|
Liturgia da Segunda Feira — 18.02.2013
I SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Como os olhos dos servos
estão voltados para as mãos de seu Senhor, assim os nossos para o Senhor
nosso Deus, até que se compadeça de nós. Tende piedade de nós, Senhor, tende
piedade de nós! (Sl 122,2s)
Leitura (Levítico 19,1-2.11-18)
Leitura do livro do Levítico.
19 1 O Senhor disse a Moisés:
2 "Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: sede santos, porque
eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.
11 Não furtareis, não usareis de embustes nem de mentiras uns para com os
outros.
12 Não jurareis falso em meu nome, porque profanaríeis o nome de vosso Deus.
Eu sou o Senhor.
13 Não oprimirás o teu próximo, e não o despojarás. O salário do teu operário
não ficará contigo até o dia seguinte.
14 Não amaldiçoarás um surdo; não porás algo como tropeço diante do cego; mas
temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor.
15 Não sereis injustos em vossos juízos: não favorecerás o pobre nem terás
complacência com o grande; mas segundo a justiça julgarás o teu próximo.
16 Não semearás a difamação no meio de teu povo, nem te apresentarás como
testemunha contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor.
17 Não odiarás o teu irmão no teu coração. Repreenderás o teu próximo para
que não incorras em pecado por sua causa.
18 Não te vingarás; não guardarás rancor contra os filhos de teu povo. Amarás
o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.
Salmo responsorial 18/19
Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
A lei do Senhor Deus é perfeita,
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes.
Os preceitos do Senhor são precisos,
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
para os olhos é uma luz.
É puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente.
Que vos agrade o cantar dos meus lábios
e a voz da minha alma;
que ela chegue até vós, ó Senhor,
meu rochedo e redentor!
Aclamação do Evangelho
Salve Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Eis o tempo de conversão; eis o dia da salvação (2Cor 6,2).
Evangelho (Mateus 25,31-46)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 25 31 "Quando o
Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no
seu trono glorioso.
32 Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros,
como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
33 Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
34 Então o Rei dirá aos que estão à direita: 'Vinde, benditos de meu Pai,
tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo,
35 porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era
peregrino e me acolhestes;
36 nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a
mim'.
37 Perguntar-lhe-ão os justos: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te
demos de comer, com sede e te demos de beber?
38 Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?
39 Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?'
40 Responderá o Rei: 'Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes
isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o
fizestes'.
41 Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: 'Retirai-vos
de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus
anjos.
42 Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de
beber;
43 era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na
prisão e não me visitastes'.
44 Também estes lhe perguntarão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome,
com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?'
45 E ele responderá: 'Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes
de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.'
46 E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quem será salvo?
Os dois grupos de pessoas mencionados por São Mateus neste evangelho,
embora de conduta tão diferente e destino também, tem algo em comum : o fator
surpresa, manifestado na interrogação “Quando foi que te vimos?”. Claro que
para o primeiro grupo, foi uma surpresa agradável... para o segundo, nem
tanto...
Certamente que, refletindo esse evangelho, todos nós tenhamos a
tentação de olharmos para as pessoas que conhecemos, principalmente as da
nossa comunidade, e já vamos apontando o dedo em histe “essa aí não vai ouvir
o “Vinda, benditos do meu Pai”. E provavelmente façamos um esforço para
relacionar nossas boas obras a favor dessas categorias de pessoas citadas no
evangelho, justificando assim a nossa pertença ao primeiro grupo. Uma postura
dessa ordem é a mais pura hipocrisia.
A verdade é que, ora somos do primeiro grupo, ora do segundo, senão
vejamos... Quando vivemos a Fé que celebramos, e testemunhamos o evangelho,
reconhecemos o Cristo no outro, principalmente nos mais carentes, ás vezes
eles estão bem ao nosso lado, na família e na comunidade. Ninguém precisa
sair procurando em lugares distantes, pois, senão vemos Cristo em quem está
ao nosso lado, naqueles que estão longe, muito menos...
O ensinamento corrige a mentalidade Judaica, de que a Salvação era
apenas para os Justos que tinham uma conduta irrepreensível no ambiente
religioso, neles, e somente neles Deus estava presente, porque eram dignos de
ter essa presença. Serve também, de alerta para todos nós que muitas vezes
queremos restringir o Sagrado ao ambiente religioso de nossas igrejas e nos
esquecemos de que Ele está primeiramente nas pessoas com quem nos
relacionamos, principalmente nos pequenos, que manifestam alguma carência.
Portanto, ao andarmos por aí, no trânsito, no ônibus, no trabalho, na
escola, na família, enfim, onde estivermos, sejamos capazes de perceber essa
presença na Vida Humana, e o segredo para tanto é olhar para as pessoas e os
acontecimentos, com os olhos de Deus.
Caso contrário, o nosso encontro definitivo com Deus, nos trará uma
surpresa não muito desagradável, arrogantes iremos até querer retrucar “Mas Senhor,
eu não saia da Igreja, minha vida era a pastoral ou o movimento, tinha esse
ou aquele ministério, fui ministro, catequista, padre, Bispo, Diácono”. Não
adianta... Iremos dar com o “nariz na porta do céu” e ouviremos as palavras
aterradoras “Afastai-vos de mim...”
2. Apelo a viver na caridade
Trata-se de um discurso escatológico que, de certa maneira, resume
todo o evangelho e, de modo particular, o essencial dos capítulos 24 e 25 de
Mateus. A imagem da separação das ovelhas pelo pastor vem de Ez 34,17-22.
A separação é feita em razão da vida vivida na caridade ou em oposição
a ela. Somente o olhar penetrante do pastor pode conhecer, com verdade, o que
cada um é e a sua real situação. O texto é um apelo a viver na caridade,
pois, mesmo se tudo está remetido à misericórdia de Deus, o critério último
da salvação é o amor.
Oração
Pai, reforça minha disposição para amar e servir meus semelhantes, sobretudo,
os mais pobres e marginalizados. Esta será a única forma de me preparar para
o encontro com Jesus.
3. SALVOS PELA CARIDADE
A descrição do juízo final é um alerta premente para a comunidade
cristã, empenhada em dar testemunho de sua fé. Sublinhando o que acontece no
final da caminhada terrena, o ponto visado é o presente da comunidade. Em
última análise, é no agora de sua vida que vai se definindo a sorte futura de
seus membros. O Mestre ensina que existe uma maneira correta e outra
incorreta de buscar a salvação. Urge não se enganar!
A maneira correta consiste em demonstrar um amor entranhado ao
próximo, mormente aos famintos, aos sedentos, aos estrangeiros, aos
despojados de suas vestes, aos doentes e aos prisioneiros. Esta lista deve
ser completada com todas as demais categorias de empobrecidos, marginalizados
e aviltados em sua dignidade. Salva-se quem se dispõe a solidarizar-se com
eles, vindo ao encontro de suas necessidades, tornando-se encarnação de Deus
em suas vidas, de forma a revelar-lhes o quanto são amados pelo Pai.
A maneira incorreta consiste em contentar-se com os bons propósitos,
com palavreados vazios, com moralismos inconsistentes, com dogmatismos
intransigentes e fanáticos. Quem se aferra a tais atitudes, desviando-se dos
necessitados ou não tendo tempo para eles, será surpreendido com as severas
palavras de condenação do Filho do Homem, revestido da dignidade de juiz
universal.
É mister buscar a caridade fraterna, único meio de atingir a comunhão
com o Pai.
Oração
Pai, coloca no meu coração um amor entranhado pelos que são teus preferidos.
É por meio deles que chegarei a ti.
|
I SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vós fostes, Senhor, o refúgio
para nós de geração em geração: desde sempre e para sempre vós sois Deus (Sl
89,1s).
