11º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
"A semente cresce sem intervenção humana"
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
"A semente cresce sem intervenção humana"
Ambientação:
Sejam bem-vindos
amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO
FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Fazemos memória de Jesus que, como
pequeno grão, aceitou ser lançado na terra pelo Pai e, na força amorosa do
Espírito, rompeu-se e desabrochou vitorioso no mistério de sua Páscoa.
Confessamos confiantes e humildes nossa fragilidade e pequenez e suplicamos que
o Senhor multiplique o pouco que somos segundo a medida de seu amor. Damos
graças unindo-nos a todos que se fizeram sementes do reino e oferecemos nossa
vida a serviço da VIDA.
INTRODUÇÃO DO
FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste Domingo somos convidados a
meditar sobre a força do amor de Deus, que, quando envolve a nossa realidade,
faz a pequena árvore tornar-se tão majestosa como o cedro do Líbano. O amor é
também como o grão de mostarda, que, embora sendo uma pequenina semente, quando
germina e cresce, torna-se a maior das hortaliças. É assim que a força do Amor,
dia após dia, se implanta na história.
Sintamos o
júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos
alegres cânticos ao Senhor!
TEMA
O REINO DE DEUS, SEMENTE QUE GERMINA E CRESCE
O REINO DE DEUS, SEMENTE QUE GERMINA E CRESCE
A
primeira leitura e o evangelho de hoje tratam do desejo do povo judeu exilado
de tornar-se liberto, uma grande e soberana árvore, e da definição que Jesus
deu do reino de Deus. As duas posturas incomodam; a primeira exige coragem e
esperança, a segunda, desinstalação. O reino, por si só, mostra sua força a
quem o acolhe e a quem o rejeita.
A DINÂMICA DO
REINO
Para falar da dinâmica do reino de Deus, Jesus se serve das características da semente, figura presente nas duas parábolas de hoje. Se a semente plantada encontra as condições de germinação e crescimento, vai se desenvolvendo por si mesma e acaba se tornando arbusto ou árvore.
Para falar da dinâmica do reino de Deus, Jesus se serve das características da semente, figura presente nas duas parábolas de hoje. Se a semente plantada encontra as condições de germinação e crescimento, vai se desenvolvendo por si mesma e acaba se tornando arbusto ou árvore.
Ao interpretar essas parábolas, é
recomendável o cuidado para não cair na visão triunfalista ou sensacionalista
de Igreja. Hoje essa tentação é forte, principalmente quando vemos e aplaudimos
os grandes shows religiosos que se multiplicam em todo o Brasil.
Não é no espetacular que a Igreja
mostra sua força, mas em sua pobreza e disponibilidade. As parábolas sugerem a
imagem de uma Igreja pobre, que não anuncia nem busca a si mesma, mas se
desapega de toda riqueza e se liberta de qualquer aliança ou compromisso com as
"potências modernas": dinheiro, mídia, política, poder...
O reino de Deus não se mede pelo
número de batismos, crismas ou casamentos religiosos nem pelo número ou tamanho
de nossas igrejas; tampouco pela imponência de nossas assembleias litúrgicas.
Não esqueçamos que o reino é impulsionado pela força do Espírito de Deus. Não
nos é lícito, com nossa pretensão de grandeza, sufocá-lo. Ele cresce à medida
que o Espírito Santo não encontra obstáculos.
A
exemplo da semente, somos lançados à vida por Deus e um dia, ao fim de nossa
peregrinação terrestre, seremos por ele colhidos. Antes disso, porém, devemos
amadurecer e produzir os frutos que Deus e a comunidade esperam de nós. Nesse
tempo de fertilidade, não é preciso produzir ações estrondosas. Os pequenos
gestos do dia a dia favorecem o crescimento do reino e todos podem se
beneficiar disso. Ao crescer na fé, na esperança e na caridade, tornamo-nos
árvore capaz de abrigar quem necessita e alimentar aqueles que buscam a
fraternidade e a justiça.
Pe. Nilo Luza, ssp
Pe. Nilo Luza, ssp
O REINADO DE DEUS
Reino é palavra central no Evangelho de Marcos. Mas não se trata de palavra inventada pelo evangelista. Ele faz uma catequese considerando a caminhada de fé do povo da Bíblia e alimentando a esperança de sua comunidade. Hoje a mensagem é dirigida a nós.
