Liturgia da Segunda Feira — 25.02.2013
II
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA DA II SEMANA)
Antífona da entrada: Tende compaixão de mim, ó Deus, e libertai-me! Meus pés
estão firmes no caminho reto, nas assembléias bendirei ao Senhor (Sl 25,11s).
Leitura (Daniel 9,4-10)
Leitura da profecia de Daniel.
9 4 "Supliquei ao Senhor,
meu Deus, e fiz-lhe minha confissão nestes termos: Ah! Senhor, Deus grande e
temível, que sois fiel à aliança e que conservais vossa misericórdia àqueles
que vos amam e guardam vossos mandamentos:
5 nós pecamos, prevaricamos, cometemos maldade, fomos recalcitrantes, desviamo-nos de vossos mandamentos e de vossas leis. 6 Não escutamos vossos servos, os profetas, que falaram em vosso nome a nossos reis, a nossos chefes, a nossos antepassados e a todo o povo da terra. 7 A vós, Senhor, a justiça, e para nós a vergonha, como hoje acontece ao povo de Judá e de Jerusalém, a todo o Israel, àqueles que estão perto e àqueles que estão longe, em todos os países aonde os haveis dispersado por causa das iniqüidades que cometeram contra vós. 8 Sim, Senhor, para nós a vergonha, para nosso rei, nossos chefes e nossos antepassados, porque pecamos contra vós. 9 Ao Senhor, nosso Deus, as misericórdias e o perdão, porque nós nos rebelamos contra ele. 10 Recusamos ouvir a voz do Senhor, nosso Deus; não seguimos as leis que ele nos oferecia pela boca de seus servos, os profetas".
Salmo responsorial 78/79
O Senhor não nos trata como
exigem nossas faltas.
Não lembreis as nossas culpas do
passado,
mas venha logo sobre nós vossa bondade, pois estamos humilhados em extremo.
Ajudai-nos, nosso Deus e
salvador!
Por vosso nome vossa glória, libertai-nos! Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
Até vós chegue o gemido dos
cativos:
libertai com vosso braço poderoso os que foram condenados a morrer! Quando a nós, vosso rebanho e vosso povo, celebraremos vosso nome para sempre, de geração em geração vos louvaremos.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai, que é amor!
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68). Evangelho (Lucas 6,36-38)
Naquele tempo, 6 36 disse
Jesus aos seus discípulos: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai
é misericordioso.
37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; 38 dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também".
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. Nossa medida com os
outros...
Um lugar onde podemos ver e
comprovar como nós não somos Misericordiosos como o Pai, é no trânsito. Não
adianta fingir que não é com a gente, todos somos assim, olhamos para os
outros condutores de veículos com extremo rigorismo, mas quando nos olhamos
ao volante, sempre amenizamos ao máximo nossas falhas. Sempre vamos ter
razões de sobra para justificar o nosso erro, cometido em uma ultrapassagem
perigosa, em um excesso de velocidade, em uma fechada que demos no outro, ou
em qualquer norma de segurança que quebramos, nós temos necessidade e
justificativa para falar ao celular no volante, mas se flagramos o outro,
dirigindo desatentamente por estar falando ao celular, rapidamente o
condenamos.
O trânsito é só um exemplo bem
concreto de que, a nossa medida com o próximo é bem pequena e miserável. O
que nos falta é exatamente aquilo que em Deus é sempre abundantes eterna: a
Misericórdia! Mas esse comportamento anticristão não é só pessoal, mas tudo e
todos que nos rodeiam na Família e na comunidade, amenizamos os erros e
pecados, abrandamos o impacto da ação ou do escândalo, se o fato ocorreu com
um filho ou filha, ou um irmão da nossa igreja, mas se for com o Filho ou a
Filha do outro, que não é parente e nem membro do nosso grupo da Igreja, ah
meu irmão, olhamos com uma lupa de aumento e apregoamos aos quatro cantos o
pecado escabroso que tal pessoa cometeu.
Misericórdia é acolher o outro
em nosso coração, e o Judeu tem um significado ainda mais bonito, é acolher o
outro em nosso útero, para dar-lhe uma vida nova com o nosso amor, é também
sermos solidários com a miséria do outro, caminhar junto, sorrir e chorar
junto e foi essa misericórdia do PAI , que Jesus manifestou por todos nós.
Não julgar, não condenar,
perdoar, dar e acolher, são palavras chaves do evangelho, colocadas como
prática cristã em nossa relação com o próximo no dia a dia. E o próximo são
todas aquelas pessoas que passam por nós na rua, no Banco, na Feira Livre, no
ônibus, na escola, no trabalho, na política, no futebol, na torcida. Na
comunidade somos capazes de disfarçar a nossa raiva, impaciência e
intolerância com o outro, mas fora da Igreja somos quem somos, e é exatamente
nesses lugares e ambientes que nos relacionamos com as pessoas.
O evangelho traz uma exortação
final muito séria, se a nossa medida com o próximo ( com todas as pessoas com
quem cruzamos em nosso dia a dia, não é só com o irmãozinho da comunidade...)
não for larga, cheia e generosa, Deus também nos olhará com rigorismo e não
vamos poder contar com a sua bondade e misericórdia sem limites. Isso porque
estamos deturpando a imagem, de Deus para o irmão.
E fica aqui, no final da
reflexão uma boa pergunta: as pessoas com quem convivemos, acreditam
2. Ser misericordioso
como Deus
Nosso texto é parte do
"sermão da planície" (Lc 6,17-49). A perícope é a sequência do
trecho dominado pelo imperativo do amor aos inimigos (vv. 27-35). O v. 36 é,
ao mesmo tempo, afirmação de que Deus é misericordioso e convite a deixar-se
configurar por este Deus; também corresponde a Mateus 5,48: "Sede
perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito".
A perfeição, como dissemos
antes, está centrada no amor. Essa configuração da vida a Deus encontra sua
expressão no amor aos inimigos (vv. 27.35). Os versículos 37 e 38 ilustram
como o amor aos inimigos pode ser vivido concretamente, em conformidade com a
misericórdia de Deus: ele que ama a todos indistintamente. Trata-se de não
julgar (v. 37a), de não condenar (v. 37b), de perdoar (v. 37c) e de dar (v.
38a). É preciso ser generoso, pois quem ama é movido pela generosidade.
A recompensa de quem ama é o próprio
amor. Dito de outro modo, nossa recompensa é Deus, que é amor (cf. 1Jo 4,16).
ORAÇÃO
Pai, dispõe meu coração para o perdão, pois este é o caminho pelo qual estabeleço minha comunhão contigo.
3. O AGIR CRISTÃO
O cristão tem consciência de que
suas ações superam os limites das relações humanas, para desembocar no Pai.
Por isso, todo gesto humano, sem exceção, tem algo a ver com Deus: deve
inspirar-se nele, de quem receberá o prêmio ou o castigo.
O eixo fundamental da vida
cristã deve ser a misericórdia. O motivo é simples: a misericórdia é o eixo
fundamental do agir do Pai. E, pela misericórdia, o cristão reproduz um modo
de ser característico de Deus.
Jesus indicou-nos algumas
maneiras de expressar a misericórdia: não nos tornar juízes do próximo, e por
conseguinte, abster-nos de condená-lo; perdoar sempre, e sermos capazes de doar
nossos bens, com generosidade. A misericórdia, portanto, consiste em
colocar-se diante do próximo com a humildade de quem se sabe servidor, e com
a consciência de não ter o direito de julgá-lo e condená-lo. Isto compete ao
Pai. A pessoa misericordiosa está sempre disposta a reatar, mediante o
perdão, os laços rompidos pela inimizade.
