
maneira aparentemente lógica. Os personagens mais veneráveis do povo, como
Abraão e os profetas, morreram. Acreditava-se na volta do profeta Elias, que
fora arrebatado ao céu numa carruagem de fogo. Não se tinha, porém, notícia
de alguém que não iria experimentar a morte. Com Jesus, não haveria de ser
diferente. Quanto à sua origem, era suficiente considerar sua idade bastante
jovem – "Ainda não tens cinqüenta anos..." – para se dar conta da
falsidade de sua afirmação.
Este modo de pensar estava em
total descompasso com a real intenção de Jesus. Referindo-se à morte, pensava
em algo muito mais radical que a pura morte física. Suas palavras abririam
caminho para a vida eterna, na comunhão plena com o Pai, para além das
vicissitudes desta vida terrena. Ao referir-se à sua origem, não estava
pensando no seu nascimento carnal, historicamente determinável, e sim na sua
vida prévia, no seio do Pai. Neste sentido, pode-se dizer anterior ao
patriarca Abraão, por possuir uma existência eterna.
Os inimigos de Jesus eram
demasiados terrenos para compreender esta linguagem.
Oração
Pai, coloca-me em sintonia com as palavras e o modo de pensar de teu Filho
Jesus, para que eu possa compreender seus ensinamentos, sem deturpá-los.
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V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende piedade de mim, Senhor, a angústia me oprime.
Libertai-me das mãos dos inimigos e livrai-me daqueles que me perseguem. Não
serei confundido, Senhor, porque vos chamo (Sl 30,10.16.18).
Leitura (Jeremias
20,10-13)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
20 10 Ouço as invectivas da
multidão: "Cerca-nos o terror! Denunciai-o! Vamos denunciá-lo!" Os
que eram meus amigos espiam-me agora os passos. Se cair em abusos, tiraremos
vantagem, e dele nos vingaremos.
11 O Senhor, porém, está comigo, qual poderoso guerreiro. Por isso, longe de
triunfar, serão esmagados meus perseguidores. Sua queda os mergulhará na
confusão. Será, então, a vergonha eterna, inesquecível.
12 Senhor, Deus dos exércitos, vós que sondais o justo, e que escrutais os
rins e os corações, concedei-me o poder de contemplar a vingança que deles
ides tirar! Pois em vossas mãos depositei a minha causa.
13 Cantai ao Senhor, glorificai-o, porque salvou a vida do miserável das mãos
do mau.
Salmo responsorial 17/18
Ao Senhor eu invoquei na minha
angústia
e ele escutou a minha voz.
Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha
força,
minha rocha, meu refúgio e salvador!
Ó meu Deus, sois o rochedo que
me abriga,
minha força e poderosa salvação,
sois meu escudo e proteção: em vós espero!
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória!
E dos meus perseguidores serei salvo!
Ondas da morte me envolveram
totalmente,
e as torrentes da maldade me aterraram;
os laços do abismo me amarraram
e a própria morte me prendeu em suas redes.
Ao Senhor eu invoquei na minha
angústia
e elevei o meu clamor para o meu Deus;
de seu tempo ele escutou a minha voz
e chegou a seus ouvidos o meu grito.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai que é amor!
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida
eterna! (Jo 6,63.68)
EVANGELHO (João 10,31-42)
Naquele tempo, 10 31 os judeus
pegaram pela segunda vez em pedras para o apedrejar.
32 Disse-lhes Jesus: "Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de
meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais?"
33 Os judeus responderam-lhe: "Não é por causa de alguma boa obra que te
queremos apedrejar, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes
Deus".
34 Replicou-lhes Jesus: "Não está escrito na vossa lei: ‘Eu disse: Vós
sois deuses?’
35 Se a lei chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ora,
a Escritura não pode ser desprezada),
36 como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo,
porque eu disse: Sou o Filho de Deus?
37 Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais.
38 Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras,
para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai".
39 Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos.
40 Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João
começara a batizar, e lá permaneceu.
41 Muitos foram a ele e diziam: "João não fez milagre algum,
42 mas tudo o que João falou deste homem era verdade". E muitos
acreditaram nele.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Ser Filho de
Deus, a grande Blasfêmia
Todas as ações de Jesus a favor
do bem das pessoas, incomodava os Judeus, afinal ele brilhava mais do que os
Doutores da LEI, Escribas e Fariseus, porque ensinava com autoridade então,
qualquer ação de Jesus era motivo para tentar condená-lo. A preocupação
constante das lideranças religiosas era realmente fazer Jesus calar a boca,
entretanto, havia algo que fazia toda aquela fúria dobrar-se... era quando
Jesus se fazia Deus assumindo diante deles a sua Filiação Divina.