Reino é palavra central no Evangelho de Marcos. Mas não se trata de palavra inventada pelo evangelista. Ele faz uma catequese considerando a caminhada de fé do povo da Bíblia e alimentando a esperança de sua comunidade. Hoje a mensagem é dirigida a nós.
A narrativa bíblica, desde Gênesis
1, na cena da criação, enfatiza o domínio de Deus sobre o universo. E depois,
narrando a história da salvação, as Escrituras ensinam que Deus escolheu (Ex
19,5) um pequeno povo (Israel) por meio do qual o seu nome seria conhecido por
todas as nações. O reinado de Deus, porém, encontra a plenitude em Jesus Cristo.
Para Marcos, Jesus é o Messias, o
ungido por Deus para tornar realidade o reinado da justiça e do direito. Ele
assinala o acontecimento do tempo novo e do tempo último. O pensamento do povo
bíblico concebia a existência de um tempo imperfeito, que passa, e de um tempo
novo que vai chegar. Em Jesus o tempo novo chegou. O Cristo é a irrupção do
novo. Ele é reflexo da glória de Deus, expressão do seu ser, e tudo sustenta
com sua palavra poderosa (Hb 1).
Desse modo, a primeira coisa que
Jesus faz é convocar discípulos (Mc 1,14-20). Reino e discipulado são
palavras-chave em
Marcos. Jesus convoca simples pescadores. Agora serão pescadores
de gente. Farão parte de uma rede que puxa os peixes para o reino. O
discipulado, por sua vez, pauta-se pela opção radical pela novidade do reino.
Para pertencer a essa nova realidade é necessário seguir Jesus, ir "atrás
dele". Isso tem implicações!
Assim,
o discípulo de Jesus, de todos os tempos e lugares, é chamado a viver e
anunciar o reino, fazendo da vida uma "parábola viva". O reino não
cresce pelo esforço humano, ele é dádiva de Deus. Cabe-nos ceder o terreno de
nosso coração, servir o reino com alegria e caminhar na esperança. A vitalidade
da semente quem dá é Deus.
Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Sl 26, 7.9
ANTÍFONA DE ENTRADA: Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica. Vós sois o meu refúgio: não me abandoneis, meu Deus, meu Salvador.
ANTÍFONA DE ENTRADA: Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica. Vós sois o meu refúgio: não me abandoneis, meu Deus, meu Salvador.
Introdução ao
espírito da Celebração
Estamos em tempo de crise. Todos apelam a que não se cruzem os braços. O Reino de Deus também viverá em crise? O Profeta Ezequiel, 17, 22-24 diz-nos: «Do cimo do grande cedro, dos seus ramos mais altos, o Senhor Deus vai colher um ramo novo, vai plantá-lo num monte muito alto. Abato a árvore elevada e elevo a árvore abatida, faço que seque a árvore verde e reverdesça a árvore seca. Eu, o Senhor, o afirmei e o hei-de realizar.» Tudo depende do Senhor mas Ele espera a nossa colaboração. São Paulo (2.º Coríntios, 5, 6-10) recorda-nos que seremos julgados por Deus após esta vida. Mais uma vez somos alertados para o dever de trabalhar no Reino de Deus.Em São
Marcos , 4, 26-34 o Reino de Deus é comparado à semente que é
lançada à terra. Também nós faremos tudo para que a semente produza cem por um?
Estamos em tempo de crise. Todos apelam a que não se cruzem os braços. O Reino de Deus também viverá em crise? O Profeta Ezequiel, 17, 22-24 diz-nos: «Do cimo do grande cedro, dos seus ramos mais altos, o Senhor Deus vai colher um ramo novo, vai plantá-lo num monte muito alto. Abato a árvore elevada e elevo a árvore abatida, faço que seque a árvore verde e reverdesça a árvore seca. Eu, o Senhor, o afirmei e o hei-de realizar.» Tudo depende do Senhor mas Ele espera a nossa colaboração. São Paulo (2.º Coríntios, 5, 6-10) recorda-nos que seremos julgados por Deus após esta vida. Mais uma vez somos alertados para o dever de trabalhar no Reino de Deus.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
Monição: De um
ramo novo, de cedro muito alto, pode surgir outro cedro ainda mais alto. Deus o
fará mas conta connosco.