Leitura (Isaías 55,10-11)
Leitura do livro do profeta Isaías.
Isto diz o Senhor: 55 10 "Tal como a chuva e a neve caem do céu e
para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito
germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer,
11 assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter
produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua
missão".
Salmo responsorial 33/34
O Senhor liberta os justos de todas as angústias.
Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu
e de todos os temores me livrou.
Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.
O Senhor pousa seus olhos sobre os justos,
e seu ouvido está atento ao seu chamado;
mas ele volta a sua face contra os maus,
para da terra apagar sua lembrança.
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta
e de todas as angústias os liberta.
Do coração atribulado ele está perto
e conforta os de espírito abatido.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!
O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus (Mt
4,4).
EVANGELHO (Mateus 6,7-15)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 6 7 "Nas vossas
orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que
serão ouvidos à força de palavras.
8 Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós
lho peçais.
9 Eis como deveis rezar: Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o
vosso nome;
10 venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como
no céu.
11 O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
12 perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos
ofenderam;
13 e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também
vos perdoará.
15 Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Comunicação Verbal...
A comunicação verbal é extremamente importante, ela expressa o que
pensamos, quem somos e até o que queremos fazer. Para conhecer as pessoas é
preciso estabelecer com elas um diálogo, falar e ouvir, vamos sabendo quem
são, onde moram, o que pensam, o que fazem na vida e até o que ainda
pretendem fazer.Quanto mãos conversamos mais vamos nos tornando íntimos
daquela pessoa. Estar perto das pessoas não é suficiente para as conheçamos e
elas nos conheçam, sem essa comunicação verbal, é como se elas não
existissem.
Por isso não dá para imaginar a vida de um Cristão sem a oração.
Muitos pensam que a oração é uma coisa chata e monótona, certas fórmulas
repetitivas que até dá sono.Também a nossa conversa com uma pessoa pode ser
chata, fútil e sem serventia alguma se eu não tiver com essa pessoa uma
relação consistente. Com Deus é a mesma coisa, se a nossa Fé for infantil, ou
a nossa relação com Ele for marcada pelo medo, as nossas orações de fato são
bem chatas e nos fazem bocejar...O modo como rezamos revela quem somos e quem
é Deus em nossa vida...
Conheci um gerente muito famoso, que era tão importante na cidade, que
naquele tempo tinha só uma indústria, que se dizia que era Deus no céu e ele
na terra. Por duas vezes consegui chegar na temida sala da Gerência, uma
grande sala e uma enorme mesa onde atrás dela ficava o Gerente Franzino de
corpo mas imponente, Prepotente e muito poderoso. Chegar diante dele em sua
sala já era uma grande façanha, era como se a gente estivesse diante de deus,
ou de alguma Fada Madrinha que poderia atender ao nosso desejo.
Pois nas duas vezes fiquei decepcionado, enquanto eu falava
nervosamente sobre a minha necessidade dentro da empresa, ele de cabeça baixa
fazia desenhos em um papel e quando silenciei ele perguntou "Terminou?".
E eu dizendo que sim, ouvi a resposta seca, curta e grossa "Isso não
posso e nem quero fazer..." A conversa terminou ali, levantei-me e saí,
com o sangue fervendo pelo pouco caso do deusinho tão temido pór todos.
Nosso Deus não é assim, ele nos acolhe, ouve a nossa oração,
responde-nos com carinho e amor, (precisamos ouvir Deus em nossas orações)
conhece todas as nossas necessidades antes mesmo de as manifestarmos e sempre
nos atende, (muitas vezes não do jeito que pedimos, mas do jeito dele, que é
sempre o mais certo) . Na oração falamos com deus em pé de igualdade, não nos
esqueçamos de que Ele é Homem como nós, e compreende as nossas súplicas e
“choramingos”. Não nos atende com frieza e indiferença mais está ao nosso
lado, caminhando junto passo a passo.
Jesus percebe que a oração dos pagãos era um palavrório sem fim, tem
gente que acha que para falar com Deus é preciso fazer um discurso, com as
palavras certas para convencê-lo. Uma coisa importante que precisamos saber,
nossas orações, mesmo aquelas feitas com muita Fé e desespero, não mudam o
modo de pensar e de agir de Deus, ele não age de acordo com a cara do
Freguês, então a oração tem como objetivo nos sintonizar com o seu desígnio,
na oração Deus se dá a conhecer e se revela cada vez mais...mas não podemos
querer manipulá-lo....
Por isso Jesus ensinou aos discípulos o seu jeito de rezar, é a oração
de quem chama a Deus de Pai porque vive em seu amor, é a oração de quem sabe
reconhece a Santidade do nome de Deus, é a oração de quem só qur fazer a
Vontade de Deus. Deus é Pão, é alimento, é o amor que perdoa generosamente,
por isso a relação de quem crê e reza assim, deve ser um reflexo de quem é
Deus, Ele é Amor e Perdão, sua imagem viva está em nós e por isso só o
refletimos ao próximo quando vivemos neste amor.
Enfim, no Pai Nosso afirmamos nossa decisão de viver em comunhão
profunda com Deus e os irmãos, tendo sempre por base o amor e o perdão, é a
oração da igualdade porque o chamamos de Pai, reconhecendo que somos todos
irmãos. É a oração onde fazemos um trato com Deus, Ele nos dá o seu Reino e
nós nos comprometemos em fazer este reino acontecer em nossas relações
fraternas com todos os homens.
2. Rejeição da hipocrisia
Na Quarta-Feira de Cinzas, nós ouvimos a seguinte recomendação geral
de Jesus dirigida aos discípulos: "Cuidado! Não pratiqueis vossa justiça
na frente dos outros, só para serdes notados" (Mt 6,1). A consequência
prática desta recomendação para os discípulos é a rejeição da hipocrisia. É
nesse contexto que se insere a oração que Jesus ensina aos seus discípulos.
Não se trata de multiplicar palavras, pois Deus nos conhece profundamente
(cf. Sl 139[138]) e sabe do que necessitamos.
A oração do Pai-Nosso é a que o discípulo deve ter presente no seu
relacionamento com Deus: em primeiro lugar, ele exprime, da parte do
discípulo, seu engajamento filial face ao Pai; depois, a súplica por questões
fundamentais da vida concreta do ser humano: pão e perdão das ofensas, como
nós perdoamos aos que nos ofendem; finalmente, como o mal está presente no
mundo, a súplica de não cair no poder da tentação, e de não ser enredado pelo
mal.
Oração
Pai, livra-me de reduzir a palavras vazias a oração que Jesus nos ensinou.
Que eu saiba encontrar o sentido do pai-nosso, centrando minha vida na
filiação divina e na fraternidade.
3. APRENDENDO A REZAR
O período quaresmal incentiva os cristãos a buscarem uma maior
intimidade com Deus, mediante a oração. Neste contexto, é importante
redescobrir a prática da oração na vida de Jesus, e recuperar as orientações
dadas por ele a respeito da maneira correta de rezar.
O Pai-Nosso delineia os sete pontos essenciais da oração cristã, e, ao
mesmo tempo, constitui um programa de vida. Na perspectiva de Jesus, oração e
ação caminham sempre juntas.
A santificação do nome do Pai, o desejo da vinda de seu Reino e o
anseio de que sua vontade seja feita, são mais do que simples palavras
dirigidas a Deus. Estes três pedidos expressam esta disposição do cristão:
lutar contra toda forma de idolatria, que deixa de lado o Deus verdadeiro,
substituindo-o por falsas divindades.
