Liturgia da Segunda Feira 06.08.2012
TRANSFIGURAÇÃO
DO SENHOR
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: O Espírito Santo apareceu na nuvem luminosa e a voz do
Pai se fez ouvir: Este é o meu Filho amado, nele depositei todo o meu amor.
Escutai-o (Mt 17,5).
Leitura (Daniel
7,9-10.13-14)
Leitura da profecia de Daniel.
7 9 Continuei a olhar, até o
momento em que foram colocados os tronos e um ancião chegou e se sentou.
Brancas como a neve eram suas vestes, e tal como a pura lã era sua cabeleira;
seu trono era feito de chamas, com rodas de fogo ardente.
10 Saído de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu audiência e os livros foram abertos. 13 Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem foi conduzido. 14 A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído.
Salmo responsorial 96/97
Deus é rei, é o Altíssimo,
muito acima do universo.
Deus é rei! Exulte a terra de
alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apóia na justiça e no direito.
As montanhas se derretem como
cera
ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória.
Porque vós sois o Altíssimo,
Senhor,
muito acima do universo que criastes, e de muito superais todos os deuses.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eis meu Filho muito amado, nele está meu bem-querer, escutai-o, todos vós! (Mt 17,5). Evangelho (Marcos 9,2-10)
9 2 Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os
a sós a um alto monte. E
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO3 transfigurou-se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas. 4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus. 5 Pedro tomou a palavra: "Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". 6 Com efeito, não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira atemorizados. 7 Formou-se então uma nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio uma voz: "Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o". 8 E olhando eles logo em derredor, já não viram ninguém, senão só a Jesus com eles. 9 Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem quer que fosse o que tinham visto, até que o Filho do homem houvesse ressurgido dos mortos. 10 E guardaram esta recomendação consigo, perguntando entre si o que significaria: "Ser ressuscitado dentre os mortos".
1. “TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR - A CERTEZA DA VITÓRIA”
Nem tudo o que reluz é ouro –
Lembro-me bem deste provérbio que finalizava uma história no meu livro do
antigo primário, ensinando-nos que nesta vida confundimos muita coisa com
ouro valioso, mas que no fundo não passam de simples bijuteria.
Há pessoas que passam esta vida
correndo atrás de quinquilharias, sem nunca descobrir o tesouro que Deus quer
nos dar.
Os apóstolos pensavam que o
Reino que Jesus havia implantado, era igual aos reinos deste mundo, e que ele
seria um Rei muito rico e poderoso que iria dominar a todas as nações fazendo
de Israel a mais importante de todas as nações da terra. Eles tinham muitos
planos em seus corações e mentes, por causa de serem seguidores de Jesus, que
naquele momento estava desacreditado, mas que em um futuro bem perto iria
manifestar toda a sua força e poder. Muitas vezes como os apóstolos, buscamos
um Jesus que atenda as nossas necessidades e realize os nossos sonhos neste
mundo, essa fé tão distorcida nos impede de conhecer realmente quem é Jesus e
para onde a sua graça nos leva.
Podemos afirmar que esta narrativa
da transfiguração do Senhor está no coração do evangelho de Marcos porque se
trata de um momento de profunda comunhão dos discípulos com Jesus, que ao
transfigurar-se diante deles os introduz no mistério de Deus, que por sua vez
revela quem é Jesus: O filho amado do Pai!
Ele não é simplesmente um
profeta poderoso na linha de Elias, que foi arrebatado ao céu, nem um Líder
como Moisés, principal protagonista da libertação do Povo da escravidão do
Egito, esses dois personagens que aparecem ao lado de Jesus naquele momento
representam todo o antigo testamento que preparou o coração dos homens para o
tempo da plenitude inaugurado por Jesus.
Quando a voz se fez ouvir do
meio da nuvem que os envolveu, os discípulos olharam e só viram a Jesus, que
estava sozinho. As escrituras antigas apontam para Jesus, pois nele Deus irá
falar diretamente aos homens, sem intermediários.
Pedro queria construir três
tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, que estavam ali
no monte Tabor onde poderia ser instalado o QG do grupo, de onde partiriam as
ordens dadas por eles. Fazer tendas significa acomodar-se e interromper a
caminhada porque já se alcançou o objetivo. Na verdade o apóstolo não sabia
bem o que estava falando pois o Reino de Deus, requer planejamento e não se
pode queimar etapas. Jesus transfigurado, tendo Moisés e Elias ao seu lado,
era tudo o que Pedro queria, não precisaria enfrentar as cruzes do caminho,
nem tribulações ou desencantos, sofrimentos e tribulações, o Reino já chegara
e era uma realidade bem ali diante dele.
A humanidade toda iria se render
à força do Reino de Cristo! Mas o brilho que seus olhos iriam contemplar no
alto do monte, não seria do ouro e nem da prata com que talvez sonhasse mas à
luz de Deus presente em Jesus, algo nunca visto, suas vestes ficaram brancas
, de uma brancura jamais vista.
No Cristo transfigurado e
proclamado solenemente Filho amado do Pai, descobrimos o nosso destino, Deus
nos quer transfigurados, com vestes brancas resplandecentes, envolvidos pela
sua Santidade que em Jesus eles nos dá.
Somos uma multidão de filhas e
filhos amados do Pai que já participamos da vida de Deus ainda neste mundo,
que um dia chegará para nós
Compreender a cruz e aceitar o
calvário de cada dia, percorrer os caminhos desta vida que parecem tortuosos,
mas sem tirar o olhar da glória Futura, como o profeta Daniel na primeira
leitura dessa liturgia, pois na perspectiva da ressurreição vivemos esta vida
2. Experiência da transfiguração
Esta narrativa da transfiguração
revela a dignidade e a glória já presentes na humanidade de Jesus, o que não
era ainda percebido pelos discípulos. Ela tem o objetivo pedagógico de
instrução das comunidades, as quais vão compreendendo-o progressivamente.
"O que significaria esse
'ressuscitar dos mortos'"? Nenhuma resposta teórica esgota o seu
significado. O que os discípulos experimentaram foi o amor de Jesus, Filho de
Deus, que glorifica o Pai no cumprimento de sua missão. Envolver-se nos laços
desse amor, nas relações humanas, na família, na comunidade, na sociedade, é
entrar em comunhão com o amor e a vida eterna de Deus.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação de tua transfiguração me prepare para contemplar tua crucifixão, seguro de que és o Filho amado de Deus.
3. O SENTIDO DA
TRANSFIGURAÇÃO
A visão da transfiguração acontece quando Jesus e seus
discípulos se dirigem a Jerusalém. Jesus já lhes falara sobre as provações
por que passaria naquele centro religioso e político do judaísmo. Procurava
esclarecer os discípulos que nutriam a falsa esperança, herdada da tradição
messiânica do judaísmo, de que ele poderia ser um líder restaurador da glória
e do poder de Israel. A transfiguração revela a dimensão gloriosa da
humanidade de Jesus, assumida pelo Pai. O sofrimento e a morte são
passageiros. Os discípulos não o entendem logo. Após a crucifixão é que
perceberão o sentido da permanência de Jesus entre eles.
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XVIII
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA DA II SEMANA)
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor,
Leitura (Jeremias
30,1-2.12-15.18-22)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
30 1 Dirigiu o Senhor nestes
termos a palavra a Jeremias.
2 "Eis o que disse o Senhor, Deus de Israel: consignarás em um livro todas as palavras que te tenho dito. 12 Porque eis o que diz o Senhor: tua ferida é incurável e perigosa a tua chaga. 13 Ninguém quer tomar o encargo de curá-la, não há para ti remédio nem emplasto. 14 Esqueceram-te os que te amavam, e contigo nem mais se preocupam. Pois que te feri, como se fere um inimigo, com cruel castigo, por causa da gravidade de tua falta e do número de teus pecados. 15 Por que choras sobre tua ferida? Por que incurável é tua dor? É por causa da gravidade de tua falta e do número de teus pecados que te fiz isso. 18 Mas, eis o que diz o Senhor: restaurarei as tendas de Jacó, e me apiedarei de suas moradas. Será a cidade reconstruída em sua colina, e reedificado o palácio no primitivo lugar. 19 Cânticos de louvor se erguerão e gritos de alegria. Multiplicar-lhes-ei o número, que não será mais reduzido; eu os exaltarei, e não serão mais humilhados. 20 Os filhos serão como eram outrora, e forte será diante de mim sua assembléia; eu castigarei seus opressores. 21 Um dentre eles será o chefe, e do meio deles sairá seu soberano. Mandarei buscá-lo, e perante mim terá acesso, porque nenhum homem se arriscaria a aproximar-se de mim - oráculo do Senhor. 22 Sereis o meu povo, e eu, o vosso Deus".
Salmo responsorial
101/102
O Senhor olhou a terra do alto
céu.
As nações respeitarão o vosso
nome,
e os reis de toda a terra, a vossa glória; quando o Senhor reconstruir Jerusalém e aparecer com gloriosa majestade, ele ouvirá a oração dos oprimidos e não desprezará a sua prece.
Para as futuras gerações se
escreva isto,
e um povo novo a ser criado louve a Deus. Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, e o Senhor olhou a terra do alto céu, para os gemidos dos cativos escutar e da morte libertar os condenados.
Assim também a geração dos
vossos servos
terá casa e viverá em segurança, e ante vós se firmará sua descendência. Para que cantem o seu nome em Sião e louve ao Senhor Jerusalém, quando os povos e as nações se reunirem e todos os impérios o servirem.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Mestre, tu és o Filho de Deus, és rei de Israel! (Jo 1,49). Evangelho (Mateus 14,26-36)
14 22 Jesus obrigou seus
discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem,
enquanto ele despedia a multidão.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO23 Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite,estava lá sozinho. 24 Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25 Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar. 26 Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: "É um fantasma!" disseram eles, soltando gritos de terror. 27 Mas Jesus logo lhes disse: "Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!" 28 Pedro tomou a palavra e falou: "Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!" 29 Ele disse-lhe: "Vem!" Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. 30 Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!" 31 No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" 32 Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou. 33 Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus. 34 E, tendo atravessado, chegaram a Genesaré. 35 As pessoas do lugar o reconheceram e mandaram anunciar por todos os arredores. Apresentaram-lhe, então, todos os doentes, 36 rogando-lhe que ao menos deixasse tocar na orla de sua veste. E, todos aqueles que nele tocaram, foram curados.
1. “Os Vendavais na Vida dos Discípulos”
Uma boa pergunta para entrarmos de cabeça nessa reflexão: por que os discípulos ficaram com medo e pensaram que Jesus, caminhando sobre as águas na direção deles, era um fantasma? Porque era exatamente o clima das primeiras comunidades cristãs naqueles primeiros anos do cristianismo. Tinham medo porque não sabiam em que ia dar tudo aquilo, segundo, Jesus de Nazaré tinha morrido e portanto, se apareceu andando sobre as águas, era mesmo um fantasma. Era Jesus mas se tratava de uma aparição fantasmagórica, que de concreto nada pode fazer a não ser passar por paredes, andar sobre as águas e outras coisas desse tipo, próprias de um fantasma.
Então no diálogo com Jesus,
feito por Pedro, vem a primeira prova de que não é um fantasma, pois Pedro
queria saber se era Jesus mesmo, e se ele pudesse fazer as mesmas coisas que
Jesus fazia, então sua presença era real. Á ordem de Jesus “Vem” o velho
Pedro andou sobre as águas exatamente como Jesus. Jesus tinha o mar sobre
seus pés, dominava as forças do mal presente no fundo do mar, segundo os antigos
acreditavam, em sua vida Jesus venceu essas forças e agora, á sua Igreja
também poderá fazê-lo entretanto...
A Comunidade não supera as
Forças do mal com seus próprios recursos, sua capacidade, seu conhecimento
sobre o assunto, suas ideologias. Nada disso! Enquanto Pedro caminhava ao
encontro de Jesus, isso é, pensava e agia exatamente como o Mestre, conseguia
superar as forças malignas dos vendavais e tempestades que assolavam as
comunidades.
Mas há momentos desse embate,
que nos julgamos perdidos, o medo e o desânimo nos domina, e quando sentimos
que tudo vai acabar, isso é, que as forças contrárias ao evangelho e á
Igreja, são maiores e mais poderosas do que a nossa Fé, só há uma coisa a
fazer: reconhecer que a Salvação vem de Jesus e somente dele! Não é a
estrutura da Instituição que nos salva, não são os métodos pastorais ou as
estratégias dos movimentos, ou a fama e o sucesso da Igreja na Mídia, mas
somente e unicamente Jesus.
Há
Não há nenhum outro lugar, fora
da comunidade eclesial, onde se possa fazer essa experiência da presença real
do Senhor agindo com os que creem, no combate interminável contra a ventania,
as ondas e temporais que tentam em vão afundar essa Barca. Acreditamos no
sucesso da missão evangelizadora, por causa do nosso desempenho, ou porque
vemos em tudo a ação misteriosa de Jesus, fazendo a Salvação acontecer na
vida das pessoas?
2. Vacilação de Pedro
Após a partilha dos pães, Jesus
envia os discípulos de barco, enquanto despede as multidões e recolhe-se para
orar.
O temor dos discípulos diante do
mar agitado, o não reconhecimento de Jesus que se aproxima e a vacilação de
Pedro ao caminhar ao encontro de Jesus são expressões da incompreensão que
ainda existia diante da missão de Jesus e de sua própria pessoa.
Mateus faz um contraste.
Enquanto os discípulos na barca não reconheceram Jesus, ao chegarem a
Genesaré, uma região periférica do judaísmo, os habitantes o reconhecem.
Oração
Pai, aproxima-me de Jesus de quem brota a salvação e a vida, para que eu possa ser curado do egoísmo que me impede de fazer o bem ao próximo.
3. FÉ VACILANTE
A experiência de se encontrar
num pequeno barco, no meio do mar agitado, serviu, para por à prova, a fé dos
discípulos de Jesus. A fé vacilante deles não lhes permitiu perceber a
presença do Senhor. Por isso, gritaram de pavor, pensando que iriam morrer.
No momento de dificuldade, a fé dos discípulos fraquejou.
Pedro, líder da comunidade,
também passou pela provação da fé. Jesus foi desafiado por ele, quando este
lhe pediu permissão para caminhar sobre as águas. Seria um sinal de que, de
fato, o Senhor estava com ele. As palavras - "Se és tu, Senhor! - soam
como um desafio.
O apóstolo, porém, já próximo de
Jesus, deixou-se vencer pelo medo, quando o vento soprou furioso. E começou a
afundar. No auge do desespero, recorreu a Jesus. Este o salvou,
censurando-lhe, porém, a pouca fé.
A cena da tempestade transmite
uma mensagem importante. É nos momentos de tribulação que a fé do discípulo é
posta à prova. Ninguém pode estar seguro de não vacilar. Pedro e os líderes
da comunidade vacilaram. Quiçá, por confiar nas próprias forças, prescindindo
do Senhor. Foi preciso que o Mestre fosse em seu socorro e os salvasse. De
igual modo, a comunidade, esquecendo-se do Senhor, não seria capaz de
sobreviver diante das perseguições. Ela só será salva, se segurar na mão
estendida de seu Mestre.
Oração
Senhor Jesus, revigora minha fé vacilante, fazendo-me lembrar que tu estás sempre junto de mim, para me estender a mão. |
SÃO
DOMINGOS - PRESBÍTERO E PREGADOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor e
a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl
23,5s).
Leitura (Jeremias
31,1-7)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
31 1 "Naquele tempo -
oráculo do Senhor - serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas
constituirão o meu povo".
2 Eis o que diz o Senhor: "Foi concedida graça no deserto ao povo que o gládio poupara. Dentro 3 De longe me aparecia o Senhor: "Amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor. 4 Reconstruir-te-ei, e serás restaurada, ó virgem de Israel! Virás, ornada de tamborins, participar de alegres danças. 5 E ainda plantarás vinhas nas colinas de Samaria. E delas colherão frutos os plantadores, 6 pois dia virá em que os veladores gritarão nos montes de Efraim: 'Erguei-vos! Subamos a Sião, ao Senhor, nosso Deus!' 7 Porque isto diz o Senhor: Lançai gritos de júbilo por causa de Jacó. Aclamai a primeira das nações. E fazei retumbar vossos louvores, exclamando: 'O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel'".
Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual
pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do
Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes: "Quem dispersou Israel, vai congregá-lo e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu
Jacó
e o libertou do poder do prepotente. Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará alegremente,
também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia (Lc 7,16). Evangelho (Mateus 15,21-28)
15 21 Jesus partiu dali e
retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO22 E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava: "Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio". 23 Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele e lhe disseram com insistência: "Despede-a, ela nos persegue com seus gritos". 24 Jesus respondeu-lhes: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel". 25 Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: "Senhor, ajuda-me!" 26 Jesus respondeu-lhe: "Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos". 27 "Certamente, Senhor", replicou-lhe ela; "mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos". 28 Disse-lhe, então, Jesus: "Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada".
1. “A Graça Poderosa atinge a todos...”
Se nos lembrarmos da reflexão do
evangelho de ontem, vamos compreender que a Graça de Deus é Soberana e
autônoma, não estando atrelada a nenhum sistema institucionalizado, ou
estruturas humanas que aprimorem a sua eficácia. A Graça operante e
santificante é eficaz em si mesma cabendo ao homem apenas acolhê-la em sua
vida e seu coração, nada mais.
Poderá o leitor questionar, com
toda razão: “Então as instituições, inclusive a religiosa, não serve para
nada, por causa da sua neutralidade na questão Salvívica?” As estruturas
institucionais mostram o esforço do homem em buscar a Deus e a Graça que ele
tem para nos oferecer, e como de fato nos oferece, através de Jesus Cristo.
Nesse sentido a Igreja é o grande, único e verdadeiro Sacramento de Jesus
Cristo para o mundo.
A mulher Cananéia percebeu isso,
que a Salvação estava
Mas a mulher não vê sob o olhar
da instituição, ela crê na misericórdia Divina que tem algo precioso a
oferecer a todas as pessoas, e não apenas aquelas que estão dentro de um
sistema religioso. Então aquela mulher pagã ganhou definitivamente o coração
de Jesus que percebe nela a grandeza de uma Fé, que não pauta pelos
compromissos e obrigações decorrentes do legalismo Mosaico, mas que vislumbra
a gratuidade do seu amor, capaz de salvar qualquer homem...
E Jesus inverte a ordem
estabelecida, até agora Israel é a única referência e modelo de Povo Salvo,
porque cumpre a Lei de Moisés, mas doravante o modelo e referência é aquela
mulher Cananéia, que vislumbrou a Salvação enquanto dom gratuito, oferecida
por Deus
Mateus adapta a narrativa de
Marcos ao contexto de sua comunidade de cristãos oriundos do judaísmo.
Jesus parte para a região de
Tiro e Sidônia, que são cidades gentílicas execradas pela tradição do
judaísmo. Uma mulher desta região, identificada simplesmente a Cananeia, vem
a Jesus. Ela pede a libertação da sua filha. Está atormentada pelo demônio da
exclusão religiosa do judaísmo. Os discípulos incomodam-se com a insistência
da mulher, pedindo que Jesus a mande embora.
Duas falas, uma seletiva, outra
discriminatória, são atribuídas a Jesus. São próprias da instituição judaica.
Porém, o lugar central é a mulher, sua fala, sua insistência. Revelam uma fé
que move o coração de Jesus. A filha é libertada. A cananeia tem também
direito ao pão que significa o banquete do Reino.
Oração
Senhor Jesus, tira de mim todo preconceito que me impede de aceitar que muitas pessoas marginalizadas possam ter uma fé verdadeira em ti.
3. GRANDE É
TUA FÉ!
A fé da mulher pagã contrasta
com a fé vacilante dos discípulos. A formação que receberam de Jesus não foi
suficiente para ajudá-los a fazer frente às situações adversas. Fraquejaram!
Em contraposição, ao missionar na terra dos fenícios, o Mestre deparou-se com
uma mulher cuja fé deixou-o admirado.
Vendo Jesus passar, ela pôs-se a
gritar, implorando pela filhinha atormentada por um demônio, confiante de que
somente Jesus poderia vir em seu socorro. Chamou-o de Senhor, filho de Davi,
servindo-se de uma linguagem própria de quem tem fé e conhece as esperanças
do povo judeu.
A insistência da mulher pareceu
não encontrar acolhida por parte de Jesus. Entabulou-se, então, um diálogo
meio forçado. O Mestre declarou estar a serviço apenas do povo judeu. A
mulher reforçou seu pedido. E foi repelida, com dureza, por Jesus o qual
afirmou-lhe não ser sensato deixar de ajudar seu povo para preocupar-se com
os pagãos. A mulher retrucou com um argumento que desarmou o Mestre: os
pagãos têm direito de receber pelo menos as migalhinhas dos benefícios feitos
aos judeus. Admirado diante de tamanha fé, Jesus atendeu o pedido da mulher,
curando-lhe a filha.
Portanto, também entre os pagãos
havia quem tivesse fé autêntica em Jesus.
Oração
Senhor Jesus, tira de mim todo preconceito que me impede de aceitar que muitas pessoas marginalizadas possam ter uma fé verdadeira em ti. |
XVIII
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA DA II SEMANA)
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor,
Leitura (Jeremias
31,31-34)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
31 31 "Dias hão de vir -
oráculo do Senhor - em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de
Judá.
32 Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles. 33 Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel - oráculo do Senhor: Incutir-lhe-ei a minha lei; gravá-la-ei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo. 34 Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: 'Aprende a conhecer o Senhor', porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados".
Salmo responsorial 50/51
Ó Senhor, criai em mim um
coração que seja puro!
Criai em mim um coração que seja
puro,
dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face nem retireis de mim o vosso Santo Espírito.
Dai-me de novo a alegria de ser
salvo
e confirmai-me com espírito generoso! Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se voltarão os transviados.
Pois não são de vosso agrado os
sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais. meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tu és Pedro e sobre esta pedra eu irei construir minha Igreja. E as portas do inferno não irão derrota-la! (Mt 16,18). EVANGELHO (Mateus 16,13-23)
16 13 Chegando ao território
de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "No dizer do
povo, quem é o Filho do Homem?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO14 Responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas". 15 Disse-lhes Jesus: "E vós quem dizeis que eu sou?" 16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" 17 Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. 18 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". 20 Depois, ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo. 21 Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia. 22 Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: "Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!" 23 Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: "Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!"
1. “Chegou a hora...”
No coração dos discípulos havia
chegado a hora tão esperada, depois de questiona-los sobre quem era ele, para
o povão, agora Jesus pergunta direto a eles sobre a sua identidade “E para
vocês, quem sou eu?. Parece que Jesus fazia a prova final para saber se eles
haviam entendido tudo certinho, pois estava chegando a hora da verdade.
Pedro fala em nome de todos,
pareceu ser sempre um discípulo aplicado e bom, e a sua resposta está
corretíssima sobre quem é Jesus “O Cristo, o Filho de Deus vivo”. E
Pedro tirou dez pois a resposta estava corretíssima contudo, faltava algo
muito importante: Que Jesus era Deus, eles já o sabiam, na bela resposta de
Pedro, mas como ele iria agir para libertar o povo?
Na cabeça dos discípulos, estava
chegando a hora do Mestre, ele iria manifestar quem era de verdade, os
poderosos iriam tremer na base com o seu poder, e os discípulos,
naturalmente, seria o seleto grupo do primeiro escalão. Israel voltaria a ser
a grande Nação, que imporia as demais a sua grandeza e magnificência e todos
os reinos da terra iriam se curvar diante de Israel e do Rei Messias,
mais forte e poderoso do que o Rei Davi. Jesus pede-lhes que guardem aquele
segredo Messiânico para que ele pudesse pegar todos de surpresa.
Por isso dá para se imaginar a
cara de decepção, os olhares de espanto e frustração dos discípulos
sonhadores, quando Jesus começa a falar de sua paixão e morte
Aqui a gente pode até pensar
“Ah, mas esse Pedro não têm jeito mesmo, olha aí, querendo impedir que Jesus
cumpra a sua missão de salvar a humanidade, que coisa, não é atoa que Jesus
soltou os cachorros em cima dele, chamando-o de Satanás!”.
Mas temos que nos perguntar se
por acaso não cometemos esse mesmo pecado, quando vivemos uma religião sem
compromisso, a espera do “Dia do Senhor” quando Jesus vier nas nuvens para
colocar as coisas em seu devido lugar...Imaginamos que neste dia os maus irão
ver o que é bom prá tosse, e que nós, os bons iremos nos sentir confortados
ao ver que o Senhor nos dará razão, pela nossa prática cristã.
Quem vive essa religião da
Glória e do gozo celestial já aqui nesta terra, quem se esconde nas
comunidades para não enfrentar os desafios da Vida Cristã no meio do mundão,
quem procura viver um cristianismo bem light, sem muito radicalismo e
exageros. Quem vive se iludindo com o Cristo criado pelo consumismo. Todos
esses ouvirão naquele dia o mesmo que Pedro ouviu” Afasta-te de mim Satanás,
pois não pensas as coisas de Deus”.
2. "Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo"
A profissão de fé de Pedro,
"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", seguida do longo elogio de
Jesus, é própria do evangelho de Mateus, não constando no evangelho de
Marcos, que o antecedeu. A proclamação de Pedro como base da Igreja e
portador das chaves do Reino é uma expressão eclesial de fé, o que sugere que
este texto tenha surgido após o martírio do próprio Pedro.
Em contraste, a seguir, quando
Jesus fala das provações que o esperam em Jerusalém, Pedro censura Jesus,
rejeitando que se exponha a tais perigos. Jesus, por sua vez, faz uma
contundente repreensão a Pedro por sua atitude e incompreensão.
Oração
Pai, consolida minha fé, a exemplo do apóstolo Pedro que, em meio às provações, soube dar, com o seu martírio, testemunho consumado de adesão a Jesus.
3. CUIDADO COM A TENTAÇÃO
A tentação, na vida de Jesus,
provinha também de seus amigos mais íntimos. Por isso, ele se mantinha
atento, tanto em relação a seus inimigos declarados, quanto àqueles que
estavam a seu redor. Até de Pedro, Jesus teve de se precaver.
Este apóstolo reagiu forte,
quando Jesus anunciou seu destino de sofrimento, morte e ressurreição. Pedro
desejava para Jesus um futuro feito de glória e sucesso, não um fim trágico.
Por isso, sugeriu-lhe não nutrir pensamentos que não convinham à sua condição
de Messias.
A preocupação do apóstolo
aparentemente dava mostras de ser fruto de sua amizade sincera pelo Mestre.
Todavia, Jesus não pensava assim; antes, percebeu, imediatamente, na
intervenção do discípulo, a presença do tentador. Daí a dureza com que o
tratou, chamando-o de Satanás, pedra de tropeço, insensível para as coisas de
Deus. Se Jesus tivesse dado ouvido à sabedoria humana de Pedro, teria sido
infiel ao Pai. Não era possível realizar o modelo de Messias glorioso,
prescindindo da cruz, sem pactuar com projetos contrários àqueles do Pai. O
Mestre não estava disposto a escolher o caminho da ambigüidade, servindo a
dois senhores. Sua vida estava toda nas mãos do Pai. Não seria um discípulo,
mesmo o escolhido para ser líder da comunidade, quem o desviaria de seu
caminho.
Oração
Senhor Jesus, abre meus olhos, para eu detectar e rejeitar tudo quanto possa me desviar do teu caminho. |
SÃO
LOURENÇO - DIÁCONO E MÁRTIR
(VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: São Lourenço entregou-se a si mesmo ao serviço da
Igreja. foi digno de sofrer o martírio e de subir com alegria para junto do
Senhor Jesus.
Leitura (2 Coríntios
9,6-10)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 9 6 convém lembrar:
"aquele que semeia pouco, pouco ceifará. Aquele que semeia em profusão,
em profusão ceifará.
7 Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama o que dá com alegria". 8 Poderoso é Deus para cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para toda espécie de boas obras. 9 Como está escrito: Espalhou, deu aos pobres, a sua justiça subsiste para sempre. 10 Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para comer, vos dará rica sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça.
Salmo responsorial
111/112
Feliz o homem caridoso e
prestativo.
Feliz o homem que respeita o
Senhor
e que ama com carinho a sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos!
Feliz o homem caridoso e
prestativo,
que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente!
Ele não teme receber notícias
más:
confiando em Deus, seu coração está seguro. Seu coração está tranqüilo e nada teme, e confusos há de ver seus inimigos.
Ele reparte com os pobres os
seus bens,
permanece para sempre o bem que fez, e crescerão a sua glória e seu poder.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12). EVANGELHO (João 12,24-26)
Naquele tempo, Jesus disse a
seus discípulos: 12 24 "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de
trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. 26 Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará".
1. “O Serviço que requer o Rebaixamento”
A palavra Diakonia, do grego que
significa servir, nasceu ainda em forma embrionária na Igreja primitiva,
conforme relato de Lucas em Atos 6. Muito pouco se fala no Novo Testamento
dos sete primeiros Diáconos da nossa Igreja, a não ser Estevão, o proto
mártir, e Felipe, que após a expulsão dos cristãos das sinagogas, saiu pregar
na Samaria e depois em outras regiões, inclusive sendo ele o grande
articulador do Cristianismo no mundo grego, pois neste evangelho de hoje é
ele que conduz os gregos até Jesus.
A Diakonia, que começou com o
autêntico espírito de serviço, foi passando por transformações no seio da
igreja e entre os séculos seguindo e terceiro, o Diácono era papel de
destaque enquanto principal colaborador do Bispo, que por aquele tempo era
quem presidia a “Fração do Pão”, ou em uma linguagem de hoje, só o Bispo é
que celebrava missa.E assim a diakonia, cada vez mais foi tendo destaque no
serviço do altar e na administração dos bens terrenos da Igreja e daí, a
concorrência, a busca de poder, contaminou o Diaconato que ao final do século
IV despareceu por completo da nossa Igreja.
Foi o Concílio Vaticano II que
restaurou o Diaconato Permanente fazendo com que a Diakonia fosse resgatada,
deixando de ser apenas um ministério transitório, para ser um Sinal
Sacramental do Serviço. O Diaconato Permanente é um Sinal Sacramental de
todas as diakonias presentes em nossas comunidades, não há distinção entre a
diakonia leiga e a do Diácono, uma supõe a outra, uma sinaliza e torna a
outra autêntica em si mesma.
O evangelho de hoje, portanto,
aponta para aquilo que é essencial no Diaconato: o morrer para si mesmo,
esvaziar-se de qualquer ambição, glória ou poder, servir com alegria,
generosidade e grande disposição. Morrer para si mesmo é não clericalizar-se
em excesso, não fazer questão de qualquer honraria ou distinção, por causa do
ministério, morrer para si mesmo é anunciar a Palavra e esquecer-se de si
mesmo. Morrer para si mesmo é não olhar para o Presbítero com um ar inferior,
e nem tão pouco olhar para o leigo com um ar superior.
Morrer para si mesmo é manter a
serenidade em toda e qualquer situação, é ser paciencioso e compreensivo com
quem quer que seja, é não fazer uso da sua autoridade clerical, para dominar,
se impor, ou obter qualquer benefício. Morrer para si mesmo é abrir mão de
celebrações da Palavra pomposas, onde se exalta o próprio ego, é priorizar as
comunidades pobres de bairros distantes, com as quais o Cristo a quem se
serve, se identifica mais.
Enfim, o Diaconato é um tesouro
inestimável pertencente ao Senhor, que se permite guardá-lo na
insignificância dos modestos vasos de barro, que são os nossos Diáconos. E
que São Lourenço nos ajude a todos quantos imerecidamente receberam esse
Santo Sacramento, a manter incólumes tal tesouro pertencente ao Senhor, e que
refulge o seu maior brilho no amor que se traduz em serviço na Dimensão da
Palavra, da Liturgia e da Caridade, colunas mestras que dão sustentabilidade
a toda e qualquer Diakonia.
2. O grão de trigo que morre
Nos evangelhos sinóticos
encontramos a parábola da semente que cai na terra, germina, e dá frutos. A
semente, aí, significa a Palavra de Deus (Lc 8,4-15; cf. 22 set.) ou o Reino
de Deus (Mc 4,26-34). João usa a mesma imagem, com o grão de trigo, porém seu
significado é o próprio Jesus. Destaca o aspecto da "morte" do
grão, para a transformação que dará origem à planta que germina e aos frutos
que virão. É uma alusão a Jesus que entrega sua vida, com fidelidade total,
até a morte, gerando os frutos das comunidades de discípulos que continuarão
sua missão.
Este "morrer" é a
expressão do desapego completo da vida enquanto sua realização conforme os
critérios deste mundo. É com este desapego que se dão frutos para a vida
eterna.
O encontro com a vida não se dá
de forma individual e egoística. Este encontro se dá na comunhão solidária
com os irmãos, particularmente os mais excluídos e carentes. Salva-se a vida
neste mundo quando se compreende que a sua própria vida, sua alegria e
felicidade são encontradas à medida que se empenha no resgate, na valorização
e no desabrochar da vida dos irmãos, sem exclusões.
O seguimento de Jesus se faz com
o dom total de si mesmo, a favor da vida. Assim se estará onde Jesus estiver,
junto ao Pai, na união do eterno Amor.
Oração
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz. Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.
3. MORRER PARA FRUTIFICAR
Após sua entrada em Jerusalém,
com a acolhida entusiástica da multidão de peregrinos que também vinham à
cidade, Jesus anuncia que é chegada a hora de sua glorificação pelo seu
cumprimento fiel da vontade do Pai, até o fim, sem temor das ameaças de morte
que sobre ele pairavam.
Os Evangelhos sinóticos narram a
parábola da semente que cai na terra, germina e dá frutos. João usa a mesma
imagem. O grão que não morre fica só. É o individualismo e o terror da
solidão. O grão, para multiplicar-se em novos frutos, tem que cair na terra e
morrer. É a comunicação, a fraternidade e o serviço à vida. A morte não é o
último ato isolado da existência, mas é o termo de uma vida devotada ao amor.
Apegar-se à vida é querer afirmá-la em conformidade com os critérios da
ideologia de sucesso deste mundo sob controle dos poderosos, agentes da morte
lenta ou violenta.
Guardar a vida na vida eterna supõe o desprezo desta
ideologia de sucesso e poder, que impõe a submissão pelo temor. Quem não teme
a própria morte está livre para colocar-se totalmente a serviço da vida. O
seguimento de Jesus se faz com o dom total de si mesmo, a favor da vida.
Assim se estará onde Jesus estiver, junto ao Pai, na união do eterno Amor.
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SANTA
CLARA - CONSAGRADA AO SENHOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DAS VIRGENS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor e
a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl
23,5s).
Leitura (Habacuc
1,12-2,4)
Leitura da profecia de Habacuc.
1 12 Não sois vós, Senhor, desde
o princípio, o meu Deus, o meu Santo, o Imortal? Senhor, vós destinastes este
povo para fazer justiça, o Rochedo, vós o designastes para aplicar castigos.
13 Vossos olhos são por demais puros para verem o mal, não podeis contemplar o sofrimento. Por que olharíeis os ímpios e vos calaríeis, enquanto o malvado devora o justo? 14 Trataríeis os homens como os peixes do mar, como os répteis que não têm dono. 15 Ele pesca todos com o anzol, pega-os no covo, e recolhe-os na rede: e com isso se alegra e exulta. 16 Por isso, oferece sacrifícios à sua causa, e queima perfumes à sua rede porque, graças a elas, teve pesca abundante e suculento manjar. 17 Mas, continuará ele a esvaziar sua rede, e a degolar impiedosamente as nações? 2 1 Vou ficar de sentinela, e postar-me sobre a trincheira; vou espreitar o que vai me dizer o Senhor, e o que ele vai responder ao meu pedido. 2 E o Senhor respondeu-me assim: "Escreve esta visão, grava-a em tabuinhas, para que ela possa ser lida facilmente; 3 porque há ainda uma visão para um termo fixado, ela se aproxima rapidamente de seu termo e não falhará. Mas, se tardar, espera-a, porque ela se realizará com toda a certeza e não falhará. 4 Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade".
Salmo responsorial 9A/9
Vós nunca abandonais quem vos
procura, ó Senhor.
Deus sentou-se para sempre no
seu trono,
preparou o tribunal do julgamento; julgará o mundo inteiro com justiça, e as nações há de julgar com equidade.
O Senhor é o refúgio do
oprimido,
seu abrigo nos momentos de aflição. Quem conhece o vosso nome em vós espera, porque nunca abandonais quem vos procura.
Cantai hinos ao Senhor Deus de
Sião,
celebrai seus grandes feitos entre os povos! Pois não esquece o clamor dos infelizes, deles se lembra e pede conta do seu sangue.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo Evangelho a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10). Evangelho (Mateus 17,14-20)
17 14 E, quando eles se
reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se diante de Jesus,
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO15 dizendo: "Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora na água. 16 Já o apresentei a teus discípulos, mas eles não o puderam curar". 17 Respondeu Jesus: "Raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando hei de aturar-vos? Trazei-mo". 18 Jesus ameaçou o demônio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora. 19 Então os discípulos lhe perguntaram em particular: "Por que não pudemos nós expulsar este demônio?" 20 Jesus respondeu-lhes: "Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: 'Transporta-te daqui para lá', e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum".
1.“A Fé é essencialmente
transformadora...”
Quantas vezes choramingamos
diante de certas situações dentro da comunidade, que não conseguimos
transformar, de quadros repetitivos, de pessoas que nunca mudam, de atitudes
e testemunhos que vão contra o próprio evangelho. Às vezes até achamos que se
tivéssemos algum poder dentro da instituição da igreja, resolveríamos a coisa
do nosso jeito. É comum certas queixas “Ah se eu fosse o coordenador, ou o
Padre dessa paróquia...”.
Não é o poder ditatorial que
muda as pessoas e as situações, mas a Fé
Não se sabe que tática ou
estratégia os discípulos tentaram usar para curar o moço Lunático, mas o que
se sabe é que a estratégia não funcionou e podemos supor que, possivelmente,
eles tentaram a seu jeito, a seu modo, e em si mesmo não tinham, e nem nós
temos, força suficiente para mudar as coisas e derrotar o Mal que oprime e
escraviza as pessoas.
Mas essa experiência de uma Fé
com tal poder de transformação, deve iniciar-se em nós mesmos, mudando quem
sabe, certos sentimentos estranhos ao Cristianismo, que insistem em se fazer
presentes em nosso coração, pensamentos de grandeza, de dominação,
ressentimentos e mágoas, espírito de grandeza que nos leva a concorrer com o
outro. Primeiro é preciso consertar a casa, para depois experimentarmos esse
potencial de uma Fé transformadora nas situações que nos rodeiam no dia a
dia, ou nos acontecimentos da comunidade.
Mudar a situação não é TER FÉ
QUE VAI DAR CERTO., mas é FAZER A COISA CERTA, sempre ao modo de Jesus, é a
Fé que nos compromete e que nos envolve com todas as pessoas e
situações de nossa v ida, sem esquivarmo-nos ou nos omitir.
A Fé como um grão de mostarda,
que Jesus nos apresenta na exortação final deste evangelho, é semente
pequenina, com potencialidade de crescer de tal modo que possamos transportar
montanhas e remover quaisquer obstáculos que impeçam o coração humano de
viver a comunhão com Deus, na relação com os irmãos, expulsando para longe os
demônios que insistem em permanecer no coração dos homens, dividindo e
separando, deturpando as relações fraternas.
Mateus resume aqui a narrativa
bem mais detalhada de Marcos (cf. 20 fev.), tendo a questão da fé como tema
central.
Pedro, André e Tiago, com Jesus,
descem a montanha após o episódio da transfiguração. Encontram a multidão,
com os demais discípulos que não conseguiram curar um menino com o demônio da
epilepsia. A reprimenda "geração... perversa", frequente em Mateus,
é uma alusão àqueles que, sob a doutrina das sinagogas, só são sensíveis a
atos de poder, não reconhecendo a força do amor e da fé.
Os discípulos, na fraqueza de
sua fé, influenciados por aquela doutrina, ainda não percebem que no
"Filho amado", Jesus, que deve ser escutado, encontra-se a
revelação plena de Deus. Porém a fé, mesmo que incipiente, pode mover os
discípulos àquilo que parece impossível, a instauração do Reino de Deus na
terra.
Oração
Pai, vem em meu auxílio e reforça minha fé a fim de que eu possa pôr em prática a missão recebida, realizando as tarefas que Jesus me confiou para o serviço do Reino.
3. NADA É IMPOSSÍVEL
Os discípulos viram-se em
situações idênticas às de Jesus e foram solicitados a fazer milagres como
ele. A missão dos discípulos correspondia àquela do Mestre e devia ser
realizada, tomando-o como modelo. Contudo, nem sempre eles foram capazes de
realizar, a contento, a tarefa recebida. E Jesus explicou-lhes o porquê não
eram eficientes.
A ocasião surgiu quando alguém
trouxe o filho para ser livre de uma terrível possessão demoníaca. Os discípulos
não foram capazes de expulsar o demônio. Assim, o pai teve de recorrer
diretamente a Jesus, que realizou o milagre desejado.
Quando se viram a sós com o
Mestre, os discípulos perguntaram-lhe por que foram impotentes para expulsar
o demônio. Ao que Jesus respondeu sem rodeios: porque vocês têm uma fé
demasiado pequena. O que teria acontecido com os discípulos? Talvez não
estivessem muito convencidos do que eram capazes, ou desconfiassem do próprio
poder, ao se encontrarem diante de situações concretas. Ou, ainda, porque sua
adesão ao Senhor não era consistente. Também poderia ser que o confronto com
os poderes malignos do anti-Reino os intimidasse. Em todo caso, a mesquinhez
de sua fé os bloqueava. Não poderiam dar continuidade à missão, sem possuir
uma fé sólida. Com ela, tudo lhes seria possível, até mesmo o que, numa visão
puramente humana, lhes pudesse parecer impossível, uma vez que tinham sido
enviados a realizar grandes coisas.
Oração
Senhor Jesus, reforça minha fé para que, no cumprimento da missão, eu seja capaz de fazer o que aos olhos humanos parece impossível. |
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domingo, 5 de agosto de 2012
Liturgia da 18ª semana comum Ano Par
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