Liturgia da Segunda Feira 23.07.2012
XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Miqueias
6,1-4.6-8)
Leitura da profecia de Miqueias.
6 1 Ouvi o que diz o Senhor:
"Vamos, advoga tua causa diante das montanhas, ouçam as colinas a tua
voz!"
2 Ouvi, montanhas, o processo do Senhor, e vós, fundamentos perenes da terra. Porque o Senhor entrou em juízo com seu povo, ele vai pleitear com Israel: 3 "Povo meu, que te fiz, ou em que te contristei? Responde-me. 4 Fiz-te sair do Egito, livrei-te da escravidão, e mandei diante de ti Moisés, Aarão e Maria. 5 Povo meu, lembra-te dos desígnios de Balac, rei de Moab, e a resposta que lhe deu Balaão, filho de Beor; lembra-te (da etapa) entre Setim e Gálgala, para reconheceres os benefícios do Senhor". 6 "Com que me apresentarei diante do Senhor, e me prostrarei diante do Deus soberano? Irei à sua presença com holocaustos e novilhos de um ano? 7 Agradar-se-á, porventura, o Senhor com milhares de carneiros, ou com milhões de torrentes de óleo? Sacrificar-lhe-ei pela minha maldade o meu primogênito, o fruto de minhas entranhas por meus próprios pecados?" 8 Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus.
Salmo responsorial 49/50
A todo homem que procede
retamente
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
"Reuni à minha frente os
meus eleitos,
que selaram a aliança em sacrifícios!" Testemunha o próprio céu seu julgamento, porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
Eu não venho censurar teus
sacrifícios,
pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
"Como ousas repetir os meus
preceitos
e trazer minha aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios!
Diante disso que fizeste, eu
calarei?
Acaso pensar que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos.
Quem me oferece um sacrifício de
louvor,
este sim, é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8). Evangelho (Mateus 12,38-42)
12 38 Então alguns escribas e
fariseus tomaram a palavra: "Mestre, quiséramos ver-te fazer um
milagre".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO39 Respondeu-lhes Jesus: "Esta geração adúltera e perversa pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas: 40 do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do Homem ficará três dias e três noites no seio da terra. 41 No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas. 42 No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão".
1. “Show da Fé”
O evangelho nos mostra de onde
vem a Fé enquanto espetáculo, de milagres assombrosos que atraem cada vez
mais “clientes” que trazem o seu rico Dízimo, pagando prá ver se é mesmo
verdade tais milagres. Foram os mestres da lei e Fariseus que pediram a Jesus
a realização de um sinal. E se Jesus aceitasse o desafio e fizesse tal
prodígio, esses Doutores da Lei e Fariseus já iam comercializá-lo e garantir
a ele sucesso e prestígio. Jesus se tornaria um produto valioso nas mãos
desses gananciosos, qualquer semelhança com as ricas igrejas da
pós-modernidade, é mera coincidência, pois há ainda hoje multidões que
buscam, não a Jesus, o Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador em quem nossas
vidas são transformadas, mas apenas os milagres que ele realiza, tal como os
Doutores da Lei e Fariseus.
Os milagres que Jesus fez por
aquele tempo, e que hoje também, de acordo com os desígnios de Deus, ainda
continua fazendo, são apenas sinais e não podem ser maiores e mais
importantes que o Reino, pois as profecias anunciavam que o Messias viria
para curar as enfermidades, ressuscitar os mortos, e libertar os cativos,
abrir os olhos aos cegos, fazer andar os paralíticos, mas tudo isso não como
fim, mas como meio e apontam para aquele que é o maior de todos os milagres:
a Ressurreição!
O milagre é a antecipação da
Vida Nova em sua plenitude, por isso Jesus coloca como prefiguração da
ressurreição o fato do Profeta Jonas permanecer três dias no ventre de uma
baleia, mas não foi isso que converteu os habitantes de Nínive, mas sim o
fato de ouvirem e darem créditos á sua pregação e a partir daí terem feito a
penitência buscando a conversão sincera.
Jesus supera e é maior do que
todos os Porta-Vozes do Antigo Testamento, ele não é mais um emissário de
Deus, ele é o próprio Deus, encarnado na história dos homens. Então a
conclusão do evangelho é óbvia: quanto mais milagres eu suplico e exijo de
Deus, menos compromisso tem na vivência da minha Fé. Pois um Cristão
comprometido com a Palavra de Deus, e os valores do evangelho, não fica muito
a espera do milagre, mas o faz acontecer!
Esta passagem foi apresentada de
maneira mais breve pelo evangelho de Marcos, antes de Mateus. Lá é feita a
referência ao judaísmo, simplesmente, como "esta geração", e Jesus,
sumariamente, nega o pedido de sinal. Em Mateus a referência é feita com a
expressão "uma geração perversa e adúltera". Aos escribas e
fariseus que lhe falam, Jesus apresenta o "sinal do profeta Jonas".
E, em seguida explica o sinal: "o Filho do Homem estará três dias e três
noites no seio da terra". A tradição judaica sabia que depois de três
dias e três noites nas entranhas de um peixe grande, Jonas foi vomitado por
ele em terra firme. Temos aqui uma interpretação pós-pascal, da tradição de
discípulos de origem judaica, aplicando esta imagem à sepultura e
ressurreição de Jesus.
A fé na presença de Jesus
ressuscitado nas comunidades que vivem o amor dispensa quaisquer outros
sinais.
Oração
Pai, dá-me simplicidade de coração para reconhecer que Jesus é teu Filho, enviado ao mundo para nos salvar. E que jamais eu exija sinais além dos que ele já realizou.
