Liturgia da Segunda Feira — 11.03.2013
IV
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO –
OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Confio em vós, ó Deus! Alegro-me e exulto em vosso
amor, pois olhastes, Senhor, minha miséria (Sl 30,7s).
Leitura (Isaías
65,17-21)
Leitura do livro do profeta Isaías.
Assim fala o Senhor: 65 17
"Pois eu vou criar novos céus, e uma nova terra; o passado já não será
lembrado, já não volverá ao espírito,
18 mas será experimentada a alegria e a felicidade eterna daquilo que vou
criar. Pois vou criar uma Jerusalém destinada à alegria, e seu povo ao
júbilo;
19 Jerusalém me alegrará, e meu povo me rejubilará; doravante já não se
ouvirá aí o ruído de soluços nem de gritos.
20 Já não morrerá aí nenhum menino, nem ancião que não haja completado seus
dias; será ainda jovem o que morrer aos cem anos: não atingir cem anos será
uma maldição.
21 Serão construídas casas onde habitarão, serão plantadas vinhas cujos
frutos comerão".
Salmo responsorial 29/30
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me
livrastes!
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me
livrastes
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
Vós tirastes minha alma dos abismos
e me salvastes quando estava já morrendo!
Cantai salmos ao Senhor, povo
fiel,
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
Pois sua ira dura apenas um momento,
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,
de manhã vem saudar-nos a alegria.
Escutai-me, Senhor Deus, tende
piedade!
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
Transformastes o meu pranto em uma festa,
Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
Aclamação do Evangelho
Honra, glória, poder e louvor a
Jesus, nosso Deus e Senhor!
Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus,
convosco estará! (Am 5,14)
Evangelho (João 4,43-54)
Naquele tempo, 4 43
"passados os dois dias, Jesus partiu para a Galiléia.
44 (Ele mesmo havia declarado que um profeta não é honrado na sua pátria.)
45 Chegando à Galiléia, acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o
que fizera durante a festa em Jerusalém; pois também eles tinham ido à festa.
46 Ele voltou, pois, a Caná da Galiléia, onde transformara água em vinho. Havia então
em Cafarnaum um oficial do rei, cujo filho estava doente.
47 Ao ouvir que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi a ele e rogou-lhe
que descesse e curasse seu filho, que estava prestes a morrer.
48 Disse-lhe Jesus: "Se não virdes milagres e prodígios, não
credes".
49 Pediu-lhe o oficial: "Senhor, desce antes que meu filho morra!"
"50 Vai, disse-lhe Jesus", o teu filho está passando bem! O homem
acreditou na palavra de Jesus e partiu.
51 Enquanto ia descendo, os criados vieram-lhe ao encontro e lhe disseram:
"Teu filho está passando bem".
52 Indagou então deles a hora em que se sentira melhor. Responderam-lhe:
"Ontem à sétima hora a febre o deixou".
53 Reconheceu o pai ser a mesma hora em que Jesus dissera: "Teu filho está
passando bem". E creu tanto ele como toda a sua casa.
54 Esse foi o segundo milagre que Jesus fez, depois de voltar da Judéia para
a Galiléia.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. Zaqueu
Um Oficial romano tem a sua
disposição muitos serviçais, é um homem acostumado a dar ordens, é aquela
pessoa que a gente diz que “Manda e não pede”.
Mas a exemplo do baixinho
Zaqueu, que também ocupava um posto muito importante, mas na hora que quis
ver Jesus deixou de lado suas honrarias e subiu em uma árvore, esse oficial
fez o mesmo. Foi até Jesus e rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho que
estava enfermo. Para descer até onde estava o enfermo, certamente Jesus teria
que sair do seu percurso normal que naquele momento fazia.
A primeira impressão é que Jesus
aproveita para “passar um sabão” no tal oficial “Se não virdes milagres e
prodígios, não credes”. O Evangelista João omite o resto da conversa e só
coloca o principal, isso é, o Oficial insistiu “Senhor, desce antes que o meu
filho morra”.
A frase de Jesus “Vai, teu filho
está passando bem”, não se trata de um menosprezo por parte dele, como se nem
estivesse preocupado com o pedido desesperado daquele pai. O que provoca e
motiva um milagre é a Fé autêntica em Jesus Cristo, por isso nem foi preciso Jesus ir
até o enfermo, e nem fazer algum rito sobrenatural e espetacular.
O homem acreditou na Palavra de
Jesus e partiu. Um oficial que está acostumado a dar ordens a tantos servos a
seu serviço exclusivo, obedece e acredita na Palavra de um Galileu porque sua
Fé o faz ver quem é realmente aquele homem, do qual sempre ouviu falar
maravilhas.
Mas a boa notícia o encontra
ainda a caminho: “Ontem na hora sétima a febre o deixou”. Exatamente na hora em que Jesus dissera
“Vai, teu filho passa bem”. Bonito mesmo é o testemunho do Oficial, que levou
todos da sua casa a crerem em Jesus.
Jesus não é concorrente da
Medicina, ciência que provém de Deus, e que se destina ao nosso bem, mas o
que o texto evidencia á a sua força libertadora colocada a total disposição
do Homem que crê e que lhe abre o coração. Lembrando que as ações
desencadeadas pela Fé, em nossa vida, nem sempre seguem os caminhos da lógica
humana...
2. Jesus, Aquele que faz
viver
Trata-se do segundo sinal (cf.
v. 54). O primeiro foi o das bodas de Caná (cf. v. 46). O sinal, por si, não
é evidente (ver, por exemplo, Jo 6,26) e se oferece à interpretação. Se
corretamente interpretado, leva à fé em Jesus Cristo, Filho
de Deus (cf. Jo 2,11; 4,53b; 20,30-31).
Jesus é apresentado como Aquele
que faz viver. A palavra de Jesus é eficaz, realiza o que é dito:
\"Podes ir, teu filho vive!\".
Do ouvinte ou leitor do
evangelho é exigida fé, pelos dois comentários do narrador: do funcionário do
rei, se diz que ele acreditou na palavra de Jesus, e, depois de constatada a
eficácia da palavra de Jesus, se diz que ele e toda a sua família creram em Jesus. A fé permite
reconhecer na vida a ação de Deus.
ORAÇÃO
Espírito de fé, concede-me a confiança necessária que me permita ser atendido
por Jesus, quando a ele eu suplicar.
3. O SEGUNDO SINAL
O evangelista João chama de
sinais os fatos portentosos realizados por Jesus no exercício do seu
ministério messiânico. Eles não pretendem ser uma prova da identidade de
Jesus, nem tampouco visam forçar as pessoas a abraçarem a fé.
Os sinais são manifestações da
glória de Jesus para quem está disposto a lançar-se na dinâmica da fé.
Indicam que nele existe algo que pode conduzir à fé, desde que bem entendido.
Sem ela, será impossível identificar os feitos de Jesus como sinais.
Eles possibilitam, a quem se
aproxima de Jesus, penetrar no mistério divino, presente na história humana;
permitem contemplar Deus atuando em favor da humanidade. Por outro lado, dão
a entender que, em Jesus, a salvação torna-se realidade. O Deus invisível
faz-se visível na ação de Jesus.
Todos estes elementos estão
presentes no sinal relatado pelo Evangelho. O funcionário real acredita que
Jesus pode salvar-lhe o filho, que está à beira da morte. Como resposta,
recebeu a ordem de ir para casa, pois seu filho já estava curado. Ao receber
a notícia da cura, informou-se sobre a hora exata em que acontecera. E
constatou ter sido na mesma hora em que Jesus lhe garantira a cura do filho. Por
isso, "ele acreditou, e toda a sua casa".
O sinal levou o funcionário real à fé, porque estava predisposto a acolher
Jesus. Neste caso, fez surtir o efeito desejado: foi gerador de fé.
Oração
Pai, dá-me sensibilidade para descobrir, nos sinais realizados por Jesus, a
presença de tua mão amiga atuando em favor da humanidade.
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IV
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO –
OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vós, que tendes sede, vinde às águas; vós que não
tendes com que pagar, vinde e bebei com alegria (Is 55,1).
Leitura (Ezequiel
47,1-9.12)
Leitura da profecia de Ezequiel.
Naqueles dias, 47 1 o anjo
conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar
do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o
oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do
altar.