Naquelas cabeças duras e
corações insensíveis, a idéia de um Deus feito homem, de um Deus entranhado
na carne humana, era algo inconcebível, uma grande blasfêmia! Hoje, pelo modo
com que o Ser humano é tratado, despojado de sua dignidade, violentado em
seus direitos, massacrado e humilhado em sua dor e sofrimento, podemos dizer
que, o homem não acredita que o seu irmão é Filho de Deus, não consegue crer
em uma dignidade tão grande.
As obras que Jesus realizava
eram incontestáveis, seu posicionamento a favor da vida, dos mais pequenos e
dos miseráveis, dos impuros e excluídos, o fazia desprezível diante das
lideranças religiosas que tinham no coração e na mente um outro Deus, uma
outra verdade. e não queriam, trocar isso por nada desse mundo.
A religião do comodismo continua
ainda hoje a ser uma grande tentação, quando nos deparamos com algum profeta
corajoso e ousado que questiona a religião e o sentido de se viver na Fé,
mexendo com as nossas estruturas espirituais e eclesiais, trememos na base e
damos um jeitinho de fazê-lo calar a boca. A pregação de Jesus questionava e
os fazia pensar e eles queriam uma pregação que anunciasse um missionário
glorioso e vencedor. Eles bem que tentaram acabar com Jesus ali mesmo mais
uma vez mais Jesus se retira imune para o deserto onde tudo havia começado
com o Batismo e a pregação de João.
Nesta quaresma devemos também
buscar o deserto onde Deus nos fala ao coração apontando-nos a missão e o
caminho a ser seguido. Que nada desvie a nossa atenção e que não tenhamos
medo de mudanças, mesmo que estas sejam bem no íntimo de nós...
2. É pela Palavra que
Jesus é rejeitado
A ameaça e o desejo de matar
Jesus são contínuos do quarto evangelho (veja, por exemplo: 8,59; 10,31,
entre outros). A razão pela qual querem matar Jesus é dada, a blasfêmia: “Tu,
sendo apenas um homem, pretendes ser Deus!” (v. 33). O texto apresenta ainda
uma divisão acerca da pessoa de Jesus: para uns ele é um blasfemo (v. 33),
enquanto outros o julgavam digno de fé (vv. 41-42).
Não são pelas obras que querem
apedrejar Jesus (cf. v. 33), mas pela palavra – a blasfêmia. Ora, o leitor do
evangelho, que já passou pelo prólogo, sabe que “no princípio era a Palavra,
a Palavra estava com Deus, e a palavra era Deus” (Jo 1,1).
ORAÇÃO
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes
presente na nossa história humana.
3. UM HOMEM FAZENDO-SE
DEUS?
Embora, Jesus jamais tivesse
afirmado "Eu sou Deus!", seus adversários acusavam-no de, sendo
apenas um homem, pretender passar por Deus. E chegavam a esta conclusão, não
por causa de uma declaração peremptória de Jesus, e sim pelo modo como ele
falava e agia. Suas palavras tinham uma autoridade desconhecida, e pareciam
ir de encontro a tudo quanto, até então, era ensinado como Palavra de Deus.
Esta liberdade diante da tradição religiosa revelava, no pensar dos inimigos,
que Jesus estava pretendendo ocupar o lugar de Deus. Quanto aos sinais que
realizava, eram de tal modo portentosos que só das mãos de Deus poderiam
provir. Quem, a não ser Deus, pode curar os doentes, ressuscitar os mortos, transformar
a água em vinho? Este poder criador é prerrogativa divina.
Essas falsas acusações foram
rebatidas com dois argumentos. O primeiro foi tirado das Escrituras,
precisamente do Salmo que, referindo-se aos juízes deste mundo, declara:
"Vocês são deuses!". Eles, ao julgar, exercem um poder divino. Se
as Escrituras fazem tal declaração, é possível aplicá-la também a Jesus. O
segundo é tirado da própria pregação do Mestre. Suas palavras exatas foram
"Eu sou o Filho de Deus". Esta consciência de ser Filho era o pano
de fundo de tudo quanto fazia e ensinava. Sem isto, suas palavras cairiam no
vazio e seriam sem sentido. Ele é, sim, o Filho santificado e enviado ao
mundo para fazer as obras do Pai. E elas são as primeiras a testemunhar em
seu favor.
Oração
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes
presente na nossa história humana.
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V
SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ó Senhor, não fiqueis longe de mim! Ó minha força,
correi em meu socorro! Sou um verme, e não um homem, opróbrio dos homens e
rebotalho da plebe (Sl 21,20.7).
Leitura (Ezequiel
37,21-28)
Leitura da profecia de Ezequiel.
37 21 E tu dirás: eis o que diz
o Senhor Javé: "Vou recolher os israelitas de entre as nações onde se
acham dispersos; vou congregá-los de toda parte e trazê-los para a sua terra.