A idolatria começa a ser combatida, quando os cristãos são capazes de
repartir, fraternalmente, o pão cotidiano; quando perdoam e buscam a
reconciliação; quando não se deixam levar pela tentação que os desvia do
projeto de Jesus; quando são preservados de trilhar o caminho do mal e do
pecado.
Estes quatro pedidos são já uma forma de pôr em prática os três
primeiros. Não existe outra maneira de engrandecer o nome do Pai e combater a
idolatria, a não ser fazendo frente ao pecado, que divide e destrói a
humanidade. É isto que devemos pedir na oração.
Oração
Espírito do Pai, leva-me a transformar em vida a minha oração, e a descobrir,
na oração, o sentido da minha vida.
|
|
Liturgia da
Quarta-Feira
I SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Lembrai-vos de vossa misericórdia e de vosso amor,
pois são eternos. Nossos inimigos não triunfem sobre nós; libertai-nos, ó
Deus, de toda angústia! (Sl 24,6.3.22)
Leitura (Jonas 3,1-10)
Leitura da profecia de Jonas.
3 1 A palavra do Senhor foi dirigida pela
segunda vez a Jonas nestes termos:
2 "Vai a Nínive, a grande cidade, e faze-lhe conhecer a mensagem que te
ordenei".
3 Jonas pôs-se a caminho e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive
era, diante de Deus, uma grande cidade: eram precisos três dias para
percorrê-la.
4 Jonas foi pela cidade durante todo um dia, pregando: "Daqui a quarenta
dias Nínive será destruída".
5 Os ninivitas creram (nessa mensagem) de Deus, e proclamaram um jejum,
vestindo-se de sacos desde o maior até o menor.
6 A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu
trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza.
7 Em seguida, foi publicado pela cidade, por ordem do rei e dos príncipes,
este decreto: Fica proibido aos homens e aos animais, tanto do gado maior
como do menor, comer o que quer que seja, assim como pastar ou beber.
8 Homens e animais se cobrirão de sacos. Todos clamem a Deus, em alta voz;
deixe cada um o seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas
mãos.
9 Quem sabe, Deus se arrependerá, acalmará o ardor de sua cólera e deixará de
nos perder!
10 Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos,
Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes, e não o executou.
Salmo responsorial 50/51
Ó Senhor, não desprezeis um coração
arrependido!
Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!
Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!
Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha alma penitente,
não desprezeis um coração arrependido!
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de
Deus Pai!
Voltai ao Senhor, vosso Deus, ele é bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s).
Evangelho (Lucas 11,29-32)
Naquele tempo, 11 29 quando as multidões se
reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: "Esta geração é
uma geração perversa; pede um sinal, mas não se lhe dará outro sinal senão o
sinal do profeta Jonas.
30 Pois, como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem o
será para esta geração.
31 A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo para condenar os homens
desta geração, porque ela veio dos confins da terra ouvir a sabedoria de
Salomão! Ora, aqui está quem é mais que Salomão.
32 Os ninivitas levantar-se-ão no dia do juízo para condenar os homens desta
geração, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas. Ora, aqui está
quem é mais do que Jonas".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Frágil Fé dos Sinais
Em uma Festa de corpus Christi, uma mulher
muito piedosa confidenciou-me que todos os dias rezava para que Jesus
mostrasse um sinal eucarístico á seu esposo, que tinha dívidas sobre a
presença real do Senhor na Hóstia consagrada. Uma outra Senhora rezava para
que Nossa Senhora se manifestasse em algum milagre para o seu vizinho que não
a aceitava como mãe de Deus.
Uma jovem rezava todos os dias para que Deus
lhe desse um sinal de que o seu namorado era a pessoal ideal para casar-se,
pois tinha muito medo de casar-se com a pessoa errada. No meio do povo de
Deus estão presentes muitas devoções que pedem sinais prodigiosos para poder
crer ou acontecer algo miraculoso na vida.
Respeitar todas essas devoções que fazem parte
da religiosidade popular, é dever e obrigação de toda Igreja, entretanto, ela
não pode se omitir de motivar essas pessoas a abrirem a mente e o coração
para acolherem a Força Transformadora do Santo evangelho, que é a essência do
Cristianismo. Persistir e acomodar-se nesta Fé dos sinais, sem ter
compromisso algum com os valores do evangelho, exigindo de Deus algo que
parece que ele nos deve, é um tremendo equívoco...Quantas vezes a gente ouve
histórias de novos convertidos que começam, assim "Ah o Senhor realizou
um milagre na minha vida e daí eu passei a frequentar a Igreja....".
quer dizer, antes nada havia em Jesus de especial e se não fosse o milagre
realizado, aquela pessoa nunca iria á comunidade...
Este é um modo perigoso de se Crer em Jesus,
pois a qualquer momento ele pode não atender nossas súplicas e a frustração e
decepção poderá ser muito grande, porque também o oposto é verdadeiro, a
história de pessoas cristãs que abandonaram a Igreja porque se sentiram
traídas por Deus quando este permitiu que alguma desgraça caísse sobre sua
vida. Para estes, Deus significa garantia e proteção, contra todos os males,
e se ele falha ou falta para com a promessa, não há razão para se acreditar e
ser um discípulo. Parece bem assustador dizer isso assim na "bucha"
mais é a pura verdade...
É isso que Jesus diz ao povo, chamando-o de
geração perversa, justamente porque exige um sinal para poder acreditar em
seu messianismo. O evangelho mostra exatamente o poder da palavra de Deus,
que quando bem acolhida provoca mudança radical naquele que a acolheu, e não
é preciso nenhum sinal prodigioso.
Mas o problema maior é que essas maravilhas de
Deus estão enraizadas na vida do Homem, em suas ações, suas palavras e
ações,Jesus é a revelação do Pai, quem o ouve, é ao Pai que ouve, quem lhe
obedece, é ao Pai que obedece. A sua Palavra libertadora estava em Jonas e os
Ninivitas acreditaram de imediato, a sua sabedoria que vem do alto estava em
Salomão, e a Rainha de Sabá a soube vislumbrar como algo Divino e especial.
Ora, Jesus é mais do que Jonas, e do que Salomão, mas os seus não o aceitaram.
2. A multidão busca um sinal
O sinal requerido de Jesus, que corresponde à
terceira tentação (Lc 4,9-12), e de que se fala aqui, é um gesto grandioso e
espetacular que levasse as pessoas a crerem na sua divindade. A multidão que
acorre a Jesus busca um sinal. A esta solicitação Jesus responde: ".
nenhum sinal lhe será dado a não ser o sinal de Jonas" (Lc 11,29).
Lucas explicita o sentido deste sinal:
"... assim como Jonas tornou-se um sinal para os ninivitas, do mesmo
modo o Filho do homem será um sinal para esta geração" (Lc 11,30).
Trata-se de um chamado à penitência, em vista
da salvação, e, convenhamos, isso é muito diferente de um prodígio. Diante do
anúncio de Jonas, os ninivitas fizeram penitência e acreditaram em Deus (Jn
3,4).
O apelo é de não subordinar a fé em Jesus a
nenhum prodígio. Os seus gestos e palavras é que fazem dele alguém digno de
confiança e são sinais que revelam sua filiação divina.
Oração
Pai, torna-me dócil e sensível para acolher as palavras de Jesus, sem exigir
sinais espetaculares como pré-requisito para aderir a ele.
3. UMA CHANCE PERDIDA
Os contemporâneos de Jesus não fizeram muito
caso de sua pregação. Quando confrontados com a exigência de conversão,
colocavam em dúvida a pessoa de Mestre, exigindo dele sinais que comprovassem
sua autoridade.
