Liturgia da Segunda Feira —
11.02.2013
V
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o
Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Leitura (Gênesis
1,1-19)
Leitura do livro do Gênesis.
1 1 No princípio, Deus criou
os céus e a terra.
2 A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito
de Deus pairava sobre as águas.
3 Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita. 4 Deus viu que
a luz era boa, e separou a luz das trevas. 5 Deus chamou à luz
"dia", e às trevas "noite". Sobreveio a tarde e depois
a manhã: foi o primeiro dia.
6 Deus disse: "Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas
das outras". 7 Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam
debaixo do firmamento daquelas que estavam por cima. 8 E assim se fez. Deus
chamou ao firmamento "céus". Sobreveio a tarde e depois a manhã:
foi o segundo dia.
9 Deus disse: "Que as águas que estão debaixo dos céus se ajuntem num
mesmo lugar, e apareça o elemento árido." E assim se fez.10 Deus
chamou ao elemento árido, "terra", e ao ajuntamento das águas,
"mar". E Deus viu que isso era bom.
11 Deus disse: "Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e
árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha
a sua semente." E assim foi feito.12 A terra produziu plantas, ervas
que contêm semente segundo a sua espécie, e árvores que produzem fruto
segundo a sua espécie, contendo o fruto a sua semente. E Deus viu que isso
era bom.
13 Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o terceiro dia.
14 Deus disse: "Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar
o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos,
15 e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a terra". E
assim se fez.16 Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao
dia, e o menor para presidir à noite; e fez também as estrelas. 17 Deus
colocou-os no firmamento dos céus para que iluminassem a terra, 18
presidissem ao dia e à noite, e separassem a luz das trevas. E Deus viu que
isso era bom.
19 Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quarto dia.
Salmo responsorial
103/104
Alegre-se o Senhor em suas
obras!
Bendize, ó minha alma, ao
Senhor!
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestir
e de luz vos envolveis como um manto.
A terra vós firmastes em suas
bases,
ficará firme pelos séculos sem fim;
os mares a cobriam como um manto,
e as águas envolviam as montanhas.
Fazeis brotar, em meio aos
vales, as nascentes
que passam serpeando entre as montanhas;
às suas margens vêm morar os passarinhos,
entre os ramos eles erguem o seu canto.
Quão numerosas, ó Senhor, são
vossas obras,
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!
Bendize, ó minha Alma, ao Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus pregava a boa-nova, o reino anunciando, e curava toda espécie de
doenças entre o povo (Mt 4,23).
Evangelho (Marcos 6,53-56)
6 53 Jesus e seus discípulos
navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde
aportaram.
54 Assim que saíram da barca, o povo o reconheceu.
55 Percorrendo toda aquela região, começaram a levar, em leitos, os que
padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que ele se
encontrava.
56 Onde quer que ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas
cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-lhe que os deixassem tocar ao
menos na orla de suas vestes. E todos os que tocavam em Jesus ficavam sãos.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. Caná: O início dos
sinais de Jesus
O evangelista Marcos nos
apresenta nesse evangelho um Jesus que faria o maior sucesso em nossos
dias, entre os "Milagreiros de Plantão". Com Jesus por perto não
precisava de SUS ou planos de Saúde, pois, sem filas, nem senhas, nem
longas esperas, bastava o enfermo tocar na barra da sua túnica e a doença
sumia na hora.
Claro que a sua fama se
espalhou rapidamente e Ele não tinha mais sossego, onde ia havia uma
multidão de enfermos á sua espera e todos eram curados, sem receitas de
medicamentos caros, "nadica" de nada, custo zero e benefício
de cem por cento. Hoje em dia há líderes Religiosos
"Picaretas" que só trabalham nesse esquema, cura de enfermidades
e "cartão vermelho para o Diabo", e quando a cura não acontece o
Controle de Qualidade da Igreja" logo alerta que é falta de Fé do
coitado do doentinho... E o nosso povo, sofrido, com mil e um problemas de
saúde e de doenças psico-somáticas, torna-se uma presa fácil na mão de
tantos "Vigaristas” que sempre agem em nome de Jesus.
Mas como podemos fazer uma
reflexão que contesta esses milagres que Marcos faz questão de relatar? O
problema não está em Jesus, mas sim nesta relação equivocada que muitos tem
para com ele. Podem reparar que, alguns poucos que foram curados, tornam-se
seguidores de Jesus, mas bem poucos, pois o restante, uma vez curado
voltavam para a mesma vidinha de antes....Se alguém duvidar, basta lembrar
dos dez leprosos, onde só um voltou.
Onde estão os curados de hoje?
Estão firmes na Fé, com a vida transformada, ou viraram apenas marqueteiros
de algumas igrejas e seus "pastores com pele de Lobo". Para quem
eles estão á serviço? A Jesus Cristo, seu reino e seu evangelho? Talvez
alguns poucos vivem sinceramente a sua vida de Fé, transformados por essa
experiência profunda com Jesus.
Jesus não é um simples
curandeiro que menospreza a medicina e dispensa o atendimento médico
hospitalar, tem cristão iludido que pensa assim e morre antes da hora
porque abandonou o tratamento acreditando estar curado por causa de alguma
"revelação" feita por alguém em quem ele acredita piamente...
O poder de Jesus vem de Deus
que é Vida para todos, mas Jesus não quer formar um exército de pessoas
curadas que se tornam suas escravas e agora têm que ficar permanentemente
sob seu domínio. Jesus não precisa nem ontem e nem hoje, de marqueteiros
para vender sua imagem poderosa e assim aumentar sempre o seu ibope.
Jesus quer seguidores fiéis,
que tenham o seu evangelho no coração e o vivam com fidelidade, ajudando a
construir o Reino de Deus em meio aos homens, com um testemunho concreto
marcado pela ética e pela moral cristã, a partir dos valores que ele
pregou, viveu e ensinou a todos. Ser curado de uma enfermidade física é graça
Divina concedida a alguns, mas pode também não significar nada, se a pessoa
curada não ter uma Fé comprometida com a Vida...
2. O grande sinal é a
fé em Jesus
O capítulo 62 do profeta
Isaías faz parte do que se convencionou chamar, na exegese, trito-Isaías.
Escrito no período pós-exílico, o texto apresenta a cidade como esposa,
depositária de uma promessa de salvação.
O evangelho de João deste
domingo está situado na parte do quarto evangelho denominada "livro
dos sinais". O nosso relato é, no dizer do narrador, o
"princípio" dos sinais (v. 11), o que nos leva a compreender que
o sinal de Caná é um evento fundador. Trata-se de uma narração simbólica:
ela torna presente algo diferente do que é imediatamente dito e que lhe
serve de expressão. Aqui, o símbolo é mais importante que a materialidade
dos fatos. O tema geral é o cumprimento por Jesus da promessa do Antigo
Testamento de abundância de vinho nos tempos messiânicos (Gn 49,10-11; Am
9,13-14).
Jesus e seus discípulos são
convidados para uma festa de casamento. A mãe de Jesus também estava lá.
Falar de festa de bodas é evocar não só a Aliança passada (Noé, Abraão,
Moisés), mas a nova, em Jesus, de cuja plenitude todos receberam graça no
lugar de graça (cf. Jo 1,16).
A festa humana das bodas serve
na tradição bíblica de metáfora para a Aliança de Deus com o seu povo (Os
2,18-21; Ez 16,8; Is 62,3-5). O vinho é dom de Deus para a alegria das
pessoas, e sinal de prosperidade (Sl 104[103],15; cf. Jz 9,13; Eclo
31,27-28; Zc 10,7). É por essa razão que ele será abundante nas "bodas
escatológicas" (Am 9,13; Is 25,6).
Em Caná, o vinho oferecido por
Jesus é superior ao vinho servido primeiro. Graças à ação de Jesus, a
Aliança atinge a perfeição. Por trás das palavras da mãe de Jesus está
Israel, que confia na intervenção divina, espera e vê a promessa de
salvação realizada.
O termo "mulher"
evoca Sião, representada na Bíblia com traços de uma mulher, de uma mãe (Is
49,20-22; 54,1; 66,7-11; Jo 16,21). Como em nosso relato a noiva não
aparece, é a mãe de Jesus que representa Sião, cujo esposo é Deus. Em razão
de sua cor, o vinho era tido como o sangue da vinha. Daí ele ter se
tornado, como o sangue, símbolo da vida. "Eu vim para que todos tenham
vida, e a tenham em abundância", diz o Senhor (Jo 10,10). A nós, a
tarefa de distribuir este vinho da alegria e de oferecer esta vida que é
dom.