A contrapartida da misericórdia
humana é a misericórdia divina. O Pai não julga nem condena a quem foi capaz
de ser misericordioso. Perdoa a quem foi capaz de perdoar. E a quem soube
doar, dá com superabundância.
O cristão não pode perder de
vista esta dimensão de seu agir. A falta de misericórdia resultará fatal, no
momento de seu encontro com o Pai.
Oração
Espírito de misericórdia, reveste todas as minhas ações com a misericórdia, característica do Pai, levando-me a ser, para o meu próximo, a revelação da bondade divina. |
Liturgia da
Terça-Feira
II
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Iluminai meus olhos, Senhor, guardai-me do sono da
morte. Que meu inimigo não possa dizer: triunfei sobre ele (Sl 12,4s).
Leitura (Isaías
1,10.16-20)
Leitura do livro do profeta Isaías.
1 10 Ouvi a palavra do Senhor,
príncipes de Sodoma; escuta a lição de nosso Deus, povo de Gomorra:
16 lavai-vos, purificai-vos. Tirai vossas más ações de diante de meus olhos. 17 Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido; fazei justiça ao órfão, defendei a viúva. 18 Pois bem, justifiquemo-nos, diz o Senhor. Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã! 19 Se fordes dóceis e obedientes, provareis os melhores frutos da terra; 20 se recusardes e vos revoltardes, provareis a espada. É a boca do Senhor que o declara.
Salmo responsorial 49/50
A todos que procedem retamente
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
"Eu não venho censurar teus
sacrifícios,
pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
Como ousas repetir os meus
preceitos
e trazer minha aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios!
Diante disso que fizeste, eu
calarei?
Acaso pensar que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo, e manifesto essas coisas aos teus olhos.
Quem me oferece um sacrifício de
louvor,
este, sim, é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus."
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai,
a plena verdade nos comunicai!
Lançai para bem longe toda a vossa iniqüidade! Criai em vós um novo espírito e um novo coração! (Ez 18,31). EVANGELHO (Mateus 23,1-12)
Naquele tempo, 23 1
dirigindo-se, então, Jesus à multidão e aos seus discípulos, disse:
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO2 "Os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés. 3 Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem. 4 Atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com o dedo. 5 Fazem todas as suas ações para serem vistos pelos homens, por isso trazem largas faixas e longas franjas nos seus mantos. 6 Gostam dos primeiros lugares nos banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas. 7 Gostam de ser saudados nas praças públicas e de ser chamados rabi pelos homens. 8 Mas vós não vos façais chamar rabi, porque um só é o vosso preceptor, e vós sois todos irmãos. 9 E a ninguém chameis de pai sobre a terra, porque um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10 Nem vos façais chamar de mestres, porque só tendes um Mestre, o Cristo. 11 O maior dentre vós será vosso servo. 12 Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado".
Já vi muitas discussões inúteis
sobre a questão do uso da cadeira chamada presidencial, utilizada nas
celebrações, e que só podem ser ocupadas pelos Ministros Ordenados. Em
primeiro lugar precisamos saber o que significa a tal cadeira do Padre,
embora se pareça com um trono, pois o layout dos nossos presbitérios lembram
uma reunião da corte, onde havia a cadeira do trono ladeada por outras
cadeiras, reservadas aos ministros do primeiro escalão, ou seja, aqueles que,
de certa forma "mandavam" junto com o rei.
Embora não seja a nossa
realidade atual, a verdade é que as cadeiras aveludadas e de grande tamanho,
colocadas no centro do presbitério, enchem a cabeça de muitos leigos de
grandes fantasias, onde o ego se enche de soberba e a pessoa começa a se
achar muito importante porque no exercício do seu ministério ocupa uma das
cadeiras durante a Santa Missa ou a Celebração da palavra, e se for Ministro
da Palavra, irá sentar-se na cadeira do padre e daí a sede de poder é ainda
mais forte. Não é qualquer um que pode sentar-se na cadeira do padre e nas
igrejas das grandes metrópoles a concorrência é ainda muito maior...
Claro que não é disso que fala a
reflexão do evangelho, mas poderíamos usar a expressão "Sentar-se na
cadeira do padre", para entender a crítica de Jesus contra os Escribas e
Fariseus naquele tempo...
Sentar-se na cadeira de Moisés
(expressão colocada pelo evangelista) ou sentar-se na cadeira do padre,
significa ser os Donos da Verdade e os detentores de todas as informações
importantes da comunidade. É fácil saber se isso está acontecendo na sua
comunidade, se lá você tem ouvido muito essa expressão "Pergunte para
FULANO porque isso é só ele quem sabe", pronto! A comunidade é igualzinha
a de Mateus, tem gente que sabe ou pensa saber demais, e sem eles nenhuma
decisão poderá ser tomada. Eis aí aqueles sobre os quais os corneteiros de
plantão dizem jocosamente "Este quer mandar mais que o padre".
Os que sentam-se na cadeira do
padre, criam regras e mil norminhas na pastoral, no movimento e na liturgia,
quando "apertados" por alguém que os enfrentam, terminam com a
conhecida frase "Ah... são ordens do nosso padre.... Isso é colocar
fardos pesados nas costas dos irmãos e irmãs.
Claro que estes, que gostam de
sentarem-se na cadeira do padre, automaticamente procuram os primeiros
lugares em tudo, na Festa do Padroeiro, equipe de eventos,
conselhos paroquiais ou pastorais, CAAE etc. Qualquer decisão para ser tomada
tem que passar pelo crivo deles, conheci alguém que exercia um ministério há
muitos anos e ninguém tinha coragem de tirá-lo do cargo, nem o padre que
achava melhor não criar caso com o idoso Senhor, que entre outras coisas ela
quem escalava os ministros da Eucaristia, e ainda indicava para o padre quem
poderia ser ministro.
São críticas severas para nossas
comunidades? Sem dúvida alguma. Nas comunidades cristãs há muita riqueza e
santidade autêntica de tantos irmãos e irmãs, mas não podemos nos iludir
achando que Escribas e Fariseus só havia no tempo de Jesus, ou
E o que faz esse Mestre Supremo
? Rebaixou-se á condição de um escravo, sendo ele o maior de todos os
maiorais, se fez Servo e ao se humilhar com a morte vergonhosa da cruz, foi
exaltado pelo Pai. O Lava-Pés consolida a ação servidora de Jesus.
2. Hiprocisia religiosa
Todo o discurso de Jesus no
capítulo 23 é uma dura crítica aos escribas e fariseus. O comportamento dos
escribas e fariseus é objeto da crítica de Jesus, pois revela a hipocrisia
deles: "... eles falam e não praticam". A hipocrisia é
representação, encenação, distorção entre dizer e fazer, ser e parecer ser,
entre o interior e o exterior.
A hipocrisia religiosa faz com
que, ao invés de estarem inteiramente a serviço da Palavra de Deus (ver: Dt
18,19-22), busquem os seus próprios interesses e gozem do prestígio da pura
aparência: "Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos
outros"; "Gostam do lugar de honra nos banquetes. e de serem
chamados de 'rabi'".
A hipocrisia faz pesar sobre os
ombros dos outros uma interpretação equivocada da Lei, desprovida da
misericórdia de Deus, que está na origem do povo de Deus. O comportamento
requerido da comunidade cristã é totalmente outro: a vida cristã deve ser um
serviço.
Ao discípulo cabe escolher o
egoísmo (exaltar-se) ou o serviço (humilhar-se).