No fundo, a geração perversa daquele tempo não
estava disposta a abrir mão de seus esquemas, e a acolher a proposta que lhe
era apresentada. As exigências de Jesus eram vistas com desprezo por quem se
sentia seguro, apegado às próprias idéias, e convencido da própria salvação;
por quem havia reduzido Deus aos limites da própria mentalidade, um Deus que
já não tinha mais força para questionar; por quem cultuava a tradição,
apegando-se ao passado.
A censura de Jesus a seus contemporâneos
evidencia que eles tinham perdido uma grande chance oferecida por Deus. Até
mesmo os habitantes de Nínive, apesar de serem pagãos, deram ouvido a Jonas;
e fizeram penitência, após a pregação do profeta. Mesmo a rainha de Sabá,
vinda de longe, fora ter com o rei Salomão - homem extraordinariamente sábio
-, a fim de ser instruída por ele. A geração do tempo de Jesus, ao invés
disso, fechou-se, decididamente, diante do convite que lhe era feito,
chegando até a suspeitar do Mestre.
A prudência nos recomenda a estarmos atentos
aos apelos de Deus, para que não tenhamos de lamentar a chance perdida.
Diante do convite de Jesus, é necessário converter-se, sem demora.
Oração
Espírito de prudência, faze-me acolher, sem demora, o convite de Jesus, de
modo que eu não perca a chance de converter-me ao Evangelho da salvação.
|
I SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, minha oração, compreendei o meu
lamento. Atendei à voz de meu apelo, ó meu rei e meu Deus! (Sl 5,2s).
Leitura (Ester 4,17)
Leitura do livro de Ester.
Naqueles dias, 4 17 a rainha Ester, tomada de
uma angústia mortal, recorreu ao Senhor.
Depôs suas vestes suntuosas e vestiu roupas de aflição e de pesar. Em lugar
de essências preciosas, cobriu a cabeça de cinza e de lama; afligiu duramente
seu corpo e por todos os lugares onde costumava alegrar-se espalhou os
cabelos que se arrancava.
Dirigiu esta prece ao Senhor, Deus de Israel: "Meu Senhor, nosso único
rei, assisti-me no meu desamparo, porque não tenho outro socorro senão vós, e
o perigo que me ameaça eu o toco já com as mãos.
Ouvi desde criança, no seio da minha família, que vós, Senhor, tendes
escolhido Israel entre todas as nações, e nossos pais, entre todos os seus
antepassados, para deles fazer vossa herança perpétua e que tendes executado
todas as vossas promessas.
Agora pecamos na vossa presença e nos tendes entregado nas mãos de nossos
inimigos, por termos adorado seus deuses. Vós sois justo, Senhor.
Ora, presentemente não lhes basta a amargura de nossa escravidão, mas
colocaram suas mãos sobre as mãos dos ídolos, em sinal de que querem abolir o
que vossos lábios decretaram, aniquilar vossa herança, fechar a boca daqueles
que vos louvam, extinguir a glória de vosso templo e de vosso altar, a fim de
proclamar pela boca dos povos pagãos o poder de seus ídolos e de magnificar
eternamente um rei de carne.
Ó Senhor, não entregueis vosso cetro aos povos que são nada! Que não se riam
de nossa ruína! Fazei cair sobre eles o seu projeto e tornai um escarmento
para todo aquele que por primeiro nos atacou.
Lembrai-vos de nós, Senhor! Manifestai-vos no dia da tribulação! Dai-nos
coragem, Senhor, rei dos deuses e dominador de todo principado!
Colocai em seus lábios palavras prudentes na presença do leão e fazei passar
seu coração para o ódio daquele que nos é hostil, a fim de que ele pereça,
ele e todos os seus parceiros.
Ó Deus, que sois poderoso sobre todas as coisas, ouvi a voz daqueles que não
têm outra esperança; livrai-nos das mãos dos malvados, e livrai-me de minha
angústia".
Salmo responsorial 137/138
Naquele dia em que gritei,
vós me escutastes, ó Senhor!
Ó Senhor, de coração eu vos dou graças,
porque ouvistes as palavras dos meus lábios!
Perante os vossos anjos vou cantar-vos
e ante o vosso templo vou prostrar-me.
Eu agradeço vosso amor, vossa verdade,
porque fizestes muito mais que prometestes;
naquele dia em que gritei, vós me escutastes
e aumentastes o vigor da minha alma.
Estendereis o vosso braço em meu auxílio
e havereis de me salvar com vossa destra.
Completai em mim a obra começada;
ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
Eu vos peço: não deixeis inacabada
esta obra que fizeram vossas mãos!
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena
verdade nos comunicai!
Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo a alegria de ser salvo!
(Sl 50,12.14).
EVANGELHO (Mateus 7,7-12)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 7 7" Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será
aberto.
8 Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate,
abrir-se-á.
9 Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?
10 E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?
11 Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto
mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.
12 Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a
lei e os profetas".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O que precisamos, e o que queremos...
Tenho um amigo que há muito tempo faz sua
aposta semanal na mega sena, joga pouca coisa, nada que comprometa o seu
orçamento doméstico mais é uma combinação de números que ele acha que um dia
vai dar certo e irá fazê-lo acordar milionário.
Pelo tempo que ele faz sua aposta, me recordo
que seu filho mais novo era um adolescente, hoje já é casado e lhe deu dois
netos e ele continua jogando. De vez em quando me mostra todo orgulhoso seu
arquivo de apostas que já chegou a umas dez caixas pois ele guarda todas as
apostas feitas e já chegou perto das famosas seis dezenas. Um dia perguntou
se havia algum mal nisso, se era pecado...
Confesso que não soube o que lhe responder,
pois como falei no início, o valor é tão pouco que em nada compromete o
orçamento familiar, normalmente se considera pecado quando se tira daquilo
que é essencial, para apostar em jogos de azar... Meu amigo não faz e nunca
fez isso entretanto...
O pecado está no fato dele colocar toda sua
esperança de ser feliz um dia, na possibilidade de tornar-se um milionário
acertando na mega sena. Se fizermos uma cuidadosa releitura da situação,
vamos concluir que ele não é feliz com o que Deus lhe deu, um bom emprego,
uma ótima família, uma situação econômica tranquila, não é rico mais consegue
dar a família todo conforto. Aposentou-se mais continua trabalhando, portanto
com a renda duplicada... Sente que ainda há algo a ser buscado, quer ficar
rico, quer porque quer ser milionário, achando que isso vai fazê-lo
feliz....Tudo que Deus lhe deu parece que não foi suficiente. Aí é que está o
problema, o que queremos que Deus nos dê, e o que de fato precisamos. A
comunidade Mateus vacilava bastante nesse sentido, era uma Fé meio
desconfiada...
Do que o homem precisa para ser feliz, qual a
sua dependência primeira? Se meu amigo fosse tão insistente e perseverante em
buscar a Deus, como tem buscado na aposta semanal, certamente já sentiria uma
alegria, uma paz e uma felicidade que nenhuma fortuna no mundo poderia lhe
dar... É isso que o evangelista São Mateus aborda nesse evangelho. O que pedimos,
o que buscamos e o que mais queremos, só Deus pode nos dar, Nele e somente
Nele devemos ter toda confiança, somente Nele devemos por toda nossa
esperança, e em nada mais...
Imaginem uma criança que ainda não atingiu o
uso da razão, e que depende totalmente dos pais, toma a mamadeira com toda
confiança e alegria, jamais irá perguntar a mãe se o leite está bom, ou se
não está envenenado... Se os pais sabem e dão coisas boas e necessárias aos
filhos, quanto mais Deus sabe atender e de fato atende, todas as nossas
necessidades.
