Liturgia do
Domingo 10.06.2012
10º Domingo do
Tempo Comum — ANO B
(VERDE
"Fazer a vontade de Deus"
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Somos
família de Deus. Nossa liturgia nos ilumina a respondermos quem é Jesus e
nele encontrarmos o sentido da vida cristã. O próprio Jesus Cristo prepara em
nós a vida da "nova família", ou seja, aqueles que vivem segundo a
vontade de Deus. A relação mais íntima com Jesus Cristo não se faz com o
parentesco de sangue, mas em sintonia com a sua prática. É preciso aprender a
comungar os ideais. E assim respondemos a pergunta: "quem são meus
parentes?" São aqueles que fazem a vontade do Pai.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste domingo recordamos a vida pública de Jesus, tempo
do anúncio da Palavra e do ensino da fé. As intervenções de Jesus na vida das
pessoas são tão concretas e sua palavra é tão clara que ignorá-las constitui
pecado contra o Espírito Santo. Por outro lado, quem se torna discípulo e
missionário de Cristo se associa intimamente à família de Deus, da qual nunca
se aparta, pois fazer a vontade de Deus é a perfeita comunhão com o mistério
de Cristo. Celebramos na próxima sexta-feira a solenidade do Sagrado Coração
de Jesus, festa que recorda, por meio do símbolo universal do amor, a
infinita misericórdia de Deus. Essa festa lembra também a realização da
profecia de que a misericórdia de Deus abraça todas as criaturas.
Sintamos o júbilo real
de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres
cânticos ao Senhor!
Antífona da entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia
eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus
opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Sl 26,1s).
Primeira Leitura
(Gênesis 3,9-15)
Leitura do Livro do Gênesis.
3 9 Mas o Senhor Deus chamou o homem,
e disse-lhe: "Onde estás?"10 E ele respondeu: "Ouvi o barulho
dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e
ocultei-me."11 O Senhor Deus disse: "Quem te revelou que estavas
nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido
de comer?"12 O homem respondeu: "A mulher que pusestes ao meu lado
apresentou-me deste fruto, e eu comi."13 O Senhor Deus disse à mulher:
Porque fizeste isso?" "A serpente enganou-me,– respondeu ela – e eu
comi."
14 Então o Senhor Deus disse à serpente: "Porque fizeste isso, serás
maldita entre todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o
teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida.
15 Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te
ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar."
Salmo responsorial
129/130
No Senhor, toda graça e
redenção!
Das profundezas eu clamo a vós,
Senhor, escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece!
Se levardes em conta nossas
faltas, quem haverá de subsistir?
Mas em vós se encontra o perdão, eu vos temo e em vós espero.
No Senhor ponho a minha
esperança, espero em sua palavra.
A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora.
Espere Israel pelo Senhor mais
que o vigia pela aurora!
Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção.
Ele vem libertar a Israel de toda a sua culpa.
Segunda Leitura (2
Coríntios 4,13-5,1)
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.
4 13 Animados deste espírito de
fé, conforme está escrito: Eu cri, por isto falei, também nós cremos, e por
isso falamos.
14 Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará
também a nós com Jesus e nos fará comparecer diante dele convosco.
15 E tudo isso se faz por vossa causa, para que a graça se torne copiosa
entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus.
16 É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte
nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia.
17 A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso
eterno de glória incomensurável.
18 Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não se vêem .
Pois as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas.
5 1 Sabemos, com efeito, que ao se desfazer a tenda que habitamos neste
mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma
habitação eterna no céu.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O príncipe deste mundo agora será expulso; e eu, da terra levantado atrairei
todos a mim mesmo (Jo 12,31s).
EVANGELHO (Marcos
3,20-35)
Naquele tempo, 3 20 Dirigiram-se
em seguida a uma casa. Aí afluiu de novo tanta gente, que nem podiam tomar
alimento.
21 Quando os seus o souberam, saíram para o reter; pois diziam: "Ele
está fora de si."
22 Também os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: "Ele
está possuído de Beelzebul: é pelo príncipe dos demônios que ele expele os
demônios."
23 Mas, havendo-os convocado, dizia-lhes em parábolas: "Como pode
Satanás expulsar a Satanás?
24 Pois, se um reino estiver dividido contra si mesmo, não pode durar.
25 E se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode permanecer.
26 E se Satanás se levanta contra si mesmo, está dividido e não poderá
continuar, mas desaparecerá.
27 Ninguém pode entrar na casa do homem forte e roubar-lhe os bens, se antes
não o prender; e então saqueará sua casa.
28 "Em verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos
homens, mesmo as suas blasfêmias;
29 mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá
perdão, mas será culpado de um pecado eterno."
30 Jesus falava assim porque tinham dito: "Ele tem um espírito
imundo."
31 Chegaram sua mãe e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram
chamá-lo.
32 Ora, a multidão estava sentada ao redor dele; e disseram-lhe: "Tua
mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram."
33 Ele respondeu-lhes: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?"
34 E, correndo o olhar sobre a multidão, que estava sentada ao redor dele,
disse: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
35 Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe."
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Vm - At 11,21b-26; 13,1-3; Sl 97(98); Mt 10,7-13
3ª Vd - 1Rs 17,7-16; Sl 4; Mt 5,13-16
4ª Br - 1Rs 18,20-39; Sl 15(16); Mt 5,17-19
5ª Vd - 1Rs 18,41-46; Sl 64(65); Mt 5,20-26
6ª Br - Os 11,1.3-4.8c-9; Is 12,2-6; Ef 3,8-12.14-19; Jo 19,31-37
Sb Br - Is 61,9-11; 1Sm 2,1.4-8; Lc 2,41-51
11º DTC: Ez 17,22-24; Sl 91 (92),2-3.13-14.15-16 (R/. cf. 2a); 2Cor 5,6- 10;
Mc 4,26-34 (A semente e o grão de mostarda)
TEMA
SAUDADE DO PARAÍSO, VIVÊNCIA DO REINO E IMORTALIDADE NA RESSURREIÇÃO
As leituras de hoje nos levam a refletir sobre a nossa condição humana
de viver optando ora pelo bem, ora pelo mal. Estivemos no simbólico paraíso
terrestre e decidimos sair dele para viver lutando pela sobrevivência, em meio
a espinhos e dores. Muitos dos conterrâneos de Jesus não o aceitaram como
enviado de Deus e lhe fizeram oposição, até mesmo seus irmãos. Após a morte de
Jesus, viver, para o cristão, passou a ser a certeza de que reconquistaremos a
nossa morada eterna e definitiva. Vejamos como as leituras que ouvimos nos
ajudam a compreender esses mistérios.
II.
COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
Liturgia da
Palavra
Primeira Leitura
Gênesis
3,9-15
—
Leitura do Livro do Gênesis. 3 9 Mas o Senhor Deus chamou o homem, e disse-lhe:
"Onde estás?"10 E ele respondeu: "Ouvi o barulho dos vossos
passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me."11 O Senhor
Deus disse: "Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido
do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?"12 O homem
respondeu: "A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e
eu comi."13 O Senhor Deus disse à mulher: Porque fizeste isso?"
"A serpente enganou-me,– respondeu ela – e eu comi." 14 Então o
Senhor Deus disse à serpente: "Porque fizeste isso, serás maldita entre
todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e
comerás o pó todos os dias de tua vida. 15 Porei ódio entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o
calcanhar."
A astuta
serpente / o mal engana as pessoas
A primeira leitura de hoje faz parte de um bloco maior de texto: Gn 2,4b-3,24,
escrito no século IX a.E.C. Trata-se de narrativa mitológica da condição humana
no paraíso e fora dele. O trecho do qual nos ocupamos aqui fala da expulsão do
paraíso. O que vem antes é bem conhecido de todos nós, ou seja: não havia ser
humano para cultivar o solo. Havia um jardim com quatro rios e, no meio dele,
duas árvores, uma da vida e outra do conhecimento do bem e do mal. Deus cria os
seres humanos com o objetivo de eles gerarem filhos; Adão e Eva, o tirado da
terra e a mãe dos viventes, que representam o ser humano de forma geral. Nunca
existiram como personagens. Trata-se de profundo simbolismo; sua verdade não é
da ordem da história positivista.
O casal é colocado nu no jardim, com a proibição de comer o fruto da árvore do
conhecimento. Até que um dia a serpente, na sua estultícia, os engana, e eles
comem do fruto proibido. O medo se apodera deles. Ambos abrem os olhos, veem-se
nus e passam a ter vergonha, a ponto de terem de se cobrir com vestes de folhas
que eles mesmos teceram. Ouvindo os passos de Deus, que passeava pelo jardim,
eles se escondem, porque também já sentem medo. Deus os interroga pelo ato de
desobediência. Homem e mulher acusam a serpente. Todos os três recebem um
castigo do Criador. A serpente se arrastará e será pisada pela mulher, que,
agora, chamada de Eva – a mãe dos viventes –, passará a ter dores de parto e
desejo voltado para o homem; já o homem terá de tirar do solo maldito o
sustento com o suor do seu rosto. O fim é trágico: a perda do paraíso. Para
cobrir as vergonhas, eles recebem de Deus uma roupa de pele. Fora do paraíso,
uma nova etapa se inicia na vida deles. O cultivo do solo para comer passa a
ser um labor pesado e diário. O paraíso é lacrado. Um querubim e uma espada
fulgurante passam a guarnecê-lo, impedindo ao ser humano o acesso ao caminho da
árvore da vida.
Esse clássico texto da literatura bíblica foi, ao longo da história da
humanidade, fonte de inspiração para tantos outros, para pinturas, discursos
poéticos e moralistas. A esperança de retorno ao paraíso perdido e a saudade
dele foram, e continuam sendo, objeto de desejo dos humanos, sejam eles judeus,
sejam cristãos. Na sinagoga judaica, a árvore da vida recebe os nomes dos
falecidos. Para os cristãos, Jesus é o caminho, a verdade e a vida em Gn
2,4b-3,24. Com a sua morte e o seu sangue derramado na terra outrora maldita, a
vida eterna volta a ser condição para o ser humano, que ressuscitará com ele.
Na organização dos livros que compõem a Bíblia, há o cuidado de colocar, como
livro final, o Apocalipse, que descreve uma nova Jerusalém Celeste – um novo
Éden Celeste –, tendo no seu centro, também, uma árvore da vida. Alguns
elementos desse mito que explicam a condição humana e sua relação com o sagrado
merecem destaques, tais como:
a) Jardim: símbolo do paraíso terrestre. "Jardim" em hebraico é gan,
que também significa proteger. No Oriente Antigo, na Pérsia e na Babilônia, era
muito comum a construção de um jardim cercado. Os jardins podiam ser
propriedade exclusiva de um rei, bem como simbolizavam o poder real e o seu
controle sobre a agricultura e as fontes de água. Muitos deles eram ornamentais
e serviam para o descanso do rei ou para a sua sepultura (2Rs 21,18.26). Na
leitura, o jardim é chamado de Éden. Éden é substantivo hebraico que significa
"delícias". O jardim passa a ser um paraíso celeste. Um paraíso das
delícias em um jardim plantado no Éden (Gn 2,8), região e lugar da felicidade
plena. Deus é o companheiro do ser humano, que vive em plena liberdade sem se
preocupar com nada. O mito expressa o desejo humano, que, na sua relação com o
Sagrado (Vida), foi possível outrora e será novamente. Jardim é sinônimo de
esperança, de vida realizada. Não é por menos que Is 51,3 chama o Éden de
"Jardim do Senhor".
b) Árvores da vida e do conhecimento: a primeira árvore é o símbolo da
imortalidade, a segunda, do conhecimento do bem e do mal. No último livro da
Bíblia, o Apocalipse cita a árvore da vida no centro da Nova Jerusalém (Ap
22,2). A nova árvore da vida representa o novo céu e a nova terra. Trata-se de uma
inclusão. Sabedor de sua condição mortal, o ser humano almeja a imortalidade.