2 Fez-me sair pela porta do norte e contornar o templo do lado de fora até o
pórtico exterior oriental; eu vi a água brotar do lado sul.
O homem foi para o oriente com uma corda na mão: mediu mil côvados; a seguir
fez-me passar na água, que me chegou até os tornozelos. Mediu ainda mil
côvados e me fez atravessar a água, que me subiu até os joelhos.
4 Mediu de novo mil côvados e fez-me atravessar a água, que me subiu até os
quadris.
5 Mediu, enfim, mil côvados; e era uma torrente que eu não podia atravessar,
de tal modo as águas tinham crescido! E era preciso nadar, era um curso de
água que não se podia passar (a vau).
6 "Viste, filho do homem?" - falou-me, e me levou ao outro lado da
torrente.
7 Ora, retornando, avistei nas duas margens da torrente uma grande quantidade
de árvores.
8 "Essas águas", disse-me ele, "dirigem-se para a parte
oriental, elas descem à planície do Jordão; elas se lançarão no mar, de sorte
que suas águas se tornarão mais saudáveis.
9 Em toda parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água
poderá viver, e haverá lá grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água
atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente
haverá vida.
12 Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores
frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão
jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do
santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de
remédio".
Salmo responsorial 45/46
Conosco está o Senhor do
universo!
O nosso refúgio é o Deus de Jacó.
O Senhor para nós é refúgio e
vigor,
sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia;
assim não tememos se a terra estremece,
se os montes desabam, caindo nos mares.
Os braços de um rio vêm trazer
alegria
à cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
Quem a pode abalar? Deus está no seu meio!
Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.
Conosco está o Senhor do
universo!
O nosso refúgio é o Deus de Jacó!
Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus
e a obra estupenda que fez no universo.
Aclamação do Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus,
primogênito dentre os mortos!
Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo a alegria de ser salvo!
(Sl 50,12.14)
EVANGELHO (João 5,1-16)
5 1 Depois disso, houve uma
festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
2 Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda,
que tem cinco pórticos.
3 Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de
paralíticos, que esperavam o movimento da água.
4 De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina,
e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava
curado de qualquer doença que tivesse.
5 Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.
6 Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo,
perguntou-lhe Jesus: "Queres ficar curado?"
7 O enfermo respondeu-lhe: "Senhor, não tenho ninguém que me ponha no
tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de
mim".
8 Ordenou-lhe Jesus: "Levanta-te, toma o teu leito e anda".
9 No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi
andando. Ora, aquele dia era sábado.
10 E os judeus diziam ao homem curado: "É sábado, não te é permitido
carregar o teu leito".
11 Respondeu-lhes ele: "Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e
anda".
12 Perguntaram-lhe eles: "Quem é o homem que te disse: ´Toma o teu leito
e anda?´"
13 O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia
retirado da multidão que estava naquele lugar.
14 Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: "Eis que ficaste
são; já não peques, para não te acontecer coisa pior".
15 Aquele homem foi então contar aos judeus que fora Jesus quem o havia
curado.
16 Por esse motivo, os judeus perseguiam Jesus, porque fazia esses milagres
no dia de sábado.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Doente que não
tinha acompanhante...
Em Hospitais públicos, a pessoa
do acompanhante é muito importante, ele ajuda a olhar o soro, atende as
necessidades do doente, ajuda-o a mudar de posição, a tomar um banho, mesmo
porque, os hospitais, não dispõe de um enfermeiro para cada doente. É um belo
trabalho de caridade, que em
nossa Igreja é desenvolvido pela Pastoral da Saúde que faz
isso em hospitais e casas.
O enfermo do evangelho de hoje
era um desses doentes pobre, que não tinha um acompanhante e foi essa a sua
queixa a Jesus “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a
água é agitada, enquanto vou lá, outro já desceu antes de mim”, pelo que se
entende, era uma espécie de Olimpíada de Paraplégicos, ou Paraolimpíada como
se denomina essa competição, entre Cadeirantes e outros deficientes, as águas
agitadas curavam apenas um por vez.
A pergunta inicial de Jesus, que
obteve essa resposta, parece até “tirada” de humor “Queres ficar curado”.
Claro que o enfermo queria, parece uma pergunta bastante óbvia. Mas ele
dependia das pessoas. Estava ali porque queria a cura, evidentemente. Todo
homem quer também a Salvação, mas esta não depende de nós. O homem da
pós-modernidade não pensa dessa forma. Ele acha que os recursos da ciência em
todos os campos, e o avanço da tecnologia, são suficientes para salvar o
homem. A Salvação, nesse caso, é um bem de consumo, assim como o próprio
Jesus e aquilo que tem para oferecer. O homem procura, pede e exige, e o Cristo
tem que atender, nas grandes Magazines Religiosas de home em dia.
A Salvação, que consiste na
libertação de todos os males do egoísmo, que infectam o coração humano, é dom
gratuito e imerecido, que Deus nos oferece em Jesus Cristo. Por
isso a pergunta de Jesus tem lógica “Queres ser curado?” As vezes a nossa
cura interior tem um preço, que nem sempre queremos pagar. É a mudança da
nossa mentalidade, do nosso jeito de agir e de se relacionar com os outros.
No espírito egoísta quem ganha somos nós, no Espírito Cristão de quem
conheceu Jesus e o experimentou, quem ganha são os outros. Se Jesus pensasse
em si, iria dar um jeito de carregar o homem até a piscina, á frente dos
outros, seria o jeito mais prático e religiosamente correto de curá-lo.
Entretanto, ele veio para curar
os enfermos e libertar os cativos, por isso disse ao homem “Levanta-se, toma
o teu leito e anda”. Mais tarde no templo, o orientou para que não
tornasse a pecar...Quem está preso a tradições e ideologias humanas, jamais
conseguirá ver em Jesus esse dom precioso da Salvação gratuita e
incondicional que ele oferece, por isso, os Judeus, ao serem informados de
que Jesus curava no sábado, passaram a persegui-lo com a intenção de
condená-lo á morte.
2. Iniciativa de Jesus
para com o enfermo
É o terceiro numa sucessão de
sete sinais. A cura contrasta com o longo período de enfermidade. Se o
narrador localiza, em Jerusalém, a piscina e diz da expectativa terapêutica
que se depositava nela, ele não lhe dá nenhuma importância.
Todo relato está centrado na
iniciativa de Jesus e na sua palavra eficaz: "Levanta-te, pega tua maca
e anda". Quando interpelado pelos judeus, o homem responderá evocando a
palavra de Jesus que o arrancou da falta de esperança ("não tenho
ninguém que me leve à piscina" - v. 7) e o fez viver.
A rigidez num determinado modo
de observância da Lei impedirá os judeus de reconhecerem nesta palavra eficaz
o sinal que conduz a Deus.
ORAÇÃO
Pai, aproxima-me de Jesus, de quem jorra a fonte da vida, para que eu possa
ser curado de todas as doenças e enfermidades que me afastam de ti.
3. VIDA E MORTE
O episódio evangélico está
perpassado pelo tema da vida e da morte.
Aí se fala de doenças e de
doentes: uma multidão de enfermos está postada na piscina de Betesda nutrindo
no coração a esperança de recobrar a vida. Há entre eles uma verdadeira
porfia nesta corrida pela vida, pois quem tocasse primeiro na água
borbulhante, seria agraciado com a cura.
Neste contexto, Jesus é presença
de vida que passa quase despercebida. Ele transita no meio da multidão
abatida pela doença e pela morte. Seu poder vivificador será usado com
comedimento e discrição. A vida jorrará não da água da piscina, e sim da
força de sua palavra eficaz. Sua pessoa será a fonte da vida.
O pobre paralítico,
impossibilitado de mover-se depressa, foi quem experimentou a ação
vivificante desta nova fonte, Jesus. E recobrou, para além da vida física,
sua vida social e religiosa. Superada a marginalização em que se encontrava,
abriu-se para ele uma nova perspectiva de vida.
Entretanto, este cenário de vida
foi transtornado pela perspectiva de morte que despontou no horizonte de
Jesus. Os judeus decidiram matar quem dera a vida, eliminando-a no seu
nascedouro. Quem dera a vida corria o risco de ser morto, pelo fato mesmo de
ter-se posto a serviço da vida.
Oração
Pai, aproxima-me de Jesus, de quem jorra a fonte da vida, para que eu possa
ser curado de todas as doenças e enfermidades que me afastam de ti.