Vale, no entanto, observar que
o último versículo do relato das bodas de Caná dá a finalidade daquele que
é o fundamento dos sinais, assim como a finalidade de todos os outros
sinais: a fé em Jesus (cf. v. 11). O final do quarto evangelho inclui-se em
2,11: "Jesus realizou muitos outros sinais que não estão escritos
neste livro. Estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Messias e
que, crendo, tenhais vida por meio dele" (20,30-31).
Aqui, nós encontramos um locus
theologicum, um lugar onde a Escritura interpreta a si mesma. A finalidade
de toda Escritura é a fé do povo de Deus, e a vida que é dada pela fé em Jesus Cristo.
Oração
Pai, que o testemunho de Maria cale fundo no meu coração, transformando-me
em perfeito discípulo de Jesus. E que eu possa conduzir muitas outras
pessoas a crerem em teu
Filho.
3. O CONTATO
SALVADOR
A presença de Jesus causava
alvoroço por onde ele passava. De toda parte, aparecia gente transportando
doentes em macas, para depositá-los nas praças públicas, junto do Mestre,
na esperança de poder fazê-los tocar no manto dele, a fim de serem curados.
Este gesto de tocar estava
carregado de simbolismo. O contato físico estabelecia uma ligação direta
com a fonte do poder curador, possibilitando ao doente recuperar a saúde.
Simbolizava a comunhão entre Jesus e aquele que desejava ser curado.
Portanto, podia ser tomado como expressão da fé e da confiança no Mestre.
Era uma forma de bater às portas de um mundo misterioso onde a vida era
restaurada. Era, também, uma maneira de o humano aproximar-se do sagrado e
estabelecer com ele um relacionamento de intimidade.
De sua parte, Jesus não
proibia as pessoas de tocá-lo, nem se sentia incomodado com isto. Por quê?
Ele sabia que tinha sido enviado para os pobres, destinatários
privilegiados de sua ação. Os que buscavam tocá-lo eram pobres. Daí não ter
por que irritar-se com eles. Por outro lado, se estes, ao tocá-lo, ficavam
curados, tanto melhor. Isto era um sinal claro da presença do Reino na
história humana, restaurando a vida.
Portanto, os doentes estavam
no caminho certo, quando tentavam tocar em Jesus.
Oração
Espírito de busca, coloca-me sempre no caminho de Jesus, a quem devo sempre
recorrer em busca de salvação.
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V
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e protrai-vos: adoremos o Senhor
que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Leitura (Gênesis
1,20-2,4)
Leitura do livro do Gênesis
1 20 Deus disse: "Pululem
as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo
do firmamento dos céus." 21 Deus criou os monstros marinhos e toda a
multidão de seres vivos que enchem as águas, segundo a sua espécie, e todas
as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. 22 E Deus os
abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, e enchei as águas
do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra." 23 Sobreveio a
tarde e depois a manhã: foi o quinto dia.
24 Deus disse: "Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie:
animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo a sua
espécie." E assim se fez. 25 Deus fez os animais selvagens segundo a
sua espécie, os animais domésticos igualmente, e da mesma forma todos os
animais, que se arrastam sobre a terra. E Deus viu que isso era bom.
26 Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que
ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem
sobre a terra."
27 Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem
e a mulher.
28 Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei
a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos
céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra."
29 Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a
terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente,
para que vos sirvam de alimento. 30 E a todos os animais da terra, a todas
as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja
sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento." E assim se fez.
31 Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom.
Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
2 1 Assim foram acabados os céus, a terra e todo seu exército. 2 Tendo Deus
terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho.
3 Ele abençoou o sétimo dia e o consagrou, porque nesse dia repousara de
toda a obra da Criação.
4 Tal é a história da criação dos céus e da terra.
Salmo responsorial 8
Ó Senhor nosso Deus, como é
grande
vosso nome por todo o universo!
Contemplando estes céus que
plasmastes
e formastes com dedos de artista;
vendo a luz e estrelas brilhantes,
perguntamos: "Senhor, que é o homem
para dele assim vos lembrardes
e o tratardes com tanto carinho?"
Pouco abaixo de Deus o
fizestes,
coroando-o de glória e esplendor;
vós lhe destes poder sobre tudo,
vossas obras aos pés pusestes.
As ovelhas, os bois, os
rebanhos,
todo o gado e as feras da mata;
passarinhos e peixes dos mares,
todo ser que se move nas águas.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Inclinai meu coração às vossas advertências e dai-me a vossa lei como um
presente valioso! (Sl 118,36.29).
EVANGELHO (Marcos 7,1-13)
7 1 Os fariseus e alguns dos
escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno dele.
2 E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos
impuras, isto é, sem as lavar.
3 (Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos
antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;
4 e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há
muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os
jarros e os pratos de metal.)
5 Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: "Por que não andam os
teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as
mãos impuras?"
6 Jesus disse-lhes: "Isaías com muita razão profetizou de vós,
hipócritas, quando escreveu: 'Este povo honra-me com os lábios, mas o seu
coração está longe de mim.
7 Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos'.
8 Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens".
9 E Jesus acrescentou: "Na realidade, invalidais o mandamento de Deus
para estabelecer a vossa tradição.
10 Pois Moisés disse: 'Honra teu pai e tua mãe'; e: 'Todo aquele que
amaldiçoar pai ou mãe seja morto'.
11 Vós, porém, dizeis: 'Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa
que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta',
12 e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua
mãe,
13 anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes.
E fazeis ainda muitas coisas semelhantes".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Pureza...
Tradição em si não é coisa
ruim que causa algum mal, ao contrário, a tradição é uma riqueza para a
nossa vida e a nossa cultura, é no fundo a preservação de valores
considerados importantes como elementos sócio culturais na vida de uma
nação.
Jesus não é inimigo da
tradição, aliás, em relação a Lei Mosaica, que está no centro da tradição
religiosa de Israel, ele irá dizer "Não vim para abolir a lei, mas
para levá-la á plenitude" isso é, mostrar o seu real significado. O
que ele critica na condita dos Fariseus e Escribas é exatamente esta má
compreensão daquilo que na lei é essencial. Vamos dar um, exemplo, alguém
que comemora o aniversário, faz bolo, realiza um, a festa, chama os amigos,
canta-se o Parabéns á Você, mas esta pessoa não dá valor ao dom da vida,
vive de maneira irresponsável, não preservando a saúde, ingere bebidas
alcoólicas e outras drogas, está sempre infeliz e deprimido. Para estes a
festa de aniversário que estão fazendo ou que outros fizeram, não passa de
um mero ritual ou formalismo social, porque o sentido verdadeiro da
comemoração foi deixado de lado.
Assim faziam os Escribas e
Fariseus, praticavam ou ensinavam a prática meticulosa de toda lei,
entretanto não se davam conta de que aquele que é o verdadeiro sentido da
Vida já está no meio deles. Comer com as mãos sujas ou contaminadas, e o judeu
não usava talher, poderia no máximo contaminar-se com alguma doença
provocada por algum vírus ou bactéria, mais nada tem a ver com uma conduta
religiosa quando Aquele que irá purificar a toda humanidade já está no meio
deles.
O homem não pode ser macaco de
imitação, em uma liturgia, por exemplo, tem que se conhecer o sentido e o
significado de cada gesto, ficar em pé, ajoelhar-se, inclinar-se,
sentar-se, dar as mãos, dar o ósculo da paz, tudo isso não são apenas
gestos mas há por trás dele um significado muito rico que não pode ser
ignorado por aquele que o faz, senão o que é símbolo sagrado torna-se
ridículo e um preceito meramente humano, como nos diz o evangelho.
Em resumo, Jesus transmite uma
religião intimista, presente no coração do homem em sua relação sincera com
Deus, e ao mesmo tempo condena o formalismo religioso, hoje muito presente
em alguns sacramentos onde os cristãos que os recebem têm também esse
comportamento farisaico, haja vista nossos crismandos e batizados, que
somem da comunidade ou só aparecem em algumas ocasiões, levando uma vida
totalmente desconectada com o evangelho, nessa mesma linha entram os
Casamentos no Religioso onde ninguém quer mais compromisso e depois da
cerimônia e da festa, cada um vive como quer e faz o que quer...
Como se percebe, escribas e
fariseus é uma raça que se perpetuou e ainda está presente em n osso tempo
infestando nossas comunidades, dizendo -se membros de uma Igreja, com a
qual nunca se comprometeram, e portadores de uma Fé marcada pela
superstição e magia.