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Primeira Leitura
Ezequiel 17,22-24
— Leitura da profecia de Ezequiel.
17 22 Eis o que diz o Senhor: Pegarei eu mesmo da copa do grande cedro, dos
cimos de seus galhos cortarei um ramo, e eu próprio o plantarei no alto da
montanha. 23 Eu o plantarei na alta montanha de Israel. Ele estenderá seus
galhos e dará fruto; tornar-se-á um cedro magnífico, onde aninharão aves de
toda espécie, instaladas à sombra de sua ramagem. 24 Então todas as árvores dos
campos saberão que sou eu, o Senhor, que abate a árvore soberba, e exalta o
humilde arbusto, que seca a árvore verde, e faz florescer a árvore seca. Eu, o
Senhor, o disse, e o farei.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
O Profeta Ezequiel, após a denúncia
das infidelidades do seu povo sujeito ao duro castigo do exílio babilónico,
fala agora em nome do Senhor Deus, anunciando a restauração final do povo
exilado, como obra do próprio Deus. De um simples ramo – outra forma de
referir o resto de Israel – Ele fará surgir um cedro
majestoso, a dar frutos, e em cujos ramos «farão ninho todas as aves» (v.
23), numa visão universalista escatológica, que preanuncia a universalidade do
Reino de Deus, que Jesus descreve na parábola do grão de mostarda do Evangelho
de hoje.
Israel é como
uma árvore frondosa e liberta do reino opressor
Ezequiel, o homem que se tornou profeta no exílio da Babilônia (597-536 a .E.C.), animou o seu
povo a permanecer firme na aliança com Deus, pois o sofrimento do desterro
haveria de chegar ao fim com o advento da era messiânica e de um novo tempo para
os judeus. Deus haveria de extirpar o inimigo.
Ezequiel, o homem que se tornou profeta no exílio da Babilônia (597-
Fazendo uso do simbolismo do broto
de cedro, árvore de boa qualidade, que seria colhido e plantado sobre o alto
monte de Israel, o profeta explicita a sua mensagem de fé. Essa árvore, Israel,
tornar-se-ia grande, produziria frutos e serviria de abrigo para os pássaros. A
comparação serviu de consolo para os oprimidos. Um novo tempo haveria de
surgir, não obstante os sofrimentos. E assim ocorreu: a Pérsia dominou a
Babilônia e o seu rei, Ciro, permitiu ao povo retornar e recomeçar a vida em
Judá.
Desse
modo, concretizou-se a profecia: "Deus abaixa a árvore grande (império
babilônico) e eleva a árvore pequena (os israelitas oprimidos)". Ademais,
o Deus de Israel, por ter poder sobre a vida, é capaz de secar a árvore verde e
fazer brotar a árvore seca. Deus fala e realiza a sua promessa.
Salmo Responsorial
Monição: Se o
homem confia no Senhor, florescerá como a palmeira e crescerá como o cedro do
Líbano.
SALMO RESPONSORIAL – Sl 91/92
Como é bom agradecermos ao Senhor.
Como é bom agradecermos ao Senhor
e cantar salmos de louvor ao Deus altíssimo!
Anunciar pela manhã vossa bondade
e o vosso amor fiel à noite inteira.
e cantar salmos de louvor ao Deus altíssimo!
Anunciar pela manhã vossa bondade
e o vosso amor fiel à noite inteira.
O justo crescerá como a palmeira,
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
na casa do Senhor estão plantados,
nos átrios de meu Deus florescerão.
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
na casa do Senhor estão plantados,
nos átrios de meu Deus florescerão.
Mesmo no tempo da velhice darão
frutos,
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
e dirão: É justo mesmo o Senhor Deus:
meu rochedo, não existe nele o mal!
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
e dirão: É justo mesmo o Senhor Deus:
meu rochedo, não existe nele o mal!
Segunda
Leitura
Monição: Estou
neste mundo de passagem. Caminhamos para a eternidade onde cada um receberá o
que tiver feito pelo Reino de Deus.
2 Coríntios 5,6-10
— Leitura da segunda carta de são
Paulo aos Coríntios. 5 6 Por isso, estamos sempre cheios de confiança. Sabemos
que todo o tempo que passamos no corpo é um exílio longe do Senhor. 7 Andamos
na fé e não na visão. 8 Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo
ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto do Senhor. 9 É também por isso
que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe. 10 Porque teremos de
comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu,
conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo.