Ele sabe também que essa condição só é possível no Sagrado, em Deus. Por isso, o seu
desejo será sempre o da imortalidade. Ninguém quer morrer, à exceção daqueles
que perdem o sentido da vida. Na mitologia, a fonte da vida está na divindade,
nos deuses, os quais não aceitam repassar esse segredo para o ser humano. No
texto em questão, o fato de Deus passear pelo jardim demonstra que a vida
humana está, no paraíso, bem próxima de Deus. Há, no entanto, um contraste: o
fruto da árvore da vida confere imortalidade, o da árvore do conhecimento, a
morte. Ao ser humano fica expressa a proibição divina de não comer o segundo
fruto (Gn 2,17). Ao ser humano, após comer mitologicamente esse fruto, é
conferida a faculdade de optar pelo bem ou pelo mal. A primeira consequência de
tudo isso foi a perda do paraíso.
c) Serpente: um animal astuto e falador, portador de falsas promessas, deixando
as consequências para os humanos. A serpente no mundo antigo tinha vários
simbolismos, sobretudo aqueles relacionados com a vida e o poder opressor de um
país. O faraó tinha uma serpente sobre a sua cabeça para representar o seu
poder, a vida e sua imortalidade. Na Babilônia, a divindade principal, Marduk,
era representada por uma serpente-dragão. Em Israel, a partir de Gênesis, a
serpente passou a significar a força do mal.
d) Punição: o encontro da serpente com os humanos se transformou em punição
para a serpente, que deverá se arrastar pela terra e terá a descendência da
mulher como sua inimiga. A mulher, por sua vez, terá dores de parto, e o homem
terá de cultivar a terra com seu suor. A parceria entre Eva, Adão e a serpente
resulta em sofrimento. O
poder da serpente leva o homem a viver de suor e fadigas. A serpente, o poder
dominador, precisa desse trabalho forçado para sobreviver. O homem se torna pó
da terra e morre de tanto trabalhar. O mito explica o sofrimento pelo viés da
opressão, que o lavrador conhecia.
Salmo
Responsorial
SALMO RESPONSORIAL – Sl
129/130
No Senhor, toda graça e redenção!
Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece!
Se levardes em conta nossas faltas, quem haverá de subsistir?
Mas em vós se encontra o perdão, eu vos temo e em vós espero.
No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra.
A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora.
Espere Israel pelo Senhor mais que o vigia pela aurora!
Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção.
Ele vem libertar a Israel de toda a sua culpa.
Segunda Leitura
2
Coríntios 4,13-5,1
—
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios. 4 13 Animados deste
espírito de fé, conforme está escrito: Eu cri, por isto falei, também nós
cremos, e por isso falamos. 14 Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor
Jesus, nos ressuscitará também a nós com Jesus e nos fará comparecer diante
dele convosco. 15 E tudo isso se faz por vossa causa, para que a graça se torne
copiosa entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus.
16 É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte
nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia. 17 A nossa presente
tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória
incomensurável. 18 Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não
se vêem . Pois as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são
eternas. 5 1 Sabemos, com efeito, que ao se desfazer a tenda que habitamos
neste mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma
habitação eterna no céu.
A
ressurreição nos confere a imortalidade querida pelo ser humano no paraíso
A primeira leitura nos apresentou o Éden como morada paradisíaca da condição
humana, que, por sua opção, diante da liberdade proporcionada por Deus, acaba
por perdê-lo.
O ser humano alimenta uma saudade eterna por ele. Já o evangelho nos
anuncia que Jesus é a esperança que nos mostra o caminho de volta. Ele age em
parceria com o Espírito Santo e com todos os que são seus irmãos.
Nesta segunda leitura, Paulo expressa sua firme convicção de fé na
ressurreição de todos nós, no mesmo Deus que ressuscitou Jesus (2Cor 4,13-15).
O apóstolo lembra que vivemos num corpo, morada terrestre que será destruída em
favor de uma morada eterna em
Deus. Morre o ser humano exterior para viver o interior.
É como se dissesse: saímos de Deus para morar num paraíso, perdemo-lo,
mas, com a graça de Deus e o testemunho vivo de Jesus, voltaremos para a
eternidade. A imortalidade querida pelo ser humano, ao comer o fruto proibido,
só será possível com a ressurreição.
Aclamação
ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O príncipe deste mundo agora será expulso; e eu, da terra levantado atrairei
todos a mim mesmo (Jo 12,31s).
Evangelho
Marcos
3,20-35
—
Naquele tempo, 3 20 Dirigiram-se em seguida a uma casa. Aí afluiu de novo tanta
gente, que nem podiam tomar alimento. 21 Quando os seus o souberam, saíram para
o reter; pois diziam: "Ele está fora de si." 22 Também os escribas,
que haviam descido de Jerusalém, diziam: "Ele está possuído de Beelzebu: é
pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios." 23 Mas, havendo-os
convocado, dizia-lhes em parábolas: "Como pode Satanás expulsar a Satanás?
24 Pois, se um reino estiver dividido contra si mesmo, não pode durar. 25 E se
uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode permanecer. 26 E se
Satanás se levanta contra si mesmo, está dividido e não poderá continuar, mas
desaparecerá. 27 Ninguém pode entrar na casa do homem forte e roubar-lhe os
bens, se antes não o prender; e então saqueará sua casa. 28 "Em verdade
vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas
blasfêmias; 29 mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais
terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno." 30 Jesus falava assim
porque tinham dito: "Ele tem um espírito imundo." 31 Chegaram sua mãe
e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram chamá-lo. 32 Ora, a multidão
estava sentada ao redor dele; e disseram-lhe: "Tua mãe e teus irmãos estão
aí fora e te procuram." 33 Ele respondeu-lhes: "Quem é minha mãe e
quem são meus irmãos?" 34 E, correndo o olhar sobre a multidão, que estava
sentada ao redor dele, disse: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 35 Aquele
que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe."
Escribas e
irmãos de Jesus se opõem ao projeto de reino de Jesus, o novo Éden. A
serpente/satanás continua agindo
O evangelho de hoje mostra Jesus na sua casa, a física e a dos pobres, por quem
ele tinha especial apreço. Seus familiares, sabendo de suas ações, tentaram
impedi-lo, julgando-o louco. Antes que chegassem seus irmãos, os escribas já
dão a sentença: "Ele está possuído por Belzebu, bem como realiza tudo em
parceria com satanás" (v. 22). Jesus se defende, dizendo que as suas ações
não podem ser feitas em parceria com quem já é seu inimigo, satanás. Fazendo
jogo com o substantivo "satanás", aquele que divide, assim como a
serpente da primeira leitura, Jesus demonstra que um reino e uma casa divididos
não podem subsistir. Assim como no paraíso Deus condena a serpente, Jesus
condena os escribas, acusando-os de blasfemadores do Espírito Santo, seu real
parceiro na missão, e decreta que eles não terão perdão por tal atitude.
Nesse momento, Maria e os irmãos de Jesus chegam para se encontrar com
ele. Tendo a multidão impedido a passagem deles, Jesus, avisado do fato,
declara em alto e bom som que sua mãe e seus irmãos são aqueles que fazem a
vontade de Deus. A resposta de Jesus, dura em um primeiro momento, teve várias
repercussões entre os intérpretes desse texto. Irmão, em hebraico 'ah,
significa irmão de sangue, mas também parentes próximos, patrícios e vizinhos.
São Jerônimo dirá que no evangelho se trata de primos de Jesus.
Os evangelhos apócrifos nos conservaram a tradição de que José, ao ser
escolhido para casar-se com Maria, era viúvo, tinha 90 anos, quatro filhos –
Judas, Justo, Tiago e Simeão – e duas filhas, Lísia e Lídia. Quando Maria
chegou à casa de José, logo se afeiçoou a Tiago, o filho menor de José, que
ainda sofria a ausência da mãe. Maria cuidou dele como mãe. O Evangelho de
Mateus fala, por isso, de Maria, a mãe de Tiago (Mt 27,56), embora ela não o
fosse. Sendo assim, os irmãos de Jesus são de criação. Portanto, Jesus,
seguindo o mesmo trocadilho feito com o substantivo "satanás", quis
dizer que irmãos seus são também os que seguem os seus ensinamentos, povo e
discípulos(as), incluindo sua mãe. Jesus não nega os seus irmãos, tampouco sua
mãe. Isso não era possível na cultura judaica. Irmão aqui quer dizer aquele que
assume a causa, ao contrário de satanás, aquele que divide, tornando-se uma
serpente, assim como agiram os escribas.
DICAS
PARA REFLEXÃO
– Demonstrar à comunidade que a nossa vida é marcada pela lembrança do
paraíso perdido e pelo mal que nos levou a perdê-lo. A parceira com a serpente,
inclinação para o mal, ocasionou isso. Cabe-nos esmagar-lhe a cabeça, o lugar
pensante de toda vil estrutura humana injusta.
– Os irmãos de Jesus somos todos nós, seus seguidores. Muitas vezes, no
entanto, tornamo-nos seus opositores, com satanás. A Igreja é a grande irmã de
Jesus na construção da sociedade justa, espelho de seu reino. É uma pena que
muitos cristãos e igrejas caminhem em sentido oposto. O reino de Deus é a nossa
esperança de um novo Éden, já presente, mas em caminhada para a plenitude.
10º Domingo do Tempo Comum — ANO B
"PECADO SEM PERDÃO"
Quando a gente está super ocupado , costuma-se dizer que não se tem
tempo nem para comer, esse evangelho começa constatando exatamente isso, pois
Jesus e seus discípulos chegaram na casa de alguém onde pretendiam tomar uma
refeição, mas um grande número de pessoas foram ali á sua procura e Jesus
teve que lhes dar atenção. Não ter mais tempo para si, vai ter para
os seus parentes a conotação de loucura “Ele está fora de si”.
Amar as pessoas preocupar-se com elas, doar-se aos serviços da
comunidade para servir a Deus e aos irmãos, nos tempos da pós-modernidade
também soa como uma loucura, pois vivermos no mundo das relações
mercantilizadas onde tempo é dinheiro e perder tempo com coisas que não
dão nenhum retorno, é realmente coisa de louco.
Pior que esses parentes de Jesus que não entendiam á sua missão,
eram os escribas que atribuíam suas ações libertadoras e curas
prodigiosas á Belzebu, príncipe dos demônios, acusando Jesus de fazer o
Bem , através da força do mal, o que era uma grande incoerência, pois Bem e Mal
são duas coisas que jamais podem agir em conjunto, se as obras de Jesus eram
boas em si mesmo, curava e libertava as pessoas, elas jamais poderiam provir do
mal.
Em nossa sociedade também sofremos desse mal, porém no sentido
contrário, querendo atribuir ao Bem algo que provém do mal, senão
vejamos, para muitos, inclusive cristãos, a pena de morte, o aborto, o
divórcio, a eutanásia, são coisas do Bem, e tem até traficante de Favela
pousando de herói do povo, defensor dos pobres, dos velhos e das crianças.
Quando isso acontece e essa mentalidade começa a dominar a todos, é porque se
está cometendo o temível pecado contra o Espírito Santo, que Jesus afirma não
ter perdão. E que pecado terrível será este?
Exatamente o mesmo que os Escribas e os parentes de Jesus cometiam: o
de não acreditar e não aceitar a Graça que Jesus nos trouxe, em uma recusa
contra a ação Divina, libertadora e Salvadora nele presente, e colocada a favor
das pessoas. Quem comete esse pecado está apostando todas as suas fichas nas
forças do Mal presente no mundo, por crer no fundo, que esta é mais poderosa
que o Bem supremo que Jesus nos oferece.
O Mal já foi derrotado por Jesus, mas o homem ainda não se apercebeu
disso, o Reino está presente na vida da humanidade, não de maneira ostensiva
como a Força do mal, mas como semente em desenvolvimento e que requer
cuidado e atenção para crescer e ser a maior de todas as árvores, mas o homem
imediatista deste tempo prefere acreditar no Mal e deixa de investir e
acreditar no Bem.
10º Domingo do Tempo Comum — ANO B
1. “Duas
questões”
O Evangelho de hoje apresenta-nos duas questões difíceis: o pecado
contra o Espírito Santo e o os “irmãos” de Jesus.
“Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas
blasfêmias; mas todo o que tiver blasfemado contra o espírito Santo jamais terá
perdão, mas será culpado de um pecado eterno” (Mc 3,28-29).