2. Oposição entre
dizer e aderir
A perícope Mc 7,1-23 é a mais
significativa, no segundo evangelho, no que concerne à questão da Lei. As
várias explicações que Marcos dá a respeito da tradição dos judeus, quanto
à lei de pureza, são um forte indício de que os seus destinatários são
cristãos oriundos do mundo pagão. Os versículos que nos ocupam trazem uma
controvérsia com os fariseus e escribas sobre o fato de comer sem lavar as
mãos.
No centro do texto está a
oposição entre lábios e coração; oposição entre dizer e uma adesão, de
fato, ao mandamento de Deus. Essa contradição, que é hipocrisia, anula ou
faz abandonar o mandamento de Deus, em nome da "tradição humana"
(cf. v. 8).
Oração
Pai, coloca-me no caminho da verdadeira piedade, a qual me leve a estar em
perfeita sintonia contigo, realizando aquilo que, de fato, é do teu agrado.
3. UMA FALSA
PIEDADE
Certas atitudes dos escribas e
fariseus deixavam Jesus irritado. O modo como praticavam a religião
parecia-lhe inconveniente. Para umas coisas, eram muito severos; para
outras, faziam o que lhes era mais cômodo. Assim, eram rigorosos quando se
tratava da pureza exterior, a ponto de não se sentarem à mesa, sem terem
lavado, cuidadosamente, as mãos. Quando, porém, se tratava de cuidar de
seus pais, não tinham um mínimo de piedade filial.
Assim, não tinham escrúpulos
de distorcer a Lei de Moisés só para não ter que ajudar os pais carentes.
Tal atitude impiedosa invalidava a preocupação com a pureza ritual e tudo o
mais que faziam com a intenção de agradar a Deus.
Jesus não suportava um tipo de
religião em que o indivíduo se esforça para mostrar-se piedoso diante de
Deus, sem gestos de misericórdia em relação ao próximo.
E o que dizer, quando este
próximo era o pai ou a mãe? A Lei era severa quanto ao respeito devido aos
pais. O mandamento - "Honrarás pai e mãe" - era acompanhado de
uma série de exigências bem concretas.
Assim, quando os escribas e
fariseus consagravam a Deus o que era devido a seus pais, estavam se opondo
à vontade divina. E nem tinham moral para criticar os discípulos que comiam
com as mãos impuras.
Oração
Espírito de autenticidade, livra-me da atitude falsa de querer agradar a
Deus, sem ser misericordioso para com o meu semelhante.
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QUARTA
FEIRA DE CINZAS - JEJUM E ABSTINÊNCIA
(ROXO,
PREF. DA QUARESMA IV – OFÍCIO DO DIA DA IV SEMANA)
"É
agora o momento favorável, é agora o dia da salvação."
Sugestões e lembretes:
1) Espaço celebrativo despojado e simples.
2) Dar destaque ao cartaz da Campanha da Fraternidade, levando-o na
procissão de entrada e/ou deixando-o exposto.
3) Providenciar as cinzas.
Atenção: Na Quaresma,
não se reza o glória e nem se canta o aleluia.
AMBIENTAÇÃO
1. Iniciamos, hoje, mais uma
Quaresma. Tempo que a Igreja propõe para rever a caminhada da vida cristã,
no discipulado. Quase sempre somos tentados a caracterizar a Quaresma
unicamente como tempo de penitência, esquecendo-nos que a penitência é um
"método", um meio para atingirmos o que realmente desejamos para
nossas vidas. O vocabulário popular confunde penitência com sofrimento, com
dor, com tristeza, com privação voluntária ou involuntária. Para a mística
cristã, a penitência é um "exercício" ou, se quisermos, um
treinamento com a finalidade de dominar-se a si mesmo diante daquilo que
pode desequilibrar ou afastar de Deus. A penitência tem suas exigências,
sofrimentos e privações e, como todo "treinamento", exige esforço
que pode ter a marca do sofrimento, mas nunca do sofrimento pelo sofrimento.
No entanto, a finalidade da penitência não leva ao sofrimento, mas ao
domínio de si no fortalecimento espiritual que conduz a Deus
Comentário das
Leituras: Voltemos
nosso olhar para a proposta divina que nos convida a fortalecer nossas
vidas na penitência e na ascese, acolhendo o convite para rasgar os nossos
corações, se fortalecer com um espírito decidido e colocar a vontade de
Deus acima da vontade humana.
Leitura (Joel 2,12-18)
Leitura do Livro do Profeta Joel
2 12 Por isso, agora ainda -
oráculo do Senhor -, voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns,
lágrimas e gemidos de luto.
13 Rasgai vossos corações e não vossas vestes; voltai ao Senhor vosso Deus,
porque ele é bom e compassivo, longânime e indulgente, pronto a
arrepender-se do castigo que inflige.
14 Quem sabe se ele mudará de parecer e voltará atrás, deixando após si uma
bênção, ofertas e libações para o Senhor, vosso Deus?
15 Tocai a trombeta em Sião: publicai o jejum, convocai a assembléia, reuni
o povo;
16 santificai a assembléia, agrupai os anciãos, congregai as crianças e os
meninos de peito; saia o recém-casado de seus aposentos, e a esposa de sua
câmara nupcial.
17 Chorem os sacerdotes, servos do Senhor, entre o pórtico e o altar, e
digam: Tende piedade de vosso povo, Senhor, não entregueis à ignomínia
vossa herança, para que não se torne ela o escárnio dos pagãos! Por que
diriam eles: onde está o seu Deus?
18 O Senhor afeiçoou-se à sua terra, teve compaixão de seu povo;
Salmo responsorial
50/51
Misericórdia, ó Senhor, pois
pecamos.
Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!
Eu reconheço toda a minha
iniqüidade,
o meu pecado está sempre à minha frente.
Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei,
pratiquei o que é mau aos vossos olhos!
Criai em mim um coração que
seja puro,
daí-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!
Daí-me de novo a alegria de
ser salvo
e confirmai-me com espírito generoso!
Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar,
e minha boca anunciará vosso louvor!
Segunda Leitura (2
Coríntios 5,20-6,2)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
5 20 Portanto, desempenhamos o
encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por
nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!
21 Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que
nele nós nos tornássemos justiça de Deus.
1 Na qualidade de colaboradores seus, exortamo-vos a que não recebais a
graça de Deus em vão.
2 Pois ele diz: "Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da
salvação". Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação.
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito,
sois o ungido de Deus Pai!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações como em Meriba! (Sl
94,8)
Evangelho (Mateus 6,1-6.16-18)
Naquele tempo, 6 1 Disse Jesus: "Guardai-vos de fazer
vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do
contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.
2 Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem
os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens.
Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
3 Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.
4 Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido,
recompensar-te-á.
5 Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé
nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em
verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
6 Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em
segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
16 Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que
mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em
verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
17 Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto.
18 Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que
está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto,
recompensar-te-á".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Tempo Quaresmal
Hoje é Quarta Feira de Cinzas
que marca o início do tempo quaresmal. Vivemos um tempo de muitas
ostentações religiosas até mesmo em nossa querida e amada Igreja Católica,
ás vezes há muita fachada e pouca autenticidade no que fazemos e
celebramos. O evangelho de hoje, bem dentro desse clima penitencial que nos
motiva á sincera conversão, nos ensina e nos recorda que a verdadeira
religião é para dentro e não para fora.
Religião significa relação com
Deus, algo muito íntimo e pessoal, e que consiste na prática de certas
virtudes evangélicas, que não precisam e nem podem ser ostentadas diante
das pessoas porque é perigoso buscarmos o nosso engrandecimento quando na
verdade, a relação sincera com Deus sempre tem como ponto de partida uma
postura de humildade.
A prática de uma religião
ostensiva acaba esvaziando o verdadeiro sentido das nossas relações com
Deus presente em Jesus . Os atos de piedade: esmola, oração e jejum, nas
comunidades de Mateus acabaram se transformando em uma mera aparência, são
ações que parecem ser piedosas mas não o são, justamente porque ficam só
nas aparências. esmola parece uma palavra meio fora de moda, ( nas grandes
cidades há até faixas educativas nos cruzamentos das grandes avenidas,
pedindo para não darmos esmolas) oração parece coisa de doido, pois em vez
de falar com Deus, o homem fala consigo mesmo ou com os outros, trabalha a
razão e deixa a mística de lado, crendo em um Deus mudo, cego e
surdo, que parece que nada tem a dizer ao homem de hoje.