Na primeira parte da 2ª Carta aos
Coríntios (cap. 1 a
7), S. Paulo, depois de fazer a sua defesa perante as acusações dos
adversários, faz a apologia do seu ministério apostólico; e, no meio de
tribulações sem conta (4, 7-12), é a fé em Jesus ressuscitado e a esperança no
Céu que o leva a não desfalecer (4, 13 – 5, 10). O desejo de se «exilar do
corpo», isto é, de deixar esta vida terrena, «para habitar junto
do Senhor» no Céu (v. 8) leva-o ao empenho em
lutar por Lhe agradar (v. 9). E não deixa de aproveitar a
ocasião para expor aos fiéis uma verdade de fé fundamental que nos
responsabiliza, a saber, que todos havemos de ser julgados por Deus no fim
desta vida. É a este mesmo «tribunal de Cristo» (v. 10) que se
refere o nº 1022 do Catecismo da Igreja Católica: «Cada homem recebe, na sua
alma imortal, a retribuição eterna logo depois da sua morte, num juízo
particular que põe a sua vida na referência de Cristo, quer através duma
purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do Céu, quer para se
condenar imediatamente para sempre». Chamamos a atenção para o modelo
antropológico grego que S. Paulo aqui adopta; como bom comunicador, costuma
lançar mão da linguagem que mais se presta a ser bem compreendido pelos
destinatários.
A fé no reino
exige responsabilidades
Em oposição ao pensamento de muitos irmãos de Corinto, que, diante do sofrimento e das perseguições, pensavam que o melhor seria morrer, Paulo afirma que esse poderia ser, sim, um bom caminho, mas melhor ainda é assumir as responsabilidades inerentes à fé até o dia de nossa prestação de contas no tribunal de Cristo (v. 10).
Em oposição ao pensamento de muitos irmãos de Corinto, que, diante do sofrimento e das perseguições, pensavam que o melhor seria morrer, Paulo afirma que esse poderia ser, sim, um bom caminho, mas melhor ainda é assumir as responsabilidades inerentes à fé até o dia de nossa prestação de contas no tribunal de Cristo (v. 10).
A fé no reino exige
responsabilidades. Esse pensamento complementa as leituras anteriores, quando
nos mostra o valor da fé e suas consequências em nossa vida e até mesmo em
nosso corpo mortal.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Semente é de Deus a palavra, Cristo é o semeador; todo aquele que o encontra, vida eterna encontrou (Lc 8,11).
Semente é de Deus a palavra, Cristo é o semeador; todo aquele que o encontra, vida eterna encontrou (Lc 8,11).
Evangelho
Monição: Quando
falha a sementeira, a culpa nunca é de Cristo mas de cada um de nós.
Marcos 4,26-34
— 4 26 Disse Jesus: "O Reino
de Deus é como um homem que lança a semente à terra. 27 Dorme, levanta-se, de
noite e de dia, e a semente brota e cresce, sem ele o perceber. 28 Pois a terra
por si mesma produz, primeiro a planta, depois a espiga e, por último, o grão
abundante na espiga. 29 Quando o fruto amadurece, ele mete-lhe a foice, porque
é chegada a colheita. 30 Dizia ele: A quem compararemos o Reino de Deus? Ou com
que parábola o representaremos? 31 É como o grão de mostarda que, quando é
semeado, é a menor de todas as sementes. 32 Mas, depois de semeado, cresce,
torna-se maior que todas as hortaliças e estende de tal modo os seus ramos, que
as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra". 33 Era por meio de
numerosas parábolas desse gênero que ele lhes anunciava a palavra, conforme
eram capazes de compreender. 34 E não lhes falava, a não ser em parábolas; a
sós, porém, explicava tudo a seus discípulos.