O Catecismo da Igreja Católica dá a interpretação autêntica dessa
passagem com as seguintes palavras: “A misericórdia de Deus não tem limites,
mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo
arrependimento rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo
Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à
perdição eterna” (Cat. 1864). No fundo, o pecado contra o Espírito Santo é um
endurecimento interior que não permite a pessoa se arrepender dos próprios
pecados. Logicamente, sem arrependimento não há perdão! Por outro lado, é muito
difícil verificar se alguém pecou contra o Espírito Santo; na prática, até o
final da vida de uma pessoa não se pode saber se tal impenitência foi um pecado
contra o Espírito Santo. Em efeito, uma pessoa poderia se arrepender nos
últimos momentos de sua existência e ser alcançado pela salvação.
Definitivamente, a resposta a essa questão – foi ou não um pecado contra o
Espírito Santo? – continuará, enquanto não chega o juízo final, conhecida
somente por Deus e pela pessoa em questão.
Falar sobre o pecado contra o Espírito Santo deveria nos ajudar a ver
que o arrependimento dos nossos pecados é uma graça de Deus. Ao mesmo tempo
essa graça só nos alcança se nós quisermos: a salvação é obra de Deus em nós,
mas não sem nós. Nesse sentido, a nossa súplica poderia ser semelhante àquela
que muitos sacerdotes ainda rezam antes da Santa Missa: “Concedei-nos, Senhor
onipotente e misericordioso, a alegria com a paz, a emenda de vida, o tempo
para fazer penitência, a graça e a consolação do Espírito Santo e a perseverança
nas boas obras. Amém”.
Quanto à segunda questão, vamos ler de novo o texto do Evangelho.
Alguns disseram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram”
(Mc 3,31). Jesus teve outros irmãos? Caso a resposta fosse afirmativa, Maria
teria tido outros filhos. Mas isso não pode ser!
Nesse caso, a Bíblia Ave-Maria traz uma boa explicação no seu índice
doutrinal: “São indicados: Tiago, José, Judas, Simão: Mc 6,3. Não se trata,
porém, de irmãos no sentido estrito, filhos dos mesmos pais. Os evangelistas
afirmam que Jesus foi o filho único da Virgem Maria: Mc 6,3; Jo 19,26ss. Nem há
motivo para supor que São José tivesse outros filhos de um matrimônio anterior.
Por outro lado, a palavra “primo” não existe nem no hebraico nem no aramaico.
Os “irmãos de Jesus” tinham outra mãe que não Maria Santíssima. São Mateus em
27,56 menciona, entre as mulheres presentes à crucificação de Cristo, Maria,
mãe de Tiago e José. Essa Maria é esposa de Cléofas, conforme Jo 19,25.
Provavelmente se trata de uma irmã de Maria, mãe de Jesus. Portanto, Maria e
seu esposo Cléofas eram os pais de Tiago e de José. Eles tinham ainda outro
filho por nome Judas, que em sua epístola se diz irmão de Tiago. Esse Tiago só
pode ser filho de Cléofas, pois o outro Tiago era irmão de São João Evangelista,
que era filho de Zebedeu. Resta Simão. Egesipo o dá também como filho de
Cléofas. Não constam seus pais. Tenha-se em conta que Nossa Senhora é chamada
“mãe de Jesus” e nunca “mãe dos irmãos de Jesus”. Se Maria tivesse outro filho,
Jesus não a teria confiado a João, filho de Zebedeu. A família de Nazaré
aparece apenas com três pessoas: Jesus, Maria e José. Aos doze anos, Jesus vai
ao templo exclusivamente com Maria e José”. Ainda que se trate de uma exegese
complexa, é válida! Maria só teve um Filho: Jesus Cristo. Ela é a Virgem-Mãe!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
2. Jesus revela novos laços familiares no Reino
O evangelho de Marcos revela a nova relação entre o povo e Deus, que se
estabelece através de Jesus. O que se vê é uma grande multidão de excluídos
(ochlós), seja dentre os gentios, seja da dispersão do judaísmo, que se reúne
em torno da casa onde se encontra Jesus. Esta multidão se diferencia do "pequeno
resto", estabelecido na sinagoga e no Templo, gozando de privilégios e
isolado da maioria do povo, considerada pecadora por infringir qualquer um
dos 613 mandamentos da Lei, tendo como protótipo Eva, que infringiu a
proibição do Criador (primeira leitura).
Com Jesus temos uma nova
realidade, destacada pelos evangelhos ao mencionarem cento e quarenta e nove
vezes a "multidão" que se relaciona com Jesus. Esta relação é uma
característica muito mais marcante da índole e da personalidade de Jesus do que
as narrativas de seus milagres possam significar. É uma chave de leitura para
compreendermos a presença de Jesus no mundo, em relação com todos os povos e
culturas, não se limitando a grupos religiosos específicos.
O termo grego traduzido por
"familiares" pode significar uma proximidade consanguínea ou de
amizade. Pode-se também interpretar que o verbo usado no texto,
"enlouqueceu", refira-se a Jesus ou à multidão. Assim, pode-se
entender que, ou os familiares ou os discípulos de Jesus, não o compreendendo
e julgando-o fora de si, queiram retê-lo, ou julgando a multidão demais
agitada queiram protegê-lo.
Os escribas vindos de Jerusalém
são os enviados dos chefes religiosos que tinham em mãos o culto sacrifical
do Templo e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo. Eles se empenham em difamar Jesus,
para afastar o povo dele. O Espírito Santo é o amor. Considerar as obras de
amor do Espírito como sendo obras do demônio significa o distanciamento e até
a ruptura com o próprio amor de Deus. Rejeitar e matar os que com amor buscam
resgatar a dignidade humana dos empobrecidos explorados e excluídos significa
a rejeição da vida e do amor de Deus.
A partir de uma referência à sua
família carnal, Jesus afirma: "Quem é minha mãe? Quem são meus
irmãos?... Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe". É a união em torno da prática da vontade de Deus que cria os novos
laços familiares no Reino.
Viver o amor, o serviço, a
partilha, a misericórdia, solidariamente com os mais necessitados, é
inserir-se na família de Jesus, quer seja por laços consanguíneos, quer não,
certos da comunhão de vida eterna com Jesus (segunda leitura).
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a reconhecer a ação do Espírito em ti e a perceber a
misericórdia do Pai atuando por teu intermédio.
3. O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Existe um tipo de pecado para o qual
não haverá perdão. É o pecado contra o Espírito Santo. Em que consiste a
gravidade deste pecado que o torna imperdoável? Jesus, desde o seu batismo,
foi apresentado como o Filho de Deus, a quem se devia dar ouvido. Ele foi
constituído mediador da salvação divina oferecida a toda humanidade. Suas
palavras e ações, porém, tinham como princípio dinamizador o Espírito Santo,
poder de Deus atuando nele, manifestado já por ocasião do batismo.
Portanto, a atitude de seus
parentes, que o acusavam de louco ao verem as multidões acorrerem a ele, e a
interpretação dos mestres da Lei, para quem ele agia pelo poder de Belzebu,
chocava-se com a realidade da ação divina em Jesus. Pois
significava negar que o Espírito Santo agia através de Jesus e atribuir ao
demônio o que pertencia ao Espírito de Deus. Eis uma autêntica blasfêmia!
As acusações contundentes
levantadas contra Jesus manifestam um fechamento à ação do Espírito. Assim
como Jesus agia pela força do Espírito, do mesmo modo só quem se deixasse
iluminar pelo Espírito poderia percebê-la. Quem se fechava ao Espírito,
tornava-se incapaz de discernir a manifestação da misericórdia de Deus, em Jesus. Fechar-se
para Jesus, portanto, significa fechar-se para Deus e, por conseguinte,
tornar-se indigno de perdão.
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a reconhecer a ação do Espírito em ti e a perceber a
misericórdia do Pai atuando através de ti.
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Liturgia
da Segunda Feira
SÃO
BARNABÉ - APÓSTOLO
(VERMELHO,
PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Feliz foi Barnabé, santo de Deus, que mereceu ser
contado entre os apóstolos. Era na verdade um homem bom, cheio do Espírito
Santo e de fé (At 11,24).
intrepidamente. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Atos 11,21- 26;
13,1-3)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 11 21 A mão do Senhor estava
com eles e grande foi o número dos que receberam a fé e se converteram ao
Senhor.
22 A notícia dessas coisas chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém.
Enviaram então Barnabé até Antioquia.
23 Ao chegar lá, alegrou-se, vendo a graça de Deus, e a todos exortava a
perseverar no Senhor com firmeza de coração,
24 pois era um homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. Assim uma
grande multidão uniu-se ao Senhor.
25 Em seguida, partiu Barnabé para Tarso, à procura de Saulo. Achou-o e
levou-o para Antioquia.
26 Durante um ano inteiro eles tomaram parte nas reuniões da comunidade e
instruíram grande multidão, de maneira que em Antioquia é que os discípulos,
pela primeira vez, foram chamados pelo nome de cristãos. 13 1 Havia então na
Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre eles Barnabé, Simão, apelidado
o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém, companheiro de infância do tetrarca
Herodes, e Saulo.
2 Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes
o Espírito Santo: "Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho
destinado".
3 Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram.
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer seu poder
salvador
E, às nações, sua justiça.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
Porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
Alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
E, às nações, sua justiça;
Recordou o seu amor sempre fiel
Pela casa de Israel!
Os confins do universo
contemplam
A salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
Alegrai-vos e exultai!
Cantai salmos ao Senhor ao som
da harpa
E da cítara suave!
Aclamai, com os clarins e as trombetas,
Ao Senhor, o nosso rei!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ide ao mundo e ensinai a todas as noções!
Eis que eu estou convosco até o fim do mundo! (Mt 28,19s)
Evangelho (Mt 10,7-13)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 10 7
"Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.
8 Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os
demônios. Recebestes de graça, de graça dai!
9 Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos,
10 nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão;
pois o operário merece o seu sustento.
11 Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno
de vos receber; ficai ali até a vossa partida.
12 Entrando numa casa, saudai-a: ´Paz a esta casa´.
13 Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o
for, vosso voto de paz retornará a vós".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “O Reino está ao nosso alcance”
Meditando esse evangelho, a primeira
impressão que se tem, é que o Reino de Deus vai acontecer somente a
partir das obras de libertação e de curas, e a conduta dos discípulos diante
das pessoas a quem forem anunciar o evangelho do Reino. Isso poderia
significar que caso os discípulos se omitissem, ou se recusassem a fazer
todas essas coisas, tendo esse comportamento, o Reino então ficaria distante.
Primeiramente precisamos entender que o Reino é dom Divino que nos foi
concedido em Jesus
Cristo. Os procedimentos e a conduta recomendados por
Jesus, é apenas um sinal de que o Reino de Deus já chegou e está entre eles,
isso é, á disposição e ao alcance de todos. Diante disso vamos entender mais
facilmente as recomendações de Jesus.
Onde está o Reino não pode haver
enfermos nem mortos, nem pessoas impuras e afastadas da Salvação, que eram os
leprosos, e muito menos pessoas escravizadas as forças do Demônio,
esclarecendo que todas as enfermidades não compreendidas se dizia ser obra do
demônio. Onde o Reino está as relações deverão sempre ser marcadas pela
gratuidade “o que recebestes de Graça, dai também de graça”.
Onde o Reino está acontecendo
nenhuma segurança humana o supera, daí a orientação para que eles sejam
despojados dos bens materiais mais essenciais, isso é, que a preocupação com
a sobrevivência não os desvie da missão de anunciadores do Reino, de
alguma forma tudo isso lhe será assegurado, o que também não quer dizer que
vivam no “Béim-Bão sem fazerem nada. Ao entrar em uma aldeia, informai-vos antes
se há ali alguém digno de vos receber, isso também não quer dizer que os
Discípulos Missionários sejam pessoas especiais e que só aceitam hospedagem 5
estrelas. Pessoa digna de receber o anuncio são todas aquelas que estão
abertas á Palavra de Deus, buscando a sua Graça e Salvação.