Jejum muito menos. A ordem não
é esvaziar-se, a ordem é encher-se, empanturrar-se, satisfazer a todos os
prazeres de maneira irracional e desenfreada como as lições do dia a dia no
"Big Brother" da TV.
Vamos aproveitar o início de
mais uma quaresma e reduzir a cinzas nosso homem velho, deixando que em seu
lugar vá nascendo um homem novo, um homem que em seu coração se comunica
com Deus em uma deliciosa intimidade, um homem novo que ao orar consegue
também se abrir para escutar a Voz de Deus ecoando na sua consciência,
determinando todos os seus atos e escolhas, um homem novo que consegue se
abrir aos irmãos, não dando uma esmola do que lhe sobra, mas partilhando
sua vida e seus carismas na comunidade, e finalmente um homem novo que
jejua, porque tem a consciência e a certeza de que nossa única necessidade
é DEUS, e todo o resto é dispensável, até mesmo as necessidades vitais que
um dia não iremos mais precisar, quando estivermos com Deus no amanhã da
nossa História.
2. Quaresma: tempo de
graça e conversão
Com a celebração da
Quarta-Feira de Cinzas, damos início ao tempo da Quaresma, "tempo de
graça e reconciliação"; tempo que é um itinerário oferecido como
oportunidade de uma profunda e verdadeira conversão; tempo que nos dispõe
para celebrar a Páscoa de Jesus Cristo, mistério central da vida cristã.
As práticas tradicionais do
jejum, da esmola e oração, também recomendadas pela Igreja, são a expressão
de nosso desejo e empenho de uma verdadeira conversão, apelo e tarefa não só
de um tempo, mas um trabalho de toda a vida.
Oração
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que
eu procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
3. Quaresma:
Tempo de Reflexão e Conversão
A quaresma, que se inicia hoje, tem sua origem na tradição
sacrifical do Primeiro Testamento, segundo a qual a reconciliação com Deus
se faz pelo sofrimento. A penitência, que foi identificada com práticas de
sofrimento, na realidade significa a mudança de vida, o abandono dos falsos
valores oferecidos pelo mundo do consumismo, sob controle dos donos do dinheiro,
para assumir novos valores que levam à promoção da vida neste mundo. Jesus
nos chama para a sincera relação com Deus e com o próximo, nos desapegando
das riquezas, partilhando com os pobres, confiantes na vida, no irmão, na
bondade e na amizade.
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Antífona da entrada: Clamei pelo Senhor, e ele me ouviu; salvou-me
daqueles que me atacam. Confia ao Senhor os teus cuidados, e ele mesmo te
há de sustentar (Sl 54,17-20.23)
Leitura (Deuterônomio
30,15-20)
Leitura do livro do Deuteronômio.
30 15 Olha que hoje ponho
diante de ti a vida com o bem, e a morte com o mal.
16 Mando-te hoje que ames o Senhor, teu Deus, que andes em seus caminhos,
observes seus mandamentos, suas leis e seus preceitos, para que vivas e te
multipliques, e que o Senhor, teu Deus, te abençoe na terra em que vais
entrar para possuí-la.
17 Se, porém, o teu coração se afastar, se não obedeceres e se te deixares
seduzir para te prostrares diante de outros deuses e adorá-los,
18 eu te declaro neste dia: perecereis seguramente e não prolongareis os
vossos dias na terra em que ides entrar para possuí-la, ao passar o Jordão.
19 Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti
a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que
vivas com a I tua posteridade, 20 amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à
sua voz e permanecendo unido a ele. Porque é esta a tua vida e a
longevidade dos teus dias na terra que o Senhor jurou dar a Abraão, Isaac e
Jacó, teus pais.
Salmo responsorial 1
É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não
anda
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
mas encontra seu prazer na lei de Deus
e a medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma
árvore
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo,
e jamais as suas folhas vão murchar.
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos
perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca
espalhada e dispersada pelo vento.
Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,
mas a estrada dos malvados leva à morte.
Aclamação do Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus,
primogênito dentre os mortos!
Convertei-vos, nos diz o Senhor, está próximo o reino de Deus! (Mt 4,17).
EVANGELHO (Lucas 9,22-25)
9 22 Jesus acrescentou: "É necessário que o Filho do
Homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes
dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e que
ressuscite ao terceiro dia".
23 Em seguida, dirigiu-se a todos: "Se alguém quer vir após mim,
renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.
24 Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a
sua vida por amor de mim, salvá-la-á.
25 Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a
si mesmo e se causa a sua própria ruína?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Seguir a Jesus
Nos dias de hoje inventaram um
CRISTIANISMO sem cruz e sem calvário, criaram um atalho para se chegar a
ressurreição, sem que seja preciso passar pelos tropeços e vergonhosa
humilhação de se carregar a cruz. Diante de uma sociedade hedionda, que
apregoa e incentiva a busca desenfreada de todos os prazeres, era mesmo
necessário se criar um Cristo mais "folgado" e menos exigente,
para se ostentar a fachada de um Cristianismo milenar, mas adaptado as
conveniências humanas.
Nosso Deus não é masoquista,
Jesus, o Filho de Deus, nunca buscou o sofrimento físico ou moral, ao
contrário, veio para nos dar Vida Plena, isso significa alegria, felicidade
e realização humana na vocação do amor. O sofrimento veio como consequência
da sua postura séria e da sua fidelidade aos Desígnios Divinos.
Ser cristão é saber perder e
morrer a cada dia, como é que isso pode ser aceito e compreendido em uma
sociedade tão competitiva onde somos sempre impelidos a vencer e a dominar
? Que morte é essa e que perdas são essas que fala esse evangelho?
A resposta vem da comunidade,
melhor lugar para se exemplificar esse ensinamento. Dona Maria - Ministra
dos enfermos e das exéquias, já tinha trabalhado arduamente naquela semana,
dois velórios na quinta, visita a quatro enfermos na sexta, e no sábado
ainda cuidou de uma vizinha enferma que estava acamada e precisava tomar
banho não tendo quem o fizesse. No domingo o esposo e os filhos haviam
programado um passeio a chácara da Família para um merecido descanso, pois
também o esposo e os filhos atuavam na comunidade em trabalhos pastorais...
Entretanto...
Justo naquele domingo o Padre
convocou os agentes de pastorais para um retiro espiritual e formação, a
presença era obrigatória - avisou a coordenadora. Tristeza e desânimo
naquela manhã de domingo, cheia de sol e de vida, a família guardou os
apetrechos de lazer, roupas de banho para a piscina, varas de pescar, pois
na chácara tinha um riozinho que dava bons peixes, a carne do churrasco, e
seguiram para a comunidade logo cedo, onde o almoço foi um lanche
comunitário em lugar do churrasco. Foi uma perda e tanto, algo morreu
dentro deles naquele domingo... O amor pela comunidade e pela Igreja falou
mais alto que suas necessidades de lazer, que ficaram para uma próxima
oportunidade.
Essa renúncia e desapego, esse
esvaziamento de si mesmo e aniquilamento, são as marcas características do
Senhor, e que torna autêntica toda e qualquer ação dessa natureza. Essa
linguagem e essa conduta, o mundo jamais compreenderá! Não tiremos a cruz
de nossa vida, senão não haverá ressurreição...
2. Condições do
seguimento
Antes de iniciar a subida para
Jerusalém, Lucas nos oferece esta prolepse da paixão, morte e ressurreição
de Jesus Cristo, que tem por finalidade, nos evangelhos, prevenir os
discípulos contra o escândalo da paixão e morte de Jesus, e dispô-los, como
também o eleitor, a não desanimarem diante da paixão e morte, mas
permanecerem firmes com o Senhor até o fim, para experimentarem a alegria e
a força da sua ressurreição.
Este anúncio é a oportunidade
de alertar os discípulos sobre as condições do seguimento: o caminho é o
mesmo que o Senhor vai percorrer, por isso é preciso uma profunda liberdade
diante da própria vida (renunciar a si mesmo), para atualizar a entrega de
Jesus Cristo.
A vida verdadeira não está na
defesa das seguranças pessoais, mas na disposição da própria vida:
"Quem quiser salvar a sua vida a perderá, e quem perder sua vida por
causa de mim a salvará".
Oração
Pai, dá-me a firme disposição de renunciar a todos os meus projetos
pessoais, para abraçar unicamente o projeto de Jesus, mesmo devendo passar
por sofrimentos.