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IV
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO –
OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: A vós, Senhor, minha oração dirijo, no tempo em que me
ouvis; respondei-me, ó Deus, com a largueza de vossa misericórdia e com a
verdade de vossa salvação (Sl 68,14).
Leitura (Isaías 49,8-15)
Leitura do livro do profeta Isaías.
49 8 Eis o que diz o Senhor:
"No tempo da graça eu te atenderei, no dia da salvação eu te socorrerei,
(Eu te formei e designei para fazer a aliança com os povos), para restaurar o
país e distribuir as heranças devastadas,
9 para dizer aos prisioneiros: 'Saí!' E àqueles que mergulham nas trevas:
´Vinde à luz!´ Ao longo de todo o trajeto terão o que comer. Sobre todas as
dunas encontrarão seu alimento.
10 Não sentirão fome nem sede; o vento quente e o sol não os castigarão,
porque aquele que tem piedade deles os guiará e os conduzirá às fontes.
11 Tornar-lhes-ei acessíveis todas as montanhas, e caminhos atingirão as
alturas.
12 Ei-los que vêm de longe, ei-los do norte e do poente, e outros da terra
dos sienitas.
13 Cantai, ó céus; terra, exulta de alegria; montanhas, prorrompei em
aclamações! Porque o Senhor consolou seu povo, comoveu-se e teve piedade dos
seus na aflição.
14 Sião dizia: ´O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me´.
15 Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo
fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria
nunca".
Salmo responsorial
144/145
Misericórdia e piedade é o
Senhor.
Misericórdia e piedade é o
Senhor,
ele é amor, é paciência, é compaixão.
O Senhor é muito bom para com todos,
sua ternura abraça toda criatura.
O Senhor é amor fiel em sua
palavra,
é santidade em toda a obra que ele faz.
Ele sustenta todo aquele que vacila
e levanta todo aquele que tombou.
É justo o Senhor em seus
caminhos,
é santo em toda obra que ele faz.
ele está perto da pessoa que o invoca,
de todo aquele que o invoca lealmente.
Aclamação do Evangelho
(João 5,17-30)
Jesus Cristo, sois bendito, sois
o ungido de Deus Pai!
Eu sou a ressurreição, eu sou a vida; quem crê em mim, ainda que morra,
viverá (Jo 11,25s).
Evangelho (João 5,17-30)
Naquele tempo, 5 17 Mas Jesus
respondeu aos judeus: "Meu Pai continua agindo até agora, e eu ajo
também".
18 Por esta razão os judeus, com maior ardor, procuravam tirar-lhe a vida,
porque não somente violava o repouso do sábado, mas afirmava ainda que Deus
era seu Pai e se fazia igual a Deus.
19 Jesus tomou a palavra e disse-lhes: "Em verdade, em verdade vos digo:
o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; ele só faz o que vê fazer o
Pai; e tudo o que o Pai faz, o faz também semelhantemente o Filho.
20 Pois o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e maiores obras do que
esta lhe mostrará, para que fiqueis admirados.
21 Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o
Filho dá vida a quem ele quer.
22 Assim também o Pai não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao
Filho.
23 Desse modo, todos honrarão o Filho, bem como honram o Pai. Aquele que não
honra o Filho, não honra o Pai, que o enviou.
24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele
que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da
morte para a vida.
25 Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora, e já está aí, em que os
mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
26 Pois como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter a
vida em si mesmo,
27 e lhe conferiu o poder de julgar, porque é o Filho do Homem.
28 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham
nos sepulcros sairão deles ao som de sua voz:
29 os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que
praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados.
30 De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu
julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele
que me enviou".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Tal Pai, tal Filho...
Longe de esconder sua filiação
Divina diante dos Judeus que sempre o ameaçavam quando esse assunto vinha a
baila em suas discussões, Jesus afirma categoricamente ser o Filho de Deus e
revela que todas as suas ações estão em perfeita sintonia com a vontade do
Pai, os dois agem juntos.
Com Jesus falando as claras com
eles, ficaria muito fácil perceber que o Pai a quem Ele se refere é o Deus da
Aliança, que transmitiu suas Santas Leis a Moisés. Bastaria que quisessem
saber mais, e deixassem que seus corações se inquietassem com as palavras de
Jesus e rapidamente descobririam a Verdade.
Entretanto os Judeus, que estão
distantes da Verdade e o coração fechado para a Boa Nova, se enfurecem ainda
mais e querem matá-lo de qualquer jeito, pois violou a Lei do Sábado e ainda
por cima chama a Deus de Pai e se faz igual a Ele. Um absurdo... um
sacrilégio... uma blasfêmia que justificava a sua condenação.
Ao falar de si, da sua imagem e
semelhança com o Pai, do seu agir em conjunto com Ele, da relação
extremamente amorosa que há entre os dois, Jesus está falando da relação Deus
- Humanidade, Jesus está mostrando com extrema clareza quem é o homem e qual
é o seu destino junto de Deus. Jesus está se apresentando como aquele que irá
Salvar, redimir e resgatar a imagem e semelhança de Deus, que o homem havia
perdido com o pecado e diante desse fato inédito para a humanidade toda, as
Leis de Moisés não representavam mais nenhuma novidade.
E essa rejeição por esta
Divindade que se Humaniza e reflete quem Ele é nas ações humanas, continua
hoje, talvez por outras razões, mas com muito mais intensidade.
O homem da pós modernidade anda
em busca de algo grandioso mas a sua cegueira espiritual não deixa ver que
essa grandiosidade está na própria natureza humana, porque Deus regravou sua
imagem em cada um de nós, quando Jesus se encarnou. Nosso Deus não está lá em
cima em algum lugar do espaço cósmico, escondido de todos para nos fazer uma
surpresa no final da História, Ele está oculto nas entranhas do Ser humano,
morando em sua alma e em seu coração, Feliz do Homem que o encontra bem
dentro de si, tão perto e tão longe ao mesmo tempo, porque o Homem ainda não
se descobriu e não se reconhece como Filho amado de Deus...
2. Jesus e o Pai
Há, aqui, uma ampliação das
consequências do episódio anterior. Os judeus procuravam matá-lo por duas
razões, segundo o nosso texto: por violar o sábado e por dizer que Deus era
seu Pai, fazendo-se igual a Deus. Diante da crítica de ter curado em dia de
sábado, Jesus responderá: "Meu Pai trabalha sempre, e eu também
trabalho".
A afirmação de Jesus encontra
apoio em Dt 5,12-15, em que não se diz que Deus descansa, mas que o homem
deve parar o seu trabalho no dia de sábado para fazer memória da saída do
Egito. A comunhão com o Pai é que faz com que o Filho faça a obra de Deus.
ORAÇÃO
Pai, tu me deste teu Filho Jesus como caminho para encontrar-me contigo.
Reforça minha fé, de modo que, conhecendo mais a Jesus, possa também
conhecer-te mais.
3. PROCURAVAM
MATÁ-LO
O ódio crescente contra Jesus e
a decisão de matá-lo tinha uma razão bem clara: sua pretensão de fazer-se
igual a Deus. Isto se deduzia da liberdade com que trabalhava em dia de
sábado. Segundo a teologia da época, só Deus trabalha em dia de sábado para
garantir a subsistência da criação e da vida sobre a face da Terra. Os sinais
realizados por Jesus, em dia de sábado, tinham características semelhantes,
pois estavam estreitamente relacionados com a recuperação da vida.
Nos seus ensinamentos, Jesus
jamais chamou-se de "Deus". De fato, sempre falou do Pai, a cuja
vontade estava submetido, do qual viera e para o qual voltaria, que o enviou
com a missão de restaurar a existência humana corrompida pelo pecado. Sua
palavra era perpassada pela consciência de ser Filho. Nunca pretendeu usurpar
o lugar do Pai; antes, soube colocar-se no seu devido lugar até o último
momento, quando exclamou: "Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito!".
Jesus, porém, tinha consciência
de ser o caminho de encontro com o Pai. Quem acolhesse suas palavras, estaria
acolhendo as palavras do Pai. Crer nele comportava crer no Pai. Honrá-lo
corresponderia a honrar o Pai. Pelo contrário, rejeitá-lo significava
rejeitar o Pai.
A teologia rígida dos
adversários de Jesus não podia suportar tamanha ousadia. A decisão de matá-lo
foi o expediente extremo para eliminar uma pessoa incômoda.