Vejamos bem, ele atende as nossas
necessidades, não os nossos caprichos, nossos sonhos de consumismo e de
riqueza, nossas fantasias e ilusões que temos nesta vida...
2. Atitude filial com Deus
O evangelho faz parte do primeiro e grande
discurso de Jesus, o "Sermão da Montanha", no evangelho segundo
Mateus (Mt 5-7). A perícope distancia-se do tom legislativo do conjunto do
discurso, à exceção do último versículo, a regra de ouro (v. 12). O trecho
repete várias vezes o verbo "pedir" (vv. 7.8.9.10.11). Por que
pedir, se Deus sabe o que necessitamos? Primeiramente, porque tudo o que é
bom, todo bem procede do Pai: ". quanto mais vosso Pai que está nos céus
dará coisas boas aos que lhe pedirem!" (v. 11). Segundo, porque o pedido
nos abre para uma verdadeira relação filial com o Pai.
A regra de ouro do v. 12 é a conclusão não só
do texto de hoje, mas de todo o conjunto que trata da conduta a ser adotada
em relação aos nossos semelhantes. É uma regra de solidariedade conhecida
também do mundo pagão. O livro do Eclesiástico apresenta a seguinte variante
e aplicação da regra de ouro: "Trata o teu vizinho com delicadeza,
pensando o que te desagrada; onde ele olha não ponhas a mão, não tropeces com
ele na mesma travessa" (Eclo 31,14-15).
Oração
Pai, dá-me um coração grande, capaz de demonstrar um amor imenso ao meu
semelhante, na total gratuidade e sem interpor restrições.
3. A BONDADE DO PAI
Um dos traços fundamentais da imagem de Deus,
revelada por Jesus, foi a bondade. A insistência neste ponto deveu-se, sem
dúvida, às imagens destorcidas que povoavam a fé popular. Muita gente, ontem
e hoje, cultua um Deus rigoroso, sempre pronto a castigar, impaciente com as
limitações humanas, intransigente quando se trata de cobrar.
O Deus de Jesus Cristo, pelo contrário, prima
pela condescendência para com os seres humanos: pronto para atender quando
solicitado, disponível para quem o procura, e incapaz de fechar-se para quem
se dirige a ele. Tudo o que é bom para a humanidade, ele não se recusa a
conceder.
Jesus Cristo constituiu-se no dom mais
precioso de que a humanidade carecia. E o Pai soube satisfazê-la. Sem Jesus,
os seres humanos caminhavam sem rumo, incapazes de alcançar, por si mesmos, a
salvação. Não lhes restava outra perspectiva a não ser a condenação. A vinda
de Jesus - enquanto dom do Pai - restituiu-lhes o sentido de viver. Nele
todas as coisas encontram sentido.
Este é o ponto de vista com o qual a paixão de
Jesus deve ser considerada: aquele que caminha para a morte foi o maior dom
que o Pai concedeu à humanidade. Jesus é a prova mais convincente do amor que
Deus devota aos seres humanos.
Oração
Espírito de bondade, faze-me compreender que, no Filho Jesus, manifestou-se a
prova maior de amor que o Pai tem para comigo.
|
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS –
OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: O Senhor disse a Simão Pedro: Roguei por ti, para que a tua
fé não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma os teus irmãos (Lc 22,32).
Leitura (1 Pedro 5,1-4)
Leitura da primeira carta de são Pedro.
Carríssimos, 5 1 eis a exortação que dirijo
aos anciãos que estão entre vós; porque sou ancião como eles, fui testemunha
dos sofrimentos de Cristo e serei participante com eles daquela glória que se
há de manifestar.
2 Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não
constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido, mas
com dedicação;
3 não como dominadores absolutos sobre as comunidades que vos são confiadas,
mas como modelos do vosso rebanho.
4 E, quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de
glória.
Salmo responsorial 22/23
O Senhor é o pastor que me conduz,
não me falta coisa alguma.
O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.
Ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei.
Estais comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!
Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.
Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tu és Pedro, e sobre esta pedra eu irei construir minha Igreja, e as portas
do inferno não irão derrotá-la (Mt 16,18).
EVANGELHO (Mateus 16,13-19)
Naquele tempo, 16 13 chegando ao território de
Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "No dizer do
povo, quem é o Filho do Homem?"
14 Responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros,
Jeremias ou um dos profetas".
15 Disse-lhes Jesus: "E vós quem dizeis que eu sou?"
16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!"
17 Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não
foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.
18 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos
céus".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. São Pedro
O apóstolo Pedro, que fala em nome do grupo,
consegue fazer essa transição, do Messias Histórico e Ideológico, para o
Messias Espiritual, ele não era enviado por Deus mas sim o próprio Deus. O
que Jesus falava e fazia, todos viam, e a partir disso embalavam o sonho e a
esperança de dias melhores para o povo de Israel, mas sempre em uma
perspectiva terrena.
A confissão de Pedro manifesta pela primeira
vez no meio do grupo, a Fé em uma Salvação que supera toda e qualquer realização
humana, onde o homem atinge a plenitude do seu ser, divinizando aquilo que é
humano. Cesaréia de Filipe é terra de pagãos, cercado por rochas sobre as
quais há edificações habitadas pela elite do império romano. A igreja de
Cristo está no meio do mundo, porém edificada sobre a fé professada por toda
comunidade, que tem como base a fé professada por Pedro, naquele dia.
Como Pedro, que sejamos nessa igreja um apoio
seguro para os que ainda não crêem, porque não conhecem a Cristo e acima de
tudo, nunca nos esqueçamos de que Jesus Cristo edificou o reino sobre pessoas
como Pedro , instrumentos aparentemente fracos, mas que pela ação da graça
operante e santificante do Batismo que receberam, tornaram-se perenes,
transpondo fronteiras e todas as barreiras que separa os homens, para
anunciar Jesus Cristo, o Filho de Deus, aquele que plenificou o nosso
existir.
2. A fé de Pedro
O relato da "profissão de fé de
Pedro" pertence à tríplice tradição. Jesus vai com seus discípulos em
território pagão: Cesareia de Filipe. É Jesus quem toma a iniciativa de
interrogar os discípulos: "Quem dizem as pessoas ser o Filho do
Homem?" (v. 13b). Não se trata de curiosidade. A resposta a tal pergunta
situa a existência de cada um em solo firme ou não. O que eles dizem da
opinião das pessoas coloca Jesus na linha profética: João Batista, Elias,
Jeremias ou algum dos Profetas que ressuscitou (v. 14).
No entanto, todos falam do passado. Não
reconhecem em Jesus a realização da promessa. A segunda pergunta visa
diretamente aos discípulos: "E vós?" (v. 15). A resposta de Pedro é
clara: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (v. 16).
"Messias" deixou, então, de ser apenas um título ou uma promessa,
para ter um rosto concreto, um rosto de Filho do Deus vivo, Jesus de Nazaré.
A rocha sobre a qual a Igreja está construída,
é esta fé de Pedro. A resposta de Pedro vem da acolhida, em si, da fé que
Deus dá.
Oração
Pai, consolida minha fé, a exemplo do apóstolo Pedro que, em meio às
provações, soube dar, com o seu martírio, testemunho consumado de adesão a
Jesus.
|
|
I SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: A lei do Senhor é perfeita, conversão para a alma. O
testemunho do Senhor é verdadeiro, sabedoria para os simples (Sl 18,8).
Leitura (Deuteronômio 26,16-19)
Leitura do livro do Deuteronômio.