Após a interrupção com o tempo da
Quaresma e da Páscoa, retomamos hoje a sequência da leitura do evangelista do
ano, S. Marcos, com duas parábolas do Reino de Deus no final do cap. 4, a saber, a do germinar e
crescer da semente e a do grão de mostarda. A primeira (vv. 26-29) é uma das
poucas passagens exclusivas de S. Marcos; ela apresenta o processo do
desenvolvimento da semente, deveras misterioso sobretudo para os antigos, pois
tudo acontece sem que o semeador saiba como e sem que ele intervenha de
qualquer modo: «Dorme e levanta-se, de noite e de dia, enquanto a semente
germina e cresce, sem ele saber como» (v. 27). O Reino de Deus cresce
não pela virtude, preocupação ou mérito do pregador, mas pela sua energia
interna, pela força da graça de Deus que actua onde, como e quando quer. São
Paulo dirá aos Coríntios, ufanos em grupos à volta dos diversos pregadores do
Evangelho: «Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus quem deu o crescimento.
Assim, nem o que planta nem o que rega é alguma coisa, mas só Deus, que faz
crescer» (1 Cor 3, 6-7). Também se pode fazer uma leitura
espiritual (lectio divina) da parábola aplicando-a à acção
da graça na alma: Deus faz que brotem dentro de nós, sem sabermos como, santas
inspirações, boas resoluções, fidelidade, maior entrega… Ele realiza em nós e à
nossa volta aquilo que nem sequer podíamos sonhar, desde que lancemos a semente
e não estorvemos a obra de Deus.
30-32 A pergunta
retórica com que a parábola do grão de mostarda é introduzida – «a que havemos
de comparar o Reino de Deus? – é um recurso bem semítico destinado a
atrair a atenção dos ouvintes. O grão de mostarda era a semente mais pequena
então conhecida, que pode em pouco tempo vir a dar uma planta de cerca de três
metros. Esta parábola põe em evidência a desproporção entre a insignificância
dos começos do Reino de Deus e a sua vasta e rápida expansão. O livro de Actos
dos Apóstolos sublinha constantemente o crescimento progressivo da Igreja; por
sua vez, em S. Lucas ,
Jesus anima-nos a não temer a insignificância dos começos: «Não temais,
pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino» (Lc 12,
32).
O reino de Deus
é como a semente
O evangelho do domingo passado tratou da crise entre Jesus, seus irmãos e os escribas, que se opunham ao seu ensinamento. Em continuidade a esse episódio, hoje Jesus aparece, conforme o relato da comunidade de Marcos, ensinando de novo (Mc 4,1), mas em forma de parábola, isto é, de modo comparativo. Jesus faz uso da realidade agrária da Palestina para fazer os seus seguidores entenderem a sua mensagem. Ele não explica a comparação, mas deixa o ouvinte pensando sobre o fato. Aos seus discípulos(as), no entanto, ele explicava em particular (4,34).
O evangelho do domingo passado tratou da crise entre Jesus, seus irmãos e os escribas, que se opunham ao seu ensinamento. Em continuidade a esse episódio, hoje Jesus aparece, conforme o relato da comunidade de Marcos, ensinando de novo (Mc 4,1), mas em forma de parábola, isto é, de modo comparativo. Jesus faz uso da realidade agrária da Palestina para fazer os seus seguidores entenderem a sua mensagem. Ele não explica a comparação, mas deixa o ouvinte pensando sobre o fato. Aos seus discípulos(as), no entanto, ele explicava em particular (4,34).
O evangelho de hoje trata de duas
parábolas do reino: a da semente e a do grão de mostarda. Cada uma delas tem um
centro, um entendimento possível.
A semente que germina por si só:
crescer por si só é o centro dessa parábola. A mensagem é simples: basta semear
o reino e ele crescerá, mesmo que os opositores não queiram. O importante é
semear sempre. Jesus incentiva os seus seguidores, seus irmãos na fé, a
permanecer no árduo trabalho de semear o reino. A semente, o reino, cresce por si
só. Não há como impedi-lo.
A pequena semente: essa
interpretação é a mais recorrente. O centro da parábola consiste na passagem do
pequeno para o grande. A pequena semente de mostarda é o novo Israel, isto é,
os seguidores de Jesus, os quais se tornarão "grandes árvores". Cada
seguidor do reino é chamado a lavrar constantemente o seu interior para deixar
a semente do reino crescer e produzir abundantes frutos.
A mostarda que cresce e incomoda: a
mostarda é uma planta medicinal e culinária que chega a medir, no máximo, 1,5 m de altura. Ela se
desenvolve melhor ao ser transplantada. Temos dois tipos de mostarda, a
selvagem e a culinária. Por ser uma planta impura, o código deuteronômico (Dt
22,9) proíbe a sua plantação. Assim é o reino de Deus, como a erva que chega e
se esparrama. Não pode ser controlada, torna-se abundante como a nossa
tiririca. Assim como o reino, a mostarda é motivo de escândalo e incômodo para
muitos.