3. O FILHO DO HOMEM
Jesus identifica-se com o
"Filho do homem", que significa a sua simples condição humana,
vulnerável ao sofrimento e à morte. há uma referência à
"necessidade" deste sofrimento e morte. O termo
"necessidade" não indica um determinismo cego, mas as implicações
inevitáveis decorrentes do compromisso libertador assumido por Jesus. Quem
assume o anúncio e a luta libertadora despertará, necessariamente, a ira
dos poderes opressores constituídos, que, sentindo-se ameaçados em seus
privilégios e em suas riquezas, procurarão destruí-lo.
Porém, Jesus revela que ao
"humano" foi dada, por Deus, a vida eterna. Salvar sua vida,
segundo os critérios da sociedade subjugada pela ideologia do poder, é
inserir-se no sistema, adquirir status, riqueza e prestígio, ganhar o
mundo. Contudo, quem quiser unir-se ao destino de Jesus, renuncie ao
sucesso e à glória do status social e econômico.
Perder sua vida é ser para o outro, não de uma maneira de
convívio entre privilegiados, mas principalmente estar a serviço dos mais
necessitados e excluídos. O ser para o outro é viver o amor, é encontrar
sua vida inserida na eternidade, participando da vida divina.
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Antífona da entrada: O Senhor me ouviu e teve compaixão. O Senhor se
tornou o meu amparo (Sl 29,11).
Leitura (Isaías
58,1-9)
Leitura do livro do profeta Isaías.
58 1 Clama em alta voz, sem
constrangimento; faze soar a tua voz como a corneta. Denuncia a meu povo
suas faltas, e à casa de Jacó seus pecados.
2 Sem dúvida eles me procuram dia após dia, desejam conhecer o
comportamento que me agrada, como uma nação que houvesse sempre praticado a
justiça, sem abandonar a lei de seu Deus. Informam-se junto a mim sobre as
exigências da justiça, desejam a presença de Deus.
3 De que serve jejuar, se com isso não vos importais? E mortificar-nos, se
nisso não prestais atenção? É que no dia de vosso jejum, só cuidais de
vossos negócios, e oprimis todos os vossos operários.
4 Passais vosso jejum em disputas e altercações, ferindo com o punho o
pobre. Não é jejuando assim que fareis chegar lá em cima vossa voz.
5 O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se por um
dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a cinza? Podeis
chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor?
6 Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? - diz o Senhor Deus: É romper as
cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os
oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo.
7 É repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem
asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante.
8 Então tua luz surgirá como a aurora, e tuas feridas não tardarão a
cicatrizar-se; tua justiça caminhará diante de ti, e a glória do Senhor
seguirá na tua retaguarda.
9 Então às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá:
Eis-me aqui! Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos
e as más conversações;
Salmo responsorial
50/51
Ó Senhor, não desprezeis um
coração arrependido!
Tende piedade, ó meu Deus,
misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!
Eu reconheço toda a minha
iniqüidade,
o meu pecado está sempre à minha frente.
Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei
e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!
Pois não são de vosso agrado
os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha alma penitente,
não desprezeis um coração arrependido!
Aclamação do Evangelho
Salve, Cristo, luz da vida,
companheiro na partilha!
Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus,
convosco estará! (Am 5,14)
EVANGELHO (Mateus 9,14-15)
9 14 Então os discípulos de
João, dirigindo-se a Jesus, perguntaram: "Por que jejuamos nós e os
fariseus, e os teus discípulos não?"
15 Jesus respondeu: "Podem os amigos do esposo afligir-se enquanto o
esposo está com eles? Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então
eles jejuarão".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A essência verdadeira
Os Discípulos de João e os
Fariseus representam aqui os cristãos que na comunidade são metódicos e
fazem tudo bem “certinho”, porque o Padre mandou, e se julgam no direito de
questionar os outros que não o fazem. O Jejum por aquele tempo fazia parte
da prática penitencial e também como sinal da espera Daquele que haveria de
vir. E assim, vendo que, enquanto eles se privavam de alimentos, enquanto
que o grupo dos seguidores de Jesus se esbaldava em banquetes ou Ceias
aonde o Mestre era convidado, certamente sentiram uma “Pontinha” de ciúmes
e inveja, e decidiram questionar essa atitude.
A verdade é que, os discípulos
de Jesus já estavam comendo e se arregalando em uma festança danada de boa,
com a presença entre eles, do próprio Senhor, o Messias esperado por todos
enquanto que os de João e os Fariseus ainda estavam á espera, fazendo jejum
á espera do noivo e assim perdendo o melhor da festa... Enquanto estes
vinham com o milho, os de Jesus já retornavam com o Fubá...
Por que isso acontecia? Não é
porque os discípulos de Jesus eram mais espertos ou mais inteligentes, mas
sim porque abriram o coração para acolher com alegria o Mestre Jesus que
trazia algo de novo e inédito, que a velha religião não tinha para
oferecer. Crer em Jesus de Nazaré e tornar-se discípulo exigia um
desprendimento de todo pensamento antigo, da tradição religiosa do passado.
E daí, os que se julgavam muito entendidos em religião, os Fariseus, não
queriam abrir mão de suas convicções religiosas, era melhor ficar com o
legalismo e o religiosamente correto do que correr o risco de perder a
salvação.
Hoje o recado é muito válido a
todos nós cristãos do segundo, a essência da verdadeira relação com Deus é
o amor, a busca da justiça e da igualdade, o respeito e a valorização da
vida humana, se não nos abrirmos e nos adequarmos para o método novo de
evangelização e de anuncio do Reino na pós-modernidade, ficando fechados em
nossas velharias religiosas, com a mente e o coração trancados, para quem
pensa diferente, estamos pregando retalho de pano novo em roupa velha, o
tecido não irá resistir.
A essência do Cristianismo é
sempre a mesma, anunciamos Jesus Cristo, o mesmo de Ontem, de hoje e de
sempre, mas precisamos usar os novos métodos nessa missão, senão vamos
todos "mofar" em nossas igrejas, pastorais e movimentos, com
nossas práticas espirituais que não levam a lugar nenhum repetindo assim o
comportamento farisaico...
2. O sentido do jejum
O evangelho não nos informa de
que jejum se trata. Dos fariseus, Lucas diz que jejuavam duas vezes por
semana (Lc 18,12), mas dos discípulos de João nós não temos nenhuma
informação. Quanto à prática do jejum, o texto parece associar os
discípulos de João aos fariseus. O Levítico recomenda o jejum para o dia do
perdão dos pecados (Lv 23,26-32).
Havia, de fato, entre os
fariseus a tendência de estender, como lei, para a vida cotidiana de todo o
povo certa ascese individual ou de grupo. Jesus também, antes de iniciar o
seu ministério público, jejuou durante quarenta dias (Mt 4,2; Lc 4,2). Os
Profetas Isaías e Zacarias não abolem o jejum, mas o relativizam em face do
amor e da misericórdia (Is 58,1-12; Zc 7).
Jesus dá à prática do jejum um
sentido cristológico: é em relação à ausência (morte) do "noivo"
que ele deve ser praticado. Ver o comentário do último dia 21 de janeiro.
Oração
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com
o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para
este momento.
3. A questão do Jejum
Está em foco, nesta narrativa,
a questão da observância religiosa do jejum, conforme os preceitos da Lei
dos fariseus e sacerdotes do templo.
O jejum, no Primeiro
Testamento, tinha vários sentidos: sinal de luto e pesar, penitência de
arrependimento, reforço da oração para mover a Deus. Os fariseus, com muita
piedade, jejuavam duas vezes por semana, apresentando-se assim como
intercessores pelo povo junto a Javé. Era uma forma de ostentar ares de
piedade e conquistar louvores e submissão dos humildes. São aparências que
encobrem a hipocrisia, descartada por Jesus.
Jesus vem trazer alegria e
felicidade, e não castigo e punição. A conversão que ele pede,
diferentemente de fazer jejum e cobrir a cabeça com cinzas, é o desapego da
riqueza, assumindo a prática da justiça, da fraternidade e da
solidariedade, partilhando a vida e os bens com os famintos e excluídos, em
uma comunhão de vida que alegra o coração.
A convivência de Jesus é como uma festa de núpcias, na
qual o noivo está presente, e não falta ao banquete. Os convidados são os
discípulos, entre publicanos e pecadores. A imagem do noivo presente entre
nós indica a realidade da encarnação do Filho de Deus. A alusão final ao
jejum, quando "o noivo lhes será tirado", parece ser um acréscimo
tardio justificando a retomada do jejum após a morte de Jesus.