Moisés dirigiu a palavra ao povo de Israel e
lhe disse: 26 16 "O Senhor, teu Deus, ordena-te hoje que guardes estas
leis e estes preceitos. Observa-os cuidadosamente e pratica-os de todo o teu
coração e de toda a tua alma.
17 Hoje, fizeste o Senhor, teu Deus, prometer que ele seria teu Deus, e que
andarias nos seus caminhos, observando suas leis, seus mandamentos e seus
preceitos, e obedecendo-lhe fielmente.
18 E o Senhor fez-te prometer neste dia, também de tua parte, que serias um
povo que lhe pertenceria de maneira exclusiva, como te disse, e que
observarias todos os seus mandamentos,
19 para que ele te eleve em glória, renome e esplendor, acima de todas as
nações que criou, e sejas, assim, um povo consagrado ao Senhor, teu Deus,
como te disse".
Salmo responsorial 118/119
Feliz é quem na lei do Senhor Deus vai
progredindo!
Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
Feliz o homem que observa seus preceitos
e, de todo o coração, procura a Deus!
Os vossos mandamentos vós nos destes,
para serem fielmente observados.
Oxalá seja bem firme a minha vida
em cumprir vossa vontade e vossa lei!
Quero louvar-vos com sincero coração,
pois aprendi as vossas justas decisões.
Quero guardar vossa vontade e vossa lei;
Senhor, não me deixeis desamparado!
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena
verdade nos comunicai!
Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação (2Cor 6,2).
Evangelho (Mateus 5,43-48)
5 43 Disse Jesus aos seus discípulos:
"Tendes ouvido o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e poderás odiar teu
inimigo'.
44 Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
orai pelos que vos perseguem.
45 Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol
tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre
os injustos.
46 Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim
os próprios publicanos?
47 Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem
isto também os pagãos?
48 Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Amar como Jesus amou...
O Evangelho de hoje nos convida a dar um passo
a mais, e que parece tão difícil; amar aos inimigos! Não vingar-se, quando
alguém nos faz o mal, até que é possível, mas o Cristão deverá ir além e amar
aos inimigos, querer e desejar todo bem aos que os odeiam…
Nós confundimos amor com amizade, que são
coisas diferentes, a amizade supõe uma convivência, uma concordância em
certas coisas e pensamentos em comum, ninguém consegue viver sem uma amizade
sincera, logicamente não é disso que o Senhor nos fala. O amor pode até
nascer de uma amizade, mas ele sempre continuará superior a simples amizade
embora a suponha.
Amar o inimigo é conseguir ver nele algum
valor, algo de bom, que me entusiasma e que me leva a aproximar-se dele. Amar
o inimigo é respeitá-lo como Ser humano em toda sua dignidade, é ser capaz de
lhe estender a mão, caso ele sofra uma queda, é sempre estar pronto a reatar
uma relação que foi rompida por algum mal por ele cometido. Amar o inimigo é
desejar vê-lo vitorioso, é querer que ele se realize e seja feliz, mesmo que
nos odeie. Amar o inimigo é ter um dia a coragem de lhe pedir perdão, ainda
que fomos nós os ofendidos… Mas todas essas práticas seriam impossíveis de se
fazer por nossa própria iniciativa, por isso Jesus coloca a oração, pelos que
nos fazem e desejam o mal, pois a oração tem poder de nos tornar flexíveis,
abertos, misericordiosos e propensos ao perdão.
A nossa oração pelos inimigos, não vai fazer
com que Deus mude –os para melhor, mas sim vai fazer com que Deus nos mude,
mude o jeito de pensar e de agir, em relação a essas pessoas, e a gente
mudando, o inimigo também mudará, porque não resistirá ao bem presente em
nós.
A referência é Deus, exatamente assim ele age
em relação a nós, amando a todos e fazendo Bem a todos, sem distinção, mesmo
os que o rejeitam, ele ama, porque o amor Divino é essa força transformadora
que a tudo renova e restaura. Se não formos capazes disso, somos cristãos
apenas de fachada…
2. O amor centro da santidade
Porque Deus ama a todos indistintamente,
"faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos
e injustos" (v. 45), e não nos trata segundo nossas faltas, é preciso
amar os inimigos e fazer o bem aos que nos perseguem (cf. v. 44).
É exigência da vida cristã superar o ódio que
mata e desfigura o ser humano. Toda a teologia da Lei, podemos dizer, é
preservar a vida e a liberdade, que são dons de Deus. É nesse sentido que
Jesus, prescrevendo amar os inimigos e rezar por aqueles que nos perseguem,
leva a Lei à sua plenitude. O amor aos inimigos é oposição à lei do talião.
"Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (v.
48).
O Levítico já apresentava convite semelhante:
"Sede santos porque eu, o Senhor, sou Santo" (19,2). Se o Levítico
fala de santidade, Jesus fala de perfeição e a centra no amor.
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a compreender a importância do amor e do perdão, como
caminho de estabelecer relacionamento contigo mesmo.
3. AMAR OS INIMIGOS
O mandamento de amar os inimigos é
característico do projeto de Jesus. Esse mandamento é, em última análise, a
pedra de toque da perfeição cristã. Quem é capaz de bendizer a quem o maldiz,
fazer o bem a quem o odeia, orar por seus perseguidores e caluniadores, está
muito próximo do modo divino de agir. Pelo contrário, quem ama somente
àqueles que o amam, ou saúda apenas os seus parentes e amigos, age tão
somente como os pagãos, que desconhecem a Deus.
Inspirando-se no Pai, o discípulo de Jesus
ama, sem fazer distinção entre maus e bons, justos e injustos. Todos são
irmãos, igualmente merecedores de seu amor. Os inimigos, no entanto, por
representarem um desafio especial, devem particularmente polarizar sua
atenção. Amando-os, o discípulo dará provas de sua condição de filho do Pai
celeste.
A paixão e morte de Jesus exigiu dele pôr em
prática o mandamento ensinado aos discípulos. Rodeado de inimigos,
perseguidores e caluniadores, embora sabendo-se inocente, teria tido razão
para odiá-los. Jesus, porém, venceu esta prova, ao implorar ao Pai que os
perdoasse.
Aliás, nada, nas cenas da paixão, deixa entrever ódio no coração do Mestre,
em relação aos seus carrascos. A cruz é, para os cristãos, um sinal evidente
de que, de fato, é possível amar os próprios inimigos.
Oração
Espírito de perfeição, dispõe meu coração a imitar o exemplo de Jesus que, na
cruz, nos deu a maior prova de amor aos inimigos.
|
Liturgia do
Domingo — 24.02.2013
2º Domingo da Quaresma — ANO C
(ROXO, CREIO, PREFÁCIO
PRÓPRIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Ouvir o Filho amado de Deus, para transfigurar o coração. Deus se
faz ALIADO do homem." __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Chegamos, irmãos e irmãs, ao segundo domingo da
Quaresma. A eucaristia é a celebração da aliança de Deus com a humanidade,
selada no sangue de Jesus. Deus, desde Abrão até os nossos dias propõe uma
aliança de comunhão conosco, para que a nossa vida seja transfigurada pela
luz da fé, através do Evangelho de Jesus Cristo. Neste sentido, a liturgia
desta segunda etapa da nossa caminhada quaresmal apresenta-se totalmente
iluminada pelo dom da fé, concedido por Deus a todos nós. Sendo a Quaresma
tempo também da Campanha da Fraternidade, a mesma vem de encontro com nossa
reflexão, pois convida os jovens a se disporem, iluminados pela fé, ao
seguimento de Jesus Cristo, com o lema: "Eis-me aqui, envia-me".