Ficai ali até a vossa partida,
isso é, não deixem a casa antes de terem pregado e feito todo o anúncio, pois
quem está aberto á Palavra de Deus, como os Discípulos de Emaús vão sentir co
coração arder e terem o desejo de ouvirem mais, para que a experiência seja
mais profunda.
E finalmente a última
recomendação, ao entrar em uma casa deseja-lhe a paz, se na casa as pessoas
estiverem abertas ao anúncio, acolherão a paz com grande alegria, caso
contrário, a paz retornará ao discípulo missionário, porque Paz tem o
significado da saudação hebraica do Shalon, que significa “Deus esteja com
você”, em sentido bem simples, e Deus manifestado em Jesus, só entra
aonde for acolhido e desejado e por isso, no coração do discípulo missionário
ele está sempre presente como um dom precioso a ser oferecido aos que ouvirem
a sua palavra e o acolherem.
2. Ao missionário é fundamental o despojamento
O evangelho delineia o procedimento do
missionário. O centro do anúncio é a proximidade do Reino dos Céus. João
Batista inaugurara este anúncio. A proximidade do Reino significa que ele
está ao nosso alcance, para ser vivido dia a dia. A natureza do Reino é a
prática da justiça que liberta e regenera a vida.
Ao missionário é fundamental o
despojamento. Os filósofos itinerantes gregos praticavam tal tipo de
despojamento para demonstrar austeridade. Contudo, para o missionário o
despojamento não é um fim em si. É um ato de libertação para colocar-se
inteiramente a serviço da missão. E é um ato de confiança na providência de
Deus, que opera através dos homens e mulheres. Pelo seu despojamento o
missionário abre os corações daqueles a quem ele é enviado. Nas cidades ou
povoados o missionário não deve procurar a sinagoga, mas a casa de alguém
digno. Podemos ver aí os critérios para a fundação e articulação de novas
comunidades domésticas, que poderiam acolher outros missionários.
Oração
Pai, faze de mim um instrumento para a construção da paz desejada por Jesus.
Paz que se constrói na comunicação dos bens divinos a cada pessoa humana.
3. O REINO CHEGOU
Os discípulos foram enviados em missão
com a tarefa de dar continuidade à missão de Jesus. A dupla face do
messianismo de Jesus se expressaria no ministério dos apóstolos. Não somente
com palavras, mas também com obras eles se poriam a serviço do Reino.
Aos apóstolos competia proclamar
a chegada do Reino dos Céus na pessoa de Jesus. De que modo? Deus foi
plenamente Senhor da vida de Jesus. Nada nem ninguém jamais o desviou do
caminho traçado pelo Pai. Somente ao querer do Pai ele se submeteu. Jamais
cedeu a qualquer tipo de tentação. Por isso, o Reino dos Céus se encarnou na
sua pessoa e ação. Este evento deveria ser proclamado a todos os povos.
Por outro lado, como sucedeu com
Jesus, a pregação dos apóstolos encontraria apoio nos milagres realizados por
eles. Os quatro milagres apontados relacionam-se com a proteção da vida
humana da investida das doenças, da morte e dos espíritos impuros. O
ministério apostólico, portanto, estava destinado a colocar-se a serviço da
vida. Onde a vida fosse defendida, restaurada ou garantida, aí estaria
acontecendo o milagre do Reino, cuja presença seria historicamente
perceptível.
A vida de Jesus é o ponto de
referência da ação do apóstolo. A fidelidade à missão acontece na medida em
que realmente Jesus continua atuando na pessoa de seus enviados.
Oração
Senhor Jesus, dá-me coragem suficiente para levar adiante tua missão,
proclamando a chegada do Reino e me colocando a serviço da vida.
|
X
SEMANA COMUM
(VERDE
Antífona da entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia
eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus
opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Sl 26,1s).
Leitura (1 Reis 17,7-16)
Leitura do Livro dos Reis
17 7 Passado algum tempo,
secou-se a torrente, porque não chovia mais na terra.
8 Então o Senhor disse-lhe:
9 "Vai para Sarepta de Sidon e fixa-te ali: ordenei a uma viúva desse
lugar que te sustente".
10 Elias pôs-se a caminho para Sarepta. Chegando à porta da cidade, viu uma
viúva que ajuntava lenha. Chamou-a e disse-lhe: "Por favor, vai
buscar-me um pouco de água numa vasilha para que eu beba".
11 E indo ela buscar-lhe a água, gritou-lhe Elias: "Traze-me também um
pedaço de pão".
12 "Pela vida de Deus", respondeu a mulher, "não tenho pão
cozido: só tenho um punhado de farinha na panela e um pouco de óleo na
ânfora; estava justamente apanhando dois pedaços de lenha para preparar esse
resto para mim e meu filho, a fim de o comermos, e depois morrermos".
13 Elias replicou: "Não temas; volta e faze como disseste; mas
prepara-me antes com isso um pãozinho, e traze-mo; depois prepararás o resto
para ti e teu filho.
14 Porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha que está na
panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se esvaziará, até o dia em
que o Senhor fizer chover sobre a face da terra".
15 A mulher foi e fez o que disse Elias. Durante muito tempo ela teve o que
comer, e a sua casa, e Elias.
16 A farinha não se acabou na panela nem se esgotou o óleo da ânfora, como o
Senhor o tinha dito pela boca de Elias.
Salmo responsorial 4
Sobre nós fazei brilhar o
esplendor da vossa face!
Quando eu chamo, respondei-me, ó
meu Deus, minha justiça!
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,
atendei-me por piedade e escutai minha oração!
Filhos dos homens, até quando fechareis o coração?
Por que amais a ilusão e procurais a falsidade?
Compreendei que nosso Deus faz
maravilhas por seu servo
que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece!
Se ficardes revoltados, não pequeis por vossa ira;
meditai nos vossos leitos e calai o coração!
Muitos há que se perguntam:
"Quem nos dá felicidade?"
Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!
Vós me destes, ó Senhor, mais alegria ao coração
do que a outros na fartura do seu trigo e vinho novo.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vós sois a luz do mundo; brilhe a todos vossa luz. Vendo eles vossas obras,
dêem glória ao Pai celeste! (Mt 5,16)
Evangelho (Mateus 5,13-16)
5 13 Disse Jesus: "Vós
sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o
sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos
homens.
14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma
montanha
15 nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para
colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em
casa.
16 Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem vosso Pai que está nos céus".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Cristãos Apareçam!”
Um dia alguém meditava esse evangelho
e comentava que a compreensão do texto pode levar a pessoa a pensar que se
trata de uma incoerência, pois parece que o recado é para que os cristãos
“apareçam”, sejam vistos e notados, então como é que fica a questão da
humildade, de não querer ser mais que os outros?
Sal, Luz e uma cidade no alto da
montanha têm algo em comum: os três não dá para se esconder, uma comida sem
sal logo será notada por alguém que tem o paladar aguçado, uma luz que fica
no alto sempre vai ser vista, e o mesmo acontece com uma cidade edificada no
alto de um monte. As três coisas aparecem e são notadas, não dá para se
esconder.
Além do mais outro detalhe
importante é que o sal, especificamente, dá gosto e sabor a comida, embora
seja só uma pitadinha. Jesus está falando da importância do testemunho e do
que acontece quando ele não é dado. Mas é bom alertar eu não se trata de
testemunho falado diante da comunidade, em um retiro ou em um encontro, claro
que esses também ajudam para que outros se convertam, mas há sempre o risco
deles não serem autênticos, isso é, não sejam vividos tal qual foram falados.
Já vi testemunhos maravilhosos de casais dentro de Movimentos, mas que um
belo dia se separaram, sem mais sem menos.
Também já vi testemunho de
pessoas que se disseram tocadas pela graça de Deus, e que suas vidas tomaram
outro rumo e direção, e que um belo dia sumiram da comunidade, tornaram-se
descrentes ou buscaram outras Igrejas. Jesus aqui fala da prática, do jeito
de viver e de pensar, e que chama a atenção das pessoas.
“Por que você não pensa e não
faz o que a maioria pensa e faz”, com relação a integridade, honestidade,
vida conjugal, Fidelidade, adultério, fidelidade na Fé e compromisso
com a comunidade, justiça, partilha, solidariedade, conduta no trabalho, no
ambiente de estudo, no namoro, na Balada, o Cristão que dá testemunho de
Cristo e seu evangelho, pode e deve ir a qualquer lugar, sem ter medo de ser
dominado pelo pensamento da maioria, e ali, exatamente ali a sua luz vai
brilhar, o seu sabor especial vai ser sentido pelas pessoas.
O grande problema é que as vezes
entendemos errado o que é dar testemunho e achamos que apenas a comunidade é
esse lugar e daí as luzes que as vezes brilham são as da vaidade dos
carismas, o sal que tem o sabor de sucesso, prestigio, fama e os “egos”
inflamados ficam se dando trombadas a todo momento porque na comunidade, um
quer aparecer mais que o outro, não é esse o sentido do “aparecer” do
cristão, que está nesse evangelho.
No seu trabalho, na sua escola,
no seu bairro, no seu partido político ou sindicato, no meio da torcida, no
meio da galera, é aí nesses lugares que você tem que ser notado, pelo seu
jeito diferente de ser e viver, é aí o lugar certo para dar o seu testemunho
e levar as pessoas a conhecerem Aquele que é causa de você ser assim: Cristo
Jesus, Nosso Deus e Senhor. Cristãos, apareçam!
2. Alegria e verdade: manifestações do amor
Após a proclamação das
bem-aventuranças, Mateus apresenta uma coleção de sentenças no estilo
sapiencial, formando o "Sermão da Montanha".
Os atributos do sal, usado na
primeira sentença como metáfora aplicada a pessoas, são conservar certos
alimentos ou dar sabor à comida, em quantidade suave. Aqui é destacado o
aspecto do sabor. Aos discípulos é recomendado que sejam agradáveis e alegres
em seu relacionamento com o mundo, particularmente por sua palavra
pronunciada com sensatez: "A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um" (Cl
4,6).
Os discípulos são também a luz
do mundo. O evangelho de João aplicará inúmeras vezes esta metáfora da luz a
Jesus. A luz revela os detalhes da natureza dos objetos, inundando as trevas.
É como a verdade, que revela a realidade dos fatos e da vida, afastando a
falsidade e a mentira. Se a palavra do discípulo deve ser agradável, ela
também não deixará de ser uma luz que revela a vontade de Deus denunciando a
falácia dos valores e as ofertas de um mercado globalizado a serviço do
dinheiro.
A alegria e a verdade são
manifestações do amor que une os discípulos em comunidades e que se irradiam,
transformando o mundo.
Oração
Pai, tenho diante de mim o mundo todo a ser evangelizado. Transforma cada
circunstância e cada momento da minha vida em chance para dar testemunho do
teu Reino.
3. SAL E LUZ
As parábolas do sal e da luz
confrontam os discípulos do Reino com sua responsabilidade perante a
realidade humana, apelando para a força transformadora de sua presença no
mundo. Na medida em que se revelam servidores, manifestam a profundidade de
sua adesão ao projeto de Deus.
A vocação de servidor
concretiza-se na ajuda às pessoas a fim de que elas enfrentem as insinuações
do maligno que quer corrompê-las pela maldade e pelo egoísmo.
Se, diante da corrupção do
mundo, o discípulo permanece impassivo, recusando-se a agir, será como o sal
insosso. Logo, tornar-se-á imprestável, e deverá ser jogado fora. A
cozinheira não terá por que conservá-lo. Algo semelhante passa-se com o Pai
em relação ao discípulo omisso diante da realidade a ser transformada.
Por outro lado, o discípulo
mostra-se servidor, quando irradia a luz de Cristo para que seus semelhantes
trilhem o caminho da verdade, do amor e da justiça. Sem esta luz, correriam o
risco de descambar para a mentira, o egoísmo e a injustiça, com uma
conseqüente condenação. No entanto, ele deverá buscar a posição adequada para
que seu testemunho de vida abranja o maior número possível de pessoas. Sua
luz deve chegar a todos os seres humanos, sem distinção, de modo a fazê-los
encontrar o caminho para Deus.
Oração
Espírito de responsabilidade, que o meu testemunho de vida tenha ajude as
pessoas a encontrarem o caminho para Deus.
|
Antífona da entrada: Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor e
a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl
23,5s).