22 Farei com que, em sua terra, sobre as montanhas de Israel, não formem mais
do que uma só nação, que não possuam mais do que um rei. Não mais existirá a
divisão em dois povos e em dois reinos.
23 Não mais se mancharão com seus ídolos nem cometerão infames abominações:
libertá-los-ei de todas as transgressões de que se tornaram culpados e
purificá-los-ei. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
24 Meu servo Davi será o seu rei; não terão todos senão um só pastor;
obedecerão aos meus mandamentos, observarão as minhas leis e as porão em
prática.
25 Habitarão a terra que concedi a meu servidor Jacó, aquela em que vossos
pais residiram; eles aí permanecerão; eles, seus filhos e os filhos de seus
filhos para sempre. Davi, meu servo, será para sempre o seu rei.
26 Concluirei com eles uma aliança de paz, um tratado eterno. Eu os plantarei
e multiplicá-los-ei. Estabelecerei para sempre o meu santuário entre eles.
27 Minha residência será no meio deles. Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo.
28 E as nações saberão que sou eu, o Senhor, quem santifica Israel, quando o
meu santuário se achar constituído para sempre no meio do (meu) povo".
Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual
pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do
Senhor
e anunciai-a na ilhas mais distantes:
“Quem dispersou Israel vai congregá-lo
e o guardará qual pastor a seu rebanho!”
Pois, na verdade, o Senhor
reuniu Jacó
e o libertou do poder do prepotente.
Voltarão para o monte de Sião,
entre brados e cantos de alegria
afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará
alegremente,
também o jovem e o velho exultarão;
mudarei em alegria o seu luto,
serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai,
a plena verdade nos comunicai!
Lançai para bem longe toda a vossa iniqüidade! Criai em vós um novo espírito
e um novo coração! (Ez 18,31)
Evangelho (João 11,45-56)
Naquele tempo, 11 45 muitos
dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera,
creram nele.
46 Alguns deles, porém, foram aos fariseus e lhes contaram o que Jesus
realizara.
47 Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: "Que
faremos? Esse homem multiplica os milagres.
48 Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e
arruinarão a nossa cidade e toda a nação".
49 Um deles, chamado Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano,
disse-lhes: "Vós não entendeis nada!
50 Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não
pereça toda a nação".
51 E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo sacerdote daquele
ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação,
52 e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade
os filhos de Deus dispersos.
53 E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida.
54 Em conseqüência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus.
Retirou-se para uma região vizinha do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e
ali se detinha com seus discípulos.
55 Estava próxima a Páscoa dos judeus, e muita gente de todo o país subia a
Jerusalém antes da Páscoa para se purificar.
56 Procuravam Jesus e falavam uns com os outros no templo: "Que vos
parece? Achais que ele não virá à festa?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quem tem poder de dar
a Vida, é condenado á morte.
Eu lembrei das nossas comunidades
por um instante, ao deparar com esses evangelho, Jesus havia ressuscitado
Lázaro, o último sinal no evangelho de João, um grupo de Judeus que ali
estava encontraram a Verdade e passaram a crer Nele, mas o outro grupo foi
correndo para "botar lenha na fogueira", envenenando os Fariseus,
como se dissessem "Olha, se ninguém fizer algo esse homem vai ser
Rei, pois demonstrou uma vez mais o seu poder até sobre a morte".
Em nossas comunidades, quando
Deus suscita os carismas nos irmãos e irmãs, que a ele se entregam, também
acontece a mesma coisa. Para alguns, esse carisma tão belo e tão útil á
comunidade, é fruto da graça e ao verem o carisma do outro ficam
admirados e se enchem de salutar alegria, louvando e bendizendo ao Bom
Deus, outros há porém, que vão levar a notícia do sucesso daquele irmão, a
pessoas que não gostam dele, só para semear ainda mais o ódio e a discórdia
entre elas.
Os Fariseus levaram o assunto ao
Conselho da Comunidade, que naquele tempo chamava-se Sinédrio, e o
coordenador do Conselho, que era o Caifás , teve uma idéia para fazer calar a
Jesus e acabar com a sua fama.
Certamente alardeou primeiro as "ameaças" que pesavam sobre a
Comunidade Judaica, que estava bem afinada com o poder romano, se Jesus
continuasse com aquela fama toda. Um Líder novo que não tinha compromisso nem
com os Judeus e nem com os romanos, era muito périgoso aquela altura do
campeonato. Então o melhor mesmo era matá-lo, para defender a segurança da
nação de Israel.
O que Caifás defendia de unhas e
dentes na realidade era o poder religioso e os privilégios e regalias que a
sua classe dominante e opressora detinha. E assim, Aquele que era o Senhor da
Vida e provara isso ressuscitando a Lázaro, acabara de ser condenado á morte,
pelos da sua própria comunidade.