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Antífona da entrada: Atendei-me, Senhor, na vossa grande misericórdia;
olhai-nos, ó Deus, com toda a vossa bondade (Sl 68,17).
Leitura (Isaías 58,9-14)
Leitura do livro do profeta Isaías.
Assim fala o Senhor: 58 9
"Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as
más conversações;
10 se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz
levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno.
11 O Senhor te guiará constantemente, alimentar-te-á no árido deserto,
renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de
águas inesgotáveis.
12 Reerguerás as ruínas antigas, reedificarás sobre os alicerces seculares;
chamar-te-ão o reparador de brechas, o restaurador das moradias em ruínas.
13 Se te abstiveres de calcar aos pés o sábado, de cuidar de teus negócios
no dia que me é consagrado, se achares o sábado um dia maravilhoso, se
achares respeitável o dia consagrado ao Senhor, se tu o venerares não
seguindo os teus caminhos, não te entregando às tuas ocupações e às
conversações,
14 então encontrarás tua felicidade no Senhor: eu te farei galgar as
alturas da terra, e gozar a herança de Jacó, teu pai". Porque a boca
do Senhor falou.
(Lucas 5,27-32)
Ensinai-me os vossos caminhos
e, na vossa verdade, andarei.
Inclinai, ó Senhor, vosso
ouvido,
escutai, pois sou pobre e infeliz!
Protegei-me, que sou vosso amigo,
e salvai vosso servo, meu Deus,
que espera e confia em vós!
Piedade de mim, ó Senhor,
porque clamo por vós todo o dia!
Animai e alegrai vosso servo,
pois a vós eu elevo a minha alma.
Ó Senhor, vós sois bom e
clemente,
sois perdão para quem vos invoca.
Escutai, ó Senhor, minha prece,
o lamento da minha oração!
Aclamação do Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus,
primogênito dentre os mortos!
Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta
e tenha vida (Ez 33,11).
Evangelho (Lucas 5,27-32)
Naquele tempo, 5 27 Jesus
viu sentado ao balcão um coletor de impostos, por nome Levi, e disse-lhe:
"Segue-me".
28 Deixando ele tudo, levantou-se e o seguiu.
29 Levi deu-lhe um grande banquete em sua casa; vários desses fiscais e
outras pessoas estavam sentados à mesa com eles.
30 Os fariseus e os seus escribas puseram-se a criticar e a perguntar aos
discípulos: "Por que comeis e bebeis com os publicanos e pessoas de má
vida?"
31 Respondeu-lhes Jesus: "Não são os homens de boa saúde que
necessitam de médico, mas sim os enfermos.
32 Não vim chamar à conversão os justos, mas sim os pecadores".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Alegria de Mateus
Um cobrador de impostos
deveria ser uma pessoa bem triste, de um lado era usado pelo sistema
Imperialista, para arrecadar valores mas de outro, eram odiados pela
maioria do povo e pela liderança dos Judeus que viam neles pessoas
inescrupulosas, exploradoras e que roubavam do povo pobre e dos pequenos
lavradores uma vez que, eram eles que faziam suas próprias comissões. Basta
aqui lembrar de Zaqueu que após a experiência com Jesus, se mostrou
disposto a restituir até quatro vezes mais, tudo o que tinha roubado...
A verdade é que, viver dessa
maneira, embora se possa ter fartura de bens materiais, acaba sendo triste
porque se tem poucos amigos (os da mesma laia) não se tem auto estima, não
se pode contar com uma amizade sincera. Quando Jesus passou por Levi, que
era o nome de Mateus, o olhou de um modo especial, não era um olhar de ódio
como os demais Judeus, nem um olhar acusador que o maldiz... Mas era um
olhar amigo que manifestava um amor e um afeto gratuito e incondicional.
Mateus sentiu isso, viu algo
diferente em Jesus, senão não seria louco de o segui-lo, pois poderia cair
em uma armadilha. Interessante porque Mateus deixa de lado naquele momento,
algo que supostamente lhe dava felicidade, conforto e bem estar material,
mas não o fazia feliz enquanto pessoa. Percebeu que aquele homem que o
chamava tinha uma proposta inédita, talvez fosse sofrer prejuízos em sua
economia, mas havia algo que aquele Homem poderia lhe oferecer, e que o
faria realizar-se como pessoa, tendo a partir de então uma nova perspectiva
que o dinheiro dos impostos não conseguia lhe dar.
O mesmo se pode dizer hoje do
consumismo, que de maneira ilusória pode nos dar tudo, mas não nos pode
fazer feliz porque Segurança e Felicidade só encontramos no Senhor.
Está explicado porque Mateus
correu preparar um grande banquete para Jesus em sua casa. Ele queria
comemorar a Vida nova que recebera de Jesus naquele simples chamado. Mas aí
surgiu um problema... Os amigos que convidou para a festa especial eram
todos da mesma laia que ele. Possivelmente foi este o primeiro trabalho de
evangelização do mais novo discípulo, o evangelho não menciona, mas quem
sabe quantos que estavam ali, vendo o entusiasmo de Mateus e a sua alegria
incontida, e conhecendo de perto Jesus de Nazaré, que sentou à mesa com
eles, comeu, bebeu e se divertiu... Não tiveram suas vidas transformadas...
Se Jesus mantivesse a
compostura de um Judeu Fiel, jamais iria chamar Mateus para integrar o
grupo dos discípulos, e muito menos iria a casa dele, um ambiente mal
freqüentado, por gente impura e por inimigos do seu povo. É isso que os
Fariseus e os Escribas não compreendem, pois no modo de pensar deles, Deus
só se relaciona e traz a Salvação aos que o obedecem e cumprem a Lei de
Moisés. Nem notaram que Deus estava bem ali, ao lado deles, e que a sua
Misericórdia e amor pelos pecadores era a maior de todas as novidades que
os homens poderiam esperar...
Qual é o Jesus que está em
nossas comunidades? O moralista ou Aquele que é todo amor e misericórdia, e
que sabe acolher a todos, mesmo os piores pecadores...
2. Jesus à mesa com os
publicanos
A refeição na casa de Levi é a
ocasião para Jesus explicitar sua missão ante aqueles que lhe faziam
oposição, neste caso, os escribas e os fariseus. Chamado ao seguimento de
Jesus, Levi oferece um "grande banquete" em que estão presentes
"um grande número de publicanos e de outras pessoas", e Jesus com
eles à mesa. Quem diz publicano, diz pecador.
A mesa, o banquete, é símbolo
da acolhida, de comunhão e prefiguração do banquete escatológico. No
episódio de Zaqueu, chefe dos coletores de impostos, o leitor é informado
de que não se entra na casa de um pecador: "Foi hospedar-se na casa de
um pecador!" (Lc 19,7; ver também Lc 15,1ss). Por isso, a murmuração
dos escribas e dos fariseus. Mas não há quem Jesus não acolha. A
misericórdia de Deus tem precedência sobre o sistema de pureza.
Nesse contexto, a missão de
Jesus é afirmada: "Não é justos que vim chamar à conversão, mas sim a
pecadores" (v. 32). O final do episódio de Zaqueu é ainda mais
explícito: "... o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava
perdido" (Lc 19,10).
Oração
Pai, estou certo de que, mesmo sendo pecador, sou amado por ti, e posso
contar com a tua solidariedade, que me descortina a misericórdia e a
justiça como jeito novo de ser.
3. Seguir Jesus com
Liberdade e Dignidade
O chamado do publicano Levi,
nos três Evangelhos sinóticos, segue-se à proclamação do perdão dos pecados
feita por Jesus ao paralítico. Confirmam-se, assim, com o chamado e o
convívio com Levi, a valorização e a libertação que Jesus vem trazer aos
"pecadores" discriminados pelo sistema religioso.
Os publicanos, ou coletores de
impostos, trabalhavam para administradores romanos e, por sua profissão,
tinham contínuos contatos com os comerciantes gentios; com isso, eram
considerados impuros e pecadores pelos critérios religiosos raciais da Lei,
e excluídos pelos chefes religiosos de Israel, que se achavam
"justos".
Jesus não se volta para os
excluídos apenas para libertá-los e restituir-lhes a dignidade. Ele os
inclui também na colaboração em seu ministério. A sucinta narrativa
inicial, do chamado de Levi, é típica das narrativas bíblicas de vocação.
Contudo, compreende-se que o seguimento de Jesus pelo
discípulo é resultado de um amadurecimento de convívio e de conhecimento
entre ambos.