Oração
Pai, tu me deste teu Filho Jesus como caminho para encontrar-me contigo.
Reforça minha fé, de modo que, conhecendo mais a Jesus, possa também
conhecer-te mais.
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IV
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO –
OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Exulte o coração dos que buscam a Deus. Sim, buscai o
Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Êxodo 32,7-14)
Leitura do livro do Êxodo.
Naqueles dias, 32 7 o Senhor
disse a Moisés: "Vai, desce, porque se corrompeu o povo que tiraste do
Egito.
8 Desviaram-se depressa do caminho que lhes prescrevi; fizeram para si um
bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele e ofereceram-lhe
sacrifícios, dizendo: eis, ó Israel, o teu Deus que te tirou do Egito.
9 Vejo", continuou o Senhor, "que esse povo tem a cabeça dura.
10 Deixa, pois, que se acenda minha cólera contra eles e os reduzirei a nada;
mas de ti farei uma grande nação."
11 Moisés tentou aplacar o Senhor seu Deus, dizendo-lhe: "Por que,
Senhor, se inflama a vossa ira contra o vosso povo que tirastes do Egito com
o vosso poder e à força de vossa mão?
12 Não é bom que digam os egípcios: 'com um mau desígnio os levou, para
matá-los nas montanhas e suprimi-los da face da terra!' Aplaque-se vosso
furor, e abandonai vossa decisão de fazer mal ao vosso povo.
13 Lembrai-vos de Abraão, de Isaac e de Israel, vossos servos, aos quais
jurastes por vós mesmo de tornar sua posteridade tão numerosa como as
estrelas do céu e de dar aos seus descendentes essa terra de que falastes,
como uma herança eterna."
14 E o Senhor se arrependeu das ameaças que tinha proferido contra o seu
povo.
Salmo responsorial
105/106
Lembrai-vos de nós, ó Senhor,
segundo o amor para com vosso povo!
Construíram um bezerro no Horeb
e adoraram uma estátua de metal;
eles trocaram o seu Deus, que é sua glória,
pela imagem de um boi que come feno.
Esqueceram-se do Deus que os
salvara,
que fizera maravilhas no Egito;
no país de Cam fez tantas obras admiráveis,
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.
Até pensava em acabar com sua
raça,
não se tivesse Moisés, o seu eleito,
interposto, intercedendo junto a ele
para impedir que sua ira os destruísse.
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois
o ungido de Deus Pai!
Deus o mundo tanto amou, que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que
nele crer encontre vida eterna (Jo 3,16).
EVANGELHO (João 5,31-47)
Naquele tempo, disse Jesus aos
judeus: 5 31 "Se eu der testemunho de mim mesmo, não é digno de fé o meu
testemunho.
32 Há outro que dá testemunho de mim, e sei que é digno de fé o testemunho
que dá de mim.
33 Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade.
34 Não invoco, porém, o testemunho de homem algum. Digo-vos essas coisas, a
fim de que sejais salvos.
35 João era uma lâmpada que arde e ilumina; vós, porém, só por uma hora
quisestes alegrar-vos com a sua luz.
36 Mas tenho maior testemunho do que o de João, porque as obras que meu Pai
me deu para executar - essas mesmas obras que faço - testemunham a meu
respeito que o Pai me enviou.
37 E o Pai que me enviou, ele mesmo deu testemunho de mim. Vós nunca ouvistes
a sua voz nem vistes a sua face.
38 e não tendes a sua palavra permanente em vós, pois não credes naquele que
ele enviou.
39 Vós perscrutais as Escrituras, julgando encontrar nelas a vida eterna.
Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de mim.
40 E vós não quereis vir a mim para que tenhais a vida.
41 Não espero a minha glória dos homens,
42 mas sei que não tendes em vós o amor de Deus.
43 Vim em nome de meu Pai, mas não me recebeis. Se vier outro em seu próprio
nome, haveis de recebê-lo.
44 Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais
a glória que é só de Deus?
45 Não julgueis que vos hei de acusar diante do Pai; há quem vos acusa:
Moisés, no qual colocais a vossa esperança.
46 Pois se crêsseis em Moisés, certamente creríeis em mim, porque ele
escreveu a meu respeito.
47 Mas, se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis nas minhas
palavras?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. As Testemunhas de Fé
As comunidades Joaninas e a
comunidade Judaica estavam sempre em conflito por causa de Jesus. A rejeição
por Jesus, da parte do Judaísmo era algo definitivo e sem chances de uma
abertura ao novo, aquela novidade trazida por Jesus.
O evangelho de hoje apresenta
três fontes importantes sobre as quais estava fundamentada a Fé cristã por
aqueles tempos, o testemunho de João Batista sobre Jesus, o Pai de Jesus que
realizou obras e falou Nele á toda humanidade, e a escritura que sempre
trouxe em si, mesmo na escritura antiga, elementos cristológicos que não
deixavam dúvidas sobre a Filiação Divina de Jesus.
O evangelista projeta no passado
essa rejeição a Jesus Cristo, lembrando de sua injusta condenação onde as
falsas testemunhas tiveram credibilidade diante do Sinédrio, que desprezou
essas fontes fidedignas sobre Jesus, preferindo acreditar em uma mentira.
Podemmos aqui compreender que o
Judaísmo tradicional e ultra conservador fazia uma releitura equivocada do
Antigo Testamento e não conseguia ver nenhuma relação entre Jesus e o Deus da
Antiga Aliança. Houve até mesmo uma heresia que falava em dois deuses, um do
antigo testamento e um do Novo Testamento.
Entretanto, muito mais do que
essa releitura equivocada das escrituras antigas, na realidade o Judaísmo
tradicional não queria mudanças no modo de pensar e nas normas e preceitos
antigos, principalmente porque iriam perder alguns privilégios conquistados
na estrutura da Religião tradicional.
Podemos hoje cometer esse mesmo
pecado, quando temos medo de dialogar com o mundo, como determina o Concílio
Vaticano II, quando preferimos a prática tradicional de ser Igreja, usando
ainda métodos arcaicos de evangelização, que não estão convencendo.
Lideranças religiosas e
lideranças pastorais que se fecham em uma religião cheirando a mofo, querendo
impor ao mundo sua prática religiosa e seu modo de pensar, é bem provável que
no fundo estejam defendendo algumas conveniências e interesses particulares e
para isso, muitas vezes usam Dogmas e Doutrinas, exatamente como fazia a
comunidade judaica primitiva.
2. As obras de
Jesus testemunham que é enviado do Pai
"As obras que eu
faço", diz o Senhor, "dão testemunho de mim, pois mostram que o Pai
me enviou". As obras, aqui, são os sinais que Jesus realiza; sinais
pelos quais o Senhor dá a vida a quem ele quer. As obras que Jesus realiza
são expressão de sua profunda união com o Pai.
É a vontade do Pai que está na
origem das obras que o Filho realiza. E, se em última análise, a força do
testemunho é que ele é dado pelo Pai, não basta escutá-lo; é necessário
deixar-se iluminar e habitar por sua Palavra.
ORAÇÃO
Pai, dá-me suficiente inteligência para descobrir, no testemunho de Jesus,
sua condição de Filho enviado por ti, para a nossa salvação.
3. VIM EM NOME DO MEU PAI
No confronto com os seus
adversários, Jesus explicitou sua relação com o Pai. O tempo mostraria que
suas palavras foram insuficientes para convencê-los. A revelação de Jesus
exigia mentes e corações abertos, capazes de acolher a novidade que lhes era
comunicada.
Entretanto, a dureza de coração
de seus inimigos levava-os a um ódio sempre crescente contra ele. Por
conseguinte, o esforço de Jesus tinha um efeito contrário ao que ele
desejava. Ao invés de gerar acolhida, provocava rejeição.
O testemunho em favor de Jesus
provinha do Pai. Logo, suas palavras e sua ação estavam bem respaldadas. Não
dependiam desta ou daquela instituição, nem de pessoa alguma. As obras
realizadas por Jesus também depunham em seu favor. Por seu próprio conteúdo,
revelavam a identidade dele, pois visavam proporcionar vida abundante para
toda a humanidade. Também as Escrituras, quando lidas de maneira conveniente,
davam testemunho dele. Elas apontavam para Jesus, cujo ministério situava-se
no contexto da revelação de Deus.