Fico pensando se hoje também,
muitas vêzes em nossas comunidades cristãs, cometemos esse pecado quando
permitimos que se sufoquem novas lideranças, por medo de se perder o cargo ou
o ministério que se ocupa. Certamente que sim....e a nova liderança, que
poderia trazer ainda mais vida, acaba condenado á morte, desvalorizado e até
redicularizado naquilo que faz...
O Carisma que Jesus oferece aos
seus é a própria vida. Nosso carisma é autêntico quando, de alguma forma, o
outro cresce e se sente revitalizado com o que fazemos, com o que damos. A
fonte dessa Vida que Jesus oferecece é o amor, capaz de trazer de volta á
Vida quem já morreu. Na comunidade temos também nossos "mortos"
esperando pela força do nosso amor solidário, para voltarem a ter Fé e
Esperança.
2. A morte de Jesus é premeditada
O trecho é a sequência do
episódio de Lázaro que podemos caracterizar como uma catequese sobre a
ressurreição, em cujo centro está a afirmação de Jesus: “Eu sou a
ressurreição e a vida” (11,25). É também a conclusão do episódio em que,
diante do sinal realizado por Jesus, uns creem, outros condenam.
Nós já temos tido a ocasião de
perceber na leitura do evangelho que a morte de Jesus é premeditada.
A solução de Caifás é, podemos
dizer, política. A popularidade de Jesus poderia apresentar e suscitar um
levante contra o império e a consequente represália a que todo o povo seria
vítima.
A observação do narrador é
carregada de ironia (vv. 51-52), pois quem, na verdade, congrega na unidade e
não permite que as ovelhas se dispersem é o Bom Pastor (Jo 10,11-16).
ORAÇÃO
Pai, ajuda-me a compreender, sempre mais profundamente, o caminho para
encontrar-me contigo, que Jesus nos ensinou. Livra-me, também, do apego aos
esquemas já superados.
3. MUITOS ACREDITARAM EM
JESUS
O testemunho de Jesus e a adesão
que ele suscitava colocavam em risco a estrutura religiosa de sua época. O
contexto religioso de rígido tradicionalismo, de hierarquias e privilégios,
de conflitos de facções, de jogos de interesses tornava-se vulnerável diante
da postura do Mestre. Não que Jesus fosse respaldado pelo prestígio de uma
escola rabínica ou de famílias ou grupos importantes. O perigo consistia no
fato de muitas pessoas darem crédito às suas palavras e aderirem ao grupo,
sempre crescente, que se formava ao redor dele.
As autoridades religiosas
demonstravam ter uma preocupação política. O movimento de Jesus poderia ser
entendido pelos romanos como uma provocação. E as conseqüências disto seriam
trágicas para a nação,. Se não fosse contido a tempo, haveria o perigo de
"todos" crerem nele, e os romanos virem e destruírem o templo e a
nação.
A solução apresentada por Caifás
parecia ser bastante prudente: "É melhor um só homem morrer pelo povo,
do que a nação inteira perecer!". Acolhida esta sugestão, decretou-se a
morte de Jesus. Com esta finalidade, iniciou-se uma verdadeira caçada para
prendê-lo.
Todavia, o motivo verdadeiro da
condenação à morte foi de caráter religioso. Isto ficará patente no fato de
Pilatos, autoridade romana, não se mostrar interessado em condenar Jesus. A
verdade é que a liderança religiosa já não podia mais suportar o
comportamento do Mestre por ser religiosamente perigoso.
Oração
Pai, ajuda-me a compreender, sempre mais profundamente, o caminho para
encontrar-me contigo, que Jesus nos ensinou. Livra-me, também, do apego aos
esquemas já superados.
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Liturgia do Domingo 24.03.2013
Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor — ANO C
(VERMELHO,
CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: É
Domingo de Ramos. São os últimos passos da caminhada rumo à Páscoa. Com
Jesus, caminhamos rumo à Jerusalém, cenário onde se desenvolverão os grandes
mistérios de nossa fé. Hoje, carregando ramos em nossas mãos, somos
convidados a contemplar o Deus que, por amor, fez-se servo e se entregou para
que o ódio e o pecado fossem vencidos e a vida nova triunfasse. Com o Domingo
de Ramos, descortina-se a Semana Santa em que a Igreja celebra os mistérios
da salvação levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias de sua vida, a
começar pela entrada messiânica em Jerusalém. Queremos
ter em nossos corações o mesmo desejo ardente de Jesus para com ele celebrar
a sua Páscoa e assim participar de sua Ressurreição.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Iniciamos
a Semana Santa comemorando a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém,
montado em um jumentinho, como um pobre, e aclamado pela multidão, como um
rei. Esse é o perfil do Filho do Homem, cuja realeza tem sua manifestação
mais plena na cruz. Por isso, esta semana culmina com o Tríduo Pascal, que
comemora o mistério da morte e ressurreição de Cristo. Neste domingo, a
coleta é o gesto concreto comunitário da Campanha da Fraternidade; é uma
demonstração de amor e solidariedade com a causa da juventude. Imitando o
povo de Jerusalém, comemoremos a entrada triunfal de Jesus na cidade Santa,
e, com Maria, fiquemos junto dele ao pé da cruz.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A oferta de sacrifícios a Deus parece constituir, em
todos os povos, a expressão mais significativa do senso religioso do homem.