O pedido dos escribas e fariseus
tinha como objetivo exigir de Jesus as credenciais da condição divina de sua
missão. Que sinais haveriam de convencê-los, considerando os inúmeros
milagres já realizados? Existiria um, diante do qual os adversários do Mestre
deveriam curvar-se e reconhecer sua condição messiânica? Não!
Sendo uma "geração má e
adúltera", eles careciam das disposições mínimas para captar os apelos
de Deus, expressos nas palavras e gestos do Messias Jesus. Faltava-lhes
sintonia com o projeto divino. Portanto, não estavam em condições de
interpretar, de maneira conveniente, os milagres de Jesus, e deles tirar as
devidas conseqüências.
Embora se defrontassem com quem
era "maior do que Jonas" e "maior do que Salomão",
mostravam-se inferiores aos habitantes de Nínive e à rainha do Sul. Estes,
apesar de pagãos, tiveram sensibilidade para perceber a veracidade da
pregação do profeta, e a sublimidade da sabedoria do grande rei, e dar ouvido
a um e a outro.
Os escribas e fariseus, ao
invés, mesmo presenciando feitos superiores àqueles do passado, permaneciam
fechados em sua incredulidade, recusando-se a acolher o Messias Jesus. Seu
destino seria um julgamento severo, por serem, evidentemente, responsáveis
por essa obstinada falta de fé. Eles mesmos se fechavam para a salvação!
Oração
Espírito de bondade e fidelidade, tira do meu coração tudo quanto me impede de reconhecer, no testemunho de Jesus, os sinais de sua condição divina. |
XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Miqueias
7,14-15.1)
Leitura da profecia de Miqueias.
7 14 Conduzi com o cajado o
vosso povo, o rebanho de vossa herança que se encontra espalhado pelas
brenhas, para o meio de vergéis; que ele paste como outrora em Basã e em
Galaad.
15 Como nos dias em que saístes do Egito, fazei-nos ver prodígios. 18 Qual é o Deus que, como vós, apaga a iniqüidade e perdoa o pecado do resto de seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a misericórdia? 19 Uma vez mais, tende piedade de nós! Esquecei as nossas faltas e jogai nossos pecados nas profundezas do mar! 20 Mostrai a vossa fidelidade para com Jacó, e vossa piedade para com Abraão, como jurastes a nossos pais desde os tempos antigos!
Salmo responsorial 84/85
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa
bondade.
Favorecestes, ó Senhor, a vossa
terra,
libertastes os cativos de Jacó. Perdoastes o pecado ao vosso povo, encobristes toda a falta cometida; retirastes a ameaça que fizestes, acalmastes o furor de vossa ira.
Renovai-nos, nosso Deus e
salvador,
esquecei a vossa mágoa contra nós! ficareis eternamente irritado? Guardareis a vossa ira pelos séculos? Guardareis a vossa ira pelos séculos?
Não vireis restituir a nossa
vida,
para que em vós se rejubile o vosso povo? Mostrai-nos, Senhor, vossa bondade, concedei-nos também vossa salvação!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem me ama, realmente, guardará minha palavra e meu Pai o amará, e a ele nós viremos (Jo 14,23). Evangelho (Mateus 12,46-50)
12 46 Jesus falava ainda à
multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a
ocasião de lhe falar.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO47 Disse-lhe alguém: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te". 48 Jesus respondeu-lhe: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" 49 E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 50 Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".
1. “Por que achavam que Jesus era Louco...”
Neste evangelho, os parentes de
Jesus, sua Mãe e seus irmãos, nos diz o texto, foram á sua procura, pois
queriam levá-lo de volta á casa. Havia um consenso de que ele estivesse
louco, falando e fazendo coisas sem o saber.
Jesus era uma ameaça constante á
estrutura do templo, pois quebrava todas as regras e normas religiosas
excludentes, curava as pessoas de todas as suas enfermidades, e a pessoa nãom
precisava oferecer sacrifício algum pela sua cura. Como a Medicina não estava
avançada e as doenças ou enfermidades psicossomáticas eram muitas, a
clientela do templo era bem numerosa e as ofertas tinham que ser feitas, nem
que fossem rolinhas e pombinhos, para os mais pobres, todos eram tarifados.
Era uma forma de se obter a “pureza” institucionalizada. Quem ganhava com
isso? A casta sacerdotal, que era em sua maioria Latifundiários proprietários
doa animais, vendidos aos cambistas, que os revendiam por um alto preço nas
portas do templo, e os sacerdotes ganhavam duas vezes, na venda para o
atravessador e depois na oferta, onde uma boa parte lhes pertencia, segundo a
lei.
Ora, se eu sou beneficiado com
um negócio assim, altamente lucrativo, qualquer pessoa que interferir nesse
sistema, tirando a clientela, vou fazer de tudo para tirá-lo de circulação,
daí taxaram de Jesus de Louco, e com certeza pressionaram seus familiares
sobre os riscos que ele estava correndo, por mexer
Agora fica fácil compreender a
reação de Jesus diante da comunidade, quando alguém o comunica que sua mãe e
seus irmãos estavam fora e queriam falar-lhe. Os que se deixam levar pelas
orientações dos poderosos desse mundo, não pertencem á Cristo, não são
portanto, sua Mãe e seus irmãos, uma vez que, não é sistema religioso que
garante a salvação, mas trata-se de um Dom oferecido a todos os homens
através de Jesus Cristo.