Leitura (1 Reis
18,20-39)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
18 20 Mandou Acab avisar a todos
os israelitas e reuniu os profetas no monte Carmelo.
21 Elias, aproximando-se de todo o povo, disse: "Até quando claudicareis
dos dois pés? Se o Senhor é Deus, segui-o, mas se é Baal, segui a Baal!"
O povo nada respondeu.
22 Elias continuou: "Eu sou o único dos profetas do Senhor que fiquei,
enquanto os de Baal são quatrocentos e cinqüenta.
23 Dê-se-nos, portanto, um par de novilhos: eles escolherão um, fá-lo-ão em
pedaços, e o colocarão sobre a lenha, mas sem meter fogo por baixo; eu
tomarei o outro novilho e pô-lo-ei sobre a lenha, sem meter fogo por baixo.
24 Depois disso, invocareis o nome de vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor.
Aquele que responder pelo fogo, esse será reconhecido como o (verdadeiro)
Deus". Todo o povo respondeu: "É boa a proposta".
25 Então disse Elias aos profetas de Baal: "Escolhei vós primeiro um
novilho e preparai-o, porque sois mais numerosos, e invocai o vosso deus, mas
não ponhais fogo".
26 Eles tomaram o novilho que lhes foi dado e fizeram-no em pedaços. Em seguida,
puseram-se a invocar o nome de Baal desde a manhã até o meio-dia, gritando:
"Baal, responde-nos!" Mas não houve voz, nem resposta. E dançavam
ao redor do altar que tinham levantado.
27 Sendo já meio-dia, Elias escarnecia-os, dizendo: "Gritai com mais
força, pois (seguramente!) ele é deus; mas estará entretido em alguma
conversa, ou ocupado, ou em viagem, ou estará dormindo... e isso o
acordará".
28 Eles gritavam, com efeito, em alta voz, e retalhavam-se segundo o seu
costume, com espadas e lanças, até se cobrirem de sangue.
29 Passado o meio-dia, enquanto continuavam em seus transes proféticos,
chegou a hora da oblação. Mas não houve voz, nem resposta, nem sinal algum de
atenção.
30 Então Elias disse ao povo: "Aproximai-vos de mim", e todos se
aproximaram. Elias reparou o altar demolido do Senhor.
31 Tomou doze pedras, segundo o número das doze tribos saídas dos filhos de
Jacó, a quem o Senhor dissera: "Tu te chamarás Israel".
32 E erigiu com essas pedras um altar ao Senhor. Fez em volta do altar uma
valeta, com a capacidade de duas medidas de semente.
33 Dispôs a lenha e colocou sobre ela o boi feito em pedaços.
34 E disse: "Enchei quatro talhas de água e derramai-a em cima do
holocausto e da lenha". Depois disse: "Fazei isso segunda
vez". Tendo-o eles feito, disse: "Ainda uma terceira vez".
Eles obedeceram.
35 A água correu em volta do altar e a valeta ficou cheia.
36 Chegou a hora da oblação. O profeta Elias adiantou-se e disse:
"Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, saibam todos hoje que
sois o Deus de Israel, que eu sou vosso servo e que por vossa ordem fiz todas
estas coisas.
37 Ouvi-me, Senhor, ouvi-me: que este povo reconheça que vós, Senhor, sois
Deus, e que sois vós que converteis os seus corações!"
38 Então, subitamente, o fogo do Senhor baixou do céu e consumiu o
holocausto, a lenha, as pedras, a poeira e até mesmo a água da valeta.
39 Vendo isso, o povo prostrou-se com o rosto por terra, e exclamou: "O
Senhor é Deus! O Senhor é Deus!"
Salmo responsorial 15/16
Guardai-me, ó Deus, porque em
vós me refugio!
Guardai-me, ó Deus, porque em
vós me refugio!
Digo ao Senhor: "Somente vós sois meu Senhor".
Multiplicam, no entanto, suas
dores,
os que correm para os deuses estrangeiros;
seus sacrifícios sanguinários não partilho,
nem seus nomes passarão pelos meus lábios.
Ó Senhor, sois minha herança e
minha taça,
meu destino está seguro em vossas mãos!
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,
pois, se o tenho a meu lado, não vacilo.
Vós me ensinais vosso caminho
para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Fazei-me conhecer vossa estrada, vossa verdade me oriente e me conduza! (Sl
24,4s)
Evangelho (Mateus 5,17-19)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
5 17 Disse Jesus: "Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não
vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição.
18 Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um
jota, um traço da lei.
19 Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar
assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os
guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “A Lei
Verdadeira”
Diz o salmo 19,7 que “A Lei do Senhor
é perfeita, restaura a alma e o coração...”, mas a Lei que os Doutores da
Lei, Escribas e Fariseus haviam inventado a partir do decálogo, esta estava
realmente ultrapassada e se constituía em um peso na costa do povo. Quando
Jesus diz nesse evangelho que não veio para revogar a Lei mas sim leva-la á
sua plenitude, estava se referindo á Lei de Deus, aquela Lei perfeita como
diz o nosso salmo, e que permitia sintetiza-la no “Amai-vos uns aos outros
como eu vos amei”, é precisamente esta lei que na profecias de Ezequiel Deus
irá gravar no coração do homem e não mais em uma pedra.
As 613 leis que regiam a Vida e
o quotidiano dos Judeus eram a princípio um desdobramento ou uma tentativa de
interpretar a Lei, que assim foi se ramificando, em seus mínimos detalhes
chegando até ao ponto de determinar, por exemplo, quantos passos alguém
poderia dar no Sábado, que era para eles o Dia do Descanso, fundamentado no
livro do Gênesis. Esses pormenores minuciosos da Lei Jesus combateu
duramente, pois a defesa e a preservação da Vida Humana, que era a essência
da Lei de Deus, tinha sido deixado de lado há muito tempo. Mas quando aquele
Doutor da Lei perguntou-lhe qual era a Lei mais importante em todo aquele
conjunto, Jesus imediatamente se reportou ao coração do Decálogo, o amor a
Deus em primeiro lugar, e ao próximo, em segundo, ressaltando que toda Lei e
os Profetas estão fundamentados nessa lei.
Em nossa vivência cristã sempre
há esse perigo de criarmos certas normas e regrinhas que são periféricas na
verdade, isso pode acontecer, como de fato acontece, em alguns movimentos dos
nossos tempos, que sem uma boa assessoria religiosa, pode ter em seus
estatutos uma excessiva preocupação com a conduta moral menosprezando aquilo
que é essencial. Mas não são só nos movimentos, pois também as nossas
pastorais podem ser deturpadas em seus trabalhos, com certas regras
inventadas pela coordenação, sem nenhum conhecimento do Direito Canônico e
sem o aval do Padre, que quando as coisas dão erradas, acabam pagando o pato
sem saberem do que se trata, como aquele Ministro da Eucaristia que em uma celebração
da Palavra junto com outro ministro, na hora da comunhão, tirou da fila um
colega de trabalho, que segundo ele, estava em sério pecado mortal e
não poderia comungar. E tudo isso fora o drama das mães solteiras e dos
casais de segunda união, que na maioria das vezes, não resistindo a pressão e
marcação acirrada, acabam deixando a comunidade.
Por isso é bom nos acautelarmos
contra acontecimentos assim, não só em nossas comunidades como também em
nossas famílias, a plenitude da Lei de Deus é o Amor, quanto ao resto, de
normas de conduta moral, principalmente, não nos esqueçamos daquele sábio
ditado popular “Por trás de um grande moralista, está sempre um grande
vigarista”.
2. Amor e misericórdia acima da Lei
Este texto pode parecer contraditório
em relação às frequentes advertências de Jesus sobre a prática dos chefes do
judaísmo de seu tempo. A legislação de Israel e, depois, do judaísmo sofreu
modificações e acréscimos ao longo da história, sempre apresentada como
promulgada por Moisés. Aí se mesclam fidelidades e distorções. O cerne da
Lei, apresentada como divina, é a obediência cega. Assim o povo era oprimido
em nome de Deus. Jesus renova este enfoque, colocando o amor e a
misericórdia, que animam a vida, acima da Lei.
Mateus escreve para sua
comunidade de discípulos oriundos do judaísmo, com a mente solidamente
formada pela doutrina tradicional. Mateus reinterpreta esta tradição no
sentido de que a Lei e os Profetas apontam para Jesus como o realizador de
todas as esperanças verdadeiras aí contidas. Com a alusão a "estes
mandamentos", a atenção é dirigida às bem-aventuranças do Reino dos
Céus, acabadas de ser proclamadas, nas quais não há a mínima referência à
Lei. Estas bem-aventuranças são os novos mandamentos que substituem os
antigos e são o fardo leve de Jesus. Somos convidados a construir o mundo
novo de partilha, justiça, misericórdia, mansidão e paz.
Oração
Espírito de plenificação, como Jesus, quero estar submisso à vontade primeira
do Pai para a humanidade, pondo em prática, de maneira perfeita, as suas
exigências.
3. A LEI PLENIFICADA
As suspeitas dos adversários a
respeito de Jesus não tinham fundamento. Se, à primeira vista, ele parecia
estar passando por cima da Lei, negando-lhe qualquer valor, na realidade, só
tinha a intenção de cumpri-la de maneira plena. A afirmação seria
mal-interpretada, se levasse a pensar que Jesus estivesse disposto a porfiar
com os escribas e fariseus, conhecidos por seu servilismo às prescrições da
Lei.
Longe de pretender ser um
super-fariseu, a intenção de Jesus era bem outra. Para ele, o pleno
cumprimento da Lei, a que se dispunha, consistiria em sintonizar com o
pensamento e a vontade do Pai, autor e princípio da Lei, antes mesmo de ela
ter sido formulada. Esta, ao ser elaborada, visava ajudar a humanidade,
marcada pelo pecado, a encontrar o caminho de volta para Deus. Destinava-se a
um povo pecador, necessitado de ser guiado no seu processo de conversão!
A intenção de Jesus era a de
retroceder ao momento anterior ao pecado, quando o projeto de Deus tinha como
objetivo colocar a humanidade em comunhão com ele. Tratava-se de plenificar
maximamente, no ser humano, seu lado positivo.
Esta é a vontade radical de
Deus, que não deve ser violada, nem na sua exigência mais insignificante. O
discípulo do Reino saberá praticá-la e transmiti-la com a vida.
Oração
Espírito de plenificação, como Jesus, quero estar submisso à vontade primeira
do Pai para a humanidade, pondo em prática, de maneira perfeita, as suas
exigências.
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X
SEMANA COMUM
(VERDE
Antífona da entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia
eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus
opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Sl 26,1s).
Leitura (1 Reis
18,41-46)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
18 41 Então Elias disse a Acab:
"Vai, come e bebe, porque já ouço o ruído de uma grande chuva".
42 Voltou Acab para comer e beber, enquanto Elias subiu ao cimo do monte
Carmelo, onde se encurvou por terra, pondo a cabeça entre os joelhos.
43 Disse ao seu servo: "Sobe um pouco, e olha para as bandas do
mar". Ele subiu, olhou (o horizonte) e disse: "Nada". Por sete
vezes, Elias disse-lhe: "Volta e (olha)".
44 Na sétima vez o servo respondeu: "Eis que, sobe do mar uma pequena
nuvem, do tamanho da palma da mão". Elias disse-lhe: "Vai dizer a
Acab que prepare o seu carro e desça, para que a chuva não o detenha".
45 Num instante, o céu se cobriu de nuvens negras, soprou o vento e a chuva
caiu torrencialmente. Acab subiu ao seu carro e partiu para Jezrael.
46 A mão do Senhor veio sobre Elias, o qual, tendo cingido os rins, passou
adiante de Acab e chegou à entrada de Jezrael.
Salmo responsorial 64/65
Ó Senhor, que o povo vos louve
em Sião!
Visitais a nossa terra com as
chuvas,
e transborda de fartura.
Rios de Deus que vêm do céu derramam águas,
e preparais o nosso trigo.
É assim que preparais a nossa
terra:
vós a regais e aplanais,
os seus sulcos com a chuva amoleceis
e abençoais as sementeiras.
O ano todo coroais com vossos
dons,
os vossos passos são fecundos;
transborda a fartura onde passais.
Brotam pastos no deserto,
as colinas se enfeitam de alegria.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos dou novo preceito: que uns aos outros vos ameis, como eu vos tenho
amado (Jo 13,34)
EVANGELHO (Mateus 5,20-26)
5 20 Disse Jesus: "Se
vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no
Reino dos céus.
21 Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será
castigado pelo juízo do tribunal.
22 Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado
pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: 'Raca', será castigado pelo
Grande Conselho. Aquele que lhe disser: 'Louco', será condenado ao fogo da
geena.
23 Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares
de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24 deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com
teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.
25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho
com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao
seu ministro e sejas posto em prisão.
26 Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último
centavo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “O Aprimoramento da Lei”
Há muitos cristãos que seguem a risca
as leis religiosas, mas o fazem por uma dessas duas razões: ou seguem a lei
para garantirem seu lugar no céu, ou para não correrem o risco de irem para o
inferno. E isso é muito triste e lamentável para quem diz ter um
espírito e princípio cristão. Os escribas e Fariseus agiam assim, e se achavam
merecedores da Salvação de Deu, sem o mínimo espírito de comunhão com o
restante da comunidade, aliás, em termos de salvação era cada um para si e
Deus por todos.
O desdobramento da palavra “Não
Matar” é bem amplo e Jesus vai falar sobre isso, deixando muito claro que
qualquer ira, ofensa ou agressão, física ou moral pode sim matar o irmão. Há
certos olhares ou gestos que as vezes dirigimos a algumas pessoas, que matam
mais que uma arma de fogo. Muitas vezes se faz acusações contra cristãos que
estão á frente de algum trabalho, ou mesmo um sacerdote, com insinuações
maldosas, ditas pela inveja, essa é uma forma muito discreta de se matar
alguém na comunidade.
Fazermos a parte que é para
Deus, mas não fazermos a parte que é ao próximo, de nada adianta, o evangelho
nos diz que Deus não aceita ofertas de quem age dessa forma, e essas ofertas
não só em valor ou em espécie, mas os nossos trabalhos pastorais, nossas
ações no ministério, na catequese, na liturgia, há outros que pensam que é
suficiente estarem de bem com o padre, o resto não têm muita importância.
No final o evangelho fala de uma
dívida pela qual seremos todos cobrados e aqui bastar nos lembrarmos do que
diz o apóstolo Paulo em Romanos 13,8 “!A ninguém devais coisa alguma a não
ser o amor...”. A prisão como castigo, a que se refere o evangelho, é a
prisão em si mesmo, em um egoísmo que sufoca, essa solidão dolorosa já ocorre
nesta vida, mas poderá tornar-se eterna na outra, se não descobrirmos a tempo
que o amor ao próximo, marcado por relações sempre fraternas, está no centro
da Vida de quem professa a Fé Católica.
2. Pela reconciliação é mantida a paz e a vida
No evangelho de Mateus são frequentes
as referências à justiça. A justiça é a prática pela qual homens e mulheres,
todos, tenham garantidos seus direitos que proporcionam uma vida digna e
plena. Do ponto de vista religioso, a justiça era interpretada, pelos
escribas e fariseus, como sendo o tratamento diferenciado de Deus para com os
"justos" e para com os "pecadores".
O preceito do decálogo,
"não matarás", vigorava para o convívio no seio do povo de Israel.
Contra os inimigos deste povo, contudo, seria exercida a vingança
exterminadora de Deus.
O texto, com uma hipérbole
literária, exprime que a novidade recebida de Jesus é que, mais do que não
matar, não se pode desprezar ou odiar o irmão. E mais importante do que
qualquer ato de culto é a reconciliação. Pela reconciliação é mantida a paz,
a unidade e a vida na comunidade.
Oração
Espírito de reverência, dispõe meu coração ao respeito para com a dignidade
do meu próximo, de modo que jamais eu ouse tirar-lhe, de forma alguma, a
vida.
3. RESPEITO PELO PRÓXIMO
O desejo primeiro de Deus, ao criar os
seres humanos, é que vivam na mais perfeita comunhão, deixando de lado tudo
quanto possa dividi-los e separá-los pelo muro da inimizade. O ódio e a
divisão constituem flagrante desrespeito à vontade divina.
O homicídio é uma forma
incontestável de ruptura com o próximo, culminando com a sua eliminação. Para
evitar isto, Deus condenou peremptoriamente esse crime, com o mandamento:
"não matarás".
Todavia, a eliminação física do
próximo é antecedida por outros gestos de eliminação de igual gravidade. Por
exemplo, a simples irritação contra os outros, as palavras ofensivas contra
eles são formas sutis de atentar contra a vida alheia. O discípulo do Reino
não pode agir desta maneira.
A reverência a Deus passa pelo
respeito ao próximo. Nas ações litúrgicas, Jesus exigia dos discípulos a
reconciliação com seu próximo, antes de fazerem sua oferenda a Deus. Se
alguém estava para fazer sua oferta, e se recordava de algum desentendimento
com o próximo, deveria deixá-la ao pé do altar, para antes ir reconciliar-se.
Caso contrário, a oferta não teria valor perante Deus.
Oração
Espírito de reverência, dispõe meu coração ao respeito para com a dignidade
do meu próximo, de forma que jamais eu ouse tirar-lhe, de forma alguma, a
vida.
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SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS
(BRANCO, GLÓRIA, CREIO,
PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE)
Antífona da entrada: Eis os pensamentos do seu coração, que permanecem ao
longo das gerações: libertar da morte todos os homens e conservar-lhes a vida
em tempo de penúria (Sl 32,11.19)
Primeira Leitura (Oséias
11,1.3-4.8-9)
Leitura da profecia de Oséias.
Assim diz o Senhor: 11 1
"Israel era ainda criança, e já eu o amava, e do Egito chamei meu filho.
3 Eu, entretanto, ensinava Efraim a andar, tomava-o nos meus braços, mas não
compreenderam que eu cuidava deles.
4 Segurava-os com laços humanos, com laços de amor; fui para eles como o que
tira da boca uma rédea, e lhes dei alimento.
8 Como poderia eu abandonar-te, ó Efraim, ou trair-te, ó Israel? Como poderia
eu tratar-te como Adama, ou tornar-te como Seboim? Meu coração se revolve
dentro de mim, eu me comovo de dó e compaixão.
9 Não darei curso ao ardor de minha cólera, já não destruirei Efraim, porque
sou Deus e não um homem, sou o Santo no meio de ti, e não gosto de
destruir".
Salmo responsorial Is 12
Com alegria bebereis do
manancial da salvação.
Eis o Deus, meu salvador, eu
confio e nada temo;
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação.
com alegria bebereis no
manancial da salvação
e direis naquele dia: "Dai louvores ao Senhor,
invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas,
entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.
Louvai, cantando, ao nosso Deus,
que fez prodígios e portentos,
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!
Exultai, cantando alegres, habitantes de Sião,
porque é grande em vosso meio o Deus santo de Israel!"
Segunda Leitura (Efésios
3,8-12.14-19)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
3 8 A mim, o mais
insignificante dentre todos os santos, coube-me a graça de anunciar entre os
pagãos a inexplorável riqueza de Cristo,
9 e a todos manifestar o desígnio salvador de Deus, mistério oculto desde a
eternidade em Deus, que tudo criou.
10 Assim, de ora em diante, as dominações e as potestades celestes podem
conhecer, pela Igreja, a infinita diversidade da sabedoria divina,
11 de acordo com o desígnio eterno que Deus realizou em Jesus Cristo, nosso
Senhor.
12 Pela fé que nele depositamos, temos plena confiança de aproximar-nos junto
de Deus.
14 Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai,
15 ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra,
16 para que vos conceda, segundo seu glorioso tesouro, que sejais
poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso
homem interior.
17 Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na
caridade,
18 a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a
largura, o comprimento, a altura e a profundidade,
19 isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e
sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tomai sobre vós o meu jogo e de mim aprendei, que sou manso e humilde de
coração (Mt 11,29).
EVANGELHO (João 19,31-37)
19 31 Os judeus temeram que os
corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse
sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem
as pernas e fossem retirados.
32 Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com
ele foram crucificados.
33 Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as
pernas,
34 mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu
sangue e água.
35 O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de
fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais.
36 Assim se cumpriu a Escritura: "Nenhum dos seus ossos será
quebrado".
37 E diz em outra parte a Escritura: "Olharão para aquele que
transpassaram".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Nasce a Igreja”
A primeira mulher foi tirada der uma
costela de Adão, o primeiro homem, os noivos quando se apresentam no altar
para celebrarem o Matrimônio, cada um tem o seu lado certo de modos que a
noiva esteja bem perto do coração do noivo. Eis aí onde nasceu a nossa
Igreja: do coração transpassado de Cristo na cruz do calvário! Essa
afirmativa não diminui a importância de Pentecostes, pois naquele dia a
Igreja, nascida do coração de Jesus, foi manifestada ao mundo. João, o autor
do evangelho, aproveitou-se de um costume religioso, observado em
relação aos condenados em dia de Sexta Feira, quando havia execução. Os
crucificados morriam asfixiados por nãop terem mais forças para inalarem o ar
para os pulmões, eles se apoiavam nos pés para conseguir respirar um pouco,
ao terem as pernas quebradas eles perdiam essa precária sustentação e
morriam, sendo então retirados do madeiro antes do anoitecer, quando já
começa o preceito sabático.
Jesus já estava morto, por isso
não houve essa necessidade, mas um dos soldados, abriu-lhe o lado com uma
lança. Para João esse gesto violento e cruel torna-se uma das mais belas
expressões de amor do Sagrado Coração de Jesus: saiu sangue e água, sinais
Sacramentais do Batismo e Eucaristia. Água pura que nos faz renascer nas
fontes da Graça de Deus, sangue que nos redimiu, nos lavou e nos purificou, é
assim que nos tornamos membros da Igreja.
Jesus nos amou com um coração
humano, coração Fonte de eterno amor e ternura em Cristo manifestada a todos
nós, Coração infinitamente misericordioso, de bondade também infinita.
Coração da mais pura mansidão e humildade, diante do qual o mundo torna-se
pequeno diante da grandiosidade desse amor. Mas era um coração humano, e por
isso por ele fomos todos capacitados a amar desse mesmo modo, pois nosso
coração é igual ao Dele...
“Jesus manso e Humilde de
coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”, não semelhante na
estrutura da carne, mas na grandeza de um amor que seja sempre sem medidas...
2. Sangue e água, amor e vida
As narrativas da Paixão se diversificam nos evangelhos, trazendo a marca de
cada evangelista.
Segundo João, Jesus é crucificado na véspera ("preparação") da
Páscoa, que naquele ano coincidiu com o sábado. Com hipocrisia, para que a
solenidade da Páscoa não fosse profanada pelos mortos, os judeus se preocupam
em retirar das cruzes Jesus e os outros dois.
Era comum os crucificados se
sustentarem sobre o apoio dos pés na ânsia de evitar a morte. Os romanos só
os retirariam mortos; assim, os judeus pedem que lhes quebrem as pernas para
acelerar sua morte. A Jesus, já encontraram morto, porém um soldado golpeia
seu lado com uma lança, saindo sangue e água. No sangue temos a expressão do
amor de Jesus, que se doou sem limites, e na água temos a expressão da origem
da vida nova no Espírito de amor, doado por Jesus.
Oração
Senhor Jesus, que a água e o sangue, jorrados de teu coração transpassado,
revigorem o amor e a fidelidade que estão no meu coração.
3. O AMOR DE DEUS POR NÓS
O Evangelho de João, que manifesta
afinidade com os samaritanos remanescentes do antigo Israel, apresenta Jesus
em conflito com o judaísmo em
geral. A última ceia de Jesus, neste Evangelho, realizou-se
um dia antes da ceia da Páscoa dos judeus. Com a expressão "tendo amado
os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 13,1), João
apresenta o fim do ministério de Jesus como uma missão de amor pleno, e não
como uma missão sacrifical.
Com hipocrisia, os judeus se preocupam em retirar os corpos
das cruzes, para não profanar o sábado. Os romanos só os retirariam mortos;
assim, os judeus pedem que lhes quebrem as pernas para acelerar a morte. No
sangue que sai do lado ferido de Jesus, temos a expressão do seu amor, em um
dom sem limites; e, na água, temos a expressão da origem da vida nova no
Espírito, doado por Jesus.
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IMACULADO
CORAÇÃO DE MARIA
(BRANCO, PREFÁCIO DE
MARIA – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao
Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).
Leitura (Isaías 61,9-11)
Leitura do livro do profeta Isaías.
61 9 Sua raça tornar-se-á
célebre entre as nações, e sua descendência entre os povos: todos, vendo-os,
reconhecerão que são a abençoada raça do Senhor.
10 Com grande alegria eu me rejubilarei no Senhor e meu coração exultará de
alegria em meu Deus,
porque me fez revestir as vestimentas da salvação. Envolveu-me com o manto de
justiça, como um neo-esposo cinge o turbante, como uma jovem esposa se
enfeita com suas jóias.
11 Porque, quão certo o sol faz germinar seus grãos e um jardim faz brotar
suas sementes, o Senhor Deus fará germinar a justiça e a glória diante de
todas as nações.
Salmo responsorial 1Sm 2
Meu coração se regozija no
Senhor.
Exulta no Senhor meu coração
e se eleva a minha fronte no meu Deus;
minha boca desafia os meus rivais
porque me alegro com a vossa salvação.
O arco dos fortes foi dobrado,
foi quebrado,
mas os fracos se vestiram de vigor.
Os saciados se empregaram por um pão,
mas os pobres e os famintos se fartaram.
Muitas vezes deu à luz a que era estéril,
mas a mãe de muitos filhos definhou.
É o Senhor quem dá a morte e dá
a vida,
faz descer à sepultura e faz voltar;
é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico,
é o Senhor quem nos humilha e nos exalta.
O Senhor ergue do pó o homem
fraco,
do lixo ele retira o indigente,
para fazê-los assentar-se com os nobres
num lugar de muita honra e distinção.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendita é a virgem Maria, que guardava a palavra de Deus, meditando-a no seu
coração (Lc 2,19).
Evangelho (Lucas 2,41-51)
2 41 Os pais de Jesus iam
todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa.
42 Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da
festa.
43 Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em
Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem.
44 Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram
caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos.
45 Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele.
46 Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores,
ouvindo-os e interrogando-os.
47 Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas.
48 Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: "Meu
filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios
de aflição".
49 Respondeu-lhes ele: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo
ocupar-me das coisas de meu Pai?"
50 Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera.
51 Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava
todas estas coisas no seu coração.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Guardar no coração...”
Em seu pronunciamento no mês de maio,
sobre o “46º Dia das Comunicações”, o Papa Bento XVI destacou a forte relação
entre a Comunicação e o Silêncio, não como duas coisas diferentes mas
complementares, sem o silêncio a comunicação não será eficiente e a principal
função do silêncio na comunicação é justamente esse interiorizar no mais
profundo do nosso coração, a Palavra que Deus nos comunica. Em nossos tempos
a comunicação muitas vezes, deixa de ser um serviço para ser sinal de poder,
e por isso, até mesmo na vida de Igreja, falamos de mais e ouvimos de menos.
Eu imagino o serão que Maria, se
quisesse, poderia ter feito ao menino desobediente, que ficara em Jerusalém
sem o consentimento dos pais, Maria estaria cheia de moral para falar grosso
e colocar até o dedo na cara do pré adolescente que havia lhe respondido meio
mal á sua queixa de mãe que estava aflita, juntamente com o esposo José. Na
comunidade, quando estamos com plena razão, qual é a nossa conduta? Como se
diz nessas ocasiões, em que a razão está toda do nosso lado, “Não se pode
deixar barato”.
Mas Maria agia diferente, Lucas
faz questão de mencionar que ela guardava todas essas coisas em seu coração e
quando se guarda no coração, não é porque vai se esperar o momento certo para
dizer o que se está entalado na garganta, mas é porque tudo o que se guarda
no coração, resulta em uma atitude marcada pelo amor para com as pessoas, o
Cristão, sem descartar a razão, move-se pelo coração. Sem fazer
discurso ou exigir submissão do seu filho, Maria como mãe amorosa o ensinou,
com seu silêncio... No silêncio ouvimos, crescemos e amamos, eis a razão do
nosso Papa ter ressaltado em seu escrito, para o Dia da Comunicação, a
importância do silêncio.
Aquela atitude da mãe fez Jesus
pensar e refletir, (mesmo que tenhamos toda razão, deixemos nessas horas que
o coração fale mais alto). Podemos dizer que Jesus apreendeu com Maria e mais
tarde, aos 33 anos, na sua condenação, ele usará do silêncio diante das
autoridades romanas e Judaicas. Quanta coisa poderia ter dito naquele momento
para colocar aquela autoridade em seu devido lugar. Jesus prefere o silêncio,
não o silêncio carregado de ódio e indignação, mas o silêncio que será
quebrado na cruz para dizer “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”.
2. Características do ministério de Jesus
Nesta narrativa de Lucas são colocados, de maneira simbólica, alguns aspectos
fundamentais que caracterizarão o ministério de Jesus.
Jesus revela-se como o Filho de Deus. O novo
que surge em Jesus vem superar as tradições mantidas pelos mestres do Templo.
Jesus afirma que deve estar na casa de
seu Pai. No fim de seu ministério, após as várias vicissitudes vividas,
novamente no Templo, em Jerusalém, Jesus afirma: "Minha casa será casa
de oração. Vós fizestes dela um covil de ladrões".
Com sua dedicação àquilo que é do seu
Pai, Jesus proclama sua autonomia em relação aos costumes familiares
estratificados em tradições ultrapassadas.
Guardando tudo em seu coração,
na meditação e na oração, Maria irá percebendo a missão libertadora e
vivificante de seu filho Jesus.
Oração
Espírito que orienta nossa vida para Deus, ajuda-me a crescer, cada dia, em
sabedoria e graça, buscando, como Jesus, adequar minha vida ao querer do Pai.
3. A GENEROSIDADE LOUVADA
A FAMÍLIA
No Evangelho de Lucas prevalece o sentido teológico sobre o sentido histórico
do texto. Situando Jesus em Jerusalém, na sua infância, e, depois,
estabelecendo o dom do Espírito Santo também nesta cidade, Lucas sugere que
as novas comunidades são continuidade do antigo Israel. Jesus, com a idade de
iniciação às observâncias do judaísmo, mostra autonomia tanto em relação à
família, seus pais, quanto ao sistema do templo.
A sua missão é estar naquilo que é de seu Pai. Era a festa
de Páscoa na qual se fazia a memória do êxodo. Da mesma forma, em uma festa
de Páscoa Jesus será morto. O êxodo de Jesus é a saída da instituição judaica
para a comunicação do amor universal de Deus ao mundo, com o dom da vida
eterna.
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Liturgia do Domingo —
17.06.2012
11º Domingo do
Tempo Comum — ANO B
(VERDE,
GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
"A semente cresce sem
intervenção humana"
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Fazemos
memória de Jesus que, como pequeno grão, aceitou ser lançado na terra pelo
Pai e, na força amorosa do Espírito, rompeu-se e desabrochou vitorioso no
mistério de sua Páscoa. Confessamos confiantes e humildes nossa fragilidade e
pequenez e suplicamos que o Senhor multiplique o pouco que somos segundo a
medida de seu amor. Damos graças unindo-nos a todos que se fizeram sementes
do reino e oferecemos nossa vida a serviço da VIDA.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste Domingo somos convidados a meditar sobre a força
do amor de Deus, que, quando envolve a nossa realidade, faz a pequena árvore
tornar-se tão majestosa como o cedro do Líbano. O amor é também como o grão
de mostarda, que, embora sendo uma pequenina semente, quando germina e
cresce, torna-se a maior das hortaliças. É assim que a força do Amor, dia
após dia, se implanta na história.
Sintamos o júbilo real
de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres
cânticos ao Senhor!
XI
SEMANA COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo: tende compaixão de
mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis, ó
Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)
Primeira Leitura
(Ezequiel 17,22-24)
Leitura da profecia de Ezequiel.
17 22 Eis o que diz o Senhor:
Pegarei eu mesmo da copa do grande cedro, dos cimos de seus galhos cortarei
um ramo, e eu próprio o plantarei no alto da montanha.
23 Eu o plantarei na alta montanha de Israel. Ele estenderá seus galhos e
dará fruto; tornar-se-á um cedro magnífico, onde aninharão aves de toda
espécie, instaladas à sombra de sua ramagem.
24 Então todas as árvores dos campos saberão que sou eu, o Senhor, que abate
a árvore soberba, e exalta o humilde arbusto, que seca a árvore verde, e faz
florescer a árvore seca. Eu, o Senhor, o disse, e o farei.
Salmo responsorial 91/92
Como é bom agradecermos ao
Senhor.
Como é bom agradecermos ao
Senhor
e cantar salmos de louvor ao Deus altíssimo!
Anunciar pela manhã vossa bondade
e o vosso amor fiel à noite inteira.
O justo crescerá como a
palmeira,
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
na casa do Senhor estão plantados,
nos átrios de meu Deus florescerão.
Mesmo no tempo da velhice darão
frutos,
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
e dirão: "É justo mesmo o Senhor Deus:
meu rochedo, não existe nele o mal!"
Segunda Leitura (2
Coríntios 5,6-10)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
5 6 Por isso, estamos sempre
cheios de confiança. Sabemos que todo o tempo que passamos no corpo é um
exílio longe do Senhor.
7 Andamos na fé e não na visão.
8 Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo
para ir habitar junto do Senhor.
9 É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe.
10 Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um
receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto
estava no corpo.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Semente é de Deus a palavra, Cristo é o semeador; todo aquele que o encontra,
vida eterna encontrou (Lc 8,11).
EVANGELHO (Marcos
4,26-34)
4 26 Disse Jesus: "O Reino
de Deus é como um homem que lança a semente à terra.
27 Dorme, levanta-se, de noite e de dia, e a semente brota e cresce, sem ele
o perceber.
28 Pois a terra por si mesma produz, primeiro a planta, depois a espiga e,
por último, o grão abundante na espiga.
29 Quando o fruto amadurece, ele mete-lhe a foice, porque é chegada a
colheita.
30 Dizia ele: A quem compararemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o
representaremos?
31 É como o grão de mostarda que, quando é semeado, é a menor de todas as
sementes.
32 Mas, depois de semeado, cresce, torna-se maior que todas as hortaliças e
estende de tal modo os seus ramos, que as aves do céu podem abrigar-se à sua
sombra".
33 Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que ele lhes anunciava a
palavra, conforme eram capazes de compreender.
34 E não lhes falava, a não ser em parábolas; a sós, porém, explicava tudo a
seus discípulos.
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Profissão de Fé na Missa -
resposta do povo celebrante à proposta de Deus!