Despojando-se de tudo o que lhe pertence por conquista ou pelo trabalho, o
homem reconhece que tudo pertence a Deus e lho restitui em agradecimento. Jesus
fez sua a pobreza radical do homem perante Deus, apoiou-se na palavra do Pai e
não se subtraiu à condição do homem pecador, ao sofrimento que vem do egoísmo
e nem aos limites da natureza humana, nem mesmo à morte.
Sintamos em nossos corações a
força da conversão!
RITO DE RAMOS
Caríssimos Irmãos e Irmãs,
O Domingo de Ramos e da Paixão
de Nosso Senhor Jesus Cristo tem uma liturgia bastante extensa e meditativa
que se inicia com a Procissão de Ramos e os ritos próprios da Liturgia de
Ramos. Após a Procissão e Benção dos Ramos inicia-se a celebração da Missa
onde são feitas as Leituras próprias da Paixão de Cristo.
Assim, aqui nesta página estamos
colocando apenas a parte referente à missa e nos links abaixo, você pode
baixar e ler/imprimir os folhetos completos das celebrações deste dia, com as
instruções próprias para cada parte da celebração, com ou sem a Procissão de
Ramos. Para abrir ou baixar os folhetos, clique nos links abaixo:
CELEBRAÇÃO DA MISSA
Antífona da entrada: (Não há Antífona de Entrada. Terminada a procissão de
Ramos, o presidente inicia a missa com a oração do dia, conforme a seguir)
Comentário das Leituras: No presente ano litúrgico os trechos do Evangelho da
procissão de Ramos e da Paixão do Senhor são extraídos de Lucas. Ramos e
paixão estão em mútua referência, embora a primeira passagem soe como triunfo
e a segunda como humilhação. A primeira e a segunda leituras da Missa que
estão entre o Evangelho dos Ramos e a leitura da Paixão fazem a ponte de
união. Para adentrar o mistério da Paixão de Cristo, ouçamos piedosamente as
leituras que seguem:
Primeira Leitura (Isaías
50,4-7)
Leitura do livro do profeta Isaías.
50 4 O Senhor Deus deu-me a
língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela palavra o que está
abatido. Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo;
5 (o Senhor Deus abriu-me o ouvido) e eu não relutei, não me esquivei.
6 Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me
arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros.
7 Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que não me senti desonrado; enrijeci
meu rosto como uma pedra, convicto de não ser desapontado.
Salmo responsorial 21/22
Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonastes?
Riem de mim todos aqueles que me
vêem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
“Ao Senhor se confiou, ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”
Cães numerosos me rodeiam
furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés
e eu posso contar todos os meus ossos.
Eles repartem entre si as minhas
vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.
Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde longo em meu socorro!
Anunciarei o vosso nome a meus
irmãos
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!
Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
glorificai-o, descendentes de Jacó,
e respeitai-o, toda a raça de Israel!
Segunda Leitura
(Filipenses 2,6-11)
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses.
2 6 Sendo ele de condição
divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus,
7 mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e
assemelhando-se aos homens.
8 E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais,
tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
9 Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima
de todos os nomes,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos
infernos.
11 E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é
Senhor.
Aclamação do Evangelho
Glória e louvor a vós, ó Cristo.
Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz. Pelo que o
Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s).
EVANGELHO (Lucas 23,1-49)
N (Narrador): Paixão de nosso
Senhor Jesus Cristo segundo Lucas.
23 1 Naquele tempo, levantou-se a sessão e conduziram Jesus diante de
Pilatos,
2 e puseram-se a acusá-lo:
G (Grupo ou assembléia): Temos encontrado este homem excitando o povo à
revolta, proibindo pagar imposto ao imperador e dizendo-se Messias e rei.
N: 3 Pilatos perguntou-lhe:
L (Leitor): És tu o rei dos judeus?
N: Jesus respondeu:
P (Presidente): Sim.
N: 4 Declarou Pilatos aos príncipes dos sacerdotes e ao povo:
L: Eu não acho neste homem culpa alguma.