Jesus detectou a raiz da
rejeição a seu respeito, num certo espírito mundano que corroia o coração dos
adversários, os quais buscavam a glória de si mesmos, não a do Pai. Se
estivessem mais em comunhão com Deus, e menos preocupados em defender seus
esquemas, sem dúvida chegariam a perceber quem era Jesus.
Oração
Pai, dá-me suficiente inteligência para descobrir, no testemunho de Jesus,
sua condição de Filho enviado por ti, para a nossa salvação.
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IV
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO –
OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Salvai-me, ó Deus, por vosso nome, libertai-me por
vosso poder. Deus, ouvi a minha oração, escutai as palavras que vos digo (Sl
53,3s).
Leitura (Sabedoria
2,1.12-22)
Leitura do livro da Sabedoria.
2 1 Dizem, com efeito, nos seus
falsos raciocínios: "Curta é a nossa vida, e cheia de tristezas; para a
morte não há remédio algum; não há notícia de ninguém que tenha voltado da
região dos mortos".
12 "Cerquemos o justo, porque ele nos incomoda; é contrário às nossas
ações; ele nos censura por violar a lei e nos acusa de contrariar a nossa
educação.
13 Ele se gaba de conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor!
14 Sua existência é uma censura às nossas idéias; basta sua vista para nos
importunar.
15 Sua vida, com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são
muito diferentes.
16 Ele nos tem por uma moeda de mau quilate, e afasta-se de nosso caminhos
como de manchas. Julga feliz a morte do justo, e gloria-se de ter Deus por
pai.
17 Vejamos, pois, se suas palavras são verdadeiras, e experimentemos o que
acontecerá quando da sua morte,
18 porque, se o justo é filho de Deus, Deus o defenderá, e o tirará das mãos
dos seus adversários.
19 Provemo-lo por ultrajes e torturas, a fim de conhecer a sua doçura e
estarmos cientes de sua paciência.
20 Condenemo-lo a uma morte infame. Porque, conforme ele, Deus deve
intervir".
21 Eis o que pensam, mas enganam-se, sua malícia os cega:
22 eles desconhecem os segredos de Deus, não esperam que a santidade seja
recompensada, e não acreditam na glorificação das almas puras.
Salmo responsorial 33/34
Do coração atribulado está perto
o Senhor.
O Senhor volta a sua face contra
os maus
para da terra apagar sua lembrança.
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta
e de todas as angústias os liberta.
Do coração atribulado ele está
perto
e conforta os de espírito abatido.
Muitos males se abatem sobre os justos,
mas o Senhor de todos eles os liberta.
Mesmo os seus ossos ele os
guarda e os protege,
e nenhum deles haverá de se quebrar.
Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos,
e castigado não será quem nele espera.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, imagem do Pai,
a plena verdade nos comunicai!
O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus.
EVANGELHO (João 7,1-2.10.25-30)
Naquele tempo, 7 1 depois
disso, Jesus percorria a Galiléia. Ele não queria deter-se na Judéia, porque
os judeus procuravam tirar-lhe a vida.
2 Aproximava-se a festa dos judeus chamada dos Tabernáculos.
10 Mas quando os seus irmãos tinham subido, então subiu também ele à festa,
não em público, mas despercebidamente.
25 Algumas das pessoas de Jerusalém diziam: "Não é este aquele a quem
procuram tirar a vida?
26 Todavia, ei-lo que fala em público e não lhe dizem coisa alguma.
Porventura reconheceram de fato as autoridades que ele é o Cristo?
27 Mas este nós sabemos de onde vem. Do Cristo, porém, quando vier, ninguém
saberá de onde seja".
28 Enquanto ensinava no templo, Jesus exclamou: "Ah! Vós me conheceis e
sabeis de onde eu sou! Entretanto, não vim de mim mesmo, mas é verdadeiro
aquele que me enviou, e vós não o conheceis.
29 Eu o conheço, porque venho dele e ele me enviou".
30 Procuraram prendê-lo, mas ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era
chegada a sua hora.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Humano demais...
Há até uma bela música com este
nome, e aqui está o problema dos Judeus para com Jesus: eles queriam um
MESSIAS misterioso, de origem desconhecida, talvez vindo de alguma nuvem do
céu e eis que aparece no meio deles um homem comum como qualquer outro judeu,
mas que se diz um enviado do Pai em uma missão especial.
Como pode um ser humano
anunciar-se como um enviado especial do Pai? Para o Judaísmo é uma afronta!
Pois esse anúncio explicita a divindade de Jesus, foi Deus quem o enviou e
ele, apesar de homem, é o Filho de Deus. De um modo bem simples eis aí a
razão da condenação de Jesus.
Talvez ao ler o evangelho de
João, onde o confronto com o Judaísmo vai ficando cada vez mais acirrado,
alguém possa pensar que Jesus "Gostava de cutucar a onça com a vara
curta", fazendo provocação aos Judeus. Entretanto é a fidelidade ao Pai
e a sua Vontade que leva Jesus a agir desse modo. Se ele não falar de onde
veio e quem o enviou, não estará revelando o Pai, evitando assim que os homens
o conheçam.
Sendo quem é, e assumindo com
fidelidade a missão que lhe foi confiada, Jesus age com inteira liberdade, de
fato, no evangelho de João é Jesus quem se entrega, tudo aconteceu pela
vontade do Pai, mas com o seu consentimento. Por isso, embora já ameaçado de
morte, ele anda livremente por Jerusalém pregando e ensinando, fazendo
prodígios, e as pessoas se admiram que ninguém o tenha impedido. Na hora da
sua glorificação na cruz ele irá se entregar, pois na visão Joanina, ninguém
tem força e poder, para impedir a obra da Salvação que em Cristo irá se
realizar.
Nos dias de hoje há uma multidão
de homens e mulheres que se dizem Filhos e Filhas de Deus, ou porque
receberam um Batismo, como nós cristãos, ou porque assim se sentem.
Entretanto, falta a coragem a ousadia e a fidelidade de Jesus, para de fato
viver e pensar como autênticos Filhos e Filhas de Deus, já que qualquer poder
do mundo, as vezes é suficiente pára nos fazer dobrar os nossos joelhos
diante das forças do mal.
Ser livre não é falar e fazer
sempre o que se quer, mas a nossa verdadeira liberdade está em Deus.
2. O perigo de fechar-se
à novidade de Deus
O texto revela a razão do não
reconhecimento de Jesus como Messias, a saber, uma ideia hermética e
equivocada do Messias, além da falta de conhecimento do Pai: ". este,
nós sabemos de onde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é"
(v. 27). Pensava-se que o Messias teria uma origem desconhecida. Fecharam-se
à novidade de Deus, esqueceram-se de que Deus é surpreendente, por isso
identificavam Jesus com um simples homem e não se permitiam o salto da fé.
A resposta de Jesus revela a
ignorância deles, pois pensam saber de onde Jesus vem, mas, de fato, não o
sabiam. Parece, da parte de Jesus, uma ironia ao dizer: "... sabeis de
onde eu sou!" (v. 28). A sua origem é outra: ele vem do Pai (cf. v. 29).
Eles não conhecem o Pai (cf. v. 28), por isso não podem reconhecer aquele que
Deus enviou (cf. v. 29).
ORAÇÃO
Pai, minha vida está colocada em tuas mãos, pois tu és o Senhor do meu
destino. Movido por esta certeza, dá-me a graça de testemunhar, com coragem,
o teu Reino.
3. MINHA HORA NÃO
CHEGOU!
A vida de Jesus estava toda
colocada nas mãos do Pai. Com esta consciência, ele enfrentava os desafios do
ministério, sem se deixar abater pelos mal-entendidos, pelas hostilidades
evidentes ou veladas ou mesmo pela ameaça de morte que pairava sobre a sua
cabeça. Sua coragem manifestava-se na maneira aberta com que proclamava sua
doutrina, em plena
Jerusalém – no Templo –, mesmo sabendo que os judeus
buscavam matá-lo.
Importava-lhe unicamente
manter-se fiel a quem o enviou, pois não tinha vindo por si mesmo, nem
proclamava uma doutrina de sua autoria e propriedade. As hostilidades contra
ele provinham do desconhecimento do Pai. Logo, fruto da ignorância! Bastava
que se abrissem para o Pai, para estarem em condições de compreender a
veracidade do testemunho de Jesus.