Mas antes de se disporem ao envio, faz-se necessário crer na Palavra, no
Evangelho, seguir Jesus e, então sim, dizer: estou pronto para ir ao mundo e
testemunhar o Evangelho. Entremos, pois, no silêncio profundo de nossos
corações, para ouvir a voz de nossa consciência, dispondo-nos a subir o Tabor
com Jesus para contemplar a glória divina em sua pessoa.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE
DEUS: Neste domingo, a liturgia nos leva ao
Monte da Transfiguração, onde Jesus mostrou a extensão de sua glória e o
futuro da humanidade redimida. Mostrou também o caminho da Cruz como única
via para se chegar à glória da ressurreição, prefigurada no Tabor.
Aproveitemos o apelo de Cristo e as sugestões da Campanha da Fraternidade,
para instauramos em nossa Igreja o caminho rejuvenescedor da fé e a coragem
audaciosa da missão.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Um rito sacrifical sela o pacto entre Deus e
Abraão, na mesma linha dos ritos que toda religião realiza como expressão de
suas relações com a divindade. A iniciativa vem de Deus, sua é a escolha de
Abraão, sua é a promessa de uma terra e uma descendência que ultrapassa toda
esperança. Cristo se apresenta como a aliança definitiva entre Deus e o seu
povo. Também para ele a aliança se faz através de um êxodo (no evangelho,
Moisé e Elias falam do seu êxodo, sua morte) e de um ingresso - a face do
Cristo muda de aspecto e suas vestes fulgurantes indicam a ressurreição. Os
apóstolos não compreenderam, no momento, o episódio da transfiguração, mas
quando o Espírito desce sobre eles, tornam-se as testemunhas do fato decisivo
da cruz e da ressurreição. A eles e a toda a comunidade suscitada por seu
testemunho é confiado o memorial da nova aliança, selado não com o sangue de
animais imolados, mas com o sangue do próprio Cristo, para remissão dos
pecados.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos
corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
2º DOMINGO DA QUARESMA
Antífona da entrada: Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face. é
vossa face, Senhor, que eu procuro, não desvieis de mim o vosso rosto! (Sl
26,8s)
Comentário das Leituras: A fé é capaz de transfigurar o ser humano, porque o
coloca no seu devido lugar, isto é, em Deus. Nossos encontros dominicais
constituem experiências de Tabor, pois o Senhor se torna presente em sua
Palavra e na partilha do pão.
Primeira Leitura (Gênesis 15,5-12.17-18)
Leitura do livro do Gênesis.
15 5 E, conduzindo-o fora, disse-lhe:
"Levanta os olhos para os céus e conta as estrelas, se és capaz. Pois
bem, ajuntou ele, assim será a tua descendência."
6 Abrão confiou no Senhor, e o Senhor lho imputou para justiça.
7 E disse-lhe: "Eu sou o Senhor que te fiz sair de Ur da Caldéia para
dar-te esta terra."
8 "O Senhor Javé, como poderei saber se a hei de possuir?"
9 "Toma uma novilha de três anos, respondeu-lhe o Senhor, uma cabra de
três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho."
10 Abrão tomou todos esses animais, e dividiu-os pelo meio, colocando suas
metades uma defronte da outra; mas não cortou as aves.
11 Vieram as aves de rapina e atiraram-se sobre os cadáveres, mas Abrão as
expulsou.
12 E eis que, ao pôr-do-sol, veio um profundo sono a Abrão, ao mesmo tempo
que o assaltou um grande pavor, uma espessa escuridão.
13 O Senhor disse-lhe: "Sabe que teus descendentes habitarão como
peregrinos uma terra que não é sua, e que nessa terra eles serão escravizados
e oprimidos durante quatrocentos anos.
14 Mas eu julgarei também o povo ao qual estiverem sujeitos, e sairão em
seguida dessa terra com grandes riquezas.
15 Quanto a ti, irás em paz juntar-se aos teus pais, e serás sepultado numa
ditosa velhice.
16 Somente à quarta geração os teus descendentes voltarão para aqui, porque a
iniqüidade dos amorreus não chegou ainda ao seu cúmulo."
17 Quando o sol se pôs, formou-se uma densa escuridão, e eis que um braseiro
fumegante e uma tocha ardente passaram pelo meio das carnes divididas.
18 Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão: "Eu dou, disse ele, esta
terra aos teus descendentes, desde a torrente do Egito até o grande rio
Eufrates".
Salmo responsorial 26/27
O Senhor é minha luz e salvação.
O Senhor é minha luz e salvação;
de quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu temerei?
Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo,
atendei por compaixão!
Meu coração fala convosco confiante,
é vossa face que eu procuro.
Não afasteis em vossa ira o vosso servo,
sois vós o meu auxílio!
Não me esqueçais nem me deixeis abandonado,
meu Deus e salvador!
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem,
espera no Senhor!
SegundaLeitura (Filipenses 3,17-4,1)
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses.
3 17 Irmãos, sede meus imitadores, e olhai
atentamente para os que vivem segundo o exemplo que nós vos damos.
18 Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora
o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo,
19 cujo destino é a perdição, cujo deus é o ventre, para quem a própria
ignomínia é causa de envaidecimento, e só têm prazer no que é terreno.
20 Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
21 que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo
glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura.
4 .1 Portanto, meus muito amados e saudosos irmãos, alegria e coroa minha,
continuai assim firmes no Senhor, caríssimos.
Aclamação do Evangelho
Louvor a vós, ó Cristo, rei da eterna glória.
Numa nuvem resplendente fez-se ouvir a voz do Pai: Eis meu Filho muito amado,
escutai-o, todos vós! (Lc 9,35)
EVANGELHO (Lucas 9,28-36)
9 28 Passados uns oitos dias, Jesus tomou
consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar.
29 Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se
resplandecentes de brancura.
30 E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias,
31 que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia
de cumprir em Jerusalém.
32 Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono;
ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua
companhia.
33 Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: "Mestre, é bom
estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e
outra para Elias!" Ele não sabia o que dizia.
34 Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua
sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande
pavor.
35 Então da nuvem saiu uma voz: "Este é o meu Filho muito amado;
ouvi-o!"
36 E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos
calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa alguma do que tinham visto.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Dn 9,4-10; Sl 78 (79); Lc 6,36-38
3ª Is 1,10.16-20; Sl 49 (50); Mt 23,1-12
4ª Jr 18,18-20; Sl 30 (31); Mt 20,17-28
5ª Jr 17,5-10; Sl 1; Lc 16,19-31
6ª Gn 37,3-4.12-13a.17b-28; Sl 104(105),16-21; Mt 21,33-43.45-46
Sa Mq 7,14-15.18-20; Sl 102 (103); Lc 15,1-3.11,32
3º DOM. DA QUARESMA. Ex 3,1-8a.13-15; Sl 102 (103),1-2. 3-4. 6-7. 8 e 11 (R/
8a); 1Cor 10,1-6.10-12; Lc 13,1-9 (Penitência)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. TRANSFIGURAÇÃO
Eu estava empolgadíssimo ouvindo o relato
sobre um filme, assistido por um amigo meu, que voltou cheio de entusiasmo
falando maravilhas do mesmo e narrando com precisão o início, quando toda a
história começa a se desenvolver, mas, porém, ao chegar na parte principal,
quando todo o mistério seria revelado, bastante sem graça ele confessou-me
que só se lembrava do final porque, dominado pelo sono acabou dormindo no
melhor da história, que raiva que me deu! Com Pedro, Tiago e João aconteceu à
mesma coisa no alto daquele monte onde Jesus havia subido para rezar, como
frisa o evangelista, e justamente na hora em que Moisés e Elias, personagens
importantes do Antigo Testamento, conversavam com Jesus sobre o seu “Êxodo”,
os discípulos nada viram e nem ouviram, simplesmente porque pegaram no sono.