N: 5 Mas eles insistiam fortemente:
G: Ele revoluciona o povo ensinando por toda a Judéia, a começar da Galiléia
até aqui.
N: 6 A estas
palavras, Pilatos perguntou:
L: Esse homem é galileu?
N: 7 E, quando soube que era da jurisdição de Herodes, enviou-o a Herodes,
pois justamente naqueles dias se achava em Jerusalém.
8 Herodes alegrou-se muito em ver Jesus, pois de
longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar dele muitas coisas, e
esperava presenciar algum milagre operado por ele.
9 Dirigiu-lhe muitas perguntas, mas Jesus nada respondeu.
10 Ali estavam os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-o com
violência.
11 Herodes, com a sua guarda, tratou-o com desprezo, escarneceu dele, mandou
revesti-lo de uma túnica branca e reenviou-o a Pilatos.
12 Naquele mesmo dia, Pilatos e Herodes fizeram as pazes, pois antes eram
inimigos um do outro.
13 Pilatos convocou então os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o
povo, e disse-lhes:
L: 14 Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas, interrogando-o
eu diante de vós, não o achei culpado de nenhum dos crimes de que o acusais.
15 Nem tampouco Herodes, pois no-lo devolveu. Portanto, ele nada fez que
mereça a morte.
16 Por isso, soltá-lo-ei depois de o castigar.
N: 18 Todo o povo gritou a uma voz:
G: À morte com este, e solta-nos Barrabás.
N: 19 (Este homem fora lançado ao cárcere devido a uma revolta levantada na
cidade, por causa de um homicídio.)
20 Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo,
21 mas eles vociferavam:
G: Crucifica-o! Crucifica-o!
N: 22 Pela terceira vez, Pilatos ainda interveio:
L: Mas que mal fez ele, então? Não achei nele nada que mereça a morte; irei,
portanto, castigá-lo e, depois, o soltarei.
N: 23 Mas eles instavam, reclamando em altas vozes que fosse crucificado, e
os seus clamores recrudesciam.
24 Pilatos pronunciou então a sentença que lhes satisfazia o desejo.
25 Soltou-lhes aquele que eles reclamavam e que havia sido lançado ao cárcere
por causa do homicídio e da revolta, e entregou Jesus à vontade deles.
26 Enquanto o conduziam, detiveram um certo Simão de Cirene, que voltava do
campo, e impuseram-lhe a cruz para que a carregasse atrás de Jesus.
27 Seguia-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que batiam no peito e
o lamentavam.
28 Voltando-se para elas, Jesus disse:
P: Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e
sobre vossos filhos.
29 Porque virão dias em que se dirá: “Felizes as estéreis, os ventres que não
geraram e os peitos que não amamentaram!”
30 Então dirão aos montes: “Caí sobre nós!” E aos outeiros: “Cobri-nos!”
31 Porque, se eles fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco?
N: 32 Eram conduzidos ao mesmo tempo dois malfeitores para serem mortos com
Jesus.
33 Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como
também os ladrões, um à direita e outro à esquerda.
34 E Jesus dizia:
P: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem.
N: Então, os saldados dividiram as suas vestes e as sortearam.
35 A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes
escarneciam de Jesus, dizendo:
G: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de
Deus!
N: 36 Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam-se dele,
ofereciam-lhe vinagre e diziam:
G: 37 Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
N: 38 Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: “Este é o rei dos
judeus”.
39 Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele:
L: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!
N: 40 Mas o outro o repreendeu:
L: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício?
41 Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas
este não fez mal algum.
N: 42 E acrescentou:
L: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!
N: 43Jesus respondeu-lhe:
P: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.
N: 44 Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona.
45 Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio.
46 Jesus deu então um grande brado e disse:
P: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.
N: E, dizendo isso, expirou.
(Todos se ajoelham e permanecem em silêncio)
N: 47 Vendo o centurião o que acontecia, deu glória a Deus e disse:
L: Na verdade, este homem era um justo.
N: 48 E toda a multidão dos que assistiam a este espetáculo e viam o que se
passava, voltou batendo no peito.