A vida do Filho estava nas mãos
do Pai. Isto impedia que os adversários assumissem o controle do destino de
Jesus. Por isso, em vão, procuravam detê-lo e infligir-lhe a pena capital.
"Sua hora ainda não chegara".
A coragem do Mestre serviu de
exemplo para os discípulos, sobretudo nos momentos difíceis de seu ministério
apostólico. Também a vida deles estava nas mãos do Pai. Sendo assim, nenhum
inimigo, por pior que fosse, haveria de se transformar em senhor de seus
destinos. Somente o Pai pode determinar a hora de cada um!
Oração
Pai, minha vida está colocada em tuas mãos, pois tu és o Senhor do meu
destino. Movido por esta certeza, dá-me a graça de testemunhar, com coragem,
o teu Reino.
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IV
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO –
OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: As ondas da morte me cercavam, tragavam-me as
torrentes infernais; na minha angústia, chamei pelo Senhor, de seu templo
ouviu a minha voz (Sl 17,5ss).
Leitura (Jeremias
11,18-20)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
11 18 Instruído pelo Senhor, eu
o desvendei. Vós me fizestes conhecer seus intentos.
19 E eu, qual manso cordeiro conduzido à matança, ignorava as maquinações
tramadas contra mim: "destruamos a árvore em seu vigor. Arranquemo-la da
terra dos vivos, e que seu nome caia no esquecimento".
20 Vós sois, porém, Senhor dos exércitos, justo juiz que sondais os rins e os
corações. Serei testemunha da vingança que tomarei deles e a vós confio minha
causa.
Salmo responsorial 7
Senhor meu Deus, em vós procuro
o meu refúgio.
Senhor meu Deus, em vós procuro
o meu refúgio:
vinde salvar-me do inimigo, libertai-me!
Não aconteça que agarrem minha vida,
como um leão que despedaça a sua presa,
sem que ninguém venha salvar-me e libertar-me!
Julgai-me, Senhor Deus, como eu
mereço
e segundo a inocência que há em mim!
Ponde um fim à iniqüidade dos perversos
e confirmai o vosso justo, ó Deus-justiça,
vós que sondai os nossos rins e corações.
O Deus vivo é um escudo protetor
e salva aqueles que têm reto coração.
Deus é juiz e ele julga com justiça,
mas é um Deus que ameaça cada dia.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai, que é amor!
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem
muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)
Evangelho (João 7,40-53)
Naquele tempo, 7 40 ouvindo
essas palavras, alguns daquela multidão diziam: "Este é realmente o
profeta".
41 Outros diziam: "Este é o Cristo". Mas outros protestavam:
"É acaso da Galiléia que há de vir o Cristo?
42 Não diz a Escritura: 'o Cristo há de vir da família de Davi, e da aldeia
de Belém, onde vivia Davi?'"
43 Houve por isso divisão entre o povo por causa dele.
44 Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe lançou as mãos.
45 Voltaram os guardas para junto dos príncipes dos sacerdotes e fariseus,
que lhes perguntaram: "Por que não o trouxestes?"
46 Os guardas responderam: "Jamais homem algum falou como este
homem!"
47 Replicaram os fariseus: "Porventura também vós fostes seduzidos?
48 Há, acaso, alguém dentre as autoridades ou fariseus que acreditou nele?
49 Este poviléu que não conhece a lei é amaldiçoado!"
50 Replicou-lhes Nicodemos, um deles, o mesmo que de noite o fora procurar:
51 "Condena acaso a nossa lei algum homem, antes de o ouvir e conhecer o
que ele faz?"
52 Responderam-lhe: "Porventura és também tu galileu? Informa-te bem e
verás que da Galiléia não saiu profeta".
53 E voltaram, cada um para sua casa.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Os Guardas voltaram
de mãos abanando...
As pessoas definiam Jesus não de
acordo com aquilo que ele era, mas aquilo que a elas interessava, para uns
ele era realmente um grande Profeta, talvez inspirados pelos profetas que
Deus mandara no antigo Testamento, estes buscavam uma esperança que só Deus
lhes poderia dar.
Para outros ele era o Cristo,
isso é, o ungido, o enviado de Deus, colocavam nele todas as suas esperanças
e acreditavam em seu
Messianismo que iria trazer a Salvação a todos. O grande
problema continua sendo aquele que já comentamos na reflexão de ontem: Jesus
era humano demais....e o fato da sua origem ser da Galiléia não credenciava a
ser o Messias que segundo as escrituras viria de uma linhagem nobre.
E para alguns, o fato dele não
ser quem esperavam que fosse, transformava a frustração em raiva. Um
comportamento onde se joga no irmão ou na irmã toda a nossa frustração, pelos
nossos fracassos e derrotas, a culpa é das pessoas que não são o que a gente
esperava que fossem. Não será assim em nossas comunidade, até hoje ? "Se
depender de mim e do que eu penso, a comunidade vai bem, mas tem fulano e
cicrano que nunca correspondem"
O segundo aspecto importante a
ser considerado nessa reflexão, é a atitude dos Guardas que, pertencendo ao
povo, e não estando atrelados a nenhuma lei ou tradição escriturística, estão
abertos para ouvir as palavras de Jesus e elas o encantam de tal modo que os
impede de prendê-lo.
O pior papel fica mais uma vez
com os famigerados Fariseus, a quem o messianismo de Jesus não lhes
interessava, uma vez que suas palavras e obras não coincidiam com o
conhecimento deles, que provinha da Lei e da tradição. Eram eles os guardiães
da tradição e deles teria que vir o aval que iria autenticar o messianismo de
Jesus.
Nas comunidades temos os nossos
conselhos pastorais e econômicos, que representam a assembléia e não podem
fazer valer a opinião pessoal, ou a deste ou aquele grupo. O verdadeiro
cristianismo é dialogante e interativo, virtudes estas que brotam da comunhão
fraterna, e que os Fariseus não tiveram e que também, infelizmente faz falta
em nossas comunidades...
2. O preconceito -
obstáculo à fé
Diante do ensinamento de Jesus
(cf. 7,14ss), as pessoas dividem-se no que diz respeito a sua identidade (cf.
v. 40). De novo, um hermetismo no que concerne à origem do Messias impede, ou
melhor, cria uma cisão entre o povo por causa dele (v. 43) e obstaculiza o
salto da fé. Naquele momento ninguém o prendeu, ainda que alguns o quisessem,
sobretudo os chefes dos sacerdotes e os fariseus (cf. vv. 44-45).
A razão é a força do ensinamento
de Jesus; o que ele dizia fazia plenamente sentido: "Ninguém jamais
falou com este homem" (v. 46). Os sinais que Jesus realiza dão
testemunho que sua presença e palavra transformam a vida do ser humano e
revelam o mistério de Deus.
ORAÇÃO
Pai, ajuda-me a acolher, sem preconceitos, a revelação de Jesus, pois sua
identidade messiânica de Filho de Deus transparece nas palavras e nos sinais
que ele realizou.
3. UM PROFETA GALILEU?
O fato de Jesus ter vindo da
Galiléia criava dificuldade para ser aceito como Messias. Conforme uma antiga
tradição, o Messias viria de Belém, cidade de Davi, pois Deus havia prometido
a esse rei que, para sempre, um de seus descendentes haveria de sentar-se no
trono de Jerusalém. Esta esperança messiânica de caráter político-militar
estava bem viva na mente do povo, mormente no momento em que o peso da
dominação romana se fazia sentir.
Pelo que se percebe, as
autoridades de Jerusalém ignoravam a verdadeira origem de Jesus. E não
pareciam muito interessadas em conhecê-la. O motivo verdadeiro da resistência
contra ele girava em torno da sua pregação. Os guardas, enviados para
prendê-lo, voltaram admirados com o que ouviram de sua boca. A multidão,
também, ficava boquiaberta ao ouvi-lo, a ponto de irritar as autoridades.
Até mesmo o fariseu Nicodemos,
que exercia um cargo de liderança entre os judeus, ficara tão fascinado com o
Mestre, a ponto de se tornar discípulo deles, mas às escondidas. Será ele
quem tomará, discretamente, a defesa de Jesus, sugerindo que, antes de
condená-lo, seria preciso ouvi-lo para saber o que realmente estava fazendo.