A partir de agora Jesus
estabelece laços fortes na união dos Homens com Deus, quem ouvir a sua
Palavra e seguir seus ensinamentos, procurando fazer a Vontade de Deus, que
quer a Vida para todos, este sim tem com ele intimidade, está com ele em
sintonia, esse sim pode ser chamado de “sua Família” sua Mãe e seus irmãos.
Não dá para pertencer a Cristo mas viver segundo a vontade do mundo... ditada
por um sistema que se omite diante de injustiças e desigualdades, e que
decreta a morte do mais pobre. Quem concorda ou se omite diante dessa
estrutura social injusta, não pode e nem deve apresentar-se como cristão...
Encontramos esta narrativa de
Mateus, também, nos evangelhos de Marcos e Lucas. A figura central é a
"mãe". No processo de geração a mulher-mãe tem um papel
fundamental. A própria Terra é tida como "mãe" em relação à vida
que, sem cessar, desabrocha em sua superfície.
Na narrativa há um confronto
entre as multidões às quais Jesus fala e sua família, mãe e irmãos, que ficam
de fora e procuram falar com Jesus. A família, tendo a mãe como geradora,
está na base do conceito de Israel e é o elo fundamental da continuidade da
tradição do judaísmo. Abraão e sua descendência, a partir de Sara, constituem
o povo eleito. Em continuidade, Davi e sua descendência constituem a dinastia
real escolhida por Javé. O sacerdote hereditário é a base do poder do Templo.
Daí as genealogias que confirmavam as purezas racial e funcional, com seus
privilégios e poder.
Enquanto a pureza religiosa
exigia o afastamento das multidões, Jesus se põe em íntimo contato com elas.
Removendo a prioridade dos laços consanguíneos familiares, que garantiam o
privilégio da eleição, Jesus, sem exclusões, constitui a grande família unida
no cumprimento da vontade do Pai, que deseja vida plena para todos. A própria
família de Jesus é chamada a esta conversão.
Oração
Pai, reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs de fé, de forma a testemunhar que formamos uma grande família, cujo pai és tu.
3. QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?
A ruptura com os laços
familiares foi uma das exigências do serviço ao Reino, com as quais Jesus se
defrontou. Também por exigência do Reino, foi levado a constituir, sobre
novas bases, uma comunidade cujo relacionamento interpessoal deveria ter a
profundidade do relacionamento familiar. A comunidade dos discípulos de Jesus
pode ser definida como a família do Reino, cuja característica são os laços
fraternos que unem seus membros.
Nesta perspectiva, fica em
segundo plano a consangüinidade. Doravante, ser mãe ou irmão de sangue não
tem importância. O critério de pertença à família do Reino consiste em
submeter-se à vontade do Pai, sendo-lhe obediente
Assim, a ligação entre Jesus e
os seus discípulos era muito mais profunda do que a sua convivência física
com eles. Havia algo de superior que os unia, sem estar na dependência de
elementos conjunturais, quais sejam, a pertença a uma determinada família,
raça ou cultura. Basta alguém viver um projeto de vida fundado na vontade do
Pai, para que Jesus o reconheça como pertencente à sua família.
Para ele, estes são seus irmãos,
suas irmãs, suas mães. São irrelevantes outros títulos de relação com Jesus,
quando falta este pré-requisito.
Oração
Espírito de adesão à vontade do Pai, faze-me sentir sempre mais membro da família do Reino, levando-me à perfeita submissão ao querer divino. |
SÃO
TIAGO MAIOR - APÓSTOLO E EVANGELIZADOR
(VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: Andando ao longo do mar da Galiléia, Jesus viu Tiago,
filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que consertavam suas redes. E ele os
chamou (Mt 4,18.21).
Leitura (2 Coríntios
4,7-15)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 4 7 temos este tesouro
em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder
extraordinário provém de Deus e não de nós.
8 Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos. 9 Somos perseguidos, mas não ficamos desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos. 10 Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo. 11 Estando embora vivos, somos a toda hora entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus apareça em nossa carne mortal. 12 Assim em nós opera a morte, e em vós a vida. 13 Animados deste espírito de fé, conforme está escrito: "Eu cri, por isto falei", também nós cremos, e por isso falamos. 14 Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará também a nós com Jesus e nos fará comparecer diante dele convosco. 15 E tudo isso se faz por vossa causa, para que a graça se torne copiosa entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus.
Salmo responsorial
125/126
Os que lançam as sementes entre
lágrimas
ceifarão com alegria.
Quando o Senhor reconduziu
nossos cativos,
parecíamos sonhar; encheu-se de sorriso nossa boca, nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia:
"Maravilhas
fez com eles o Senhor!" Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, assim disse o Senhor (Jo 15,16). Evangelho (Mateus 20,20-28)
Naquele tempo, 20 20
aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante
de Jesus para lhe fazer uma súplica.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO21 Perguntou-lhe ele: "Que queres?" Ela respondeu: "Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda". 22 Jesus disse: "Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?" "Sim", disseram-lhe. 23 "De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou". 24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: "Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. 26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. 27 E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. 28 Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão".
1. “Não seja assim
entre vós...”
Um dia alguém me fez uma
observação interessante, se hoje é Festa de São Tiago Apóstolo, porque um
evangelho que depõe contra ele? Pois fala que a Mãe foi pedir a Jesus para
que seus filhos, entre eles o nosso apóstolo Tiago, ocupassem os lugares
principais junto a Jesus, na inauguração do seu Reino. Ainda que Mateus
amenizasse, ao dizer que foi a Mãe que pediu, mas outro evangelista afirma
que foram eles mesmos. De fato, se a gente olhar por esse ângulo assim nos
parece, porém há aqui algo muito belo, o evangelho não esconde a realidade,
não dissimula a fraqueza e oi pecado dos discípulos, mas nos mostra como eles
foram se abrindo á graça de Deus, a mente e o coração, e mesmo não sendo
super homens buscaram a Deus e dele receberam o Dom da Santidade.
Também nós não somos super
homens e super mulheres, membros de uma comunidade perfeita e Santa, mas
mesmo em nossas misérias e pecados, Deus não deixa de agir
Vejam que essa atitude dos dois
irmãos provocou uma crise no grupo, pois os demais se revoltaram, porque
também possivelmente pretendessem algum cargo importante. O Reino anunciado
por Jesus não segue ou depende de esquemas humanos, pois nos esquemas humanos
sempre selecionamos os melhores, os mais inteligentes, comportados,
capacitados, piedosos.
E se Tiago e seu irmão, Filhos
de Zebedeu, que pensavam e agiam tão diferente dos ensinamentos de Jesus,
conseguiram chegar à santidade servindo o Reino e dando por ele suas vidas,
nós também, comunidades deste terceiro milênio, com todas as nossas
imperfeições, dificuldades, não desanimemos pois Deus não para de agir e
levará a bom termo a sua obra através da sua Igreja.
Somos todos convidados a nos
unir a paixão do Senhor, dando o nosso testemunho cristão nos dias de hoje,
não porém para buscarmos uma recompensa, mas apenas para sermos fiéis á
missão que ele nos confiou, tal qual Jesus foi Fiel ao Pai...
São Tiago, rogai e
intercedei por todos nós e nossas comunidades
Tiago e João são os filhos de
Zebedeu. Eles são a segunda dupla a ser chamada por Jesus no início de seu
ministério, conforme os evangelhos sinóticos. Eles aparecem, ainda, com
frequência, junto com Pedro, como um trio mais próximo a Jesus. O evangelho
de João não menciona o nome de Tiago. Tiago foi decapitado por Herodes Agripa
em 42 d.C.
Há uma menção do apóstolo Paulo
a "Tiago, irmão do Senhor" (Gl 1,19). Trata-se de Tiago
"Menor", parente de Jesus, que foi chefe da Igreja de Jerusalém e
foi martirizado por apedrejamento em 62 d.C.
Neste evangelho evidencia-se
como até os discípulos mais próximos de Jesus se equivocavam quanto à
novidade do seu anúncio. Eles pensam no Reino de Jesus como a tomada do poder
em Jerusalém, e querem lugares de honra. Jesus repudia o domínio dos chefes
das nações e reafirma aos seus discípulos que é no serviço e no dom da vida,
no amor, que se constitui o Reino dos Céus.
Oração
Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.
3. SÃO TIAGO MAIOR
Tiago e João são os filhos de Zebedeu. O Evangelho de Marcos
nomeia os dois, explicitamente, nesta cena; porém, Mateus menciona a mãe
deles como sendo quem faz o pedido a Jesus. Talvez Mateus queira eximir os
homens de tal pedido equivocado, que reflete a ambição do poder, quando Jesus
dá pleno testemunho de que veio para servir humildemente, com amor. Em
resposta, ele rejeita o comum abuso de poder em vigor nas sociedades,
propondo um novo relacionamento entre as pessoas. Além de Tiago, irmão de
João, identificado como "Tiago Maior", no Segundo Testamento é
mencionado outro Tiago, "o irmão do Senhor", ou "Tiago
Menor", que foi o chefe da Igreja de Jerusalém.
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SANTOS
JOAQUIM E ANA - PAIS DE MARIA
BRANCO - Missa própria: Prefácio comum ou dos santos – Ofício próprio da memória
Antífona da entrada: Festejamos santa Ana e são Joaquim, pais da virgem
Maria: Deus lhes concedeu a bênção prometida a todos os povos.
Oração do dia
Senhor, Deus de nossos pais, que concedestes a são Joaquim e santa Ana a graça de darem a vida à mãe do vosso Filho, Jesus, fazei que, pela intercessão de ambos, alcancemos a salvação prometida a vosso povo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Eclesiástico
44,1.10-15)
Leitura do livro do Eclesiástico.
44 1 Façamos o elogio dos homens
ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem.
10 Os primeiros, porém, foram homens de misericórdia; nunca foram esquecidas as obras de sua caridade. 11 Na sua posteridade permanecem os seus bens. 12 Os filhos de seus filhos são uma santa linhagem, e seus descendentes mantêm-se fiéis às alianças. 13 Por causa deles seus filhos permanecem para sempre, e sua posteridade, assim como sua glória, não terá fim. 14 Seus corpos foram sepultados em paz, seu nome vive de século em século. 15 Proclamem os povos sua sabedoria, e cante a assembléia os seus louvores!
Salmo responsorial
131/132
O Senhor vai dar-lhe o trono
de seu pai, o rei Davi.
O Senhor fez a Davi um
juramento,
uma promessa que jamais renegará: "Um herdeiro que é fruto do teu ventre colocarei sobre o trono em teu lugar!"
Pois o Senhor quis para si
Jerusalém
e a desejou para que fosse sua morada: "Eis o lugar do meu repouso para sempre, eu fico aqui: este é o lugar que preferi!"
"De Davi farei brotar um
forte herdeiro,
acenderei ao meu ungido uma lâmpada. Cobrirei de confusão seus inimigos, mas sobre ele brilhará minha coroa!"
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Esperavam estes pais a redenção de Israel, e o Espírito do Senhor estava sobre eles (Lc 2,25). EVANGELHO (Mateus 13,16-17)
13 16 Disse Jesus aos seus
discípulos: "Quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem!
Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO17 Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram".
1. São Joaquim e Santa Ana, Pais de Nossa Senhora
Quando conversamos com alguém
sobre algum assunto muito importante, mas notamos que o ouvinte está
"longe" da conversa, distraído, olhando para os lados, preocupado
com outras coisas, lógico que não sentimos vontade de continuar, e assim
logo encerramos o assunto ou transformamos a conversa em uma
futilidade, que não requer tanta atenção do outro.
Na celebração de casamentos às
vezes enquanto o Padre ou o Diácono capricha na homilia, os noivos estão
dando risinhos entre si, ou olhando para a cara de algum padrinho engraçado,
ou olhando a daminha ou o noivinho, ou o que é ainda pior, fazendo pose para
uma foto. Como diz o caboclo, "dá uma réiva", e daí a gente logo
conclui, e perde a vontade de continuar com a reflexão, pois os principais
interessados, que são os próprios celebrantes, estão distraídos, a palavra é
apenas um ruído, um barulho que não passa dos ouvidos.
Para fazer esse desabafo no
evangelho de hoje, Jesus deve ter passado essa experiência inúmeras vezes
diante da multidão, ele ali falando com entusiasmo do Reino Novo, falando e
revelando o Pai, e o povaréu nem aí com o "peixe", parece que só se
ligavam quando Jesus fazia algum milagre, daí a coisa fervia, pois milagre
não exige compromisso da parte de quem o recebe.
Temos em nossas vidas pessoas
com quem conversamos todo dia, mas algumas nos são especiais, e com essas a
conversa passa do mero formalismo para um colóquio, algo mais profundo. As
multidões sempre seguiram Jesus, no meio delas havia pessoas que viam em
Jesus alguém especial, interessava-se em ouvi-lo, prestando toda atenção,
porque suas palavras traziam esperança, fortalecimento, coragem e conforto, e
com isso trazia também a vontade de pensar diferente e construir um mundo
novo. Não era apenas uma mensagem bonita que deleitava os ouvidos, mas era
algo que entrava dentro do coração, no centro da vida, provocando mudanças...
Mas havia também os
"avoados", os interessados em buscar em Jesus alguma vantagem,
esses até o aplaudiam e o admiravam, mas não estavam interessados em mudanças
radicais de vida, ouviam as pregações, entravam por um ouvido e saia pelo
outro. Jesus era só mais um pregador entre outros, muito bom, falando com
sabedoria, mas era só mais um. Assim é que o homem da pós-modernidade vê o
cristianismo, como mais uma religião entre centenas de milagres, como uma Filosofia
de Vida, entre tantas outras, muito boa, sólida, consistente, tradicional,
mas é só mais uma...
Os Discípulos foram escolhidos
do meio da multidão, o Senhor viu neles, muito mais do que ouvidos atentos,
mas corações abertos, sedentos de esperança e uma total disponibilidade para
segui-lo. Nãosão homens especiais e superdotados de algum poder sobrenatural,
mas para eles Jesus não é apenas mais um, é o Único e absoluto. Com eles
Jesus inicia o Novo Povo de Deus, os homens e mulheres da Nova Aliança, haverá
entre Jesus e eles um forte elo como havia no Código da Aliança entre Deus e
Israel "Eu serei o Vosso Deus e Vós sereis meu Povo" em uma relação
única e particular.
Por isso Jesus os trata de modo
especial e os introduz pedagogicamente ao conhecimento sobre os mistérios do
Reino dos Céus, que não é revelado a multidão. Hoje esses discípulos estão
nas nossas comunidades cristãs, são todos os batizados que se abriram á Graça
de Deus, que foram capazes de se encantarem com Jesus e seu evangelho, e se colocam
sempre disponíveis para construir esse Reino que é Eterno. Jesus não fala
mais em parábolas, ele é o Logus do Pai, a sua Palavra encarnada no meio de
nós, ele se entrega totalmente na Eucaristia em cada celebração.
Ai de nós se o ouvirmos de má
vontade, sem nenhuma disposição interior para o segui-lo, ai de nós se não o
acolhermos com o coração aberto... Melhor seria nem ser batizado e não ter se
apossado do nome de Cristão.
2. Felizes os que ouvem a Boa-Nova de Jesus
Esta proclamação da
bem-aventurança daqueles que vêm e ouvem a Boa-Nova de Jesus é encontrada
também no evangelho de Lucas. Aqui, em Mateus, ela está inserida na
explicação da parábola do semeador; em Lucas ela vem após o retorno dos
setenta e dois discípulos enviados em missão na Samaria, complementando a
exultação de alegria de Jesus seguida do louvor ao Pai, pelas coisas que são
reveladas aos pequeninos (cf. 4 dez.).
A palavra "bem-aventurado"
é uma tradução do grego makários, frequentemente traduzido também por
"felizes". O conteúdo do termo é o de um estado de felicidade
decorrente da comunhão com Deus. Mateus reúne oito bem-aventuranças no início
de seu Sermão da Montanha e Lucas reúne quatro no sermão da planície. Várias
outras bem-aventuranças estão espalhadas ao longo de seus evangelhos,
destacando-se, particularmente, aquelas que contemplam Maria como mãe de
Jesus. Marcos, em seu evangelho, não usa esta palavra. João a usa apenas por
duas vezes: "Sabendo destas coisas, vós sereis bem-aventurados se as
praticardes" (Jo 13,17) e "...bem-aventurados aqueles que não viram
e creram" (Jo 20,29). Esta bem-aventurança de João completa a
bem-aventurança de hoje, em Mateus: se os que conviveram com Jesus, o viram e
ouviram, são bem-aventurados, os que vieram depois, no decorrer do tempo,
também são bem-aventurados pela fé com que reconhecem a presença de Jesus
vivo entre eles, no próximo e na comunidade.
Oração
Pai, dobra a dureza do meu coração que me impede de ouvir e compreender a palavra de teu Filho. Faze-me penetrar nos mistérios do Reino escondido nas parábolas.
3. UMA BEM-AVENTURANÇA
Temos aqui uma proclamação de bem-aventurança aos olhos e
ouvidos que vêm e ouvem a Boa Nova de Jesus. Ela é encontrada, também, em Lc
10,23-24. Enquanto que em Mateus ela está inserida na explicação da parábola
do semeador, em Lucas ela vem complementando a exultação de alegria de Jesus,
seguida do louvor ao Pai, pelas coisas que são reveladas aos pequeninos.
Encontramos este tipo de exortação no Antigo e no Novo Testamento, bem como
na literatura grega. A palavra "bem-aventurado" é uma tradução do
grego "makários", freqüentemente traduzido também por
"felizes". O conteúdo do termo é o de um estado de felicidade
divina. Marcos em seu evangelho, não usa esta palavra. João a usa apenas por
duas vezes: "Sabendo destas coisas, vós sereis bem-aventurados se as
praticardes" (Jo 13,17) e "... bem-aventurados aqueles que não
viram e creram" (Jo 20,29). Esta bem-aventurança de João completa a
bem-aventurança de hoje: se os que conviveram com Jesus, o viram e ouviram,
são bem-aventurados, os que vieram depois também são bem-aventurados pela fé
com que reconhecem a presença de Jesus vivo entre eles, no próximo e na
comunidade. Mateus reúne oito bem-aventuranças no início de seu Sermão da
Montanha e Lucas reúne quatro no sermão da planície. Várias outras
bem-aventuranças estão espalhadas em seus evangelhos. Joaquim e Ana, pai e
mãe de Maria segundo a tradição, são bem-aventurados por sua filha.
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XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Jeremias
3,14-17)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
3 14 "Voltai, filhos
rebeldes - oráculo do Senhor -, pois que sou vosso Senhor. Eu vos tomarei, um
de cada cidade e dois de cada família e vos reconduzirei a Sião.
15 Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com inteligência e sabedoria. 16 Quando vos multiplicardes e numerosos vos tornardes na terra, naqueles dias - oráculo do Senhor - não mais se falará da Arca da Aliança do Senhor; nem mais se pensará nela, perdendo-se a lembrança e a saudade; nem a ela se há de referir. 17 Naquele tempo, Jerusalém será chamada trono do Senhor e todas as nações lá se reunirão em nome do Senhor, sem mais persistir na obstinação do seu coração perverso".
Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual
pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do
Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes: "Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu
Jacó,
e o libertou do poder do prepotente. Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará
alegremente,
também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes (Lc 8,15). EVANGELHO (Mateus 13,18-23)
13 18 Disse Jesus: "Ouvi,
pois, o sentido da parábola do semeador:
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO19 quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho. 20 O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida, 21 mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda. 22 O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. 23 A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um".
1. “A Semente é de primeira, a terra, nem tanto...”
Perto da minha casa onde vivia
minha infância, havia uma pequena quitanda, onde se vendia também sementes de
hortaliças. Minha saudosa mãe sempre tinha no quintal um pedacinho de terra
onde gostava de cultivar verduras, e ela me incentivava a cuidar do canteiro.
Um dia decidi obedecer e seguindo seus conselhos fiz um canteirinho só para
mim, e fui comprar as sementes.
Como era desleixado e não zelava
de maneira conveniente pelo canteiro, os brotinhos das hortaliças acabaram
morrendo, por falta de água e de cuidados, fora o que os pardais comeram.
Certa tarde em que ela me censurava pelo meu desleixo, respondi que as
sementes é que não prestavam... É isso que Jesus explica aos discípulos neste
evangelho.
A Semente da Boa nova vem sendo
fartamente semeada desde a encarnação de Jesus, primeiro por ele próprio e
depois pela Igreja, desde a Era Apostólica, até os nossos tempos. O problema
está na terra do coração do Homem, onde a semente cai. Às vezes não
compreendemos a Palavra, sentimos necessidade de uma formação, de um
aprofundamento, mas sempre deixamos para mais tarde, então as Forças do Mal
levam a semente embora. Essa foi semeada á beira do caminho... Em outras
ocasiões acolhemos a Palavra e a guardamos como uma nova ideologia ou
Filosofia de Vida, mas não deixamos que ela se enraíze em nós, isso é, nos
negamos a admitir que ela mude algo em nossa vida, são essas as sementes que
caíram em terreno pedregoso, talvez pedregulhos de um exacerbado racionalismo
que nos impede ter uma visão do Transcendental. Então na primeira dificuldade
a rejeitamos e ela permanece em nós, mas na superficialidade do nosso ser.
Há as sementes que caíram no
meio do espinheiro, achamos a Palavra muito interessante, mas há em nosso
íntimo outras raízes do espinheiro do egoísmo, que sufocam a Semente, no
coração de um egoísta, de quem se recusa a viver em comunidade, na comunhão
de vida com os irmãos e irmãs, nesse coração a pobre Semente da Palavra não a
menor chance de frutificar.
E quando se compreende a Palavra
é porque vemos nela a possibilidade de algo novo e inédito em nossa vida,
queremos que frutifique, cuidamos da terra do nosso coração, removemos os
pedregulhos e espinhos, aplicamos o poderoso Fertilizante da Eucaristia e aos
poucos vamos sentir a alegria de ver os frutos, que as vezes são poucos,
outras vezes dão um pouco mais, e em outras vezes chegam a cem por cento.
Nosso coração comporta todos esses tipos de solo, cuidar dele para que possa sempre
frutificar, é dever de todos nós, como me ensinou minha mãe a cuidar do
pequeno canteiro.
Quando somos desleixados com a
Palavra, jogamos a culpa na semente, há os que, por conta disso mudam de
igreja e de religião e vão se embora levando no coração muitos espinheiros,
pedregulhos e terra seca, sem se darem conta disso.
Esta explicação da parábola do
semeador parece ter sido elaborada entre as primeiras comunidades. É uma
interpretação alegórica aplicada aos seus contextos atuais, fugindo ao estilo
de Jesus.
A ênfase é a maneira como é
acolhida a palavra de Jesus. Descrevem-se os resultados da missão: aquele
ouve a palavra sem entendê-la, pois o sistema religioso das sinagogas o retém
nas malhas de sua tradição, roubando a palavra semeada em seu coração; outro
recebe a palavra com alegria, como discípulo, porém defronta-se com a
perseguição às comunidades e desiste logo; outro ouve a palavra, porém não
quer ir contra o sistema que seduz, ilude e promete riquezas; contudo, há
quem ouve a palavra, a entende e insere-se na comunidade dando frutos
abundantes. Nestes últimos a Palavra de Deus foi eficaz. O sucesso da missão
não está na adesão imediata das multidões, mas no anúncio do Reino, que dia e
noite cresce sem parar.
Oração
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que, como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.
3. OUVIR E COMPREENDER
A Palavra de Deus exige, além da
audição, uma correta compreensão. Ouvir a Palavra, mas sem entendê-la, ou
melhor, sem perceber suas implicações práticas, nem sentir-se questionado por
ela, é inútil. Assim acontece com quem permite que o Maligno lhe arrebate do
coração a palavra semeada. O mesmo se dá com quem sucumbe diante das tribulações
e perseguições, ou se deixa sufocar pelas preocupações deste mundo e pela
fascinação das riquezas. Todas estas circunstâncias são indício seguro de que
a Palavra se deteve nos limites da audição, sem chegar a ser compreendida.
Quem ouve a palavra e a entende,
certamente, viverá de acordo com ela. Trata-se de uma compreensão prática,
explicitada no nível existencial. É no dia-a-dia, nas circunstâncias mais
simples da vida, que se revelam os níveis desta compreensão. Mantendo-se
imune às investidas do Maligno, o discípulo segue firme no caminho traçado
pela Palavra. Nada é suficientemente forte para demovê-lo de seu projeto de
vida, pois ele deixou-se seduzir pelo Reino, não por mundanismos efêmeros.
Portanto, a passagem da audição
à compreensão existencial é um movimento que exige do discípulo um exercício
de conversão e disponibilidade para a ação de Deus. Sem isto, a Palavra
permanece estéril.
Oração
Espírito de compreensão da Palavra, ajuda-me a explicitar, no dia-a-dia, meu entendimento prático da mensagem do Reino. |
XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Jeremias
7,1-11.)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
7
2 "Vai à porta do templo do Senhor; lá pronunciarás este discurso: escutai a palavra do Senhor, vós todos, povos de Judá, que entrais por estas portas para vos prosternar diante dele. 3 Eis o que diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: reformai vosso procedimento e a maneira de agir, e eu vos deixarei morar neste lugar. 4 Não vos fieis em palavras enganadoras, semelhantes a estas: ´Templo do Senhor, templo do Senhor, aqui está o templo do Senhor´. 5 Se reformardes vossos costumes e modos de proceder, se verdadeiramente praticardes a justiça; 6 se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão, a viúva; se não espalhardes neste lugar o sangue inocente e não correrdes, para vossa desgraça, atrás dos deuses alheios, 7 então permitirei que permaneçais neste lugar, nesta terra que dei a vossos pais por todos os séculos. 8 Vós, contudo, vos fiais em fórmulas enganadoras que de nada vos servirão. 9 Roubais, matais, cometeis adultérios, prestais juramentos falsos; ofereceis incenso a Baal e procurais deuses que vos são desconhecidos; 10 E depois, vindes apresentar-vos diante de mim, nesta casa em que foi invocado meu nome, e exclamais: ´Estamos salvos!´ para, em seguida, recomeçar a cometer todas essas abominações. 11 É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo" - oráculo do Senhor.
Salmo responsorial 83/84
Quão amável, ó Senhor, é vossa
casa!
Minha alma desfalece de saudades
e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!
Mesmo o pardal encontra abrigo
em vossa casa,
e a andorinha ali prepara o seu ninho, para nele seus filhotes colocar: vossos altares, ó Senhor Deus do universo! Vossos altares, ó meu rei e meu Senhor!
Felizes os que habitam vossa
casa;
para sempre haverão de vos louvar! Felizes os que em vós têm sua força, caminharão com um ardor sempre crescente.
Na verdade, um só dia em vosso
templo
vale mais do que milhares fora dele! Prefiro estar no limiar de vossa casa a hospedar-me na mansão dos pecadores!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Acolhei docilmente a palavra semeada em vós, meus irmãos; ela pode salvar vossas vidas! (Tg 1,21) Evangelho (Mateus 13,24-30)
13 24 Jesus propôs outra
parábola: "O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado
boa semente em seu campo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO25 Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. 26 O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. 27 Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: "Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio?" 28 Disse-lhes ele: "Foi um inimigo que fez isto!" Replicaram-lhe: "Queres que vamos e o arranquemos?" 29 "Não", disse ele; "arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. 30 Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro".
1. “Quem é e onde está o Joio?”
Diante desta parábola, nossa
primeira reação é dar uma boa olhada em redor de nós, na comunidade e na
família, para ver quem é Joio que vai ser queimado, e quem é o Trigo bom que
vai ser recolhido definitivamente nos celeiros da Casa do Pai. Mas em um
primeiro momento é bom termos consciência de que esse Joio e esse Trigo está
primeiramente em nossa vida, bem dentro do nosso coração, pois trigo e joio
são duas possibilidades de se viver, e quem decide somos nós, através do
discernimento que o Espírito nos deu e assim será em todo o tempo da nossa
vida terrena, todo dia teremos de fazer essa escolha, se vamos cultivar o
trigo ou o joio... Já sabemos
Então primeiro a parábola nos
força a olharmos para nós mesmos, somente depois para a Vida dos nossos
irmãos na família, na comunidade, na pastoral, no grupo ou na equipe, onde
nossos olhos bem atentos conseguem ver longe e já sabe quem é joio e quem é
trigo. E o primeiro impulso é aquele demonstrado pelos servidores do pai de
Família “Senhor, quereis que arranquemos o joio?”.
Criança que na catequese não
aprende nada, é melhor afastá-la, antes que contamine as outras, na escola é
a mesma coisa, na comunidade também, nos grupos pastorais e equipes de
serviço, quem de nós vai atrás do irmão que é Joio? Quase ninguém, pois
pensamos que é melhor não gastar vela com mau defunto. Sonhamos e queremos
uma comunidade feita só do Trigo bom e para isso é preciso arrancar sem
piedade o Joio que infestam nossas comunidades, pastorais e movimentos.
É aí que aparece aquilo que Deus
tem de mais grandioso e maravilhoso: sua infinita misericórdia e paciência
com o Ser humano! Deus jamais arranca o Joio, pois sempre cultiva a esperança
de que o joio se transforme em trigo bom e assim, acredita no homem até o
derradeiro instante de sua vida, e realmente a sua graça tem o poder de
penetrar no mais íntimo do ser humano para transformá-lo de Joio
Nisso consiste a Salvação que
Jesus nos trouxe...
2. O trigo e o joio
Partindo ainda da imagem da
semente, Mateus apresenta uma nova parábola, na qual predominam as antíteses:
o dono do campo e o inimigo; o trigo, que será guardado no celeiro, e o joio,
que será queimado. Tais antíteses são bem características do dualismo semita
presente nas tradições do Primeiro Testamento, tendo sua expressão máxima na
eleição de um povo particular, com a promessa da terra, e na destruição dos
inimigos, com a ocupação de suas terras. Estas tradições estão no fundamento
do dualismo entre puros e impuros, santos e pecadores, eleitos e condenados,
presente no cristianismo, dando origem a julgamentos condenatórios.
A separação entre trigo e joio
pode ser entendida não como separação de pessoas santas e salvas, e pessoas
pecadoras e condenadas, mas como a separação entre o Reino de Deus e a
ideologia de poder e riqueza que permeia os valores deste mundo.
Deus, com sua misericórdia, deixa aberta a todos a opção pelo Reino, sem exceções.
Oração
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que, como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.
3. SUPORTANDO A CONTRADIÇÃO
A parábola do joio e do trigo
mostra como devemos, na vida, suportar a coexistência do bem e do mal. É
impossível realizar uma clara separação entre eles. A ação concomitante do
senhor do campo, semeando a boa semente, e a do seu inimigo, semeando a erva
daninha, é inevitável. É preciso contar com esta eventualidade!
Os discípulos foram alertados
quanto à tentação de querer arrancar a erva daninha, deixando crescer somente
o trigo. Seria arriscado, pois juntamente com a erva má, arrancar-se-ia
também a boa. O prejuízo desaconselha uma tal providência.
Diante desta situação, a atitude
correta consiste em ter paciência, misericórdia e esperança. Paciência,
porque, no final das contas, ficará patente a identidade do bem e do mal,
embora, num determinado momento, parecessem semelhantes. Além disto, fica
sempre aberta a possibilidade de conversão do pecado para a graça, pois a
ação de Deus, no coração humano, supera o nosso entendimento. Misericórdia,
porque o discípulo do Reino é chamado a acolher os pecadores, com a mesma
benevolência do Pai, sem pretender excluí-los dos benefícios do Reino.
Trata-se de uma luta constante para libertá-los da escravidão à qual foram
reduzidos pelo pecado. Sem misericórdia, este processo de aproximação será
inviável. Esperança, porque o mal está fadado a ser derrotado. Pela força de
Deus, o bem terá a última palavra na história humana.
Oração
Espírito de esperança, encha o meu coração de paciência e de misericórdia que me permitam viver as contradições da história, confiante na vitória do bem. |
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segunda-feira, 23 de julho de 2012
Liturgia da 16ª semana comum Ano Par
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