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Liturgia do Domingo —
17.02.2013
1º Domingo da Quaresma — ANO C
(ROXO,
CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "No deserto, Jesus foi tentado durante 40 dias. Proposta de
Deus, resposta do homem." __
Ambientação:
Sejam bem-vindos
amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Estamos
no início de nossa caminhada quaresmal. No contexto do ano da fé, queremos
iniciar essa caminhada deixando-nos iluminar pela fé. O ser humano de fé
não é indiferente, e muito menos se vangloria daquilo que possui, pois é
consciente de que em Deus se encontra a fonte de tudo. E professar a fé não
é uma teoria que enumera conceitos, mas é reconhecer a presença divina que
se coloca a serviço da vida humana através dos frutos da terra e do
trabalho humano. Nesse sentido, a oração do homem e da mulher de fé não só
se manifesta em súplicas, mas em ação de graças, pois reconhece que aquilo
que Deus fez no passado, continua fazendo ainda hoje. Assim como Jesus, que
foi conduzido ao deserto pelo Espírito Santo, deixemo-nos conduzir pelo
mesmo Espírito nesse tempo quaresmal, para nos fortalecer com o pão da
Palavra e da penitência.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: No
primeiro domingo do Quaresma celebramos as tentações do deserto, onde Jesus
mostra-nos que o jejum, a oração e a caridade são meios eficazes para
também nós vencermos as ciladas do Inimigo. Somente com o coração
purificado, podemos restabelecer as relações fraternas e viver a juventude
perene da fé. Que essa seja a nossa profunda conversão, inspirada pela
Campanha da Fraternidade.
INTRODUÇÃO DO
WEBMASTER: Neste
primeiro domingo da quaresma é proposta uma reflexão fundamental sobre o
destino do homem. É uma meditação religiosa, uma vez que põe em causa o
justo relacionamento com Deus, libertando-o de duas concepções errôneas. -
O homem é escravo das forças naturais ou históricas; sua presença no mundo
é o fruto de um acaso que lhe pregou uma peça breve e cruel, dando-lhe a
ilusão de felicidade e abandonando-o ao poder da morte. O homem é arbítrio
absoluto de seu destino, senhor do bem e do mal, dominador das forças
cósmicas, único protagonista da história. Mas Deus retoma seu plano lenta e
constantemente. Todo homem, como toda geração e toda comunidade, é chamado
a reviver a mesma opção fundamental de obediência, mostrada por Cristo ao
sair vitorioso da provação e das tentações.
Sintamos o júbilo real de Deus
em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos
ao Senhor!
I DOMINGO DA
QUARESMA
Antífona da entrada: Quando meu servo chamar, hei de atendê-lo, estarei
com ele na tribulação. Hei de livrá-lo e glorificá-lo e lhe darei longos
dias (Sl 90,15s).
Comentário das
Leituras: Todas
as leituras apontam na direção da fé, enquanto confiança total e plena em Deus. Nesse
sentido, a quaresma se caracteriza por ser um tempo que nos conduz ao
deserto, juntamente com Jesus Cristo, para aprender a vencer todas as
tentações, para nos fortalecer com a Palavra de Deus, que está ao nosso
alcance e, para reconhecer e professar que tudo aquilo que somos e temos na
vida vem de Deus.
Primeira Leitura
(Deuteronômio 26,4-10)
Leitura do livro do Deuteronômio.
26 4 O sacerdote, recebendo o
cesto de tua mão depô-lo-á diante do altar do Senhor, teu Deus.
5 Dirás então em presença do Senhor, teu Deus: "meu pai era um arameu
prestes a morrer, que desceu ao Egito com um punhado de gente para ali
viverem como forasteiros, mas tornaram-se ali um povo grande, forte e
numeroso.
6 Os egípcios afligiram-nos e oprimiram-nos, impondo-nos uma penosa
servidão.
7 Clamamos então ao Senhor, o Deus de nossos pais, e ele ouviu nosso
clamor, e viu nossa aflição, nossa miséria e nossa angústia. O Senhor
tirou-nos do Egito com sua mão poderosa e o vigor de seu braço,
8 operando prodígios e portentosos milagres.
9 Conduziu-nos a esta região e deu-nos esta terra que mana leite mel.
10 Por isso trago agora as primícias dos frutos do solo que me destes, ó
Senhor. Dito isto, deporás o cesto diante do Senhor, teu Deus,
prostrando-te em sua presença".
Salmo responsorial
90/91
Em minhas dores, ó Senhor,
permanecei, junto de mim!
Quem habita ao abrigo do
Altíssimo
e vive à sombra do Senhor onipotente,
diz ao Senhor: "Sois meu refúgio e proteção,
sois o meu Deus, no qual confio inteiramente".
Nenhum mal há de chegar perto
de ti,
nem a desgraça baterá á tua porta;
pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos
para em todos os caminhos te guardarem.
Haverão de te levar em suas
mãos,
para o teu pé não se ferir nalguma pedra.
Passarás por sobre cobras e serpentes,
pisarás sobre leões e outras feras.
"Porque a mim se confiou,
hei de livrá-lo e protegê-lo,
pois meu nome ele conhece.
Ao invocar-me, hei de ouvi-lo e atende-lo,
e a seu lado eu estarei em suas dores."
Segunda Leitura
(Romanos 10,8-13)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
10 8 Que diz ela, afinal?
"A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração". Essa
é a palavra da fé, que pregamos.
9 Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras
que se chega à salvação.
11 A Escritura diz: "Todo o que nele crer não será confundido".
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo
Senhor, rico para com todos os que o invocam,
13 porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Aclamação do Evangelho
Louvor e glória a ti, Senhor,
Cristo, palavra de Deus.
O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus (Mt
4,4).
EVANGELHO (Lucas 4,1-13)
4 1 Cheio do Espírito Santo,
voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto,
2 onde foi tentado pelo demônio durante quarenta dias. Durante este tempo
ele nada comeu e, terminados estes dias, teve fome.
3 Disse-lhe então o demônio: "Se és o Filho de Deus, ordena a esta
pedra que se torne pão".
4 Jesus respondeu: "Está escrito: 'Não só de pão vive o homem, mas de
toda a palavra de Deus'".
5 O demônio levou-o em seguida a um alto monte e mostrou-lhe num só momento
todos os reinos da terra,
6 e disse-lhe: "Dar-te-ei todo este poder e a glória desses reinos,
porque me foram dados, e dou-os a quem quero.
7 Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo será teu".
8 Jesus disse-lhe: "Está escrito: 'Adorarás o Senhor teu Deus, e a ele
só servirás'".
9 O demônio levou-o ainda a Jerusalém, ao ponto mais alto do templo, e
disse-lhe: "Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
10 porque está escrito: 'Ordenou aos seus anjos a teu respeito que te
guardassem.
11 E que te sustivessem em suas mãos, para não ferires o teu pé nalguma
pedra'".
12 Jesus disse: "Foi dito: 'Não tentarás o Senhor teu Deus'".
13 Depois de tê-lo assim tentado de todos os modos, o demônio apartou-se
dele até outra ocasião.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Lev 19,1-2.11-18; Sl 18 (19); Mt 25,31-46
3ª Is 55,10-11; Sl 33 (34); Mt 6,7-15
4ª Jn 3,1-10; Sl 50 (51); Lc 11,29-32
5ª Est 4,17; Sl 137 (138); Mt 7,7-12
6ª 1Pd 5,1-4; Sl 22 (23); Mt 16,13-19
Sa Dt 26,16-19; Sl 118 (119); Mt 5,43-48
2º DOM. DA QUARESMA: Gn 15,5-12.17-18; Sl 26 (27),1. 7-8. 9. 13-14 (R/ 1a);
Fl 3,17 – 4,1; Lc 9,28b-36 (Transfiguração)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. AS TENTAÇÕES DE
CRISTO
Em certa ocasião ganhei de um
amigo um par de pneus especiais para colocar no meu carro,, que segundo
ele, eram ótimos para rodar no meio da lama e em estradas de terra de pista
irregular, sendo que meu amigo garantiu-me ainda que não havia obstáculo
que os mesmos não ultrapassassem, porque eram feitos com borracha especial
e que tinham uma alta resistência. Confesso que nunca soube ao certo se
todos esses atributos dos pneus era mesmo verdade, simplesmente porque
jamais passei com eles por terrenos ou estradas com essas características.
Da mesma forma, a nossa fé só se pode mostrar verdadeira e autêntica em sua
fidelidade, se for comprovada diante das tentações.
Poderíamos ainda como exemplo,
citar o caso de uma pessoa que está fazendo regime e assegura a todos que
já aprendeu a se controlar em relação aos alimentos, porém, não pode passar
diante de uma padaria que acabará não resistindo aos doces e guloseimas
expostas no balcão e deverá, para o seu bem, manter-se longe das “tentações”.
Na vida do cristão isso não pode acontecer. Jesus Cristo não fugiu das
tentações, mas as enfrentou com coragem, confirmando assim sua total
fidelidade ao Projeto do Pai.
Quando temos medo de
freqüentar “certos ambientes” ou estar na companhia de certas pessoas de má
fama, estamos manifestando o desejo de correr das tentações porque no
fundo, achamos que talvez o mal presente nelas, tenha mais força do que a
graça de Deus que trazemos conosco. Se Jesus pensasse dessa forma, com
certeza não teria freqüentado a casa dos pecadores e nem andado com
mulheres como Maria Madalena, e nem chamado para o seu grupo pessoas como
Mateus, cobrador de impostos.
Na primeira tentação, o diabo
tenta convencer Jesus a tirar vantagem da sua condição divina “Olha, deixa
de ser bobo e use o seu poder divino transformando essas pedras em pães
para saciar a sua fome”. Usar o poder que algum cargo nos confere, na vida
pública, na vida profissional e até mesmo na comunidade, para beneficiar-se
a si próprio, como Jesus, teremos de saber resistir a essa tentação que é
muito forte, pois se ele tivesse caído na lábia do tentador, não seria
realmente um homem, mas teria apenas a aparência humana e seu sofrimento
seria uma grande farsa.
Na segunda tentação está outro
grande perigo: ter poder para dominar a tudo e a todos, ser influente e
importante e fazer com que as pessoas venham todas “comer na palma da nossa
mão”, como costuma se dizer para mostrar a nossa superioridade. Ser o dono
da vida das pessoas, mandar e desmandar, o diabo ofereceu todos os reinos
do mundo a Jesus, isso significa dizer que toda a humanidade estaria
submetida a ele, e nesse caso o seu reino seria imposto e os homens não
teriam escolha, seria obrigados a aceitá-lo. Prostrando-se aos pés do
diabo, Jesus estaria aceitando fazer o seu “jogo”, usando o seu método
diabólico. Contrariando a proposta sedutora do diabo, Jesus irá prostrar-se
não a seus pés, mas aos pés dos discípulos, colocando em lugar do Poder o
Servir. Precisamos tomar muito cuidado para que na comunidade não sejamos
surpreendidos cedendo a esta tentação.
E finalmente a terceira
tentação: exigir de Deus uma prova do seu amor para conosco isso é,
“poderei me jogar do vigésimo andar de um prédio, que nada irá me acontecer
porque Deus não irá permitir”, foi esse verbo que o apóstolo Pedro
empregou, quando tentou convencer Jesus a fugir do seu destino – Deus não
permita tal coisa, Senhor. Isso é tentar a Deus e colocá-lo á prova! Nos
momentos mais difíceis de sua vida Jesus nunca duvidou do amor do Pai, nem
mesmo quando estava na cruz do calvário, experimentando o fracasso aos
olhos dos seus aos quais tanto amou.
As tentações de Jesus resumem
bem, todas as tentações que enfrentamos nessa vida, sendo ocasiões
oportunas para provar a nossa fidelidade ao projeto de Deus e a nossa
capacidade de usarmos com sabedoria a liberdade que o próprio Deus nos
concedeu. É assim que devemos buscá-lo nesta quaresma, através do jejum, da
oração e da esmola, que nos ajudará no processo de conversão aproveitando
ao máximo todos os momentos que a vida nos oferece, porque como vimos na
liturgia da quarta feira de cinzas, este é o tempo favorável em que o
Senhor se deixa encontrar. Importante também lembrar que as tentações
evoluem, quanto mais resistência e força tivermos, mais forte ela irá
voltar, o diabo sempre acha que no segundo embate ele levará vantagem.
O texto afirma que o tentador
deixou Jesus para voltar em outro tempo, que viria a ser na cruz do
calvário onde se consolidou a vitória da Cruz, sinal da Fidelidade de Jesus
ao Pai. Portanto, não descuidemos da retaguarda!
2. O filho de Deus
obediente à vontade do Pai
A cena das tentações está
intimamente vinculada à cena do batismo e à genealogia de Jesus: é como
Filho de Deus que Jesus é tentado (cf. Lc 4,3.9). Israel, depois de ter
sido escolhido pelo Senhor como seu filho (Ex 4,22), foi conduzido pelo
deserto, através de uma coluna de fogo (cf. Is 63,11.14), para ser tentado
durante quarenta anos. A tipologia subjacente ao relato das tentações de
Jesus é a do Êxodo.
As três cenas das tentações
descrevem Jesus como Filho de Deus, obediente à vontade do Pai. Por essa
razão, ele não cede à sedução de usar seus poderes ou sua autoridade de
Filho para uma finalidade distinta da que é a sua missão. A tentação é a de
utilizar a sua condição de Filho de Deus em benefício próprio. As três
cenas fazem alusão às tentações do povo de Israel ao longo da travessia
pelo deserto. O relato não visa nos fazer compreender que as tentações
aconteceram num único momento da vida de Jesus; ele só pode ser lido e
compreendido no conjunto do evangelho, pois as tentações acompanharam Jesus
ao longo de toda a sua vida terrena.
Como Moisés, que antes de
escrever as palavras da aliança jejua, assim também Jesus, antes de começar
o seu ministério público. Depois de dias de jejum, a fome não aparece como
uma tentação surpreendente. Ainda que o pão seja necessário para a vida, a
vida do ser humano não se reduz aos seus bens, nem se resolve com um passe
de mágica. A segunda tentação é a da ambição da realeza humana, que Jesus
rejeita. Depois da multiplicação dos pães, querem fazer Jesus rei:
"Jesus, porém, sabendo que viriam buscá-lo para fazê-lo rei,
retirou-se, de novo, sozinho, para o monte" (Jo 6,15; Mc 8,31-33; Mt
27,42-43). Na cruz zombavam dele e gritavam: "Rei de Israel que é,
desça agora da cruz e creremos nele!" (Mt 27,42).
A terceira tentação é a de
realizar um sinal espetacular para ser crido e reconhecido. Em Jo 6,30s,
temos uma questão do mesmo tipo: "Que sinal realizas para que vejamos
e creiamos em ti?" A tentação de se fazer valer aos olhos dos homens e
de buscar a sua própria glória é algo presente em toda a vida de Jesus. No
entanto, a pedagogia de Jesus é de outra sorte para conduzir as pessoas à
fé nele. A fidelidade de Jesus ao Pai, a clareza da vontade de Deus para a
sua vida, a convicção de sua missão, a força do Espírito Santo recebida no
batismo, permitem a Jesus não sucumbir nem cair no poder da tentação.
Oração
Espírito de fortaleza, permanece sempre comigo, nas horas da tentação, para
que, como Jesus, eu seja firme em superá-las.
3. VENCENDO AS TENTAÇÕES
Os evangelhos não escamoteiam
o fato da tentação na vida de Jesus. Se, por um lado, ao ser tentado, a
humanidade do Messias fica patente, uma vez que todo ser humano é passível
de tentação, por outro lado, a tentação evidencia a sua santidade.
Ao encarnar-se, Jesus assumiu
plenamente a condição humana, sem exigir privilégios por ser Filho de Deus.
Sendo assim, esteve sujeito a toda sorte de provações, como: abandonar o
itinerário traçado pelo Pai para escolher um projeto de vida baseado no
orgulho e na vanglória; usar mal o poder recebido do Pai, e realizar
milagres para fazer-se reconhecido pelo povo. Foi tentado a desviar-se da
cruz, e escolher o caminho fácil do pacto com as potências mundanas, a fim
de realizar sua missão. Foi tentado a buscar fama e admiração, por meio de
feitos espetaculares.
A santidade de Jesus revela-se
na capacidade de vencer toda sorte de tentação, sem abrir mão do projeto do
Pai, embora, devendo sofrer as conseqüências da ousadia de ser fiel.
A cruz será a suprema provação de Jesus. Não lhe faltará o desejo de ser
poupado dela. Nem estará imune do pavor gerado por esta cruel
circunstância. Todavia, ao superá-la, estará provado, mais do que nunca,
ser ele o Filho de Deus, santo e fiel.
Oração
Espírito de fortaleza, permanece sempre comigo, nas horas da tentação, para
que, como Jesus, eu seja firme em superá-las.
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