49 Os amigos de Jesus, como também as mulheres que o tinham seguido desde a
Galiléia, conservavam-se a certa distância, e observavam estas coisas.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Rx - Is 42,1-7; Sl 26 (27); Jo 12,1-11
3ª Rx - Is 49,1-6; Sl 70 (71); Jo 13,21-33.36-38
4ª Rx - Is 50,4-9a; Sl 68 (69); Mt 26,14-25
5ª Rx - Ex 12,1-8.11-14; Sl 115 (116B); 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15
6ª Vm - Is 52,13-53,12; Sl 30 (31); Hb 4,14-16;5,7-9; Jo 18,1-19,42
Sábado Santo Rx
-
1. Gn 1, 1 –
2, 2 ou + breve: 1,1.26-31a;Sl 103 (104),1-2a. 5-6. 10 e 12. 13-14. 24 e 35c
(R/ cf. 30) ou Sl 32 (33),4-5. 6-7. 12-13. 20 e 22 (R/. 5b)
2. Gn 22,1-18
ou + breve: 22, 1-2. 9a.10-13.15-18; Sl 15 (16),5 e 8. 9-10. 11 (R/ 1)
3. Ex 14,15 –
15, 1; Cânt.: Ex 15,1-2. 3-4. 5-6. 17-18 (R/. 1a)
4. Is 54,5-14;
Sl 29 (30), 2 e 4. 5-6. 11 e 12a e 13b (R/ 2a)
5. Is 55,1-1;
Cânt.: Is 12,2-3. 4bcd. 5-6 (R/ 3)
6. Br
3,9-15.32 – 4, 4; Sl 18 (19),8. 9. 10. 11 (R/ Jo 6, 68c)
7. Ez
36,16-17a.18-28; Sl 41(42),3. 5bcd; Sl 42 (43), 3. 4 (R/ Sl 41[42], 2) ou
quando há batismos: Is 12,2-3. 4bcd. 5-6 (R/ 3) ou Sl 50 (51),12-13. 14-15.
18-19 (R/ 12a) Epístola: Rm 6,3-11
Salmo 117
(118),1-2. 16ab-17. 22-23 (R/ Aleluia, aleluia, aleluia)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O REBAIXADO
Rebaixamento é uma palavra que
no esporte causa calafrios a dirigentes, jogadores e torcedores, cair para
uma divisão inferior é humilhante e porque não dizer “doloroso”, ainda mais
quando o time pertence à divisão de elite do futebol.
Isso também se aplica em nossa
vida, na realização pessoal em todas as dimensões: social, política e
econômica, onde a formação escolar e profissional, agregada á evolução
cultural, permite ao homem galgar patamares mais altos, conquistando
respeito, prestígio, sucesso e enfim a fama.
O homem foi criado por Deus para
a ascese. Às vezes, o modo que o homem utiliza para essa ascensão nem sempre
está em sintonia com o projeto de Deus, quando a mesma se faz através da
mentira,desonestidade e exploração do semelhante. Neste caso já não se trata
de um projeto divino, mas sim diabólico.
Literalmente falando, o Jesus do
evangelho é um rebaixado, no aspecto moral, social, político e religioso do
seu tempo e na semana santa, que se inicia nesse domingo de ramos, não
celebramos, como muitos pensam, um Cristo morto e derrotado, mas a liturgia
própria dessa semana reaviva em nossa mente e coração a via dolorosa que
Jesus percorreu para alcançar a glória, fazendo para isso a sua “kênose”, ou
esvaziamento, como afirma o apóstolo São Paulo na carta aos hebreus “não
ursupou da sua divindade mas esvaziou-se a si mesmo”.
Em resumo, Cristo desceu ao mais
baixo grau da condição humana, fazendo-se escravo e morrendo como um bandido,
sendo desprezado pelos homens, que o viam como um maldito diante de Deus.
No Antigo Testamento conhecemos
homens santos, considerados justos diante de Deus, porém, nem o mais virtuoso
dos homens seria capaz de realizar tão grande ato de amor, como fez Jesus,
que se apresenta como o homem novo, santo e perfeito, que com a salvação
resgatou o ser humano, livrando-o da condenação eterna, pois a ofensa que
causara a ruptura fora muito grande e imperdoável e por isso, o ato da
redenção teria de ser proporcional ao pecado cometido, pois somente dessa
maneira o homem se reabilitaria diante de Deus, resgatando a comunhão
perfeita do paraíso onde Deus o colocara desde a sua origem.
É precisamente essa alegria, de
uma humanidade renovada que ecoa nesse domingo de ramos no evangelho de
Lucas, com a narrativa da entrada triunfal na cidade santa de Jerusalém. Não
se trata de um triunfo momentâneo, ou de um engodo que arrastará Jesus para o
fracasso da cruz, ao contrário, é a expressão mais alta e sincera da gratidão
do homem, que se manifesta no louvor ao Rei bendito, que vem em nome do
Senhor. Jesus já tinha tomado a decisão, após compreender a vontade de Deus a
seu respeito e por isso subiu a Jerusalém, para ser a páscoa definitiva que
iria redimir a toda a humanidade.