Na origem, o Credo foi uma
profissão de fé individual, destinada à liturgia do batismo, como ainda hoje
é o Símbolo dos Apóstolos. Assim, diz a Instrução Geral sobre o Missal
Romano: "O símbolo ou profissão de fé tem por objetivo levar o povo a
dar sua resposta de adesão à Palavra de Deus ouvida nas leituras e na
homilia, bem como recordar-lhe a regra de fé antes de começar a celebrar a
Eucaristia" (IGMR, 43). Trata- -se de um rito em que a assembleia, de
pé, renova o compromisso de pautar sua vida na Palavra do Senhor, aguardando
a plena realização de seu Reino. O Credo é a "fé de nossos pais"
que "ainda vive" e pela qual tantos deram a vida! Ele nos capacita
a entrar no ministério intercessor dos santos pela "oração dos
fiéis". Portanto, não deve ser reduzida à simples recitação de uma
oração decorada. As formas mais comuns de profissão de fé são o chamado
Símbolo Niceno: "Creio em um só Deus..." e o Símbolo dos Apóstolos:
o "Creio em Deus
Pai...", mais bíblico, mais próximo do querígma
original (querígma = anúncio pascal), encontrado em textos do Novo
Testamento, como At 2,22-23; 3,13-17; 10,39-40. É rezado na liturgia batismal
e nas devoções populares, inclusive no início do terço. A profissão de fé,
realizada aos domingos e solenidades, é ação de todo o povo, ao qual se une o
presidente. Quando cantada deve ser feita por todo o povo, seja por inteira,
seja alternadamente (cf. IGMR n. 44). Em algumas ocasiões é possível também
retomar a forma dialogal prevista para a celebração do batismo ou a Vigília
Pascal, seguida da bênção e aspersão com água, ou mesmo, ser substituída por
uma profissão de fé mais relacionada com o mistério do dia. Na dinâmica da
aliança, como herdamos do povo da Bíblia, permanece a liturgia eucarística
como a ritualização mais completa de nossa adesão à Palavra, a profissão mais
importante de nossa fé, resposta comunitária à proposta de Deus realizada em
Jesus, no mistério de sua Páscoa e acontecendo, no hoje, da comunidade
reunida.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Vd - 1Rs 21,1-16; Sl 5; Mt 5,38-42
3ª Vd - 1Rs 21,17-29; Sl 50(51); Mt 5,43-48
4ª Vd - 2Rs 2,1.6-14; Sl 30(31); Mt 6,1-6.16-18
5ª Vd - Ecle 48,1-15; Sl 96(97); Mt 6,7-15
6ª Br - 2Rs 11,1-4.9-18.20; Sl 131(132); Mt 6,19-23
Sb Br - 2Cr 24,17-25; Sl 88(89); Mt 6,24-34
Dom. NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA Is 49,1-6; Sl 138(139); At 13,22-26; Lc
1,57-66.80
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O REINO É OBRA DE DEUS!"
Nos meus tempos de criança na Vila Albertina,
lembro-me que quando a antiga casa da família Develis foi demolida, para dar
lugar a uma construção mais ampla e arrojada, costumávamos conversar com um
servente de pedreiro que trabalhava na obra, e a pergunta era sempre a mesma
“O que vão construir nesse lugar?”. Ele respondia que era uma casa bem maior
do que a que fora demolida, e quando perguntávamos quando ela ficaria pronta,
se seria bonita e luxuosa, como a gente pensava, o servente desconversava
“olha, sei que é uma casa, mas sou apenas um servente, só o mestre de obras
que conhece o projeto, saberia dizer. A gente apenas obedece e vai executando
o serviço do jeito que ele pede, e só no final, quando tudo estiver pronto e
acabado, é que teremos idéia, daquilo que ajudamos a construir”.
O evangelho desse Décimo
Primeiro Domingo do Tempo Comum ajuda a desfazer esse equívoco presente até
nos dias de hoje, que é o da gente querer ser Mestre de Obras no Reino de
Deus. Na minha caminhada de igreja já vi um pouco de tudo, conheci pessoas
que se apresentavam como Engenheiros do Reino de Deus, com planos
mirabolantes de ideologias humanas, belíssimas por sinal, mas achando que
isso era o reino , grupos que desenvolveram uma espiritualidade muito forte e
rigorosa, pensando que isso era o reino. E não faltam também os que inventam
Doutrinas religiosas afirmando que se as mesmas não forem seguidas, o reino
não acontecerá, e vem uma linha mais tradicional de ser igreja, outro mais
clássico e institucional, outro mais liberal e até ensinamentos totalmente contrários
ao cristianismo, onde o pregador “jura de pé junto” que está anunciando a
Verdade, porque fala em nome de Jesus.
Vi questionamentos até cômicos:
será que Deus é Socialista, Marxista, ou tende mais para o Neoliberalismo?
Provavelmente não faltou quem pensasse em filiar Jesus Cristo
ao seu partido político, aliás, pregação política em nome dele é o que não
falta. Confesso que nos anos 80 eu passei por um drama de consciência muito
grande ,quando diziam que a gente não podia ficar em cima do muro, tinha que
se definir ou pela direita ou pela esquerda. Surgiram novas igrejas e
religiões que parecem mesmo ter procuração do Senhor, para falar do reino e
do seu evangelho. Essa é uma realidade que não se pode ignorar, Jesus mesmo
falou “muitos virão em meu nome dizendo: o Messias está aqui, o Reino está
aqui, O Senhor já está voltando!” Nunca vi tanta bobagem junta! As igrejas
cristãs anunciam o reino e são um sinal dele, entretanto o Dono do Projeto é
Jesus Cristo, que vai fazendo o reino acontecer, independente de qualquer
ideologia humana, política, social ou religiosa.
É a primeira parábola do
evangelho, onde tanto faz o homem dormir ou ficar acordado, a semente vai
germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. Podemos dizer
que Jesus, não só é o semeador, como também a própria semente. O seu projeto,
que se consolidou na cruz do calvário, parece ter sido um grande fracasso,
até para os seus seguidores fiéis, foi muito difícil acreditar que o Reino
que ele tanto falava, fosse vingar e dar certo, pois humanamente falando, o
sistema religioso o havia desmascarado, o Nazareno parecia tão perigoso, pela
liderança que exercia, pelos ensinamentos revolucionários que pregava,
entretanto, a morte infame, vergonhosa e humilhante o havia calado para sempre.
Ninguém diria que aquela pequenina semente, esmagada no calvário e depois
escondida no sepulcro, fosse brotar e viria a se transformar na maior de
todas as árvores.
As palavras de Jesus nesse
evangelho querem nos transmitir confiança na sua ação Divina, e isso parece
algo difícil e desafiador para todos nós, é difícil acreditar no Reino,
quando olhamos ao redor e só vemos o caos do pecado dominando o ser humano, é
verdade que há pessoas que acreditam em um futuro melhor e o ajudam a
construir no presente, mas a grande maioria não crê em mais nada, “não há
igreja que seja boa, todas são pecadoras e eu não vou em nenhuma delas”, “não
quero saber de política, pois não existe político honesto, eu não acredito em
mais ninguém e não voto em ninguém, pode ser até da comunidade”, e assim, há
os que não acreditam mais no casamento, na família, nas instituições, está
tudo irremediavelmente perdido.
Qualquer pessoa pode pensar,
falar e até agir desta forma, mas nós cristãos não! Pois estaríamos negando o
reino que Jesus plantou no coração do homem, estaríamos duvidando do seu
poder de fazer germinar essa semente, estaríamos desconfiando que a sua graça
não serve para nada, e o que é pior, estaríamos achando que o poder das
forças do mal, presente na sociedade, é muito maior do que a Salvação, a
graça e a redenção que Jesus realizou a nosso favor e nesse caso, participar
da Santa Missa seria fazer memória desse grande fracasso que é o
Cristianismo, impotente para transformar o coração humano. De quem somos
discípulos e testemunhas afinal? De Jesus de Nazaré e do seu Reino, que está
acontecendo misteriosamente e irá levar os homens de Boa Vontade á sua
plenitude, ou dos projetos megalomaníacos do homem da modernidade, que
insiste em construir um reino Antropocêntrico, deixando Deus em um segundo
plano?
E aqui retomo aquele hino que me
provocava calafrios nos anos 80 : Hei você, de que lado está você? ( XI
Domingo do Tempo Comum Mc 4, 26-34)
2. O que parece insignificante pode conter a grandiosidade
de Deus
Chama a atenção nas narrativas dos evangelhos a abundância de parábolas
atribuídas a Jesus. As parábolas pertencem ao gênero da sabedoria e, a partir
de situações comuns de vida, permitem que seja extraído um ensinamento ou uma
motivação à ação.
Particularmente, servem também
para ilustrar os mistérios de Deus. Pela simplicidade das imagens usadas por
elas, as parábolas têm um sentido didático de favorecer a compreensão da
revelação de Deus. As parábolas utilizadas por Jesus, com um determinado
sentido original, frequentemente foram, pelo processo histórico de
transmissão, adaptadas às novas situações das comunidades.
Estas duas parábolas do
evangelho de hoje são um estímulo e um fortalecimento da esperança nas
comunidades. O lavrador aplica-se com esforços na semeadura e no cultivo de
sua plantação. Porém, a vida que se desenvolve a partir da semente é obra de
Deus. E uma insignificante semente já tem em si certa grandiosidade que é
revelada com o decorrer do tempo.
Os sistemas opressores tecnológicos e econômicos, hegemônicos neste mundo,
defendem um determinismo do progresso que os beneficia. Este progresso é
proclamado como inevitável, e as exclusões e sacrifícios de vidas decorrentes
são consideradas necessárias. Porém, estas parábolas das sementes vão no
sentido de fortalecer o projeto do Reino de Deus que vem resgatar a vida
sobre a terra. O projeto de Jesus parece frágil diante dos poderes deste
mundo. Contudo, o desabrochar e o crescimento deste projeto é a obra de Deus
que não será tolhida por ninguém.
Com imagens tão simples e belas
da natureza compreende-se que Deus comunica sua vida a todos, sem
discriminações, não havendo ninguém que possa impedi-lo. Ainda mais, o que
parece insignificante hoje, está a caminho de sua plena realização. O Reino
de Deus é o banquete da celebração da vida plena para todos, e esta vida vai
se manifestando até atingir sua plenitude.
Aos discípulos é esclarecido o
sentido das parábolas. "Discípulos" são aqueles, dentre a multidão,
que acolhem em seus corações as palavras de Jesus e se aproximam dele,
formando comunidade. Comunidade, não hermética, de iluminados, mas aberta, de
corações acolhedores, solidários e compassivos.
A tradição de Israel expressa
pelo profeta Ezequiel colocava sua esperança em atingir, sobre o monte Sião,
a estatura grandiosa dos cedros do Líbano (primeira leitura). Contudo, Jesus
descarta esta imagem, substituindo-a pela hortaliça mostarda, que, sem
grandiosidades, se multiplica às margens do Mar da Galileia e, humildemente,
abriga as aves dos céus.
A segunda leitura, da Segunda
Carta aos Coríntios, que era atribuída a Paulo apóstolo, ainda traz as marcas
de uma visão dualista na qual o corpo é descartável, com a condenação de uns
e salvação de outros.
Oração
Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino acontecendo no meio de nós,
aí onde lutamos para a construção de uma sociedade mais humana e fraterna.
3. A SEMENTE E O GRÃO DE MOSTARDA
Estas duas parábolas,
introduzidas por "Jesus dizia-lhes...", encerram o breve discurso
de Jesus. Com imagens tiradas do mundo rural, destaca-se a ação da
"semeadura", ou seja, o anúncio da Palavra. A primeira parábola,
exclusiva de Marcos, evidencia que o crescimento do Reino resulta da ação de
Deus. Embora o agricultor tenha empenho e cuidados em semear, irrigar e
remover ervas daninhas, é admirável o germinar da semente, de maneira
autônoma, o seu crescer e os frutos produzidos. O desabrochar da vida é obra
de Deus. Assim, é Deus quem, na intimidade de cada um, move à conversão ao
amor os corações que recebem a Palavra semeada pelos discípulos.
A tradição de Israel expressa
pelo profeta Ezequiel (primeira leitura) colocava sua esperança em atingir,
sobre o monte Sião, a estatura grandiosa dos majestosos cedros do Líbano.
Contudo, Jesus descarta esta imagem, substituindo-a pela hortaliça mostarda,
que, sem grandiosidade, se multiplica às margens do Mar da Galiléia. Assim
também é admirável, na segunda parábola, como algo tão pequeno como a semente
de uma mostarda se transforme em um arbusto, podendo atingir até três metros
de altura, com capacidade para abrigar os pássaros do céu na sombra de
galhos. Com imagens tão simples e belas da natureza, compreende-se que Deus
comunica sua vida a todos, sem discriminações, não havendo ninguém que possa
impedi-lo.
Ainda mais, o que parece
insignificante hoje está a caminho de sua plena realização. Aos discípulos é
esclarecido o sentido das parábolas. "Discípulos" são aqueles,
dentre a multidão, que abrem seu coração às palavras de Jesus e se aproximam
dele, formando comunidade. Comunidade não hermética, de iluminados, mas
aberta, de corações acolhedores, solidários e compassivos.
A segunda leitura, da Segunda
Carta aos Coríntios, atribuída a Paulo apóstolo, ainda traz as marcas de uma
visão dualista na qual o corpo é descartável, com a condenação de uns e
salvação de outros.
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