ORAÇÃO
Pai, reveste-me de humildade e simplicidade, para que eu seja disponível para servir o meu próximo, na mais pura gratuidade.
A sensibilidade de Jesus para a
falta de misericórdia, no trato mútuo, era evidente. A menor atitude de
menosprezo ou insensibilidade, em relação ao próximo, chamava-lhe a atenção.
Por isso, aproveitava estas ocasiões para advertir os discípulos.
Os escribas e fariseus estavam,
constantemente, na mira de Jesus. Eles tinham certos comportamentos com os
quais o Mestre não podia compactuar, por não serem movidos pela misericórdia.
Assim, impunham, às pessoas de boa-fé, um acúmulo de prescrições, ao passo
que eles mesmos não se sentiam obrigados a cumpri-las. Igualmente, com ar de
importância, exigiam que as pessoas lhes deixassem os primeiros lugares nos
banquetes, nas sinagogas e nas praças, e que as chamassem com o título
honroso de "rabi". E muitas coisas mais! Toda essa maneira de se
comportar é que os discípulos deveriam evitar. O Mestre foi explícito:
"Não imiteis suas ações!", pois não primam pela misericórdia.
O discípulo espelha-se no modo
de agir de Jesus. Contrariamente aos escribas e fariseus, o Mestre não se
prevaleceu dos pequenos e fracos, antes, procurou agir com extrema humildade
e discrição, jamais buscando grandezas e honrarias mundanas. Seu agir
misericordioso desmascarava a arrogância de seus adversários.
Oração
Espírito de misericórdia, livra-me de seguir o mau exemplo de quem, no trato com o próximo, prima pela arrogância e pela insensibilidade. |
Liturgia da
Quarta-Feira
II
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Não me abandone jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis
longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação (Sl
37,22s).
Leitura (Jeremias
18,18-20)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
18 18 "Vinde, disseram
então, e tramemos uma conspiração contra Jeremias! Por falta de um sacerdote
não perecerá a lei, nem pela falta de um sábio, o conselho, ou pela falta de
um profeta, a palavra divina. Vinde e firamo-lo com a língua, não lhe demos
ouvidos às palavras!"
19 Senhor, ouvi-me! Escutai o que dizem meus inimigos. 20 É assim que pagam o bem com o mal? Abrem uma cova para atentar-me contra a vida. Lembrai-vos de que ante vós me apresentei a fim de por eles interceder e deles afastar a vossa cólera.
Salmo responsorial 30/31
Salvai-me pela vossa compaixão,
ó Senhor Deus!
Retirai-me desta rede
traiçoeira,
porque sois o meu refúgio protetor! Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
Ao redor, todas as coisas me
apavoram;
ouço muitos cochichando contra mim; todos juntos se reúnem, conspirando e pensando como vão tirar-me a vida.
A vós, porém, ó meu Senhor, eu
me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor!
Aclamação do Evangelho
Salve, Cristo, luz da vida,
companheiro na partilha!
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12). Evangelho (Mateus 20,17-28)
Naquele tempo, 20 17 subindo
para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes:
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO18 "Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. 19 E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará". 20 Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica. 20 21 Perguntou-lhe ele: "Que queres?" Ela respondeu: "Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda". 22 Jesus disse: "Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?" "Sim", disseram-lhe. 23 "De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou". 24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: "Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. 26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. 27 E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. 28 Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão".
1. Disputas por cargos
influentes...
Os evangelhos são escritos
produzidos muito tempo depois da morte de Jesus e não são portanto escritos
sequenciais do tipo relatório fiel dos fatos e de tudo o que Jesus falou. O
evangelho de hoje mostra muito bem isso.
A Mãe de Tiago e João vai falar
com Jesus em um momento bastante impróprio (não se ela era muito influente
junto a Jesus, ou se o evangelista, para não ficar feio para os dois irmãos
“pidonhos”, inventou que a conversa foi com a Mãe. Veja bem...
Dá-se a impressão de que Jesus
está ali falando com os doze sobre o trágico desfecho de sua vida e a mulher
chega para fazer o pedido especial: um cargo de confiança no primeiro escalão
do novo Reino. Se fosse assim, os demais discípulos iam olhar para ela e
balançar a cabeça
Mas tratando-se de um escrito
pós-pascal, como são todos os evangelhos, percebe-se que é um ensinamento. O
pedido da Mãe dos dois rapazes sonhadores contrasta totalmente com a missão
de Jesus e o modo como ele vai realizar a obra da Salvação, plantando
definitivamente o Reino de Deus em meio aos homens, e que tem como fundamento
o Amor do serviço e da doação da própria vida. Portanto, cargos de confiança
ou de honra estão fora de cogitação.
Quando se lê que os outros dez
se indignaram contra os dois, ninguém se iluda, achando que eles conheciam a
verdade. Não! De modo algum... Mas é que perceberam que os dois irmãos
espertos estavam querendo passar-lhe a perna.
Esse é contexto das comunidades
de Mateus setenta a oitenta anos após a morte de Jesus, e podemos dizer, sem
medo de errar, que é também o contexto das nossas comunidades cristãs
implicando todos os ministérios, ordenados e não ordenados, pastorais e
movimentos, onde há sim certas disputas acirradas por cargos influentes.
Jesus corrige-nos sobre esse mal
entendido, essa interpretação equivocada sobre o Reino que Ele inaugurou, e
sobre a Vida em Comunidade, ontem e hoje: Quem quiser ser grande, seja o
servo de todos, e quem quiser o primeiro, se faça escravo de todos. Jesus não
extingue os cargos e coordenações para os quais são necessários carismas e
dons que o próprio Espírito concede, mas afirma que eles devem e precisam
sempre ser exercidos como Serviço, gratuito e incondicional...
Em nossas comunidades há sim,
pessoas generosas que dão testemunho e agem com esse espírito de serviço
humilde, mas há também aqueles que têm a mesma conduta reprovável dos
discípulos, naquele momento da reflexão de São Mateus. Pelos primeiros,
louvemos a Deus, pelos demais, que não nos falte a misericórdia...
2. Solicitação de um
privilégio
É o terceiro anúncio da paixão
no evangelho segundo Mateus. Já o dissemos: o anúncio da paixão, morte e ressurreição
de Jesus é uma prolepse que interessa, sobretudo, ao ouvinte ou leitor do
evangelho.
A mãe dos filhos de Zebedeu,
juntamente com seus dois filhos, entra em cena para pedir um favor que, na
verdade, é a solicitação de um privilégio: "Manda que estes meus dois
filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua
esquerda". O pedido dela é fruto da incompreensão.
A verdadeira recompensa está em
participar da vida de Jesus e de sua paixão, pois "ao discípulo basta
ser como o Mestre" (Mt 10,25), que "não veio para ser servido, mas
para servir e dar a vida em resgate de muitos".
ORAÇÃO
Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.
3. DUAS ATITUDES
CONTRASTANTES
É fácil perceber o contraste
entre as duas atitudes apresentadas no Evangelho. Fica, em aberto, a questão:
com qual delas mais nos identificamos?
A primeira atitude é a de Jesus,
o Filho do Homem, cuja vida está a ponto de ser entregue, como sinal de seu
total desprendimento e de sua absoluta fidelidade à vontade do Pai.
Caminhando para a morte, tem consciência de não ter dado espaço ao egoísmo,
em seu coração. Sua existência definiu-se como serviço generoso aos que
viviam oprimidos pelo pecado e precisavam libertar-se.