O relato da paixão segundo Lucas
parece ir na contramão da história, porque termina melancolicamente com o
enterro de Jesus e com ele, parecia que o homem havia enterrado todos os seus
sonhos e esperanças que ainda havia no coração daquele povo. A caminhada
humana por essa vida parece terminar de maneira também tão melancólica, mas
precisamos prestar atenção no contexto da narrativa, a fidelidade de Jesus ao
Pai e o seu amor pela humanidade, o fará superar toda rejeição, ódios e
traições, presente no coração dos que tramaram sua morte, e no cálice de
amargura que ele não se recusou tomar, estava o mais doce de todos os amores
que o homem já experimentou.
O grupo dos discípulos não é
perfeito, Judas o traiu, Pedro o negou e além do mais discutiam entre eles
quem seria o maior. Em cada personagem que protagoniza a narrativa podemos
nos ver, nem sempre fazendo um bom papel.. os que dormem enquanto Jesus se
angustia, são os cristãos que não vivem a fé encarnada, que consegue
vislumbrar Jesus em todos os que sofrem. Há também os que o traem como Judas,
porque não aceitam seu evangelho como referência máxima para se viver, ou
ainda os que como Pedro, dizem que são capazes de dar a vida pelo mestre mas
na hora mais crítica, em que a sociedade não aceita sua doutrina, alegam que
não o conhecem.
Também é bom lembrar que o
primeiro julgamento de Jesus foi feito na própria comunidade dos judeus, há
comunidades onde o moralismo exacerbado provoca julgamento e condenação de
outros Cristos. Pilatos representa aqueles cristãos que jogam o problema para
outros resolverem, falam contra o governo, contra o sistema, contra a
ideologia, falam até da própria Igreja, mas nunca tem coragem de assumir,
dizer o que pensam e mover uma ação em favor da vida dos inocentes. Já o
grande Herodes são os cristãos que conhecem a Jesus, ouviram falar de suas
maravilhas e exigem seus sinais prodigiosos, para que possam crer. São os que
correm atrás do Cristo dos espetáculos que atraem as multidões.
Por isso, antes de agitar nossos
ramos e cantarmos hosanas e louvores ao Cristo, nesse domingo de ramos,
precisamos nos perguntar que cristãos somos nós e de que lado estamos...
2. Jesus, servo
obediente de Deus
Hoje, começa a Semana Santa. Neste dia como na Sexta-Feira Santa, a palavra
deve ceder lugar à contemplação. Entrando em Jerusalém, Jesus entra em sua
cidade, para levar a termo a vontade do Pai. Entra como “Príncipe da Paz” que
reconcilia a humanidade com Deus.
A primeira coisa a ter presente
no relato da paixão é que Jesus é o servo obediente de Deus. Depois, que a
traição contra Jesus é feita por um dos discípulos, por alguém que gozou do
convívio com o Senhor. Mas não foi só um que o traiu, os outros onze também o
abandonaram, diante da ameaça da morte. A pergunta se nos impõe: Onde estamos
nós na paixão do Senhor?
Não será o sofrimento nem a
morte que farão o Senhor sucumbir ou desistir do seu caminho para o Pai. Na
hora decisiva, a última e definitiva entrega: “Pai, em tuas mãos entrego o
meu espírito”.
ORAÇÃO
Espírito de justiça, que a contemplação da morte de Jesus me torne sensível
às injustiças que, ainda hoje, se cometem contra tantos inocentes.
3. O INOCENTE CONDENADO
A paixão de Jesus gira em torno
de um paradoxo: um inocente condenado a morrer como os bandidos e os
marginais. Seus acusadores foram incapazes de aduzir uma só prova consistente
contra ele. A autoridade romana, que deveria confirmar a sentença de morte
dada pelo tribunal judaico, declarou não ter encontrado em Jesus nada que
justificasse uma punição. Foi por isso que Pilatos achou por bem enviá-lo a
Herodes, cuja jurisdição abrangia a Galiléia, na tentativa de confirmar seu
parecer. Ao ser enviado de volta, Pilatos deduziu que também Herodes nada
havia apurado contra Jesus.
A atitude do Mestre, ao longo de
todo o processo, foi de silêncio. Ele agia como o Servo Sofredor, que Isaías
comparou com um cordeiro manso, levado ao matadouro. Seu silêncio
justificava-se. Era impossível buscar a verdade dos fatos com quem estava
fechado para a verdade. Não existe Lei para quem se arvora em senhor da vida
e da morte do próximo. Toda tirania descamba para a injustiça.
A fragilidade de Jesus diante de
seus carrascos tem a densidade de um gesto profético. Ele se recusou, até o
fim, a entrar na ciranda da violência, que paga com a mesma moeda a injustiça
sofrida. Não respondendo ao mal com o mal, Jesus conseguiu desarticulá-lo,
mostrando que é possível ao ser humano não se deixar dominar por seus
instintos perversos.
Oração
Espírito de justiça, que a contemplação da morte de Jesus me torne sensível
às injustiças que, ainda hoje, se cometem contra tantos inocentes.
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