A insistência na origem de Jesus
ocultava o motivo verdadeiro de sua rejeição. Sem mudar de mentalidade, seus
perseguidores haveriam de rejeitá-lo, mesmo sendo declaradamente de Belém.
Seu modo de ser rompia todos os esquemas messiânicos da época.
Oração
Pai, ajuda-me a acolher, sem preconceitos, a revelação de Jesus, pois sua
identidade messiânica de Filho de Deus transparece nas palavras e nos sinais
que ele realizou.
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Liturgia
do Domingo 17.03.2013
5º Domingo da Quaresma — ANO C
(ROXO,
CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Traçarei para você um caminho novo no deserto. VAI E NÃO PEQUES
MAIS!" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Estamos
no "Ano da Fé". A celebração deste quinto domingo da Quaresma
favorece a compreensão da fé como confiança em novos caminhos propostos por
Deus, como acolhimento total e irrestrito de Jesus Cristo e sua Ressurreição,
e como abertura de um novo caminho, através do perdão e da solidariedade. O
tempo para a conversão está terminando. A fé não se expressa apenas por
teorias ou conceitos teológicos, mas também em fatos concretos realizados por
Deus. A fé, portanto, faz crer que Deus abre caminhos novos lá onde sequer
somos capazes de imaginar alguma saída. Muitas vezes, são caminhos dolorosos,
que precisam do tempo da semeadura sem saber se os frutos virão; com o tempo,
contudo, se tornam canções que colhem libertação e alegria. Aproximemo-nos
com confiança e com fé de nosso Deus, intercedendo uma vez mais a graça da
conversão e suplicando uma nova direção para nossas vidas.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: O
quinto domingo da Quaresma nos prepara para a Semana Santa, pois o domingo
próximo é o Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Será
ocasião em que Igreja
no Brasil conclama os fiéis a realizar o gesto concreto da Campanha da
Fraternidade, por meio das coletas das missas. Preparemo-nos, portanto, para
realizarmos essa colaboração no próximo domingo, como um dos gestos concretos
de nossa caminhada quaresmal.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O "farisaismo" é a doença de quem não se olha
no espelho. Todo rosto tem rugas, e por detrás de uma fachada restaurada
ocultam-se manchas escuras. Em todos nós existe um sentimento de culpa
exacerbado, resultado de um formalismo legalista, de aspectos inconscientes e
de educação ilusória. Mas há também um sentimento de culpa que põe o dedo na
ferida. As chagas ardem e causam nojo; também aquelas que comprometem toda a
sociedade: a prostituição, a delinquencia juvenil, a droga, as mães
solteiras. Há as responsabilidades de quem se deixa explorar e há a
responsabilidade de quem explora; é uma sociedade sem valores. Também a nós
faltam os valores, mas é mais cômodo liberar-se dessa crise de valores
procurando bodes expiatórios, e é fácil encontrá-los... A satisfação de
lançar a pedra nos faz esquecer de quem somos, nos liberta da
responsabilidade e do sentimento de culpa. Assim, fazem-se campanhas contra a
prostituição para deixar as ruas limpas; marginalizam-se os drogados, para
que não possam censurar a nossa inutilidade; fazem-se casa de correção, para
dizermos a nós mesmos que fazemos o possível. Deixamos de ver ou fazer algo
por essas pessoas achando que não é nossa responsabilidade e assim nos
sentimos limpos, mas o desprezo que tributamos a esses irmãos e irmãs é, para
Cristo, acusação contra nós, e o sofrimento deles se torna sofrimento de
Cristo. Quaresma é tempo de conversão, que tal começar agora?.
Sintamos o júbilo real de Deus
em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao
Senhor!
5º DOMINGO DA QUARESMA
Antífona da entrada: A mim, ó Deus, fazei justiça, defendei a minha causa
contra a gente sem piedade; do homem perverso e traidor, libertai-me, porque
sois, ó Deus, o meu socorro (Sl 42,1s).
Comentário das Leituras: O perdão e o amor que Deus presenteia ao pecador,
devolvendo-lhe sua dignidade, o converte e o regenera. Esta nova condição,
que vem pela fé e se apoia em Deus, nos impulsiona para a meta, relativizando
tudo quanto se compara com o conhecimento de Cristo e com a esperança de
comungar definitivamente em sua morte e ressurreição. Jesus veio para salvar
e não para condenar. Ouçamos com atenção as leituras de hoje.
Primeira Leitura (Isaías
43,16-21)
Leitura do livro do profeta Isaías.
43 16 Eis o que diz o Senhor que
abriu uma passagem através do mar, um caminho em meio às ondas,
17 que pôs em campo carros e cavalos, a tropa de soldados e chefes: eles
caíram então para nunca mais se levantar; Extinguiram-se como um pavio de
vela.
18 Não vos lembreis mais dos acontecimentos de outrora, não recordeis mais as
coisas antigas,
19 porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes? Vou
abrir uma via pelo deserto, e fazer correr arroios pela estepe.
20 Dar-me-ão glória os animais selvagens, os chacais e as avestruzes, pois
terei feito jorrar água no deserto, e correr arroios na estepe, para saciar a
sede de meu povo, meu eleito;
21 o povo, que formei para mim, contará meus feitos.
Salmo responsorial
125/126
Maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!
Quando o Senhor reconduziu
nossos cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia:
"Maravilhas
fez com eles o Senhor!"
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria"
Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto.
os que lançam as sementes entre lágrimas
ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!
Segunda Leitura
(Filipenses 3,8-14)
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses.
3 8 Na verdade, julgo como perda
todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus
Cristo, meu Senhor. Por ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim
de ganhar Cristo
9 e estar com ele. Não com minha justiça, que vem da lei, mas com a justiça
que se obtém pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus pela fé.
10 Anseio pelo conhecimento de Cristo e do poder da sua Ressurreição, pela
participação em seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na morte,
11 com a esperança de conseguir a ressurreição dentre os mortos.
12 Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição.
Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado
por Jesus Cristo.
13 Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo
do passado e atirando-me ao que resta para a frente,
14 persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo.
Aclamação do Evangelho
Glória a vós, ó Cristo, Verbo de
Deus.
Agora, eis o que diz o Senhor: de coração convertei-vos a mim, pois sou bom,
compassivo e clemente (Jl 2,12s).
EVANGELHO (João 8,1-11)
8 1 Dirigiu-se Jesus para o
monte das Oliveiras.
2 Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se
e começou a ensinar.
3 Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em
adultério.
4 Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: "Mestre, agora
mesmo esta mulher foi apanhada em adultério.
5 Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a
isso?"
6 Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus,
porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.
7 Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: "Quem de vós estiver
sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra".
8 Inclinando-se novamente, escrevia na terra.
9 A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles
se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de
sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele.
10 Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe:
"Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?"
11 Respondeu ela: "Ninguém, Senhor". Disse-lhe então Jesus:
"Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Rx: 2Rs 4,18b-21.32-37; Sl 16 (17); Jo 11,1-45
3ª Rx: Nm 21,4-9; Sl 101 (102); Jo 8,21-30
4ª Rx: Dn 3,14-20.91-92.95; (Sl) Dn 3,52-56; Jo 8,31-42
5ª Br: Is 7,10-14;8,10; Sl 39 (40); Hb 10,4-10; Lc 1,26-38
6ª Rx: Jr 20,10-13; Sl 17 (18),2-7; Jo 10,31-42
Sa Rx: Ez 37,21-28; (Sl) Jr 31,10-13; Jo 11,45-56
DOM. DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR.
Na Bênção de Ramos: Lc 19, 28-40. Na Missa: Is 50, 4-7; Sl 21 (22),8-9.
17-18a. 19-20. 23-24 (+ 2a); Fl 2,6-11; Lc 22,14 – 23
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Perdão... uma nova
oportunidade”
A pior coisa, para um torcedor
durante um campeonato, é quando o time para o qual torcemos, está precisando
vencer, não para ser campeão, mas sim para fugir do rebaixamento. O torcedor em
cada partida nem sonha mais com o título, mas só em não ser rebaixado.
Na nossa vida de Fé, muitas
vezes, por causa do desânimo do pecado, nosso e dos outros, paramos de sonhar
com o “Céu” e ficamos a vida inteira lutando para não sermos “rebaixados” para
o inferno. Será que foi para isso que Deus nos fez? Claro que não! Pois, para
quem tem Fé, o “melhor ainda está por vir” e podemos sonhar sim, porque Jesus
Cristo, o Filho de Deus acredita em nós, e mais ainda, nos dá condições
totais na sua Graça, de alcançarmos a plenitude do Ser, que o Pai criou, á
sua imagem e semelhança.