Esse “dormir” teológico sempre aparece na
Escritura Sagrada para mostrar como o homem é pequeno diante do grandioso
mistério de Deus, no paraíso o homem dormia quando Deus tirou uma de suas
costelas para fazer a mulher, no Horto da Oliveira à cena se repetirá, quando
os discípulos dormem em um momento em que Jesus vive a sua angústia. Quando
dormimos não sabemos nada do que se passa ao nosso redor, portanto, na vida
de fé, dormir é não perceber a ação de Deus em nossa vida.
Ainda bem que eles tiveram bom censo e
diferente do meu amigo, decidiram não contarem nada a ninguém sobre tudo o
que tinha acontecido no alto da montanha – afirma o evangelho em seu final –
e particularmente acho que fizeram muitíssimo bem porque se saíssem falando,
não iriam dizer coisa com coisa, pois no fundo não haviam compreendido nada
daquelas coisas que estavam acontecendo com o Mestre. Ao anunciarmos Jesus e
falarmos do seu evangelho, devemos fazer com muita clareza e convicção, caso
contrário corremos sempre o risco de ficarmos fantasiando o Cristo do
evangelho.
Subir em uma montanha não é tarefa das mais
fáceis, requer esforço, concentração e muita atenção, pois qualquer
escorregão, além de poder ser fatal, a gente ainda perde todo o esforço do
trabalho já feito. Jesus havia subido á montanha para rezar e nós também
“subimos”, isso é, fazemos a nossa ascese quando nos entregamos à verdadeira
oração, aquela onde Deus nos envolve na sua vida de comunhão, como aquela
nuvem envolveu os discípulos, e revela-nos quem somos e qual a nossa missão.
Essa experiência nós a podemos fazer na oração
pessoal, ou quando nos reunimos na comunidade, em torno da Palavra e da
Eucaristia, onde celebramos a paixão, morte e ressurreição de Jesus, isso é,
celebramos as dores e os fracassos, o amargor do cálice da derrota, mas
também a glória da ressurreição, que marcou o seu êxodo, tema da conversa
entre os dois personagens e Jesus.
Mas sempre há os cristãos-soneca, que também
dormem o tempo todo, isso é, participam de todo este mistério sem
compreendê-lo e vivenciá-lo em seu dia a dia e daí, como o apóstolo Pedro,
acordam assustados, com a vontade de armarem as tendas do comodismo,
fechando-se em seu grupo ou em sua comunidade, para fugir dos desafios que
missão certamente lhes trará, são aqueles cristãos que só querem sombra e
água fresca.
Para compreender todo o mistério, uma só coisa
é necessária; ouvir com atenção as palavras de Jesus o Filho de Deus!
“Escutai o que ele diz...”, dia a voz que sai do meio da nuvem, sigam pelo
caminho que ele indicar, vivam do modo como ele viveu, ponham o evangelho no coração,
e teremos enfim o Reino dentro de nós, irradiando muita vida e esperança,
pois a transfiguração mostra-nos a glória na qual seremos envolvidos, porém,
também lembra-nos que há todo um êxodo a ser percorrido, um caminho que não
será dos mais fáceis, mas somente nele é que encontraremos as pegadas Daquele
que venceu e foi glorificado pelo Pai.
2. Promessa de ressureição
Esse relato da transfiguração está presente,
com pequenas variantes, nos três primeiros evangelhos. O modelo para o relato
de Lucas é o de Marcos. Do ponto de vista literário, o relato é uma prolepse
dos acontecimentos de Jerusalém: ". conversavam sobre a saída deste
mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém" (v. 31), isto é, a paixão,
morte e ressurreição. Na montanha, lugar de encontro com Deus, Pedro, Tiago e
João são admitidos na oração de Jesus e podem contemplar, na glória, Jesus
juntamente com Moisés e Elias; ambos aparecem "revestidos de
glória" (v. 31), o que sugere a promessa da ressurreição.
O que faz com que o rosto de Jesus seja
transfigurado, na sua oração, é que ele mantém a sua face voltada para o Pai.
É a comunhão com o Pai que transfigura e revela o mistério do Filho. A visão
da glória de Jesus (cf. v. 32) faz com que Pedro tome a iniciativa de fazer a
proposta de construir três tendas (cf. v. 33). Mas a sua sugestão cai no
vazio, pois é Deus que os envolve na nuvem, ou seja, os faz participar da
intimidade divina.
O medo que eles sentem corresponde à entrada
na presença de Deus; eles sabem que ver Deus é morrer (Jz 6,23; 13,22; Ex
33,20). Na verdade, diz o evangelista, Pedro "nem sabia o que estava
dizendo" (v. 33). O que Pedro não compreende é que a verdadeira tenda, o
lugar da presença de Deus, é Jesus. Aos discípulos cabe, então, descer da
montanha e acompanhar Jesus na sua subida para Jerusalém. O leitor do
evangelho, prevenido pelo relato para não sucumbir ante o
"escândalo" da paixão e morte de Jesus, é convidado a percorrer o
mesmo caminho, encorajado pela antecipação da experiência pascal.
A voz que sai da nuvem e interpreta o
acontecimento (v. 35) retoma a voz por ocasião do batismo (3,22; Is 42,1); a
diferença que dessa vez a declaração do Pai se abre aos discípulos: Jesus é
um profeta poderoso em gestos e palavras - trata-se de escutá-lo. A
transfiguração não se oferece à visão, mas à fé que faz ver. Pedro, Tiago e
João foram testemunhas oculares (Lc 1,1-4), mas "ficaram calados e,
naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto" (v. 36).
Será preciso esperar a realização de tudo o
que foi sugerido pelo relato para, então, eles poderem, impulsionados pelo
Espírito do Ressuscitado, dar o seu testemunho, pois será impossível deixar
de falar sobre o que viram e ouviram (cf. At 4,20).
Oração
Espírito de glorificação, ajuda-me a compreender a paixão de Jesus sob o
prisma da transfiguração, pois foi o Filho predileto do Pai quem se tornou
vítima da maldade humana.
3. A SANTIDADE REVELADA
Os discípulos estavam longe de conhecer o
Mestre, com quem partilhavam a vida e a missão. Nada de extraordinário havia
em Jesus, que o distinguisse dos demais seres humanos. Com certeza, alguns
traços de sua personalidade faziam dele uma pessoa especial. Contudo, nada
que o fizesse impor-se às pessoas, obrigando-as a confessarem sua condição de
Filho de Deus.
A transfiguração revelou aos três discípulos
escolhidos o que, em Jesus, está além das aparências: sua santidade. Tudo, na
cena, aponta para isto. Jesus transfigurou-se, enquanto estava em oração, em
profunda intimidade com o Pai. Seu rosto assumiu uma nova fisionomia. A
candura fulgurante de suas vestes, e tudo o mais, apontavam para a riqueza interior
do Mestre. O ápice da experiência dá-se quando o Pai proclama-o com sendo seu
Filho amado. Não resta lugar à dúvida: a humanidade de Jesus encobria sua
santidade, que o colocava na esfera divina.
A proposta dos discípulos, encantados com o
que viram, não convenceu a Jesus. Querer ficar no alto do monte, contemplando
a glória do Mestre, não era um desejo viável. Era preciso descer a montanha
e, com ele, caminhar até a cruz. Só então, para sempre, o fulgor de sua
glória despontaria na ressurreição.
Oração
Espírito de revelação, como aos três discípulos, mostra-me a santidade de
Jesus, com quem devo caminhar até a cruz.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário