Liturgia da Segunda Feira — 30.07.2012
XVII
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em
sua casa; é ele que dá força e poder a seu povo (Sl 67,6s.36)
Leitura (Jeremias
13,1-11)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
13 1 Disse-me o Senhor:
"Vai e compra um cinto de linho e coloca-o sobre os rins, sem contudo
mergulhá-lo na água".
2 Comprei-o, conforme ordenara o Senhor, e com ele me cingi. 3 Pela segunda vez, assim me falou o Senhor: 4 "Toma o cinto que compraste e que trazes contigo e encaminha-te para as margens do Eufrates. Lá ocultarás esse cinto na cavidade de um rochedo". 5 Fui assim escondê-lo, junto do Eufrates, como me havia dito o Senhor. 6 Tempos depois, voltou o Senhor a dizer-me: "Põe-te a caminho em demanda das margens do Eufrates, a fim de buscar o cinto que, conforme minhas ordens, lá escondeste". 7 Dirigi-me, então, ao rio e, tendo cavado, retirei o cinto do local onde o escondera. O cinto, porém, apodrecera, e para nada mais servia. 8 Então, nestes termos, foi-me dirigida a palavra do Senhor: 9 "Eis o que diz o Senhor: assim também destruirei a soberba de Judá, e o orgulho imenso de Jerusalém. 10 Esse povo perverso que recusa executar-me as ordens, que segue os pendores do coração empedernido, que corre aos deuses estranhos para render-lhes homenagens e prostrar-se ante eles, tornar-se-á semelhante a esse cinto sem mais serventia alguma. 11 À semelhança de um cinto que se prende aos rins de um homem, assim uni a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá - oráculo do Senhor -, a fim de que constituíssem meu povo, minha honra, glória e ufania. Elas, porém, não obedeceram".
Salmo responsorial Dt 32
Esqueceram o Deus que os gerou.
Da rocha que te deu à luz, te
esqueceste,
Do Deus que te gerou, não te lembraste. Vendo isso, o Senhor os desprezou, Aborrecido com seus filhos e suas filhas.
E disse: Esconderei deles meu
rosto
E verei, então, o fim que eles terão, Pois tornaram-se um povo pervertido, São filhos que não têm fidelidade.
Com deuses falsos provocaram
minha ira,
Com ídolos vazios me irritaram; Vou provocá-los por aqueles que nem povo são, Através de gente louca hei de irritá-los.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus nos gerou pela palavra da verdade como as primícias de suas criaturas! (Tg 1,18) Evangelho (Mateus 13,31-35)
13 31 Em seguida, propôs-lhes
outra parábola: "O Reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que
um homem toma e semeia em seu campo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO32 É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos". 33 Disse-lhes, por fim, esta outra parábola. "O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa". 34 Tudo isto disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava, 35 para que se cumprisse a profecia: "Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação".
1. O Reino que quase não aparece...
Um empreendimento humano, nos
dias de hoje é monitorado, tem os seus resultados constantemente analisados,
suas estatísticas verificadas, hoje em dia, com tanta tecnologia a
serviço do homem, um grande empreendimento deixou e ser um risco, pois é
feito todo um estudo para prever o quadro do início até o seu final,
mostrando ao investidor se compensa levar o negócio adiante.
Mas o Reino de Deus não tem como
ser monitorado, pois é sempre uma semente, uma possibilidade real, uma pitada
de fermento pronta para ser usada, em todas as circunstâncias e situações. A
semente está pronta em si mesmo, traz o potencial do crescimento, dos ramos,
folhas e frutos. Está tudo ali, ao alcance do homem que crê. Basta o homem
querer e nesse caso ele deve entrar com o que o seu carisma dispõe, para
alguns uma terra fértil sempre a espera da semente viçosa, para outros
algumas porões de farinha, ou seja, as dimensões de sua vida, que precisam
ser requalificadas, aprimoradas, para crescer e tornar-se pão saboroso,
partilhado com todos.
É enganosa a impressão de que o
empreendimento do Reino de Deus é uma obra com dois sócios e duas
quotas iguais, Deus dá a semente e o homem entra com a terra, a mão de obra e
os implementos agrícolas, ou Deus dá o fermento e o homem entra com a farinha
e a mistura dessa com o Fermento. Não!
Deus dá tudo pronto, a semente e
o fermento, pois se um projeto dessa magnitude dependesse do ser humano, essa
obra estaria reduzida a ruínas há dois milênios. Ao contrário, o Reino está
aí, acontecendo na surdina e sem alardes, as sementes vão sendo plantadas
aqui, ali e acolá, o fermento vai sendo misturado á farinha do ser humano,
seu existir, seu pensar, seu agir, tudo vai sendo levitado e transformado.
Pois este reino que é semente e
fermento, Jesus o plantou bem dentro do ser humano, no centro da sua vida e
do seu coração, está por tanto, dentro do homem e não fora dele, de modo que
é quase impossível impedi-lo de crescer, germinar e frutificar. O homem que
deseja, facilita e permite que dentro dele cresça e se desenvolva essa
semente, ou que vive a comunhão na Vida de Deus , Fermento puro e santo, que
se mistura com a Farinha da nossa humanidade, torna-se pão saboroso, que
alimenta ao faminto, dá esperança ao desesperado, dá luz e alegria ao que
caminha na treva e na tristeza, são as aves que procuram abrigo nos ramos e o
encontram.
Olhemos ao nosso redor e
encontraremos pessoas assim, dentro e fora de nossas igrejas, basta olhar com
muita atenção e sobre tudo Fé, pois ao nosso redor a cada momento o Reino
está acontecendo...
2. O Reino de Deus é como o fermento
O Reino dos Céus é comparado
como algo que, de início, pouco se percebe, mas, depois, produz efeitos
evidentes. A pregação de João Batista e a de Jesus mobilizaram as multidões
que vinham a eles, com uma evidência que chamava a atenção das autoridades
políticas e religiosas. Contudo, continuava pouco perceptível o sentido
último do Reino, muitos tendo confundido Jesus com um messias em busca do
poder e da glória.
A exuberância das instituições
religiosas ao longo do tempo também destoa da discrição da semente de
mostarda. O país mais rico e poderoso do mundo fala em nome da civilização
cristã, porém no seu culto ao dinheiro e em suas ações bélicas não se
vislumbra o Reino de Deus.
Compreender o grão de mostarda
da parábola significa contemplar já a árvore que abriga as aves dos céus.
Significa perceber a presença do Reino nas multidões dos empobrecidos e
excluídos, onde o amor, como um fermento na massa, está presente em milhões
de lares humildes e sofridos.
Oração
Pai, livra-me de desprezar os pequeninos e declará-los. Livra-me, também, do perigo de me subestimar. Faze-me compreender que o Reino se constrói pela ação dos pequenos.
3. DA PEQUENEZ À
GRANDEZA
A parábola do grão de mostarda
semeado no campo, vindo a tornar-se uma árvore frondosa, revela um aspecto
importante na dinâmica do Reino. Este aparece pequeno e frágil ao despontar
na história humana. Entretanto, seu destino é tornar-se grande na sua
definitiva manifestação. A precariedade e a imperfeição do momento presente
são etapas necessárias de um processo mais amplo. Só na escatologia
despontará o Reino em sua real grandeza.
O discípulo sabe conjugar
pequenez e grandeza, sem se deixar iludir por imagens destorcidas do Reino. E
não correrá o risco de se enganar, identificando com o Reino certas
manifestações retumbantes de religiosidade, nem ficará iludido quando for
incapaz de perceber o Reino lançando suas raízes, tamanha é sua pequenez. No
primeiro caso, terá suficiente senso crítico para perceber a incompatibilidade
de certos fenômenos com o projeto do Reino; no segundo, será capaz de
detectar, ali onde parece que nada acontece, sinais evidentes do Reino,
fermentando a existência humana.
Historicamente, o Reino tende a
manifestar-se em sua fragilidade. Caso contrário, correria o risco de
impor-se aos seres humanos, prescindindo de uma opção livre. Quem for capaz
de reconhecer a presença ativa de Deus no que há de mais fraco e pequenino,
terá compreendido por que caminhos o Reino atua na História.
Oração
Espírito que se manifesta na pequenez e na fragilidade, dá-me inteligência para compreender os caminhos pelos quais o Reino se faz presente em nossa história. |
SANTO
INÁCIO DE LOYOLA
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra
e nos abismos; e toda língua proclame, para glória de Deus Pai, que Jesus
Cristo é Senhor (Fl 2,10s).
Leitura (Jeremias
14,17-22)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
14 17 E tu lhes dirás: Que se me
fundam em lágrimas os olhos, noite e dia sem descanso, porquanto de um golpe
horrível foi ferida a virgem, filha de meu povo, e sua chaga não tem cura!
18 Se saio pelos campos, encontro homens atravessados pela espada; e se regresso à cidade, eu vejo outros passando pelo tormento da fome. Até o profeta e o sacerdote perambulam sem rumo pela terra. 19 Repelistes Judá, de verdade, e vossa alma se desgostou de Sião? Por que nos feristes de mal incurável? Esperamos a salvação; nada, porém, existe de bom; aguardamos a era de soerguimento, mas só vemos o terror! 20 Senhor! Conhecemos nossa malícia e a iniqüidade de nossos pais. (Bem sabemos) que pecamos contra vós. 21 Pela honra, porém, de vosso nome, não nos abandoneis, nem desonreis o vosso trono de glória. Lembrai-vos! E não rompais o pacto que conosco firmastes. 22 Haverá, entre os vãos ídolos dos pagãos, algum que provoque a chuva? Ou é o céu que proporciona os aguaceiros? Não! Sois vós, Senhor, nosso Deus, vós, em quem depositamos nossa esperança; vós, que todas essas coisas haveis criado.
Salmo responsorial 78/79
Por vosso nome e vossa glória,
libertai-nos!
Não lembreis as nossas culpas do
passado,
mas venha logo sobre nós vossa bondade, pois estamos humilhados em extremo.
Ajudai-nos, nosso Deus e
salvador!
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
Até vós chegue o gemido dos
cativos:
libertai com vosso braço poderoso os que foram condenados a morrer! Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo, celebramos vosso nome para sempre, de geração em geração vos louvaremos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A semente é de Deus a palavra, o Cristo é o semeador; todo aquele que o encontra, vida eterna encontrou. Evangelho (Mateus 13,36-43)
13 36 Então, Jesus despediu a
multidão. Em seguida, entrou de novo na casa e seus discípulos agruparam-se
ao redor dele para perguntar-lhe: Explica-nos a parábola do joio no campo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO37 Jesus respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. 39 O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. 40 E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do mundo. 41 O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal 42 e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. 43 Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça.
1. “Casa, lugar do conhecimento...”
A palavra “Casa” que aparece no
início do evangelho, não é apenas um advérbio de lugar, mas é uma referência
importante tratando-se de um lugar especial onde os discípulos estão
sequiosos por um conhecimento mais aprofundado da Palavra anunciada por
Jesus, que agora, deixando de lado a linguagem comparativa das parábolas,
fala as claras sobre o significado do ensinamento, poderíamos dizer que,
depois de dar “mingau” ou “papinha” à multidão, vai dar aos seus discípulos
um alimento mais sólido.
A nossa Igreja só recentemente é
que vem valorizando a formação dos leigos, em cursos organizados pela
arquidiocese, ou nas próprias paróquias, e assim, comunidade é essa “Casa”
onde na nossa experiência com o Senhor, vamos aprofundando o seu ensinamento
nas verdades reveladas por Deus. Comunidade não deve ser só o lugar do
SENTIR, mas também do PENSAR, para que se tenha o discernimento mais preciso
sobre o Reino de Deus, que em forma de semente foi plantado por Jesus no
coração do homem.
Quando não se aprofunda esse
rico ensinamento, e se prefere ficar só na “papinha ou mingau”, a nossa Fé
não é tão consistente e acabamos confundindo joio com o trigo e este Joio,
plantado em nós pelo Maligno, nos desfigura totalmente, tornando-nos imagem
do Maligno e não de Deus e quanto menos conhecimento tem,os da palavra, mais
vamos perdendo a capacidade de discernir, e mais vamos cultivando o joio em
nosso coração, confundindo-o com o trigo.
Daí que um belo dia seremos
surpreendidos, no dia da colheita, quando o Senhor mandar recolher o trigo em
seus celeiros, quando descobrirmos que perdemos tempo em nossa vida,
cultivando joio, iremos então sentir um ódio mortal por termos sido enganados
pelo Mal, mas aí será muito tarde e só nos restará remoer o nosso ódio, com
um choro amargo e o ranger de dentes.
Que tal começar agora, a fazer
uma limpeza no jardinzinho do nosso coração, arrancando sem piedade o joio, e
cultivando com alegrias o trigo bom? Para isso é preciso buscar o
conhecimento da Palavra, nessa casa que é a nossa comunidade, onde o Senhor
nos fala direto ao coração.
2. O sentido das parábolas.
Na sua coleção de sete
parábolas, reunidas no capítulo 13 de seu evangelho, Mateus apresenta a
parábola do joio semeado entre o trigo. A seguir, no texto de evangelho de
hoje, ele apresenta a sua explicação, como já havia feito para a parábola das
sementes lançadas em diferentes tipos de terreno (cf. Mt 13,18-23). A
explicação é feita de modo alegórico, isto é, a cada imagem da parábola é
dada uma interpretação.
Nesta interpretação alegórica de
Mateus, a parábola tem um sentido escatológico, de julgamento no fim dos
tempos com a trágica condenação dos que praticam o mal e a salvação dos
justos. O dualismo discriminatório na parábola e as imagens cruéis deste
julgamento são muito características de Mateus, com o que fica obscurecida a
mensagem e o testemunho de amor e misericórdia de Jesus.
Contudo, na parábola podemos
encontrar um sentido atual, na medida em que remove as pretensões de se
julgar e condenar alguém.
Oração
Pai, que as pressões dos filhos do Maligno jamais sejam suficientemente fortes para me levar a renunciar à minha condição de filho do Reino. Quero estar sempre a teu serviço.
3. DUAS SORTES DISTINTAS
A explicação da parábola do joio
e do trigo ofereceu a Jesus a ocasião para explicitar o destino final de quem
se identifica com a má semente, e de quem se identifica com a boa semente.
Os primeiros são chamados de
escandalosos, pois praticam a iniqüidade, ou seja, recusam-se a pautar suas
vidas pelos parâmetros do Reino. São indivíduos sem lei, e só fazem o que
mais lhes convém. Como só lhes convém a maldade, seu destino será a
condenação eterna.
Os segundos são chamados de
justos. Sua justiça corresponde, exatamente, em optarem pelo Reino como
projeto de vida, sem se desviarem do caminho certo. Os justos norteiam suas
vidas pelo amor, e acreditam na força do bem e da verdade. Jamais pactuam com
a injustiça, nem empregam a violência para fazer valer seus direitos. Eis por
que fulgirão como o Sol, no Reino do Pai.
A exortação de Jesus -
"Quem tem ouvidos para ouvir, ouça" - soa como uma espécie de
advertência para os discípulos em vista de uma escolha a ser feita. A sorte
de cada opção já está traçada. Cabe ao discípulo agir com inteligência.
Oração
Espírito de eqüidade, conduze-me pelos caminhos da justiça, que são os caminhos do Reino, sem me deixar desviar do rumo certo. |
SANTO
AFONSO DE LIGÓRIO - BISPO E DOUTOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Velarei sobre as minhas ovelhas, diz o Senhor; chamarei
um pastor que as conduza e serei o seu Deus (Ez 34,11.23s).
Leitura (Jeremias
15,10.16-21)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
15 10 "Ai de mim, ó minha
mãe, que me geraste, para tornar-se objeto de disputa e de discórdia em toda
a terra! Não sou credor nem devedor, e, no entanto, todos me maldizem.
16 Vede: é por vós que sofro ultrajes da parte daqueles que desprezam vossas palavras. Aniquilai-os. Vossa palavra constitui minha alegria e as delícias do meu coração, porque trago o vosso nome, ó Senhor, Deus dos exércitos! 17 Não me assentei entre os escarnecedores, para entre eles encontrar o meu prazer. Apoiado em vossa mão, assentei-me à parte, porque me havíeis enchido de indignação. 18 Por que não tem fim a minha dor, e não cicatriza a minha chaga, rebelde ao tratamento? Ai! Sereis para mim qual riacho enganador, fonte de água com que não se pode contar?" 19 Eis a razão pela qual diz o Senhor: "Se voltares, farei de ti o servo que está a meu serviço. Se apartares o precioso do que é vil serás como a minha boca. Serão eles, então, que virão a ti, e não tu que irás a eles. 20 Então, erguerei ante esse povo sólida muralha como o bronze. Será atacada, mas não conseguirão vencê-la, pois estarei a teu lado para proteger-te e te livrar - oráculo do Senhor. 21 Arrebatar-te-ei da mão dos maus e te libertarei do poder dos violentos".
Salmo responsorial 58/59
Sois meu refúgio no dia da
aflição.
Libertai-me do inimigo, ó meu
Deus,
e protegei-me contra os meus perseguidores! Libertai-me dos obreiros da maldade, defendei-me desses homens sanguinários!
Eis que ficam espreitando a
minha vida,
poderosos armam tramas contra mim. Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime.
Minha força, é a vós que me
dirijo,
porque sois o meu refúgio e proteção, Deus clemente e compassivo, meu amor! Deus virá com seu amor ao meu encontro, e hei de ver meus inimigos humilhados.
Eu, então, hei de cantar vosso
poder
e de manhã celebrarei vossa bondade, porque fostes para mim o meu abrigo, o meu refúgio no dia da aflição.
Minha força, cantarei vossos
louvores,
porque sois o meu refúgio e proteção, Deus clemente e compassivo, meu amor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos chamo meus amigos, pois vos dei a conhecer o que o Pai me revelou (Jo 15,15). Evangelho (Mateus 13,44-46)
13 44 Disse Jesus: "O
Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem
o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que
tem para comprar aquele campo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO45 O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. 46 Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra".
1. “O tesouro
escondido”
Muda-se o contexto, mudam-se os
ouvintes, provavelmente Jesus acabou de chegar do campo e entrou na cidade,
lá na zona rural o Reino era semente e fermento, agora na cidade ele é um
tesouro e uma pérola preciosa. A diferença entre as duas parábolas é que
agora, descobrindo este reino dentro de si, é preciso tomar a decisão: que
importância tem o Reino na minha vida? Jesus e seu evangelho é apenas mais
uma Filosofia de Vida entre tantas, ou é o único? O Reino de Deus não é uma
mercadoria exposta na vitrine, em meio a outras.
Ao descobrir o tesouro escondido
em um sítio, o homem da primeira parábola o escondeu de novo. Ninguém sabia
que ele já tinha descoberto o tesouro, era alguém em meio a multidão, porém
sentia-se especial pois o tesouro descoberto tornara-se a coisa mais
importante da sua vida, mas para que fosse seu, teria de abrir mão de tudo o
mais que possuía e foi o que fez...
Mas qual a diferença entre as
duas parábolas que parecem tão iguais? Na primeira, o homem encontrou o
tesouro por acaso, e na segunda o negociante estava à procura de uma preciosidade.
Isso significa dizer que de algum modo, Deus revela o seu reino a todos os
homens, nenhum ser humano passará por esta vida sem que a Graça de Deus o
toque e o alcance. É uma ocasião única que ele deve aproveitar bem,
descobrindo que vale a pena relativizar tudo nesta vida, aceitando como
absoluto apenas Deus e os desígnios do seu Reino, que Jesus um dia plantou no
meio de nós.
Ocorre que muitas vezes, jogamos
toda a nossa existência fora, por causa de “quinquilharias” que nada valem,
ou de certas pérolas reluzentes, mas que são falsas e não tem valor algum e
que passamos vida inteira correndo atrás.
2. Parábolas do Reino
Mateus coleta ditos de Jesus e
os reúne, em seu evangelho, em cinco blocos, formando cinco discursos. Estes
são alternados com blocos de feitos de Jesus, milagres, relações com os
discípulos ou com o povo e conflitos com o sistema da sinagoga e do Templo.
No capítulo treze, encontramos o "discurso em parábolas", com sete
parábolas. A seguir apresentará mais oito, dispersas, formando um total de
quinze. Destas, oito são exclusivas de Mateus. E Mateus tem a originalidade
de iniciar dez das parábolas com a frase: "O Reino dos Céus é
como...".
As duas curtas parábolas de hoje
só são encontradas
Oração
Pai, que eu seja decidido e rápido em desfazer-me do que me impede de acolher plenamente o teu Reino. Que meu coração nunca se apegue a coisa alguma deste mundo.
3. DECISÃO
RADICAL
A relação do discípulo com o
Reino deve ser de exclusividade. Em sua vida, nada pode apresentar-se como
concorrente desse Reino, pois este tem a primazia em tudo, deve ser o ponto
de referência para tudo, o eixo de sua existência. E tudo isto se explica
como adesão e serviço total ao Reino.
Jesus comparou a radicalidade
desta opção com o gesto de um homem que, ao descobrir um tesouro escondido
num campo, cheio de alegria vendeu quanto possuía e adquiriu aquele campo.
Essa descoberta levou-o a redimensionar o valor de suas propriedades. A posse
do tesouro justificava desfazer-se de tudo o mais.
Outro ponto de comparação foi a
atitude de um comerciante de pérolas preciosas: ao encontrar uma de grande
valor, decidiu desfazer-se de todos os seus bens, só para adquiri-la. A posse
da pérola levou-o a dar uma reviravolta em sua vida: todas as demais pérolas
que possuía, bem como outras eventuais propriedades, pouco valor tinham para
ele. A posse da pérola preciosa era suficiente para fazê-lo feliz.
O mesmo se passa com o Reino.
Ele constitui a alegria do discípulo, embora tivera de renunciar ao que antes
lhe parecia precioso. Por causa do Reino, o discípulo é capaz de tomar
decisões radicais.
Oração
Senhor Jesus, que eu me desfaça, com coragem e alegria, de tudo quanto me impede de colocar o Reino como centro de minha vida. |
XVII
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em
sua casa; é ele que dá força e poder a seu povo (Sl 67,6s.36)
Leitura (Jeremias
18,1-6)
Leitura da profecia de Jeremias.
18 1 Foi dirigida a Jeremias a
palavra do Senhor nestes termos:
2 "Vai e desce à casa do oleiro, e ali te farei ouvir minha palavra". 3 Desci, então, à casa do oleiro, e o encontrei ocupado a trabalhar no torno. 4 Quando o vaso que estava a modelar não lhe saía bem, como sói acontecer nos trabalhos de cerâmica, punha-se a trabalhar em outro à sua maneira. 5 Foi esta, então, a linguagem do Senhor: "casa de Israel, não poderei fazer de vós o que faz esse oleiro?" - oráculo do Senhor. 6 "O que é a argila em suas mãos, assim sois vós nas minhas, Casa de Israel".
Salmo responsorial
146/145
Feliz quem se apóia no Deus de
Jacó!
Bendize, minha alma, ao Senhor!
Bendize, minha alma, ao Senhor! Bendirei ao Senhor toda a vida, Cantarei ao meu Deus sem cessar!
Não ponhais vossa fé nos que
mandam,
Não há homem que possa salvar. Ao faltar-lhe o respiro, ele volta Para a terra de onde saiu; Nesses dia seus planos perecem.
É feliz todo homem que busca
Seu auxílio no Deus de Jacó E que põe no Senhor a esperança. O Senhor fez o céu e a terra, fez o mar e o que neles existe.
Aclamação do Evangelho
(Mateus 13,47-53)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Abre-nos, ó Senhor, o coração, para ouvirmos a palavra de Jesus! (At 16,14) EVANGELHO (Mateus 13,16-17)
13 47 "O Reino dos céus é
semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda
espécie.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO48 Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta. 49 Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos 50 e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes. 51 Compreendestes tudo isto? Sim, Senhor, responderam eles. 52 Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas". 53 Após ter exposto as parábolas, Jesus partiu.
1. “Somente o Reino é definitivo”
Esta parábola fecha um conjunto
que se inicia no versículo 1 com a Parábola do Semeador, o panorama muda mas
o ensinamento é o mesmo: o Reino é uma iniciativa Divina. Ás vezes, na visão
rigorosa de Mateus, tem-se a impressão de que o homem em nada participa, mas
esta é uma visão enganosa. O evangelista precisava usar esta linguagem
radical, pois os seus conterrâneos não abriam mão da tradição onde
despontavam nomes sagrados como o Rei Davi, o libertador Moisés e mais na
origem o Patriarca Abraão. Para eles, Jesus de Nazaré não poderia ser maior
que esses, não aceitavam que ele era o próprio Filho de Deus, inaugurador do
Reino definitivo, e muito menos que Deus se ocupasse de outros povos e nações
que não Israel, raça eleita, Nação Santa.
Na rede jogada ao mar caem
peixes de todas as espécies, grandes, pequenos, peixes de ótima qualidade mas
também peixes que não serviam para ser aproveitados. Haverá no final uma
seleção dos convocados, e Israel não tem lugar garantido só porque tem suas
raízes na tradição, sendo povo da antiga aliança. Possivelmente, o que
pensava um judeu tradicionalista era que Israel não passaria por nenhum
julgamento, pois já estavam assegurados.
Por isso Mateus dá ênfase ao
julgamento e ainda as consequências trágicas que virão para quem não for
selecionado. Quando refletimos este evangelho corremos o risco de pensar mal
de Deus, uma vez que os coitados dos peixes que caem na rede, nem imaginam o
destino que espera para os que não passarem no controle de qualidade dos anjos.
Entretanto o versículo final, alinhado á primeira leitura do Profeta Jeremias
desfaz esse equívoco.
O Doutor da Lei que se torna
discípulo de Jesus tem à sua frente o Baú do Antigo Testamento de onde, ele
poderá agora tirar coisas novas e velhas, como um pai de família que ao fazer
uma bela faxina em casa, vai separar algumas coisas que são úteis e outras
que já não servem mais. O Doutor da Lei que se tornou discípulo do Senhor,
agora olha para o Antigo Testamento a partir de Jesus e consegue separar coisas
novas e velhas, pois com Cristo as escrituras antigas revelam seu verdadeiro
e real sentido.
Jesus Cristo, o Messias Salvador
e Redentor, é a plena realização da profecia de Jeremias, pois Nele todo
homem será remodelado, refeito, como um barro nas mãos do oleiro. Conclusão
da parábola: basta que o homem se torne flexível e disponível para deixar-se
modelar pela Graça Operante e Santificante da Graça de Deus, e ele será
totalmente transformado, e daí, os peixes de menor qualidade que caíram na
rede do Reino, poderão sim, serem transformados
Dentre as primitivas comunidades
cristãs oriundas do judaísmo surgiram tradições sobre Jesus inspiradas a
partir do Primeiro Testamento, como o escriba "que tira de seu tesouro
coisas novas e velhas". Os evangelistas elaboram seus evangelhos
coletando estas tradições, marcadas pela ideologia do messianismo davídico de
glória e poder, já descartado por Jesus.
A parábola de hoje, com um
estilo bem característico de Mateus, pretende descrever o juízo final,
apresentando-o de maneira excludente e violenta. A separação entre bons e
maus, e o cruel destino dos maus, na fornalha de fogo, com ranger de dentes,
exprime mais o julgamento do deus do Primeiro Testamento, que, no "dia
de Javé", viria para exterminar os inimigos do povo eleito, o qual,
purificado, seria elevado à gloria e ao poder sobre as demais nações.
A grande novidade de Jesus,
contudo, é a revelação do Deus de amor e misericórdia. A exemplo de Jesus,
nossos julgamentos não são de condenação do mundo, mas, sim, de
reconhecimento do amor pleno de Deus que tudo transforma e a todos acolhe em
seu seio divino.
Oração
Pai, concede-me suficiente realismo para perceber que teu Reino se constrói em meio a perdas e ganhos, e que só tu podes garantir o sucesso final.
Diante da pregação de Jesus, a
comunidade dos discípulos pensou ser conveniente separar, o mais cedo
possível, a humanidade em dois blocos. De um lado, estariam os bons, que se
deixaram tocar pelo Reino e aderiram a ele com fidelidade. De outro, estariam
os maus, os que foram insensíveis aos apelos do Reino e preferiram aderir à
injustiça e toda sorte de maldade. Esta divisão nítida, no pensar deles, lhes
daria segurança. Afinal, não haveria dúvida sobre o lugar onde se encontravam
o bem e o mal. A mistura acarretaria sérios perigos para os bons.
Ao contar a parábola da rede,
Jesus mostrou-se contrário a esta mentalidade. Como a rede recolhe peixes de
toda espécie, o mesmo se passa com o Reino. Gente de toda categoria e com as
mais variadas intenções se fazem discípulas dele. Por ora, não é conveniente
estabelecer uma separação entre elas. A ninguém é dado este poder. Ele é da
competência de Jesus: só a ele cabe julgar as pessoas e separá-las segundo
seu comportamento. Mas isto será feito apenas no fim do mundo. Até lá, os que
se consideram bons e são impacientes com os demais, devem provar que o são,
de fato. Uma maneira de prová-lo é ser paciente com quem é fraco na fé e
ajudá-lo a descobrir o caminho da fidelidade a Jesus e ao Reino. A
intransigência já é uma forma de maldade e poderá resultar em dano para o
discípulo, quando se defrontar com o Senhor.
Oração
Senhor Jesus, livra-me da tentação de arvorar-me em juiz do meu próximo e faze-me ajudar os fracos na fé a descobrirem o caminho do Reino. |
XVII
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em
sua casa; é ele que dá força e poder a seu povo (Sl 67,6s.36)
Leitura (Jeremias
26,1-9)
Leitura da profecia de Jeremias.
26 1 No começo do reinado de
Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, foi dirigida a Jeremias a palavra do
Senhor nestes termos:
2 "Eis o que disse o Senhor: coloca-te no átrio do templo e a toda a gente de Judá, que vier prosternar-se no templo do Senhor, repete todas as palavras que te ordenei dizer, sem deixar nenhuma. 3 Talvez as ouçam eles e renunciem ao perverso comportamento. Arrepender-me-ei, então, dos males que cogito desencadear sobre eles por motivo da perversidade de sua vida. 4 E então tu lhes dirás: eis o que diz o Senhor: Se não me escutardes, se não obedecerdes à lei que vos impus, 5 e não ouvirdes as palavras dos profetas, meus servos, que não cessei de vos enviar continuamente, sem que delas vos importásseis, 6 farei deste edifício o que fiz de Silo e desta cidade um exemplo que todos os povos da terra citarão em suas maldições". 7 Os sacerdotes, os profetas e todo o povo ouviram Jeremias pronunciar essas palavras no templo. 8 Mal, porém, acabara de repetir o que o Senhor lhe ordenara dizer ao povo, lançaram-se sobre ele os sacerdotes, os profetas e a multidão, exclamando: "À morte! 9 Por que proferes, em nome do Senhor, este oráculo: 'a este templo: o mesmo acontecerá que a Silo e se transformará em deserto sem habitantes esta cidade?'" Ajuntou-se então a multidão no templo em torno de Jeremias.
Salmo responsorial 68/69
Respondei-me, ó Senhor, pelo
vosso imenso amor.
Mais numerosos que os cabelos da
cabeça
são aqueles que me odeiam sem motivo; meus inimigos são mais fortes do que eu; contra mim eles se voltam com mentiras! Por acaso poderei restituir alguma coisa que de outros não roubei?
Por vossa causa é que sofri
tantos insultos
e o meu rosto se cobriu de confusão; eu me tornei como um estranho a meus irmãos, como estrangeiro para os filhos de minha mãe. Pois meu zelo e meu amor por vossa casa e devoram como fogo abrasador; e os insultos de infiéis que vos ultrajam recaíram todos eles sobre mim!
Por isso elevo para vós minha
oração
neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A palavra do Senhor permanece eternamente, e esta é a palavra que vos foi anunciada (1Pd 1,25). EVANGELHO (Mateus 13,54-58)
13 54 Jesus foi para a sua
cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados:
"Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa?
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO55 Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56 E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?" 57 E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: "É só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado". 58 E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.
1. “Santo de casa”
Quando Jesus chegou a sua
“terrinha” de Nazaré, acompanhado dos discípulos, deve ter causado um
verdadeiro “rebuliço”, pois a fama de suas pregações e milagres já tinha
chegado por ali, e no sábado, como todo piedoso judeu, foi á celebração da
palavra da comunidade, onde qualquer pessoa adulta poderia partilhar o
ensinamento na hora da reflexão, e Jesus, usando desse direito, começou a
pregar á sua gente fazendo a homilia.
O povinho da terra nunca tinha
ouvido uma pregação feita com tanta sabedoria, que superava o ensinamento dos
Mestres da Lei e Fariseus, imaginemos que na comunidade, algum ministro da
palavra pregue melhor do que o padre... E com o estudo teológico acessível
aos leigos, isso hoje não seria novidade. Aquilo que causa muita admiração,
também logo acabará despertando inveja e ciúmes. Basta que olhemos para os
nossos trabalhos pastorais, onde o carisma das pessoas não deveria jamais
perturbar o coração de ninguém, ao contrário, deveria motivar um hino de louvor,
por Deus ter dado a alguém um carisma tão belo, colocado a serviço da
comunidade. Mas logo surgem os questionamentos maldosos: Como é que ele faz
isso? Onde aprendeu? Quem o ensinou, de onde é que vem todo esse saber? Será
que o padre o autorizou? (esta última coloquei por minha conta) E a
admiração, contaminada por sentimentos de inveja, vai logo se transformando
em desconfiança aumentando o questionamento: “Quem ele pensa que é, para
falar assim com a gente? Será que ele não se enxerga? E ainda tem gente que o
aplaude...” Os que não gostam muito do padre, logo vão afirmar que o sujeito
faz parte da sua “panelinha”, ou então, irão inventar alguma coisa para que o
padre “corte a asinha” do tal.
As pessoas, quando enxergam algo
de extraordinário no carisma de alguém, começam a fazer do sujeito uma
referência importante, acham que a sua oração é especial, que um toque de sua
mão poderosa pode realizar curas prodigiosas, e em pouco tempo, a propaganda
é tanta, que o tal não pode mais sair as ruas que é logo procurado para
resolver os mais complicados problemas, inclusive de relacionamento entre as
pessoas, apaziguar casais brigados, aconselhar jovens, e assim a sua palavra
se torna poderosa e em consequência passa a ter poder religioso paralelo, e
se na comunidade não houver um espaço para ele atuar, terão de criar um, pois
ele precisa ser o centro das atenções.
Jesus não quis formar um grupo
só para ele, para bater de frente com os Doutores da lei, escribas e
fariseus, e como ele pertencia a uma das famílias do local, a ponto de sua
mãe e seus irmãos serem de todos conhecidos, começaram a vê-lo como um
vulgar, que nada de extraordinário tinha feito em Nazaré, para que merecesse
toda aquela fama. Na verdade, Jesus não quis assumir o papel de “Salvador da
Pátria”, diferente de muitos cristãos, que se julgam o máximo naquilo que
fazem, e pensam que sem eles, a comunidade estaria perdida. Essa rejeição á
ele, suas obras e ensinamentos, iria se ampliar e lhe traria conseqüências
muito trágicas na cruz do calvário, tudo porque suas palavras anunciavam um
reino novo, que exigia uma total renovação e mudança de vida.
Na sinagoga de Nazaré foi assim,
e nas nossas comunidades, não é muito diferente. Quem prega mudanças de
mentalidade e conduta, vai sempre arrumar uma bela de uma encrenca. Enfim, o
Jesus que há dentro de nós, criado pelas nossas fantasias, ou fruto de nossas
ideologias sociais ou políticas, não coincide com esse Jesus, Profeta de
Nazaré, Ungido de Deus. E o pior, é que projetamos tudo isso nas pessoas que lideram
a comunidade, nos cooperadores, nos coordenadores, nos ministros, nas
catequistas, nos padres e diáconos e assim vai. Um dia, basta um
desentendimento mais sério e o nosso Jesus idealizado “vai pro espaço” com a
pastoral e o movimento.
Quanto mais somos realistas em
nossa fé, mais nos adequamos á comunidade aceitando-a como ela é, quanto mais
nos iludimos com o Jesus da nossa fantasia, mais difícil será vivermos em
comunidade, aceitando as pessoas do jeito que elas são. Daí, como em Nazaré,
nenhum milagre acontece, por causa dessa fé infantil e ilusória...
2. O projeto de Deus nasce no meio do povo
No tempo de Jesus o judaísmo
tinha suas esperanças na vinda de um messias que restauraria o antigo império
de Davi, glorioso, segundo dizia a tradição. Estas esperanças tinham suas
raízes naquelas tradições que engrandeciam o antigo reinado de Davi e na
teologia de poder elaborada pelas elites sacerdotais no retorno do exílio da
Babilônia. Estas elites visavam consolidar seu poder e seus privilégios.
O projeto de Deus não é o de
estabelecer estruturas de realeza e poder. O projeto de Deus é resgatar e
promover a vida entre os pobres e excluídos, criando laços pessoais e sociais
de fraternidade e partilha.
Este projeto nasce no meio do
povo. Nasce em uma insignificante cidade da Galileia, na casa de um simples
carpinteiro, José. Este projeto nasce com a proclamação de seu filho Jesus de
Nazaré. Jesus reconhecidamente tem sabedoria e energia de comunicação. Mas
sua origem humilde choca as pessoas submetidas à ideologia de poder do
judaísmo. Rejeitado por aqueles seduzidos pelo poder, Jesus encontra acolhida
entre os pobres e pequeninos.
Oração
Pai, livra-me da tentação de querer enquadrar-te em meus mesquinhos esquemas. Que eu saiba reconhecer e respeitar o teu modo de agir.
3. O MESTRE SOB SUSPEITA
A sabedoria de Jesus deixou
intrigada a população de Nazaré, onde ele vivera desde a infância: De onde
lhe vinham tanta sabedoria e o poder de fazer milagres? Não era possível que
o filho de um carpinteiro, bem conhecido no povoado, manifestasse uma
sabedoria maior que a dos grandes mestres. Era inexplicável como alguém,
cujos parentes nada tinham de especial, falasse com tamanha autoridade. Os
concidadãos de Jesus suspeitavam dele, e não acreditavam de que estivesse
falando e agindo por inspiração divina. Por este motivo, o Mestre tornou-se
para eles motivo de escândalo.
A experiência de rejeição não
chegou a desanimar Jesus. Ele se deu conta de estar vivendo uma situação
semelhante à dos antigos profetas de Israel. Nenhum deles foi aceito e
reconhecido pelo povo ao qual tinham sido enviados. Antes, todos foram
desprezados e humilhados, quando não, assassinados de maneira perversa e
desumana.
Jesus não perdeu tempo com quem
se obstinava em não aceitá-lo. Por isso, não realizou em Nazaré muitos
milagres. Seria perda de tempo, acarretaria ainda mais maledicência,
acirraria os ânimos do povo. Por isso, seguiu em frente, buscando quem
estivesse aberto para deixar-se tocar por sua mensagem. O fracasso não o
abateu nem atenuou o ardor com que realizava a missão que o Pai lhe tinha
confiado.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba inspirar-me no teu testemunho de coragem diante da rejeição e da suspeita, levando em frente a missão que me confiaste. |
SÃO
JOÃO MARIA VIANNEY - PRESBÍTERO E CONFESSOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Eu vos darei pastores segundo o meu coração, que vos
conduzam com inteligência e sabedoria (Jr 3,15).
Leitura (Jeremias
26,11-16)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
Naqueles dias, 26 11 os
sacerdotes e os profetas clamaram aos oficiais e à multidão: "Este homem
merece a morte porque profetizou contra esta cidade, como todos ouvistes com
vossos próprios ouvidos".
12 Jeremias, porém, retrucou aos oficiais e ao povo: "Foi o Senhor quem me deu o encargo de proferir contra este povo e esta cidade os oráculos que ouvistes. 13 Reformai, portanto, vossa vida e modo de agir, escutando a voz do Senhor, vosso Deus, a fim de que afaste de vós o mal de que vos ameaça. 14 Quanto a mim entrego-me nas vossas mãos. Fazei de mim o que quiserdes e que melhor se vos afigure. 15 Sabei, porém, que se me condenardes à morte, será de sangue inocente que maculareis esta cidade e seus habitantes; pois, na verdade, foi o Senhor quem me ordenou vos transmitisse estes oráculos". 16 Disseram, então, os oficiais e a multidão aos sacerdotes e profetas: "Este homem não merece a morte! Foi em nome do Senhor, nosso Deus, que nos falou". 24 Contudo, a influência de Aicã, filho de Safã, protegeu Jeremias, impedindo que fosse entregue ao povo e condenado à morte.
Salmo responsorial 68/69
No tempo favorável, escutai-me,
ó Senhor!
Retirai-me deste lodo, pois me
afundo!
Libertai-me, ó Senhor, dos que me odeiam e salvai-me destas águas tão profundas! Que as águas turbulentas não me arrastem, não me devorem violentos turbilhões nem a cova feche a boca sobre mim!
Pobre de mim, sou infeliz e
sofredor!
Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus! Cantando, eu louvarei o vosso nome e, agradecido, exultarei de alegria!
Humildes, vede isto e
alegrai-vos:
o vosso coração reviverá se procurardes o Senhor continuamente! Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres e não despreza o clamor de seus cativos.
Aclamação do Evangelho
(Mateus 14,1-12)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, porque o reino dos céus há de ser deles! (Mt 5,10). Evangelho (Mateus 13,24-30)
14 1 Por aquela mesma época, o
tetrarca Herodes ouviu falar de Jesus.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO2 E disse aos seus cortesãos: "É João Batista que ressuscitou. É por isso que ele faz tantos milagres". 3 Com efeito, Herodes havia mandado prender e acorrentar João, e o tinha mandado meter na prisão por causa de Herodíades, esposa de seu irmão Filipe. 4 João lhe tinha dito: "Não te é permitido tomá-la por mulher!" 5 De boa mente o mandaria matar; temia, porém, o povo que considerava João um profeta. 6 Mas, na festa de aniversário de nascimento de Herodes, a filha de Herodíades dançou no meio dos convidados e agradou a Herodes. 7 Por isso, ele prometeu com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse. 8 Por instigação de sua mãe, ela respondeu: "Dá-me aqui, neste prato, a cabeça de João Batista". 9 O rei entristeceu-se, mas como havia jurado diante dos convidados, ordenou que lha dessem; 10 e mandou decapitar João na sua prisão. 11 A cabeça foi trazida num prato e dada à moça, que a entregou à sua mãe. 12 Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo, e o enterraram. Depois foram dar a notícia a Jesus.
1. “Incomodou o poder e perdeu a cabeça...”
Se no tempo de Herodes tivesse
uma imprensa livre, esta seria a manchete no dia seguinte á festa de aniversário
de Herodes. A elite palaciana dos que ocupam algum poder temporal,
tornam-se deuses de si mesmo e fazem o que bem entendem. Herodes gostava de
ouvir João Batista, apreciava suas pregações, até o dia em que o Batista
denunciou o seu pecado de adultério contra seu irmão, tomando a Herodíades,
sua cunhada, por esposa.
Herodes é o mais puro retrato do
homem da pós-modernidade, que ouvem a Palavra de Deus, chegam a se empolgar
com ela, mas quando essa Palavra exige uma mudança de mentalidade e de postura,
no campo da ética e da moral, aí a menosprezam, pois não admitem ser
contrariados na busca da felicidade que é o gozo de todos os prazeres que o
mundo oferece.
Mas todos precisam ouvir o
anúncio da Palavra de Deus, e não anunciá-la a essas pessoas seria uma grave
negligência de todos nós, cristãos, pois o anúncio não tem como objetivo
condená-los, mas sim salvá-los. Nesse sentido a dimensão profética da nossa
Igreja deve cumprir com mais fidelidade a missão que lhe foi confiada e
aí talvez esteja um grande pecado da omissão, quando temos um certo receio de
anunciar o evangelho ás classes elitizadas, ou anunciando um evangelho menos
comprometedor.
João estava preso, mas era um
homem livre, que anunciou a Palavra da Verdade a Herodes. E na sua festa de
aniversário, deixou seus caprichos falarem mais alto ao esnobar o seu poder
real “peças tudo o que quiseres que eu te darei”. Também o Homem da
pós-modernidade, seduzido pelo avanço científico de que é capaz, ocupa o
lugar que é de Deus, e julga-se poderoso, para dar o que quiser a quem assim
o desejar.
A Filha de Herodíades e sua mãe,
a exemplo também da pós-modernidade, corre dos ideais fúteis, da busca do
prazer em um egocentrismo exacerbado e assim, João Batista é decapitado. Sem
a cabeça estará morto e irá silenciar-ser para sempre, ficando os poderosos
livres de sua voz perturbadora. João é o precursor também por isso, por
preceder Jesus Cristo, aquele cujo anúncio irá perturbar a corte palaciana e
o poder religioso, e que irão matar na certeza de que estarão enterrando
definitivamente com Jesus, o projeto daquele Reino estranho que não oferecia
felicidade alguma a quem optou apenas pelo poder dominador e opressor.
2. O banquete de Herodes
Mateus retoma aqui a narrativa de Marcos sobre o banquete de Herodes, resumindo-a. Em ambos os evangelistas ela antecede a narrativa da partilha do pão entre Jesus, os discípulos e a multidão.
Podemos destacar aqui dois
aspectos. Na articulação do poder em vista da morte de João, pode-se ver uma
prefiguração da morte de Jesus e, também, uma advertência aos discípulos:
quem assume a missão assume também o destino daquele que o enviou.
Outro aspecto é a contraposição
entre este banquete dos poderosos, Herodes e os que o cortejam, e a refeição
de Jesus com o povo. O banquete dos poderosos, pretendendo comemorar um
aniversário, tem como desfecho a opção pela morte. Por outro lado, a partilha
do pão com Jesus e a multidão é a festa da fraternidade e da vida.
Oração
Pai, na qualidade de discípulo de teu Filho Jesus, quero inspirar-me na coragem inabalável de João Batista, denunciando profeticamente a prepotência dos grandes.
3. UMA LIBERDADE PROFÉTICA
O testemunho e o destino de João
Batista foram úteis para iluminar a caminhada feita por Jesus. Existe muito
em comum entre ambos. Tiveram de defrontar-se com poderosos opressores, de
cuja maldade foram vítimas. Não pactuaram com a mentira e a prepotência,
denunciando-as com a valentia própria dos profetas. Foram exemplarmente
livres, não se deixando intimidar por quem pudesse servir de empecilho para
sua missão. Igualmente, foram vítimas de morte violenta e ignominiosa, embora
inocentes e não tendo cometido nada digno de censura.
Estas coincidências levavam as
pessoas a identificarem Jesus com João Batista ressurgido dentre os mortos.
Esta leitura equivocada não tomava em consideração que as semelhanças entre
eles eram devidas unicamente à fidelidade de ambos a Deus-Pai. João Batista
não se desviou do caminho traçado por Deus: preparar o povo para acolher o Messias
Jesus. Jesus, por sua vez, absolutizou o querer do Pai, a ponto de ser
submetido a toda sorte de humilhação e desprezo, apesar de sua condição de
Filho de Deus.
O segredo do testemunho exemplar
de João Batista e de Jesus radicava-se, pois,
Oração
Senhor Jesus, que o teu testemunho de fidelidade ao Pai, somado ao de João Batista, inspire sempre minha caminhada de discípulo do Reino. |
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domingo, 29 de julho de 2012
Liturgia da 17ª semana comum Ano Par
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Liturgia da 16ª semana comum Ano Par
Liturgia da Segunda Feira 23.07.2012
XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Miqueias
6,1-4.6-8)
Leitura da profecia de Miqueias.
6 1 Ouvi o que diz o Senhor:
"Vamos, advoga tua causa diante das montanhas, ouçam as colinas a tua
voz!"
2 Ouvi, montanhas, o processo do Senhor, e vós, fundamentos perenes da terra. Porque o Senhor entrou em juízo com seu povo, ele vai pleitear com Israel: 3 "Povo meu, que te fiz, ou em que te contristei? Responde-me. 4 Fiz-te sair do Egito, livrei-te da escravidão, e mandei diante de ti Moisés, Aarão e Maria. 5 Povo meu, lembra-te dos desígnios de Balac, rei de Moab, e a resposta que lhe deu Balaão, filho de Beor; lembra-te (da etapa) entre Setim e Gálgala, para reconheceres os benefícios do Senhor". 6 "Com que me apresentarei diante do Senhor, e me prostrarei diante do Deus soberano? Irei à sua presença com holocaustos e novilhos de um ano? 7 Agradar-se-á, porventura, o Senhor com milhares de carneiros, ou com milhões de torrentes de óleo? Sacrificar-lhe-ei pela minha maldade o meu primogênito, o fruto de minhas entranhas por meus próprios pecados?" 8 Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus.
Salmo responsorial 49/50
A todo homem que procede
retamente
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
"Reuni à minha frente os
meus eleitos,
que selaram a aliança em sacrifícios!" Testemunha o próprio céu seu julgamento, porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
Eu não venho censurar teus
sacrifícios,
pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
"Como ousas repetir os meus
preceitos
e trazer minha aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios!
Diante disso que fizeste, eu
calarei?
Acaso pensar que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos.
Quem me oferece um sacrifício de
louvor,
este sim, é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8). Evangelho (Mateus 12,38-42)
12 38 Então alguns escribas e
fariseus tomaram a palavra: "Mestre, quiséramos ver-te fazer um
milagre".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO39 Respondeu-lhes Jesus: "Esta geração adúltera e perversa pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas: 40 do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do Homem ficará três dias e três noites no seio da terra. 41 No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas. 42 No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão".
1. “Show da Fé”
O evangelho nos mostra de onde
vem a Fé enquanto espetáculo, de milagres assombrosos que atraem cada vez
mais “clientes” que trazem o seu rico Dízimo, pagando prá ver se é mesmo
verdade tais milagres. Foram os mestres da lei e Fariseus que pediram a Jesus
a realização de um sinal. E se Jesus aceitasse o desafio e fizesse tal
prodígio, esses Doutores da Lei e Fariseus já iam comercializá-lo e garantir
a ele sucesso e prestígio. Jesus se tornaria um produto valioso nas mãos
desses gananciosos, qualquer semelhança com as ricas igrejas da
pós-modernidade, é mera coincidência, pois há ainda hoje multidões que
buscam, não a Jesus, o Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador em quem nossas
vidas são transformadas, mas apenas os milagres que ele realiza, tal como os
Doutores da Lei e Fariseus.
Os milagres que Jesus fez por
aquele tempo, e que hoje também, de acordo com os desígnios de Deus, ainda
continua fazendo, são apenas sinais e não podem ser maiores e mais
importantes que o Reino, pois as profecias anunciavam que o Messias viria
para curar as enfermidades, ressuscitar os mortos, e libertar os cativos,
abrir os olhos aos cegos, fazer andar os paralíticos, mas tudo isso não como
fim, mas como meio e apontam para aquele que é o maior de todos os milagres:
a Ressurreição!
O milagre é a antecipação da
Vida Nova em sua plenitude, por isso Jesus coloca como prefiguração da
ressurreição o fato do Profeta Jonas permanecer três dias no ventre de uma
baleia, mas não foi isso que converteu os habitantes de Nínive, mas sim o
fato de ouvirem e darem créditos á sua pregação e a partir daí terem feito a
penitência buscando a conversão sincera.
Jesus supera e é maior do que
todos os Porta-Vozes do Antigo Testamento, ele não é mais um emissário de
Deus, ele é o próprio Deus, encarnado na história dos homens. Então a
conclusão do evangelho é óbvia: quanto mais milagres eu suplico e exijo de
Deus, menos compromisso tem na vivência da minha Fé. Pois um Cristão
comprometido com a Palavra de Deus, e os valores do evangelho, não fica muito
a espera do milagre, mas o faz acontecer!
Esta passagem foi apresentada de
maneira mais breve pelo evangelho de Marcos, antes de Mateus. Lá é feita a
referência ao judaísmo, simplesmente, como "esta geração", e Jesus,
sumariamente, nega o pedido de sinal. Em Mateus a referência é feita com a
expressão "uma geração perversa e adúltera". Aos escribas e
fariseus que lhe falam, Jesus apresenta o "sinal do profeta Jonas".
E, em seguida explica o sinal: "o Filho do Homem estará três dias e três
noites no seio da terra". A tradição judaica sabia que depois de três
dias e três noites nas entranhas de um peixe grande, Jonas foi vomitado por
ele em terra firme. Temos aqui uma interpretação pós-pascal, da tradição de
discípulos de origem judaica, aplicando esta imagem à sepultura e
ressurreição de Jesus.
A fé na presença de Jesus
ressuscitado nas comunidades que vivem o amor dispensa quaisquer outros
sinais.
Oração
Pai, dá-me simplicidade de coração para reconhecer que Jesus é teu Filho, enviado ao mundo para nos salvar. E que jamais eu exija sinais além dos que ele já realizou.
O pedido dos escribas e fariseus
tinha como objetivo exigir de Jesus as credenciais da condição divina de sua
missão. Que sinais haveriam de convencê-los, considerando os inúmeros
milagres já realizados? Existiria um, diante do qual os adversários do Mestre
deveriam curvar-se e reconhecer sua condição messiânica? Não!
Sendo uma "geração má e
adúltera", eles careciam das disposições mínimas para captar os apelos
de Deus, expressos nas palavras e gestos do Messias Jesus. Faltava-lhes
sintonia com o projeto divino. Portanto, não estavam em condições de
interpretar, de maneira conveniente, os milagres de Jesus, e deles tirar as
devidas conseqüências.
Embora se defrontassem com quem
era "maior do que Jonas" e "maior do que Salomão",
mostravam-se inferiores aos habitantes de Nínive e à rainha do Sul. Estes,
apesar de pagãos, tiveram sensibilidade para perceber a veracidade da
pregação do profeta, e a sublimidade da sabedoria do grande rei, e dar ouvido
a um e a outro.
Os escribas e fariseus, ao
invés, mesmo presenciando feitos superiores àqueles do passado, permaneciam
fechados em sua incredulidade, recusando-se a acolher o Messias Jesus. Seu
destino seria um julgamento severo, por serem, evidentemente, responsáveis
por essa obstinada falta de fé. Eles mesmos se fechavam para a salvação!
Oração
Espírito de bondade e fidelidade, tira do meu coração tudo quanto me impede de reconhecer, no testemunho de Jesus, os sinais de sua condição divina. |
XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Miqueias
7,14-15.1)
Leitura da profecia de Miqueias.
7 14 Conduzi com o cajado o
vosso povo, o rebanho de vossa herança que se encontra espalhado pelas
brenhas, para o meio de vergéis; que ele paste como outrora em Basã e em
Galaad.
15 Como nos dias em que saístes do Egito, fazei-nos ver prodígios. 18 Qual é o Deus que, como vós, apaga a iniqüidade e perdoa o pecado do resto de seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a misericórdia? 19 Uma vez mais, tende piedade de nós! Esquecei as nossas faltas e jogai nossos pecados nas profundezas do mar! 20 Mostrai a vossa fidelidade para com Jacó, e vossa piedade para com Abraão, como jurastes a nossos pais desde os tempos antigos!
Salmo responsorial 84/85
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa
bondade.
Favorecestes, ó Senhor, a vossa
terra,
libertastes os cativos de Jacó. Perdoastes o pecado ao vosso povo, encobristes toda a falta cometida; retirastes a ameaça que fizestes, acalmastes o furor de vossa ira.
Renovai-nos, nosso Deus e
salvador,
esquecei a vossa mágoa contra nós! ficareis eternamente irritado? Guardareis a vossa ira pelos séculos? Guardareis a vossa ira pelos séculos?
Não vireis restituir a nossa
vida,
para que em vós se rejubile o vosso povo? Mostrai-nos, Senhor, vossa bondade, concedei-nos também vossa salvação!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem me ama, realmente, guardará minha palavra e meu Pai o amará, e a ele nós viremos (Jo 14,23). Evangelho (Mateus 12,46-50)
12 46 Jesus falava ainda à
multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a
ocasião de lhe falar.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO47 Disse-lhe alguém: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te". 48 Jesus respondeu-lhe: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" 49 E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 50 Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".
1. “Por que achavam que Jesus era Louco...”
Neste evangelho, os parentes de
Jesus, sua Mãe e seus irmãos, nos diz o texto, foram á sua procura, pois
queriam levá-lo de volta á casa. Havia um consenso de que ele estivesse
louco, falando e fazendo coisas sem o saber.
Jesus era uma ameaça constante á
estrutura do templo, pois quebrava todas as regras e normas religiosas
excludentes, curava as pessoas de todas as suas enfermidades, e a pessoa nãom
precisava oferecer sacrifício algum pela sua cura. Como a Medicina não estava
avançada e as doenças ou enfermidades psicossomáticas eram muitas, a
clientela do templo era bem numerosa e as ofertas tinham que ser feitas, nem
que fossem rolinhas e pombinhos, para os mais pobres, todos eram tarifados.
Era uma forma de se obter a “pureza” institucionalizada. Quem ganhava com
isso? A casta sacerdotal, que era em sua maioria Latifundiários proprietários
doa animais, vendidos aos cambistas, que os revendiam por um alto preço nas
portas do templo, e os sacerdotes ganhavam duas vezes, na venda para o
atravessador e depois na oferta, onde uma boa parte lhes pertencia, segundo a
lei.
Ora, se eu sou beneficiado com
um negócio assim, altamente lucrativo, qualquer pessoa que interferir nesse
sistema, tirando a clientela, vou fazer de tudo para tirá-lo de circulação,
daí taxaram de Jesus de Louco, e com certeza pressionaram seus familiares
sobre os riscos que ele estava correndo, por mexer
Agora fica fácil compreender a
reação de Jesus diante da comunidade, quando alguém o comunica que sua mãe e
seus irmãos estavam fora e queriam falar-lhe. Os que se deixam levar pelas
orientações dos poderosos desse mundo, não pertencem á Cristo, não são
portanto, sua Mãe e seus irmãos, uma vez que, não é sistema religioso que
garante a salvação, mas trata-se de um Dom oferecido a todos os homens
através de Jesus Cristo.
A partir de agora Jesus
estabelece laços fortes na união dos Homens com Deus, quem ouvir a sua
Palavra e seguir seus ensinamentos, procurando fazer a Vontade de Deus, que
quer a Vida para todos, este sim tem com ele intimidade, está com ele em
sintonia, esse sim pode ser chamado de “sua Família” sua Mãe e seus irmãos.
Não dá para pertencer a Cristo mas viver segundo a vontade do mundo... ditada
por um sistema que se omite diante de injustiças e desigualdades, e que
decreta a morte do mais pobre. Quem concorda ou se omite diante dessa
estrutura social injusta, não pode e nem deve apresentar-se como cristão...
Encontramos esta narrativa de
Mateus, também, nos evangelhos de Marcos e Lucas. A figura central é a
"mãe". No processo de geração a mulher-mãe tem um papel
fundamental. A própria Terra é tida como "mãe" em relação à vida
que, sem cessar, desabrocha em sua superfície.
Na narrativa há um confronto
entre as multidões às quais Jesus fala e sua família, mãe e irmãos, que ficam
de fora e procuram falar com Jesus. A família, tendo a mãe como geradora,
está na base do conceito de Israel e é o elo fundamental da continuidade da
tradição do judaísmo. Abraão e sua descendência, a partir de Sara, constituem
o povo eleito. Em continuidade, Davi e sua descendência constituem a dinastia
real escolhida por Javé. O sacerdote hereditário é a base do poder do Templo.
Daí as genealogias que confirmavam as purezas racial e funcional, com seus
privilégios e poder.
Enquanto a pureza religiosa
exigia o afastamento das multidões, Jesus se põe em íntimo contato com elas.
Removendo a prioridade dos laços consanguíneos familiares, que garantiam o
privilégio da eleição, Jesus, sem exclusões, constitui a grande família unida
no cumprimento da vontade do Pai, que deseja vida plena para todos. A própria
família de Jesus é chamada a esta conversão.
Oração
Pai, reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs de fé, de forma a testemunhar que formamos uma grande família, cujo pai és tu.
3. QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?
A ruptura com os laços
familiares foi uma das exigências do serviço ao Reino, com as quais Jesus se
defrontou. Também por exigência do Reino, foi levado a constituir, sobre
novas bases, uma comunidade cujo relacionamento interpessoal deveria ter a
profundidade do relacionamento familiar. A comunidade dos discípulos de Jesus
pode ser definida como a família do Reino, cuja característica são os laços
fraternos que unem seus membros.
Nesta perspectiva, fica em
segundo plano a consangüinidade. Doravante, ser mãe ou irmão de sangue não
tem importância. O critério de pertença à família do Reino consiste em
submeter-se à vontade do Pai, sendo-lhe obediente
Assim, a ligação entre Jesus e
os seus discípulos era muito mais profunda do que a sua convivência física
com eles. Havia algo de superior que os unia, sem estar na dependência de
elementos conjunturais, quais sejam, a pertença a uma determinada família,
raça ou cultura. Basta alguém viver um projeto de vida fundado na vontade do
Pai, para que Jesus o reconheça como pertencente à sua família.
Para ele, estes são seus irmãos,
suas irmãs, suas mães. São irrelevantes outros títulos de relação com Jesus,
quando falta este pré-requisito.
Oração
Espírito de adesão à vontade do Pai, faze-me sentir sempre mais membro da família do Reino, levando-me à perfeita submissão ao querer divino. |
SÃO
TIAGO MAIOR - APÓSTOLO E EVANGELIZADOR
(VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: Andando ao longo do mar da Galiléia, Jesus viu Tiago,
filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que consertavam suas redes. E ele os
chamou (Mt 4,18.21).
Leitura (2 Coríntios
4,7-15)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 4 7 temos este tesouro
em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder
extraordinário provém de Deus e não de nós.
8 Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos. 9 Somos perseguidos, mas não ficamos desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos. 10 Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo. 11 Estando embora vivos, somos a toda hora entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus apareça em nossa carne mortal. 12 Assim em nós opera a morte, e em vós a vida. 13 Animados deste espírito de fé, conforme está escrito: "Eu cri, por isto falei", também nós cremos, e por isso falamos. 14 Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará também a nós com Jesus e nos fará comparecer diante dele convosco. 15 E tudo isso se faz por vossa causa, para que a graça se torne copiosa entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus.
Salmo responsorial
125/126
Os que lançam as sementes entre
lágrimas
ceifarão com alegria.
Quando o Senhor reconduziu
nossos cativos,
parecíamos sonhar; encheu-se de sorriso nossa boca, nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia:
"Maravilhas
fez com eles o Senhor!" Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, assim disse o Senhor (Jo 15,16). Evangelho (Mateus 20,20-28)
Naquele tempo, 20 20
aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante
de Jesus para lhe fazer uma súplica.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO21 Perguntou-lhe ele: "Que queres?" Ela respondeu: "Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda". 22 Jesus disse: "Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?" "Sim", disseram-lhe. 23 "De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou". 24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: "Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. 26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. 27 E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. 28 Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão".
1. “Não seja assim
entre vós...”
Um dia alguém me fez uma
observação interessante, se hoje é Festa de São Tiago Apóstolo, porque um
evangelho que depõe contra ele? Pois fala que a Mãe foi pedir a Jesus para
que seus filhos, entre eles o nosso apóstolo Tiago, ocupassem os lugares
principais junto a Jesus, na inauguração do seu Reino. Ainda que Mateus
amenizasse, ao dizer que foi a Mãe que pediu, mas outro evangelista afirma
que foram eles mesmos. De fato, se a gente olhar por esse ângulo assim nos
parece, porém há aqui algo muito belo, o evangelho não esconde a realidade,
não dissimula a fraqueza e oi pecado dos discípulos, mas nos mostra como eles
foram se abrindo á graça de Deus, a mente e o coração, e mesmo não sendo
super homens buscaram a Deus e dele receberam o Dom da Santidade.
Também nós não somos super
homens e super mulheres, membros de uma comunidade perfeita e Santa, mas
mesmo em nossas misérias e pecados, Deus não deixa de agir
Vejam que essa atitude dos dois
irmãos provocou uma crise no grupo, pois os demais se revoltaram, porque
também possivelmente pretendessem algum cargo importante. O Reino anunciado
por Jesus não segue ou depende de esquemas humanos, pois nos esquemas humanos
sempre selecionamos os melhores, os mais inteligentes, comportados,
capacitados, piedosos.
E se Tiago e seu irmão, Filhos
de Zebedeu, que pensavam e agiam tão diferente dos ensinamentos de Jesus,
conseguiram chegar à santidade servindo o Reino e dando por ele suas vidas,
nós também, comunidades deste terceiro milênio, com todas as nossas
imperfeições, dificuldades, não desanimemos pois Deus não para de agir e
levará a bom termo a sua obra através da sua Igreja.
Somos todos convidados a nos
unir a paixão do Senhor, dando o nosso testemunho cristão nos dias de hoje,
não porém para buscarmos uma recompensa, mas apenas para sermos fiéis á
missão que ele nos confiou, tal qual Jesus foi Fiel ao Pai...
São Tiago, rogai e
intercedei por todos nós e nossas comunidades
Tiago e João são os filhos de
Zebedeu. Eles são a segunda dupla a ser chamada por Jesus no início de seu
ministério, conforme os evangelhos sinóticos. Eles aparecem, ainda, com
frequência, junto com Pedro, como um trio mais próximo a Jesus. O evangelho
de João não menciona o nome de Tiago. Tiago foi decapitado por Herodes Agripa
em 42 d.C.
Há uma menção do apóstolo Paulo
a "Tiago, irmão do Senhor" (Gl 1,19). Trata-se de Tiago
"Menor", parente de Jesus, que foi chefe da Igreja de Jerusalém e
foi martirizado por apedrejamento em 62 d.C.
Neste evangelho evidencia-se
como até os discípulos mais próximos de Jesus se equivocavam quanto à
novidade do seu anúncio. Eles pensam no Reino de Jesus como a tomada do poder
em Jerusalém, e querem lugares de honra. Jesus repudia o domínio dos chefes
das nações e reafirma aos seus discípulos que é no serviço e no dom da vida,
no amor, que se constitui o Reino dos Céus.
Oração
Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.
3. SÃO TIAGO MAIOR
Tiago e João são os filhos de Zebedeu. O Evangelho de Marcos
nomeia os dois, explicitamente, nesta cena; porém, Mateus menciona a mãe
deles como sendo quem faz o pedido a Jesus. Talvez Mateus queira eximir os
homens de tal pedido equivocado, que reflete a ambição do poder, quando Jesus
dá pleno testemunho de que veio para servir humildemente, com amor. Em
resposta, ele rejeita o comum abuso de poder em vigor nas sociedades,
propondo um novo relacionamento entre as pessoas. Além de Tiago, irmão de
João, identificado como "Tiago Maior", no Segundo Testamento é
mencionado outro Tiago, "o irmão do Senhor", ou "Tiago
Menor", que foi o chefe da Igreja de Jerusalém.
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SANTOS
JOAQUIM E ANA - PAIS DE MARIA
BRANCO - Missa própria: Prefácio comum ou dos santos – Ofício próprio da memória
Antífona da entrada: Festejamos santa Ana e são Joaquim, pais da virgem
Maria: Deus lhes concedeu a bênção prometida a todos os povos.
Oração do dia
Senhor, Deus de nossos pais, que concedestes a são Joaquim e santa Ana a graça de darem a vida à mãe do vosso Filho, Jesus, fazei que, pela intercessão de ambos, alcancemos a salvação prometida a vosso povo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Eclesiástico
44,1.10-15)
Leitura do livro do Eclesiástico.
44 1 Façamos o elogio dos homens
ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem.
10 Os primeiros, porém, foram homens de misericórdia; nunca foram esquecidas as obras de sua caridade. 11 Na sua posteridade permanecem os seus bens. 12 Os filhos de seus filhos são uma santa linhagem, e seus descendentes mantêm-se fiéis às alianças. 13 Por causa deles seus filhos permanecem para sempre, e sua posteridade, assim como sua glória, não terá fim. 14 Seus corpos foram sepultados em paz, seu nome vive de século em século. 15 Proclamem os povos sua sabedoria, e cante a assembléia os seus louvores!
Salmo responsorial
131/132
O Senhor vai dar-lhe o trono
de seu pai, o rei Davi.
O Senhor fez a Davi um
juramento,
uma promessa que jamais renegará: "Um herdeiro que é fruto do teu ventre colocarei sobre o trono em teu lugar!"
Pois o Senhor quis para si
Jerusalém
e a desejou para que fosse sua morada: "Eis o lugar do meu repouso para sempre, eu fico aqui: este é o lugar que preferi!"
"De Davi farei brotar um
forte herdeiro,
acenderei ao meu ungido uma lâmpada. Cobrirei de confusão seus inimigos, mas sobre ele brilhará minha coroa!"
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Esperavam estes pais a redenção de Israel, e o Espírito do Senhor estava sobre eles (Lc 2,25). EVANGELHO (Mateus 13,16-17)
13 16 Disse Jesus aos seus
discípulos: "Quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem!
Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO17 Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram".
1. São Joaquim e Santa Ana, Pais de Nossa Senhora
Quando conversamos com alguém
sobre algum assunto muito importante, mas notamos que o ouvinte está
"longe" da conversa, distraído, olhando para os lados, preocupado
com outras coisas, lógico que não sentimos vontade de continuar, e assim
logo encerramos o assunto ou transformamos a conversa em uma
futilidade, que não requer tanta atenção do outro.
Na celebração de casamentos às
vezes enquanto o Padre ou o Diácono capricha na homilia, os noivos estão
dando risinhos entre si, ou olhando para a cara de algum padrinho engraçado,
ou olhando a daminha ou o noivinho, ou o que é ainda pior, fazendo pose para
uma foto. Como diz o caboclo, "dá uma réiva", e daí a gente logo
conclui, e perde a vontade de continuar com a reflexão, pois os principais
interessados, que são os próprios celebrantes, estão distraídos, a palavra é
apenas um ruído, um barulho que não passa dos ouvidos.
Para fazer esse desabafo no
evangelho de hoje, Jesus deve ter passado essa experiência inúmeras vezes
diante da multidão, ele ali falando com entusiasmo do Reino Novo, falando e
revelando o Pai, e o povaréu nem aí com o "peixe", parece que só se
ligavam quando Jesus fazia algum milagre, daí a coisa fervia, pois milagre
não exige compromisso da parte de quem o recebe.
Temos em nossas vidas pessoas
com quem conversamos todo dia, mas algumas nos são especiais, e com essas a
conversa passa do mero formalismo para um colóquio, algo mais profundo. As
multidões sempre seguiram Jesus, no meio delas havia pessoas que viam em
Jesus alguém especial, interessava-se em ouvi-lo, prestando toda atenção,
porque suas palavras traziam esperança, fortalecimento, coragem e conforto, e
com isso trazia também a vontade de pensar diferente e construir um mundo
novo. Não era apenas uma mensagem bonita que deleitava os ouvidos, mas era
algo que entrava dentro do coração, no centro da vida, provocando mudanças...
Mas havia também os
"avoados", os interessados em buscar em Jesus alguma vantagem,
esses até o aplaudiam e o admiravam, mas não estavam interessados em mudanças
radicais de vida, ouviam as pregações, entravam por um ouvido e saia pelo
outro. Jesus era só mais um pregador entre outros, muito bom, falando com
sabedoria, mas era só mais um. Assim é que o homem da pós-modernidade vê o
cristianismo, como mais uma religião entre centenas de milagres, como uma Filosofia
de Vida, entre tantas outras, muito boa, sólida, consistente, tradicional,
mas é só mais uma...
Os Discípulos foram escolhidos
do meio da multidão, o Senhor viu neles, muito mais do que ouvidos atentos,
mas corações abertos, sedentos de esperança e uma total disponibilidade para
segui-lo. Nãosão homens especiais e superdotados de algum poder sobrenatural,
mas para eles Jesus não é apenas mais um, é o Único e absoluto. Com eles
Jesus inicia o Novo Povo de Deus, os homens e mulheres da Nova Aliança, haverá
entre Jesus e eles um forte elo como havia no Código da Aliança entre Deus e
Israel "Eu serei o Vosso Deus e Vós sereis meu Povo" em uma relação
única e particular.
Por isso Jesus os trata de modo
especial e os introduz pedagogicamente ao conhecimento sobre os mistérios do
Reino dos Céus, que não é revelado a multidão. Hoje esses discípulos estão
nas nossas comunidades cristãs, são todos os batizados que se abriram á Graça
de Deus, que foram capazes de se encantarem com Jesus e seu evangelho, e se colocam
sempre disponíveis para construir esse Reino que é Eterno. Jesus não fala
mais em parábolas, ele é o Logus do Pai, a sua Palavra encarnada no meio de
nós, ele se entrega totalmente na Eucaristia em cada celebração.
Ai de nós se o ouvirmos de má
vontade, sem nenhuma disposição interior para o segui-lo, ai de nós se não o
acolhermos com o coração aberto... Melhor seria nem ser batizado e não ter se
apossado do nome de Cristão.
2. Felizes os que ouvem a Boa-Nova de Jesus
Esta proclamação da
bem-aventurança daqueles que vêm e ouvem a Boa-Nova de Jesus é encontrada
também no evangelho de Lucas. Aqui, em Mateus, ela está inserida na
explicação da parábola do semeador; em Lucas ela vem após o retorno dos
setenta e dois discípulos enviados em missão na Samaria, complementando a
exultação de alegria de Jesus seguida do louvor ao Pai, pelas coisas que são
reveladas aos pequeninos (cf. 4 dez.).
A palavra "bem-aventurado"
é uma tradução do grego makários, frequentemente traduzido também por
"felizes". O conteúdo do termo é o de um estado de felicidade
decorrente da comunhão com Deus. Mateus reúne oito bem-aventuranças no início
de seu Sermão da Montanha e Lucas reúne quatro no sermão da planície. Várias
outras bem-aventuranças estão espalhadas ao longo de seus evangelhos,
destacando-se, particularmente, aquelas que contemplam Maria como mãe de
Jesus. Marcos, em seu evangelho, não usa esta palavra. João a usa apenas por
duas vezes: "Sabendo destas coisas, vós sereis bem-aventurados se as
praticardes" (Jo 13,17) e "...bem-aventurados aqueles que não viram
e creram" (Jo 20,29). Esta bem-aventurança de João completa a
bem-aventurança de hoje, em Mateus: se os que conviveram com Jesus, o viram e
ouviram, são bem-aventurados, os que vieram depois, no decorrer do tempo,
também são bem-aventurados pela fé com que reconhecem a presença de Jesus
vivo entre eles, no próximo e na comunidade.
Oração
Pai, dobra a dureza do meu coração que me impede de ouvir e compreender a palavra de teu Filho. Faze-me penetrar nos mistérios do Reino escondido nas parábolas.
3. UMA BEM-AVENTURANÇA
Temos aqui uma proclamação de bem-aventurança aos olhos e
ouvidos que vêm e ouvem a Boa Nova de Jesus. Ela é encontrada, também, em Lc
10,23-24. Enquanto que em Mateus ela está inserida na explicação da parábola
do semeador, em Lucas ela vem complementando a exultação de alegria de Jesus,
seguida do louvor ao Pai, pelas coisas que são reveladas aos pequeninos.
Encontramos este tipo de exortação no Antigo e no Novo Testamento, bem como
na literatura grega. A palavra "bem-aventurado" é uma tradução do
grego "makários", freqüentemente traduzido também por
"felizes". O conteúdo do termo é o de um estado de felicidade
divina. Marcos em seu evangelho, não usa esta palavra. João a usa apenas por
duas vezes: "Sabendo destas coisas, vós sereis bem-aventurados se as
praticardes" (Jo 13,17) e "... bem-aventurados aqueles que não
viram e creram" (Jo 20,29). Esta bem-aventurança de João completa a
bem-aventurança de hoje: se os que conviveram com Jesus, o viram e ouviram,
são bem-aventurados, os que vieram depois também são bem-aventurados pela fé
com que reconhecem a presença de Jesus vivo entre eles, no próximo e na
comunidade. Mateus reúne oito bem-aventuranças no início de seu Sermão da
Montanha e Lucas reúne quatro no sermão da planície. Várias outras
bem-aventuranças estão espalhadas em seus evangelhos. Joaquim e Ana, pai e
mãe de Maria segundo a tradição, são bem-aventurados por sua filha.
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XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Jeremias
3,14-17)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
3 14 "Voltai, filhos
rebeldes - oráculo do Senhor -, pois que sou vosso Senhor. Eu vos tomarei, um
de cada cidade e dois de cada família e vos reconduzirei a Sião.
15 Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com inteligência e sabedoria. 16 Quando vos multiplicardes e numerosos vos tornardes na terra, naqueles dias - oráculo do Senhor - não mais se falará da Arca da Aliança do Senhor; nem mais se pensará nela, perdendo-se a lembrança e a saudade; nem a ela se há de referir. 17 Naquele tempo, Jerusalém será chamada trono do Senhor e todas as nações lá se reunirão em nome do Senhor, sem mais persistir na obstinação do seu coração perverso".
Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual
pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do
Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes: "Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu
Jacó,
e o libertou do poder do prepotente. Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará
alegremente,
também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes (Lc 8,15). EVANGELHO (Mateus 13,18-23)
13 18 Disse Jesus: "Ouvi,
pois, o sentido da parábola do semeador:
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO19 quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho. 20 O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida, 21 mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda. 22 O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. 23 A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um".
1. “A Semente é de primeira, a terra, nem tanto...”
Perto da minha casa onde vivia
minha infância, havia uma pequena quitanda, onde se vendia também sementes de
hortaliças. Minha saudosa mãe sempre tinha no quintal um pedacinho de terra
onde gostava de cultivar verduras, e ela me incentivava a cuidar do canteiro.
Um dia decidi obedecer e seguindo seus conselhos fiz um canteirinho só para
mim, e fui comprar as sementes.
Como era desleixado e não zelava
de maneira conveniente pelo canteiro, os brotinhos das hortaliças acabaram
morrendo, por falta de água e de cuidados, fora o que os pardais comeram.
Certa tarde em que ela me censurava pelo meu desleixo, respondi que as
sementes é que não prestavam... É isso que Jesus explica aos discípulos neste
evangelho.
A Semente da Boa nova vem sendo
fartamente semeada desde a encarnação de Jesus, primeiro por ele próprio e
depois pela Igreja, desde a Era Apostólica, até os nossos tempos. O problema
está na terra do coração do Homem, onde a semente cai. Às vezes não
compreendemos a Palavra, sentimos necessidade de uma formação, de um
aprofundamento, mas sempre deixamos para mais tarde, então as Forças do Mal
levam a semente embora. Essa foi semeada á beira do caminho... Em outras
ocasiões acolhemos a Palavra e a guardamos como uma nova ideologia ou
Filosofia de Vida, mas não deixamos que ela se enraíze em nós, isso é, nos
negamos a admitir que ela mude algo em nossa vida, são essas as sementes que
caíram em terreno pedregoso, talvez pedregulhos de um exacerbado racionalismo
que nos impede ter uma visão do Transcendental. Então na primeira dificuldade
a rejeitamos e ela permanece em nós, mas na superficialidade do nosso ser.
Há as sementes que caíram no
meio do espinheiro, achamos a Palavra muito interessante, mas há em nosso
íntimo outras raízes do espinheiro do egoísmo, que sufocam a Semente, no
coração de um egoísta, de quem se recusa a viver em comunidade, na comunhão
de vida com os irmãos e irmãs, nesse coração a pobre Semente da Palavra não a
menor chance de frutificar.
E quando se compreende a Palavra
é porque vemos nela a possibilidade de algo novo e inédito em nossa vida,
queremos que frutifique, cuidamos da terra do nosso coração, removemos os
pedregulhos e espinhos, aplicamos o poderoso Fertilizante da Eucaristia e aos
poucos vamos sentir a alegria de ver os frutos, que as vezes são poucos,
outras vezes dão um pouco mais, e em outras vezes chegam a cem por cento.
Nosso coração comporta todos esses tipos de solo, cuidar dele para que possa sempre
frutificar, é dever de todos nós, como me ensinou minha mãe a cuidar do
pequeno canteiro.
Quando somos desleixados com a
Palavra, jogamos a culpa na semente, há os que, por conta disso mudam de
igreja e de religião e vão se embora levando no coração muitos espinheiros,
pedregulhos e terra seca, sem se darem conta disso.
Esta explicação da parábola do
semeador parece ter sido elaborada entre as primeiras comunidades. É uma
interpretação alegórica aplicada aos seus contextos atuais, fugindo ao estilo
de Jesus.
A ênfase é a maneira como é
acolhida a palavra de Jesus. Descrevem-se os resultados da missão: aquele
ouve a palavra sem entendê-la, pois o sistema religioso das sinagogas o retém
nas malhas de sua tradição, roubando a palavra semeada em seu coração; outro
recebe a palavra com alegria, como discípulo, porém defronta-se com a
perseguição às comunidades e desiste logo; outro ouve a palavra, porém não
quer ir contra o sistema que seduz, ilude e promete riquezas; contudo, há
quem ouve a palavra, a entende e insere-se na comunidade dando frutos
abundantes. Nestes últimos a Palavra de Deus foi eficaz. O sucesso da missão
não está na adesão imediata das multidões, mas no anúncio do Reino, que dia e
noite cresce sem parar.
Oração
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que, como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.
3. OUVIR E COMPREENDER
A Palavra de Deus exige, além da
audição, uma correta compreensão. Ouvir a Palavra, mas sem entendê-la, ou
melhor, sem perceber suas implicações práticas, nem sentir-se questionado por
ela, é inútil. Assim acontece com quem permite que o Maligno lhe arrebate do
coração a palavra semeada. O mesmo se dá com quem sucumbe diante das tribulações
e perseguições, ou se deixa sufocar pelas preocupações deste mundo e pela
fascinação das riquezas. Todas estas circunstâncias são indício seguro de que
a Palavra se deteve nos limites da audição, sem chegar a ser compreendida.
Quem ouve a palavra e a entende,
certamente, viverá de acordo com ela. Trata-se de uma compreensão prática,
explicitada no nível existencial. É no dia-a-dia, nas circunstâncias mais
simples da vida, que se revelam os níveis desta compreensão. Mantendo-se
imune às investidas do Maligno, o discípulo segue firme no caminho traçado
pela Palavra. Nada é suficientemente forte para demovê-lo de seu projeto de
vida, pois ele deixou-se seduzir pelo Reino, não por mundanismos efêmeros.
Portanto, a passagem da audição
à compreensão existencial é um movimento que exige do discípulo um exercício
de conversão e disponibilidade para a ação de Deus. Sem isto, a Palavra
permanece estéril.
Oração
Espírito de compreensão da Palavra, ajuda-me a explicitar, no dia-a-dia, meu entendimento prático da mensagem do Reino. |
XVI
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Leitura (Jeremias
7,1-11.)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
7
2 "Vai à porta do templo do Senhor; lá pronunciarás este discurso: escutai a palavra do Senhor, vós todos, povos de Judá, que entrais por estas portas para vos prosternar diante dele. 3 Eis o que diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: reformai vosso procedimento e a maneira de agir, e eu vos deixarei morar neste lugar. 4 Não vos fieis em palavras enganadoras, semelhantes a estas: ´Templo do Senhor, templo do Senhor, aqui está o templo do Senhor´. 5 Se reformardes vossos costumes e modos de proceder, se verdadeiramente praticardes a justiça; 6 se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão, a viúva; se não espalhardes neste lugar o sangue inocente e não correrdes, para vossa desgraça, atrás dos deuses alheios, 7 então permitirei que permaneçais neste lugar, nesta terra que dei a vossos pais por todos os séculos. 8 Vós, contudo, vos fiais em fórmulas enganadoras que de nada vos servirão. 9 Roubais, matais, cometeis adultérios, prestais juramentos falsos; ofereceis incenso a Baal e procurais deuses que vos são desconhecidos; 10 E depois, vindes apresentar-vos diante de mim, nesta casa em que foi invocado meu nome, e exclamais: ´Estamos salvos!´ para, em seguida, recomeçar a cometer todas essas abominações. 11 É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo" - oráculo do Senhor.
Salmo responsorial 83/84
Quão amável, ó Senhor, é vossa
casa!
Minha alma desfalece de saudades
e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!
Mesmo o pardal encontra abrigo
em vossa casa,
e a andorinha ali prepara o seu ninho, para nele seus filhotes colocar: vossos altares, ó Senhor Deus do universo! Vossos altares, ó meu rei e meu Senhor!
Felizes os que habitam vossa
casa;
para sempre haverão de vos louvar! Felizes os que em vós têm sua força, caminharão com um ardor sempre crescente.
Na verdade, um só dia em vosso
templo
vale mais do que milhares fora dele! Prefiro estar no limiar de vossa casa a hospedar-me na mansão dos pecadores!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Acolhei docilmente a palavra semeada em vós, meus irmãos; ela pode salvar vossas vidas! (Tg 1,21) Evangelho (Mateus 13,24-30)
13 24 Jesus propôs outra
parábola: "O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado
boa semente em seu campo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO25 Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. 26 O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. 27 Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: "Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio?" 28 Disse-lhes ele: "Foi um inimigo que fez isto!" Replicaram-lhe: "Queres que vamos e o arranquemos?" 29 "Não", disse ele; "arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. 30 Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro".
1. “Quem é e onde está o Joio?”
Diante desta parábola, nossa
primeira reação é dar uma boa olhada em redor de nós, na comunidade e na
família, para ver quem é Joio que vai ser queimado, e quem é o Trigo bom que
vai ser recolhido definitivamente nos celeiros da Casa do Pai. Mas em um
primeiro momento é bom termos consciência de que esse Joio e esse Trigo está
primeiramente em nossa vida, bem dentro do nosso coração, pois trigo e joio
são duas possibilidades de se viver, e quem decide somos nós, através do
discernimento que o Espírito nos deu e assim será em todo o tempo da nossa
vida terrena, todo dia teremos de fazer essa escolha, se vamos cultivar o
trigo ou o joio... Já sabemos
Então primeiro a parábola nos
força a olharmos para nós mesmos, somente depois para a Vida dos nossos
irmãos na família, na comunidade, na pastoral, no grupo ou na equipe, onde
nossos olhos bem atentos conseguem ver longe e já sabe quem é joio e quem é
trigo. E o primeiro impulso é aquele demonstrado pelos servidores do pai de
Família “Senhor, quereis que arranquemos o joio?”.
Criança que na catequese não
aprende nada, é melhor afastá-la, antes que contamine as outras, na escola é
a mesma coisa, na comunidade também, nos grupos pastorais e equipes de
serviço, quem de nós vai atrás do irmão que é Joio? Quase ninguém, pois
pensamos que é melhor não gastar vela com mau defunto. Sonhamos e queremos
uma comunidade feita só do Trigo bom e para isso é preciso arrancar sem
piedade o Joio que infestam nossas comunidades, pastorais e movimentos.
É aí que aparece aquilo que Deus
tem de mais grandioso e maravilhoso: sua infinita misericórdia e paciência
com o Ser humano! Deus jamais arranca o Joio, pois sempre cultiva a esperança
de que o joio se transforme em trigo bom e assim, acredita no homem até o
derradeiro instante de sua vida, e realmente a sua graça tem o poder de
penetrar no mais íntimo do ser humano para transformá-lo de Joio
Nisso consiste a Salvação que
Jesus nos trouxe...
2. O trigo e o joio
Partindo ainda da imagem da
semente, Mateus apresenta uma nova parábola, na qual predominam as antíteses:
o dono do campo e o inimigo; o trigo, que será guardado no celeiro, e o joio,
que será queimado. Tais antíteses são bem características do dualismo semita
presente nas tradições do Primeiro Testamento, tendo sua expressão máxima na
eleição de um povo particular, com a promessa da terra, e na destruição dos
inimigos, com a ocupação de suas terras. Estas tradições estão no fundamento
do dualismo entre puros e impuros, santos e pecadores, eleitos e condenados,
presente no cristianismo, dando origem a julgamentos condenatórios.
A separação entre trigo e joio
pode ser entendida não como separação de pessoas santas e salvas, e pessoas
pecadoras e condenadas, mas como a separação entre o Reino de Deus e a
ideologia de poder e riqueza que permeia os valores deste mundo.
Deus, com sua misericórdia, deixa aberta a todos a opção pelo Reino, sem exceções.
Oração
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que, como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.
3. SUPORTANDO A CONTRADIÇÃO
A parábola do joio e do trigo
mostra como devemos, na vida, suportar a coexistência do bem e do mal. É
impossível realizar uma clara separação entre eles. A ação concomitante do
senhor do campo, semeando a boa semente, e a do seu inimigo, semeando a erva
daninha, é inevitável. É preciso contar com esta eventualidade!
Os discípulos foram alertados
quanto à tentação de querer arrancar a erva daninha, deixando crescer somente
o trigo. Seria arriscado, pois juntamente com a erva má, arrancar-se-ia
também a boa. O prejuízo desaconselha uma tal providência.
Diante desta situação, a atitude
correta consiste em ter paciência, misericórdia e esperança. Paciência,
porque, no final das contas, ficará patente a identidade do bem e do mal,
embora, num determinado momento, parecessem semelhantes. Além disto, fica
sempre aberta a possibilidade de conversão do pecado para a graça, pois a
ação de Deus, no coração humano, supera o nosso entendimento. Misericórdia,
porque o discípulo do Reino é chamado a acolher os pecadores, com a mesma
benevolência do Pai, sem pretender excluí-los dos benefícios do Reino.
Trata-se de uma luta constante para libertá-los da escravidão à qual foram
reduzidos pelo pecado. Sem misericórdia, este processo de aproximação será
inviável. Esperança, porque o mal está fadado a ser derrotado. Pela força de
Deus, o bem terá a última palavra na história humana.
Oração
Espírito de esperança, encha o meu coração de paciência e de misericórdia que me permitam viver as contradições da história, confiante na vitória do bem. |
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