Em nossa sociedade, sempre
marcada por uma grande hipocrisia, há certas classes sociais que são
condenadas previamente enquanto que outras “castas” podem cometer certos
delitos, mesmo no campo moral ou ético, pois gozam de certa imunidade. Mas,
os mais frágeis, ou os que com nada podem contar, como é o caso dessa “Mulher
Adúltera”, ficam expostos ao ridículo e ao moralismo exacerbado de classes
sociais elitizadas, e também, de maneira pecaminosa, por algumas categorias
religiosas,que as rotulam de “irrecuperáveis”, por outro lado, o sistema
parece investir muito mais na construção de novos presídios do que em um
projeto sério de ressocialização da população carcerária, e quando se gasta
na construção de presídios, é como se dissesse ao delinqüente :: “Pode
cometer crime a vontade, que vamos construir mais presídios”.
Os escribas e Fariseus, isso é,
a classe dominante e pensante, já havia condenado a mulher pecadora, só
queriam aproveitar a ocasião e colocar Jesus contra a parede, para também
condená-lo, pois um Mestre verdadeiro, no campo da moral e dos bons costumes,
concordaria com a Lei de Moisés, pecou, tinha que pagar, e pagar caro, no
caso dos fragilizados, ignorados pela lei, e sem nenhum direito.
Eles não acreditavam que aquela
mulher pudesse se regenerar, e nem queriam lhe dar uma nova chance, estavam
desejosos de mandá-la para o “paredão” e expulsá-la do convívio dos “salvos”
e moralmente perfeitos. Uma comunidade verdadeiramente cristã, nunca irá
proceder desta forma. Contrariando esse modo preconceituoso de pensar, Jesus
de Nazaré, que é o primogênito de toda a criatura, sendo o homem perfeito, e
a perfeita imagem e semelhança de Deus, não condena, porque sabe que aquela
mulher tem toda possibilidade de se regenerar.
Não condenar, não significa
concordar com o pecado, fechar os olhos para a ação pecaminosa cometida pela
pessoa, ao contrário, Jesus acredita e aposta todas as suas fichas no ser
humano, que é capaz de sair da “armadilha” do pecado, e dar a volta por cima,
resgatando a sua dignidade perdida, pois, a partir da Encarnação do Senhor,
nenhum homem será mais condenado, a Salvação por ele oferecida dá essa
possibilidade maravilhosa de recomeçar, de levantar-se da queda e seguir em
frente, para alcançar o seu destino glorioso que é a Vida Plena na Casa do
Pai.
Falta muito, em nossas relações
com as pessoas, essa postura de Jesus, que não condena e que sabe perdoar,
pois perdão significa uma nova oportunidade, uma nova chance, para a esposa
infiel, para o marido que é um traste, para o Filho ou a Filha rebelde,
perdido nas drogas, no mundo da marginalidade, para o empregado mau caráter,
para o Patrão desonesto, para o corrupto, para a prostituta, há muitos que
gritam e imploram por uma nova chance, entretanto, já estão marcados para ser
“apedrejados” em praça pública, como aquela mulher. Em nossa sociedade só se
investe e se acredita em quem produz em quem é economicamente ativo, em quem
tem posses para adquirir bens de consumo, o resto é lixo, e para esse resto
não há novas chances ou oportunidades de se reerguer.
Voltando a comparação com o time
de Futebol, Jesus Cristo é como aquele técnico paciente, empenhado, e até
ousado, que quando todos estão contra, e não acreditam em uma “virada” da
equipe, ele trabalha nos treinamentos, procura conhecer as deficiências e o
potencial de cada atleta e tem sempre palavras de incentivo “Olha, vamos
recomeçar, vocês vão conseguir, eu acredito em vocês, estamos juntos nessa,
vamos em frente, vocês tem condições de “virar esse jogo”.
“Mulher, onde estão os que te
acusavam?” Ninguém te condenou, nem eu te condeno,. “Vai e não tornes a
pecar”. Isso lembra o meu confessor, no retiro que fizemos recentemente,
onde, antes da absolvição, disse-me sorrindo, Jesus está lhe dizendo neste
momento “Coragem meu amigo, tente de novo, eu estarei contigo, você vai
conseguir”. Esse é o nosso Deus, cheio de misericórdia, que ainda aposta
todas as suas fichas no Ser humano, porque o ama apaixonadamente.
Não sei se o time de nossa cidade será campeão, certamente é
esse o desejo da direção, do seu técnico e da sua torcida. De um modo muito
mais intenso, no coração de Deus, manifestado em Jesus, há esse desejo, de
que toda a humanidade se salve, para chegar à Vida Plena, Deus acredita em
nosso potencial, foi ele que nos deu a sua Graça santificadora e
restauradora, só depende de nós....pois diferente das “oportunidades
humanas”, sempre tão “manipuladas” a favor de alguém, essa Graça Divina é
para todos....Basta querer...”Vá e não tornes a pecar, mostra a tua força, o
teu valor, mostra a capacidade que tens, na minha graça, de virar o jogo da
sua vida, e deixar que no seu coração, o Bem supremo triunfe!”
2. Jesus é posto à prova
Neste quinto domingo da
Quaresma, a liturgia da Palavra está centrada no apelo de não permitir que a
recordação do passado impeça o progresso no caminho de Deus: ".
esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente." (Fl
3,13).
O evangelho descreve uma cena
dramática: uma mulher pega em adultério está para ser apedrejada até a morte.
O Levítico prescreve: "o homem que cometer adultério com a mulher do
próximo deverá morrer, tanto ele como a mulher com quem cometeu o
delito" (Lv 20,10; ver também: Dt 22,22-24).
Os escribas e os fariseus, que
se dizem justos, são os que conduzem a mulher até Jesus. Mas onde está o
homem envolvido no mal? De fato, a Lei de Moisés interditava o adultério (Ex
20,14; Dt 5,18), como eles diziam. A pergunta deles a Jesus é para colocá-lo
à prova. O silêncio de Jesus revela o pecado dos acusadores - vão se
retirando um a um. No face a face entre a mulher e Jesus, em que a verdade de
cada um é iluminada, a palavra de Jesus liberta, mostra a misericórdia de
Deus e abre um caminho novo: "Ninguém te condenou? Eu também não te
condeno! Vai, e de agora em diante não peques mais" (vv. 10-11).
ORAÇÃO
Pai, tira do meu coração a maldade e a hipocrisia que me tornam juiz iníquo
do meu semelhante, não me permitindo ver a necessidade de pôr em ordem a
minha vida.
3. NÃO PEQUES MAIS!
Os inimigos de Jesus viviam
criando armadilhas para pegá-lo, mas eles mesmos é que acabavam caindo nelas.
Não tendo motivos plausíveis para condená-lo, buscavam, inutilmente, uma
deixa para levá-lo às barras do tribunal.
O confronto com a mulher
surpreendida em flagrante adultério não deixou Jesus embaraçado. Seus adversários,
tão espertos para flagrar o pecado alheio, não foram capazes de esconder de
Jesus os próprios pecados. Afinal, não é a mulher a grande pecadora, e sim,
os escribas e fariseus que a acusavam. Não só: estes, quanto mais velhos,
mais se encontravam atolados no pecado. A idade não os levou a amadurecer na
virtude. Pelo contrário, cresceram na maldade e na malícia. Conseqüentemente,
faltava-lhes moral para acusar aquela pobre mulher.
A exortação final que o Mestre
lhe dirigiu - "Não peques mais!" - aplica-se perfeitamente bem aos
seus inimigos. Estes intencionavam pôr Jesus à prova. Mostraram-se impiedosos
com uma mulher, de cuja fraqueza se prevaleceram. Quiseram parecer honestos,
quando, na verdade, viviam no pecado, uma vez que se insurgiam contra o
enviado do próprio Deus.
Antes de mais ninguém, eles é que deveriam converter-se. A única coisa boa
que fizeram foi colocar a pecadora em contato com o coração misericordioso de
Jesus.
Oração
Espírito de compaixão, lava meu coração de toda malícia, tornando-o
compassivo como o de Jesus.
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