Contrastando com Jesus, está a
atitude dos filhos de Zebedeu. Ambiciosos, querem garantir um lugar de
destaque no reino messiânico, que está para ser instaurado, e assim, receber
honrarias e serem servidos. Têm apenas ideais de grandeza, postos a serviço
do próprio egoísmo. Não lhes interessa o bem que poderão fazer, e sim, os
benefícios dos quais irão usufruir. Não lhes passa pela cabeça
sacrificarem-se pelos outros, mas exigir que os demais se sacrifiquem por
eles.
O cristão, tem diante de si,
estas duas possibilidades. A fidelidade à sua vocação cristã dependerá da capacidade
de optar pela atitude de Jesus. Embora devendo passar pela cruz, esta é a
atitude que corresponde à vontade de Deus.
Oração
Espírito de desprendimento, não me deixes cair na tentação de buscar as honras deste mundo. E concede-me força para eu seguir sempre as pegadas de Jesus, o qual veio para servir. |
Liturgia da
Quinta-Feira
II
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Provai-me, ó Deus, e conhecei meus pensamentos: vede se
ando pela vereda do mal e conduzi-me no caminho da eternidade (Sl 138,23s).
Leitura (Jeremias
17,5-10)
Leitura do livro do profeta Jeremais.
17 5 Eis o que diz o Senhor:
"Maldito o homem que confia em outro homem, que da carne faz o seu apoio
e cujo coração vive distante do Senhor!
6 Assemelha-se ao cardo da charneca e nem percebe a chegada do bom tempo, habitando o solo calcinado do deserto, terra salobra em que ninguém reside. 7 Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. 8 Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá, e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos. 9 Nada mais ardiloso e irremediavelmente mau que o coração. Quem o poderá compreender? 10 Eu, porém, que sou o Senhor, sondo os corações e escruto os rins, a fim de recompensar a cada um segundo o seu comportamento e os frutos de suas ações".
Salmo responsorial 1
É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma
árvore
que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos
perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva á morte.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai que é amor!
Felizes os que observam a palavra do Senhor, de reto coração; e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15) EVANGELHO (Lucas 16,19-31)
Naquele tempo, disse Jesus aos
fariseus: 16 19 "Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho
finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO20 Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. 21 Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Até os cães iam lamber-lhe as chagas. 22 Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. 23 E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. 24 Gritou, então: 'Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas'. 25 Abraão, porém, replicou: 'Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. 26 Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá'. 27 O rico disse: 'Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, 28 para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos'. 29 Abraão respondeu: 'Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos!' 30 O rico replicou: 'Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão'. 31 Abraão respondeu-lhe: 'Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos'".
1. Ser! Mais importante
que Ter!
Não se pode ler esse evangelho
sob a ótica de alguma ideologia humana, pois se corre o risco de interpretar
que os ricos vão para o inferno e os pobres para o céu. O evangelista, ao
refletir com as suas comunidades não estava nenhum pouco preocupado com a
questão social, mas sim com algo que é muito mais importante: a abertura que
damos a Deus, a sua palavra, a sua Salvação e á sua Graça Santificante.
O pobre Lázaro não têm muitos
méritos para ir ao céu, aqui chamado de seio de Abraão, é um homem
extremamente carente e que vive de esmolas, não fala que ele era bom, juto,
amável, que frequentava comunidade. O Rico, que nem nome tem, curte a sua
riqueza esbanjando seus bens, regalando-se com banquetes todos os dias. O
evangelho nem menciona que o rico passava indiferente pelo esmoleiro chamado
Lázaro. Talvez isso até ocorresse, já que Lázaro esmolava no portão da
entrada do Palácio do Rico.
Parece que o pobre entrou nesse
evangelho como “âncora”, para que o evangelista possa falar do pecado do
rico, que, confiando unicamente em sua riqueza, apostou nela todas as suas
fichas e nunca sentiu necessidade de se abrir á Deus e a tudo o que ele nos
oferece. Só na outra vida é que “caiu a ficha”, pois descobre (tarde demais,
diga-se de passagem) que há algo mais importante do que a riqueza: a Salvação
que vem unicamente pela Graça, sua sede terrível mostra que ele não a tinha e
imagina ingenuamente que poderá tê-la,e que um “pouquinho” já será
suficiente. O tal que se banqueteava na fartura, agora se contenta com uma
minúscula gotinha de água da Salvação. Tarde demais...
O fato de não ter-se aberto á
Salvação ainda em vida, criou um abismo entre ele e Deus e consequentemente
com as pessoas, isolando-se em um terrível egocentrismo, o mesmo mal que hoje
em dia corroe a alma e o coração de muitos.
Quem se abre a Graça de Deus e a
sua Salvação, irá se relacionar com ele porque o descobrirá nos mais
carentes. Essa é a verdadeira religião, á que nos leva a Deus, passando antes
pelo próximo. O resto é a Religião da Mentira que leva a pessoa ao mesmo
lugar de tormento onde foi parar aquele Ricaço. Daí, qualquer arrependimento
será inútil, porque como dizia minha saudosa mãe “A Inês já é morta”.
O rico compreende que é a
obediência à Lei o meio de entrar no Reino de Deus, por isso ele pede que
Lázaro seja enviado aos irmãos dele para alertá-los. Mas Abraão insiste que
eles já têm os meios: Moisés e os Profetas, isto é, a Escritura. Se eles
rejeitam esse meio, rejeitarão também Lázaro ressuscitado dos mortos.
ORAÇÃO
Pai, não permitas que nada neste mundo me impeça de ver o sofrimento de meu próximo e fazer-me solidário com ele.
3. O EGOÍSMO PUNIDO
A visão estreita da pessoa
egoísta não lhe permite ir muito além do limitado círculo de seus interesses.
Vive fechada em seu pequeno mundo, cultivando seus projetos mesquinhos. O
sofrimento e as necessidades dos outros são, para ela, coisa sem nenhuma
importância. O "outro" não existe!
A desventura dos egoístas
consiste em não perceber que estão construindo sua própria condenação.
Recusar-se a viver em comunhão com o próximo revela uma recusa mais fundamental:
a de viver em comunhão com Deus. Idolatrando os bens deste mundo, acreditam
ser supérflua a presença de Deus em suas vidas. Na raiz da incapacidade de
fazer-se servidor, numa atitude de generosidade e desprendimento, está a
perigosa pretensão de ocupar o lugar reservado unicamente a Deus. Sua
auto-suficiência leva-os a prescindir do Criador, e a recusar-se a recorrer a
ele. Em suma, fecham as portas para a sua salvação.
Engana-se quem conta com uma
segunda possibilidade de alcançar a salvação. Quando o rico da parábola,
naquele lugar de tormento dá-se conta de sua insensatez, pretende que Deus
mande alguém para advertir seus cinco irmãos, a fim de que não tenham sorte
semelhante. Seu pedido, porém, não é aceito.
A história humana está repleta
de apelos ao amor e ao serviço. Basta um pouco de atenção e disponibilidade
para escolhermos este caminho exigente. Caso contrário, só nos restará um
castigo inadiável.
Oração
Espírito de inteligência, dá-me a graça de compreender que o caminho da salvação passa pelo amor desinteressado ao próximo. |
Liturgia da
Sexta-Feira
II
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Senhor, a vós recorro, que eu não seja confundido para
sempre. Vós me tirais do laço que me armaram, vós sois meu protetor (Sl
30,2.5).
Leitura (Gênesis
37,3-4.12-13.17-28)
Leitura do livro do Gênesis.
37 3 Israel amava José mais do
que todos os outros filhos, porque ele era o filho de sua velhice; e
mandara-lhe fazer uma túnica de várias cores.
4 Seus irmãos, vendo que seu pai o preferia a eles, conceberam ódio contra ele e não podiam mais tratá-lo com bons modos. 12 Os irmãos de José foram apascentar os rebanhos de seu pai em Siquém. 13 Israel disse a José: "Teus irmãos guardam os rebanhos 17 E o homem respondeu: "Partiram daqui e ouvi-os dizer: Vamos a Dotain." Partiu então José em busca dos seus irmãos e encontrou-os em Dotain. 18 Eles o viram de longe. Antes que José se aproximasse, combinaram entre si como o haveriam de matar; 19 e disseram: "Eis o sonhador que chega. 20 Vamos, matemo-lo e atiremo-lo numa cisterna; diremos depois que uma fera o devorou; e então veremos de que lhe aproveitaram os seus sonhos." 21 Ouvindo-o, porém, Rubem, quis livrá-lo de suas mãos: "Não lhe tiremos a vida, disse ele. 22 Não derrameis sangue. Jogai-o naquela cisterna, no deserto, mas não levanteis vossa mão contra ele." Pois Rubem pensava livrá-lo de suas mãos para o reconduzir ao pai. 23 Quando José se aproximou de seus irmãos, eles o despojaram de sua túnica, daquela bela túnica de várias cores que trazia, 24 e jogaram-no numa cisterna velha, que não tinha água. 25 E, sentando-se para comer, eis que, levantando os olhos, viram surgir no horizonte uma caravana de ismaelitas vinda de Galaad. Seus camelos estavam carregados de resina, de bálsamo e de ládano, que transportavam para o Egito. 26 Então Judá disse aos seus irmãos: "Que nos aproveita matar nosso irmão e ocultar o seu sangue? 27 Vinde e vendamo-lo aos ismaelitas. Não levantemos nossas mãos contra ele, pois, afinal, é nosso irmão, nossa carne." Seus irmãos concordaram. 28 E, quando passaram os negociantes madianitas, tiraram José da cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egito.
Salmo responsorial
104/105
Lembrai sempre as maravilhas do
Senhor!
Mandou vir, então, a fome sobre
a terra
e os privou de todo pão que os sustentava; um homem enviara à sua frente, José, que foi vendido como escravo.
Apertaram os seus pés entre
grilhões
e amarraram seu pescoço com correntes, até que se cumprisse o que previra, e a palavra do Senhor lhe deu razão.
Ordenou, então, o rei que o
libertassem,
o soberano das nações mandou soltá-lo; fez dele o senhor de sua casa, e de todos os seus bens o despenseiro.
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois
o ungido de Deus Pai!
Deus o mundo tanto amou, que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que nele crer encontre vida eterna (Jo 3,16). EVANGELHO (Mateus 21,33-43.45-46)
Naquele tempo, dirigindo-se
Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, disse-lhes: 21 33
"Ouvi outra parábola: havia um pai de família que plantou uma vinha.
Cercou-a com uma sebe, cavou um lagar e edificou uma torre. E, tendo-a arrendado
a lavradores, deixou o país.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO34 Vindo o tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para recolher o produto de sua vinha. 35 Mas os lavradores agarraram os servos, feriram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. 36 Enviou outros servos em maior número que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo. 37 Enfim, enviou seu próprio filho, dizendo: 'Hão de respeitar meu filho'. 38 Os lavradores, porém, vendo o filho, disseram uns aos outros: 'Eis o herdeiro! Matemo-lo e teremos a sua herança!' 39 Lançaram-lhe as mãos, conduziram-no para fora da vinha e o assassinaram. 40 Pois bem: quando voltar o senhor da vinha, que fará ele àqueles lavradores?" 41 Responderam-lhe: "Mandará matar sem piedade aqueles miseráveis e arrendará sua vinha a outros lavradores que lhe pagarão o produto em seu tempo". 42 Jesus acrescentou: "Nunca lestes nas Escrituras: 'A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor, e é admirável aos nossos olhos'? 43 Por isso vos digo: ser-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele". 45 Ouvindo isto, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que era deles que Jesus falava. 46 E procuravam prendê-lo; mas temeram o povo, que o tinha por um profeta.
1. Lendo nas
entrelinhas...
Nesta parábola escrita sob
alegorias, a reflexão se tornará muito mais rica se nos localizarmos em meio
a elas. É claro que facilmente compreendemos que se trata da rejeição a
Jesus, que na parábola é o Filho.
A ideia de que a vinha é o Reino
de Deus visível na cidade Santa de Jerusalém onde está o templo, nos ajuda na
reflexão mas é claro que não podemos parar nisso, senão seríamos meros
leitores, que vai se dar ao direito de condenar os Judeus e seus líderes
religiosos, que rejeitaram e mataram a Jesus, embora seja exatamente esse o
contexto histórico da parábola, que Mateus passa aos seus conterrâneos e
depois as comunidades do primeiro século do Cristianismo.
Agora, pensemos na nossa
comunidade, aquela que a gente frequenta, e que pode ser uma grande igreja
com uma imponente arquitetura, ou uma pequena comunidade de um Bairro
afastado. Não importa, é nela que cada um de nós batizado recebe a missão de
administra-la. Claro que na administração da vinha entram os dons, carismas e
ministérios, alguns com maior responsabilidade, mas todos importantes para
fazê-la frutificar.
A essas alturas o leitor irá
pensar, “se for assim está fácil, na minha comunidade ninguém matou profetas
ou rejeitou Jesus, espancando-o e o condenando a morte”. É temeroso pensar
assim...Vejam o argumento principal dos lavradores, ao verem o Filho enviado
pelo Pai, para buscar os frutos da Vinha “Ele é o Herdeiro, matemo-lo e
teremos a sua herança!”.
Querer ser os Donos do Reino, os
Donos da Comunidade, os donos dos Sacramentos, os donos da Salvação e da
Graça de Deus. Quantas pessoas buscam Jesus na pastoral, no movimento, nos
sacramentos da Igreja, e a gente não colabora para que essas pessoas
experimentem o Cristo na vida
E sempre o matamos fora da
Vinha, isso é, da Comunidade, quando falta coerência em nosso testemunho e
acabamos anunciando um Cristo morto, e a nossa vinha produz uvas azedas das
divisões, das intrigas, fofocas, disputas e concorrências sem fim. Juramos
que fazemos por causa de Cristo, mas na verdade é por causa de nós mesmos, do
nosso ego, do nosso prestígio e sucesso. Não nos iludamos com cargos e
funções ostentosas...Há pessoas na comunidade que em surdina, com muita
discrição, sem alardes, produzem e oferecem aos irmãos e irmãs, em quem veem
o Senhor, frutos doces e saborosos como nunca se viu.
De certa forma a Vinha foi nos
tirada e dada a esses que demonstram ser administradores eficazes. Descubram
quem são eles aí na sua comunidade e deixe de achar que só o seu fruto é bom,
quando na verdade ele é azedo e muitas vezes nem existe...
2. Um alerta para
produzir frutos
A parábola não é um retrato da
realidade, mas tem por finalidade ajudar a compreender o mistério de Deus, do
seu Reino e da vida humana. A vinha é símbolo do povo de Deus, povo que Deus
criou e cuida com amor (ver: Is 5,1-7). Há os que são escolhidos para cuidar
e proteger o povo, em nome do Senhor, mas o povo pertence a Deus.
A parábola de hoje denuncia, em
primeiro lugar, aqueles que querem se apossar da vinha (povo) que pertence a
Deus, ao invés de produzirem frutos. Em segundo lugar, ela nos faz
compreender que a morte de Jesus foi premeditada: "Este é o herdeiro.
Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança" (v. 38). A parábola não
termina com um juízo condenatório, mas é um alerta a viver em conformidade
com o dom de Deus e, por isso, produzir frutos.
ORAÇÃO
Pai, no teu imenso amor, jamais perdes a esperança de ver realizado o teu projeto de salvação. Que eu me deixe tocar por teus apelos e me converta sinceramente para ti.
3. DEUS NÃO SE DEIXA
VENCER
A história de Israel, que se
desenrolou como uma espécie de luta entre Deus e o povo eleito, é como que a
parábola de toda história humana. Enquanto Deus se empenha em salvar a
humanidade, esta insiste em caminhar para a condenação. Ele vai lhe
apresentando os meios necessários para que se salve, mas o ser humano
continua destruindo a obra divina. Deus confia na conversão do coração
humano; este, no entanto, frustra, continuamente, a confiança divina.
Apesar disto, o Pai mostra-se
sobremaneira paciente. O primeiro gesto de rebeldia do ser humano seria
suficiente para merecer a punição. Afinal, ele é quem tem uma dívida de
gratidão para com Deus. Criado com todo o carinho, fora-lhe dadas as
condições para viver em comunhão com o Criador e com os demais seres humanos.
Dele se esperava frutos de amor e de justiça. No entanto, seu coração
perverteu-se, levando-a a se rebelar contra Deus. Até mesmo Jesus, que
representa o gesto supremo da boa-vontade divina de salvar o ser humano,
acabou sendo crucificado.
Ao ressuscitar seu Filho, o Pai
estabeleceu-o como sinal de seu amor pela humanidade. Sempre que o ser humano
quiser voltar-se para Deus, pode contar com Jesus. Aquele que fora rejeitado
pelo ser humano, o Pai constituiu-o como "pedra angular" da
salvação.
Oração
Espírito de sensatez, não permitas jamais que eu me rebele contra o amor do Pai, que quer a minha salvação e espera de mim docilidade a seus apelos de conversão. |
Liturgia do Sábado
II
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: O Senhor é misericórdia e clemência, indulgente e cheio
de amor. O Senhor é bom para com todos, misericordioso para todas as suas
criaturas (Sl 144,8s).
Leitura (Miquéias
7,14-15.18-20)
Leitura da profecia de Miquéias.
7 14 Conduzi com o cajado o
vosso povo, o rebanho de vossa herança que se encontra espalhado pelas
brenhas, para o meio de vergéis; que ele paste como outrora em Basã e em
Galaad.
15 Como nos dias em que saístes do Egito, fazei-nos ver prodígios. 18 Qual é o Deus que, como vós, apaga a iniqüidade e perdoa o pecado do resto de seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a misericórdia? 19 Uma vez mais, tende piedade de nós! Esquecei as nossas faltas e jogai nossos pecados nas profundezas do mar! 20 Mostrai a vossa fidelidade para com Jacó, e vossa piedade para com Abraão, como jurastes a nossos pais desde os tempos antigos!
Salmo responsorial
102/103
O Senhor é indulgente e
favorável.
Bendize, ó minha alma, ao
Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
Não fica sempre repetindo as
suas queixas
nem guarda eternamente o seu rancor. Não nos trata como exigem nossas faltas nem nos pune em proporção às nossas culpas.
Quanto os céus por sobre a terra
se elevam,
tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes.
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai,
a plena verdade nos comunicai!
Vou voltar e encontrar o meu pai e direi: meu pai, eu pequei contra o céu e contra ti (Lc 15,18). Evangelho (Lucas 15,1-3.11-32)
15 1 Aproximavam-se de Jesus
os publicanos e os pecadores para ouvi-lo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO2 Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! 3 Então lhes propôs a seguinte parábola: 11 "Um homem tinha dois filhos. 12 O mais moço disse a seu pai: 'Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca'. O pai então repartiu entre eles os haveres. 13 Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. 14 Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. 15 Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. 16 Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17 Entrou então em si e refletiu: 'Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância e eu, aqui, estou a morrer de fome!' 18 Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: 'Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'. 20 Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 21 O filho lhe disse, então: 'Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho'. 22 Mas o pai falou aos servos: 'Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. 23 Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. 24 Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa'. 25 O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 26 Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. 27 Ele lhe explicou: 'Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo'. 28 Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. 29 Ele, então, respondeu ao pai: 'Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. 30 E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo!' 31 Explicou-lhe o pai: 'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32 Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado'".
1. Bate-Papo
Interessante...
Esta parábola traz a reflexão
praticamente pronta : O Filho mais novo se arrependeu e voltou a casa do Pai
que o perdoou. Será? Deixemos que o Filho sem juízo nos conte nesta breve
entrevista...
____Por que você voltou para a
casa do Pai?
Filho Pródigo ___ Vou ser sincero, a fome apertou meu amigo, quando eu pensei que escravos e empregados na casa do meu pai, tinham pão a vontade, decidi voltar. ___Opa ! Espere um pouco, e aquele arrependimento todo que você manifestou nesse evangelho? Filho Pródigo___Apenas um discurso para convencer o Pai de que eu estava arrependido, palavras bonitas e bem colocadas que iriam tocar no coração do meu “Velho” ___Mais uma coisinha Filho Pródigo, o que te levou a sair de casa, se lá você tinha tudo que precisava? Filho Pródigo___Na Casa do Pai tinha a impressão de que não era livre, eu queria aproveitar a vida, fazer tudo o que meu coração desejava gozar e desfrutar de todos os prazeres e alegrias que o mundão nos oferece. Enfim, como vocês dizem por aí “Cair na gandaia” de cabeça e ser livre... ___Deixa ver se eu entendi, as vezes nós cristãos achamos que os maus, os que não conhecem a Deus e a sua verdade, são mais felizes porque fazem muitas coisas, sem se importar com a ética, moral, doutrina da Fé e tudo mais. É a liberdade que o adolescente quer, sem a ingerência dos pais em sua vida.... Filho Pródigo ____Isso mesmo, eles tem com os pais não uma relação de amor, mas de compromisso e obrigatoriedade em fazer o que eles mandam, parecem mais empregados do que Filhos. ____E o que mudou na sua vida após a volta a casa paterna? Filho Pródigo____Bom, confesso que não fazia ideia de quanto meu Pai me amava, imagine você que todos os dias ele ficava á minha espera. O jeito que ele me abraçou, me pos aquele manto, me deu a sandália e o cajado, tudo isso sem exigir que eu tomasse um banho, ele cobriu a minha sujeira e imundície com aquela veste. E fez uma festa inesquecível. Nesse retorno descobri algo inédito, o amor do Pai, imenso, grandioso, gratuito e incondicional. Juro que eu não sabia.... ___Então nessa parábola, o foco é o Pai Infinitamente Bom e Misericordioso? Filho Pródigo ___Pois é, Se o Pai não me desse a liberdade de pecar, indo embora da sua casa, jamais eu saberia o quanto ele me ama. Eu sou cada um de vocês aí na Igreja de
2. O Pai misericordioso
e compassivo
A sucessão das três parábolas de
misericórdia é resposta à murmuração dos escribas e fariseus (v. 2). O
protagonista da parábola dos dois filhos é o pai, misericordioso e
compassivo.
O filho mais novo, depois de
esbanjar tudo o que ele tinha recebido do pai, volta para a casa do pai, não
por consideração a ele, propriamente, mas porque queria matar a fome (cf. vv.
6-17). Tudo o que pensa dizer e dirá ao pai é meio para alcançar o que ele
efetivamente queria: matar a fome. O pai conhece seu filho, mas ele não leva
em conta a sua artimanha: acolhe-o e devolve a ele a dignidade que o pecado o
fizera perder (cf. vv. 20b-24).
A atitude do pai provoca a
reação surpreendente do filho mais velho: a raiva e a recusa de participar da
festa (cf. v. 28). O filho mais velho é convidado a entrar no coração do pai,
pois "há mais alegria no céu por um pecador que se converte do que
noventa e nove justos que não precisam de conversão" (cf. vv.
7.10.23-24).
ORAÇÃO
Pai, coloca-me no caminho da vida, banindo todo egoísmo que me afasta de ti, e não permitindo que eu jamais duvide de teu amor.
3. ACOLHENDO O PECADOR
A consciência do pecado vem
acompanhada do sentimento de vergonha em relação a Deus. A revolta contra o
seu amor misericordioso parece não se justificar. Junto com a vergonha vem o
sentimento de ingratidão. E o pecador reconhece ser uma loucura o ter-se
afastado do Pai.
Sua reação costumeira: duvidar
de que possa ser perdoado. Em outros termos, duvidar que Deus esteja disposto
a perdoar, devido à magnitude do pecado cometido.
O Evangelho aconselha,
firmemente, o pecador a voltar para o Pai, cujo rosto, revelado por Jesus, é
um incentivo à essa volta confiante. Deus quer ter junto de si todos os seus
filhos. E está sempre disposto a esquecer o passado, pois confia que, no
futuro, tudo será melhor. Não coloca limites para o perdão, nem faz distinção
entre faltas perdoáveis e faltas imperdoáveis. Tudo pode ser perdoado, quando
o pecador se predispõe a voltar.
Alegra-se, sobremaneira, com a volta de um filho pecador, pois é como se este estivesse ressuscitando, depois de experimentar a morte. Não considera o pecador como pessoa de segunda categoria, só porque se desviou do bom caminho.
Vale a pena confiar no amor
misericordioso de Deus Pai.
Oração
Espírito de confiança, liberta-me do pecado, para que eu experiencie o amor misericordioso do Pai. |
Liturgia do Domingo —
03.03.2013
3º Domingo da Quaresma — ANO C (ROXO, CREIO – III SEMANA DO SALTÉRIO) __ "Deus nos atrai com sinais. Preste atenção, Deus não nos salva sem nós!"
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Neste
3º Domingo da Quaresma, a Igreja nos reúne na esperança de que o Reino está
próximo e que o sentido da vida consiste em viver na proteção divina. A
analogia dos sinais de trânsito, que indicam caminhos e orientam o viajante,
favorecerá a contextualização que a celebração de hoje nos propõe: assim como
os sinais dizem se devemos ir para direita ou para a esquerda, da mesma
forma, Deus fala através dos sinais da vida, atrai por meio dos
acontecimentos da vida, indicando qual caminho seguir. A conversão, portanto,
é um gesto de sensatez. É o que se espera de quem se afastou dos caminhos de
Deus, preferindo os caminhos mundanos. Intercedamos a graça do discernimento,
para que saibamos perceber como Deus nos atrai ao seu encontro e como indica
seus caminhos.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Caminhando
em direção à festa da Páscoa, abramos nossos corações para a conversão e
reconciliação que o Senhor deseja realizar em nossas vidas e na história da
humanidade. Inspirados pela Campanha da Fraternidade e pelo Ano da Fé,
deixemo-nos transformar pela novidade da boa notícia do Evangelho, que nos faz
ver no Cristo o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A urgência da conversão por causa da proximidade do
juízo de Deus, que os sinais dos tempos continuamente nos evocam, é a nossa
resposta à experiência de Deus que vem para fazer-nos sair do Egito, que vem
ajudar-nos a encontrar nossa identidade de homens. Jesus nos libertou e um
povo libertado é um povo em conversão, uma conversão contínua.
Sintamos o júbilo real de Deus
em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao
Senhor!
3º DOMINGO DA QUARESMA
Antífona da entrada: Tenho os olhos sempre fitos no Senhor, porque livra os
meus pés da armadilha. Olhai para mim, tende piedade, pois vivo sozinho e
infeliz.
Comentário das Leituras: A partir deste terceiro domingo da Quaresma a liturgia
da palavra centraliza-se toda no tema da conversão para a renovação batismal.
A conversão, antes que seja tarde demais, é a resposta à paciência de Deus.
Assim teremos assimilado a lição da história do Povo de Israel, a quem Deus
revelou seu nome e o libertou da escravidão do Egito por meio de Moisés.
Primeira Leitura (Êxodo
3,1-8.13-15)
Leitura do livro do Êxodo.
3 1 Moisés apascentava o rebanho
de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que conduzira o rebanho
para além do deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb.
2 O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. 3 "Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome." 4 Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: "Moisés, Moisés!" "Eis-me aqui!" respondeu ele. 5 E Deus: "Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. 6 Eu sou, ajuntou ele, o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó". Moisés escondeu o rosto, e não ousava olhar para Deus. 7 O Senhor disse: "Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. 8 E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel, lá onde habitam os cananeus, os hiteus, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. 13 Moisés disse a Deus: "Quando eu for para junto dos israelitas e lhes disser que o Deus de seus pais me enviou a eles, que lhes responderei se me perguntarem qual é o seu nome?" 14 Deus respondeu a Moisés: "EU SOU AQUELE QUE SOU". E ajuntou: "Eis como responderás aos israelitas: (Aquele que se chama) EU SOU envia-me junto de vós." 15 Deus disse ainda a Moisés: "Assim falarás aos israelitas: É JAVÉ, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, quem me envia junto de vós. Este é o meu nome para sempre, e é assim que me chamarão de geração em geração".
Salmo responsorial
102/103
O Senhor é bondoso e compassivo.
Bendize, ó minha alma, ao
Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
o Senhor é indulgente, é
favorável,
é paciente, é bondoso e compassivo. Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem.
Segunda Leitura (1
Coríntios 10,1-6.10.12)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
10 1 (Não quero que ignoreis,
irmãos), que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e que todos
atravessaram o mar;
2 todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar; 3 todos comeram do mesmo alimento espiritual; 4 todos beberam da mesma bebida espiritual (pois todos bebiam da pedra espiritual que os seguia; e essa pedra era Cristo). 5 Não obstante, a maioria deles desgostou a Deus, pois seus cadáveres cobriram o deserto. 6 Estas coisas aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos coisas más, como eles as cobiçaram. 10 Nem murmureis, como murmuraram alguns deles, e foram mortos pelo exterminador. 12 Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia.
Aclamação do Evangelho
Glória e louvor a vós, ó Cristo.
Convertei-vos, nos diz o Senhor, porque o reino dos céus está perto (Mt 4,17). EVANGELHO (Lucas 13,1-9)
13 1 Neste mesmo tempo contavam
alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos
misturara com os seus sacrifícios.
2 Jesus toma a palavra e lhes pergunta: "Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? 3 Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. 4 Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? 5 Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo". 6 Disse-lhes também esta comparação: "Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou". 7 Disse ao viticultor: 'Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno?' 8 Mas o viticultor respondeu: 'Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. 9 Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás'".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO2ª Rx: 2Rs 5,1-15; Sl 42 (43); Lc 4,24-30 3ª Rx: Dn 3,25.34-43; Sl 24 (25); Mt 18,21-35 4ª Rx:Dt 4,1.5-9; Sl 147 (147B); Mt 5,17-19 5ª Rx: Jr 7,23-28; Sl 94 (95); Lc 11,14-23 6ª Rx: Os 14,2-10; Sl 80 (81); Mc 12,28b-34 Sa Rx: Os 6,1-6; Sl 50; Lc 18,9-14 4º DOM. DA QUARESMA Js 5,9a.10-12; Sl 33 (34),2-3. 4-5. 6-7 (R/ 9a); 2Cor 5,17-21; Lc 15,1-3.11-32 (Filho pródigo)
1. O JULGAMENTO É CERTO!
Nesta vida tudo é discutível e
negociável à exceção da morte, que irá nos acontecer mais cedo ou mais tarde,
sendo que a morte nos trará o juízo de Deus. É uma verdade que não gostamos
nem de pensar e que na quaresma somos convidados pela palavra de Deus a
pensarmos naquele primeiro momento, em que estaremos diante de Deus, após a
morte.
Sabemos que haverá um julgamento
e isso significa que Deus espera algo de cada um de nós e poderíamos até
afirmar que temos uma meta a ser alcançada, uma missão a ser cumprida e nesse
caso, a primeira coisa a ser feita é estarmos disponíveis para Deus, mesmo
que não nos julguemos capazes para tanto, como aconteceu com Moisés, conforme
a primeira leitura desse domingo.
Mas essa disponibilidade deve
sempre vir acompanhada de uma total confiança em Deus, alimentando em nós a
esperança e a certeza de que ele caminha conosco, mesmo que às vezes a
estrada seja íngreme como um deserto, e a esse respeito, o apóstolo Paulo
lembra-nos, que quando falta esta confiança inabalável no Senhor que nos
conduz, poderemos estar caminhando para a morte e não para a vida.
A nossa Fé deverá ser
inabalável, mesmo que algo dê errado, pois como simples mortais, estamos
sujeitos as imprevisibilidades desta vida que são aqueles acontecimentos que
não esperamos, e que podem nos atingir ou a alguém do nosso relacionamento,
como aqueles galileus, que se envolveram em um conflito com os soldados de
Pilatos no templo de Jerusalém e foram brutalmente assassinados, ou como aquele
grupo de trabalhadores que morreram tragicamente na queda de uma torre que
estava sendo construída.
Não é Deus que provoca esses
acontecimentos, para punir e castigar os pecadores, como podem pensar algumas
correntes religiosas, o massacre dos galileus foi um ato de violência contra
a vida, a mando de Pilatos, e a queda da torre, pelo menos naquele tempo, não
foi nenhum atentado terrorista, mas um acidente de trabalho, aliás, que
também merece uma reflexão, pois os acidentes de trabalho acontecem por causa
de alguma falha humana ou alguma condição insegura. Porém, Deus consente
estes fatos porque respeita a liberdade humana, mas a partir da tragédia, nos
ensina alguma verdade que serve para a nossa edificação.
Sobre tudo o que ocorre no mundo
de hoje, guerras, conflitos, chacinas, execuções, crimes hediondos até contra
crianças, falamos e ouvimos muitos discursos inflamados, desde o simples
cidadão até as altas celebridades que nos grandes meios de comunicação
promovem debates acirrados, ao lado de uma imprensa sensacionalista onde
indignados jornalistas gritam palavras de ordem, dando-se a impressão de que,
por conta disso, grandes mudanças irão ocorrer. Mas ao final, tudo continua
como antes até que aconteça a próxima tragédia, para sacudir a opinião pública.
Jesus não entra nessa onda, não
declarou guerra contra Pilatos, que era o que muitas lideranças queriam, e
nem arquitetou alguma severa punição para aplicar aos responsáveis pela queda
da torre. De investigação e denúncias, o povo já está saturado, porque no
final da história, os culpados sempre ficam impunes.
Jesus aproveita o fato para nos
alertar sobre a urgência da nossa conversão, que se inicia quando mudamos a
nossa mentalidade em relação a Deus, ele não é aquele que abençoa dando saúde
e bens materiais a quem lhe obedece, e que faz cair a desgraça na cabeça de
quem não o aceita, pois se fosse assim, não ocorreriam tragédias na vida de
um cristão.
Ele quer que concentremos nossa
atenção no presente, percebendo a cada minuto á sua vontade a nosso respeito,
fazendo o reino acontecer a partir de pequenos gestos de amor e de
solidariedade em nosso quotidiano, porque se deixarmos esta vida passar em
branco, sem nos darmos conta de que temos uma missão a cumprir, frutificando
segundo a palavra e a graça de Deus, iremos nos surpreender ao final, porque
seremos semelhantes a uma árvore seca e improdutiva justo na hora da
colheita.
Nesta vida Deus nos fertiliza
todos os dias com a sua graça e a sua santa palavra dando-nos todas as
condições para produzirmos bons frutos. Só depende de nós! E não precisa
dizer o que vai acontecer com a árvore seca, que não dá nenhum fruto...
Jesus sobe para Jerusalém. Essa
subida é ocasião de ensinamento, por isso ela é constituída de lições que
Jesus dá aos seus discípulos.
O texto do evangelho deste
domingo não encontra paralelo nos outros dois sinóticos. Do ponto de vista
histórico, nós não temos nenhuma informação, nem mesmo na literatura
extrabíblica, dos fatos mencionados nos versículos
A teoria da retribuição é
ultrapassada: "Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que
qualquer outro galileu...? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes,
perecereis todos do mesmo modo? . Pensais que eram mais culpados do que
qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não" (vv. 2-5).
A morte de uns e não de outros é
sinal do julgamento definitivo, sinal que precisa ser discernido: ".
sabeis discernir os aspectos da terra e do céu, e por que não discernis o
tempo presente?" (Lc 12,56).
São Paulo o exprime muito bem:
"Esses acontecimentos se tornaram símbolos para nós, a fim de não
desejarmos coisas más." (1Cor 10,6).
A morte dos galileus e dos
moradores de Jerusalém são um convite à conversão e ao reconhecimento, no
tempo presente, da "visita salvífica" de Deus (cf. Lc 1,68).
Os versículos
ORAÇÃO
Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para ti.
3. UM PENSAMENTO ILUSÓRIO
Certos cristãos iludem-se,
quando pensam que a conversão é necessária para os outros, ao passo que eles
mesmos se julgam dispensados dela. Um forma de miopia espiritual está na raiz
desta maneira de pensar. Com muita facilidade, estas pessoas comparam-se com
as outras, descobrindo nelas defeitos e pecados. Por isso, há quem viva como
se carregasse, gravados na fronte, os estigmas das próprias faltas. Sempre
que se fala em urgência de conversão, já se sabe em quem pensar. É como se,
ao apontar a necessidade da conversão alheia, nós mesmos estivéssemos
dispensados de nos converter.
Jesus combateu tal mentalidade.
É arriscado pensar que os outros são mais pecadores do que nós mesmos e,
assim, acomodar-nos em nossas limitações. Esta acomodação pode ser fatal. A
pessoa não cairá na conta de que deve produzir os frutos esperados pelo
Senhor, tornando sua vida totalmente estéril. Quando o Senhor vier, o que
acontecerá? A sorte desta pessoa será como a de uma figueira infrutífera:
apesar dos esforços do chacareiro, deverá ser abatida.
A prudência recomenda-nos a
deixar de lado os pensamentos ilusórios a respeito da conversão, e a
decidir-nos, resolutamente, a voltar, cada dia, para Deus. Não aconteça que,
iludindo-nos, venhamos a ser punidos por nossos pecados.
Oração
Espírito de conversão, que eu não me iluda, dispensando-me de voltar, cada dia, confiante, para o Pai. |
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Liturgia da 02ª semana da Quaresma
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