O reino é indesejável para muitos e
questionador das regras de pureza. Essa interpretação nos ajuda a compreender o
valor do reino e sua ação transformadora em nossa vida, mesmo para aqueles que
nele não acreditam.
III. DICAS PARA REFLEXÃO
– Levar as comunidades a perceber
que o fruto do reino de Deus aparece lentamente. Quando menos esperamos, algo
acontece.
– Demonstrar, por outro lado, que, quando agimos em prol do reino, somos como a tiririca, que cresce sem pedir licença, ao incomodar os inimigos do reino da justiça e da paz.
– Por sermos cristãos, temos uma força advinda do reino da qual não nos damos conta. Deus se dá a conhecer por sua força libertadora que se encontra no povo e em cada cristão.
– Demonstrar, por outro lado, que, quando agimos em prol do reino, somos como a tiririca, que cresce sem pedir licença, ao incomodar os inimigos do reino da justiça e da paz.
– Por sermos cristãos, temos uma força advinda do reino da qual não nos damos conta. Deus se dá a conhecer por sua força libertadora que se encontra no povo e em cada cristão.
Sugestões para a homilia
ATENÇÃO: Na página do
Evangelho do Dia aqui no NPDBRASIL, no final de cada Liturgia Diária você
encontra também mais 3 sugestões de Homilias Diárias.
1. Eu, O Senhor
o afirmei e o hei-de realizar (Ezequiel, 17, 24)
Quem acredita em Deus olha para o
passado e por ele compreende o futuro.
Ezequiel nasceu em 620 antes de
Cristo, em Jerusalém, na época do rei Josias. Em 597 os judeus são deportados
para Babilónia e Ezequiel também.
O sofrimento dos exilados era muito
grande; sobretudo porque se encontravam longe da pátria, de Jerusalém e do
Templo. O Salmo 137 é uma autêntica balada dos exilados, traduzindo a amargura
e a saudade do povo, a quem os dominadores pediam «cânticos de alegria» (Salmo
137) «Junto aos rios da Babilónia nos sentámos a chorar, recordando-nos de
Jerusalém… Os que nos levaram para ali cativos pediam-nos um cântico…» –
«Cantai-nos um cântico de Jerusalém…» – «Como poderíamos nós cantar um cântico
do Senhor, estando numa terra estranha? Se me esquecer de ti, Jerusalém, fique
ressequida a minha mão direita! Pegue-se-me a língua ao paladar… se não fizer
de Jerusalém a minha suprema alegria»!
Atenção ao pequeno pormenor que vem
a seguir: «A tentação da dúvida e do desespero ameaçava profundamente os
Judeus. Muitos pensavam: o nosso Deus abandonou o seu povo; os deuses pagãos
levaram a melhor sobre o Deus de Israel!». Isto não era verdade. Deus nunca
abandona os que O amam. Apenas os coloca em provações. Tudo o
que relatámos parece repetir-se. Os povos do mundo inteiro quase ignoram
Deus para confiar apenas nas leis dos governantes e na técnica.
A humanidade estará de regresso a
Deus? A parábola do filho pródigo é sempre actual… Voltemos ao convívio
íntimo com Deus, e seremos salvos.
2. «O Reino de
Deus é como um homem que lançou a semente à terra». Como ajudá-la a crescer e a
dar fruto?
O processo de desenvolvimento da
semente é um facto misterioso. O Reino de Deus cresce não por virtude ou mérito
dos apóstolos, mas com a força da graça de Deus. São Paulo dirá aos Coríntios
(1 Cor 3, 6-7): «Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus quem
deu o crescimento». Assim, nem o que planta, nem o que rega é alguma coisa, mas
só Deus faz crescer».
Mas o plantar e regar é ou não
imperativo e imprescindível?
Claro que sim. Jesus fundou a
Igreja e conta com os leigos, os sacerdotes e os Bispos, para que o Reino de
Deus se dilate. A formação dos leigos, sacerdotes e Bispos deve ser integral.
Basta que falhe alguma das partes
para que a acção de cada pessoa seja um fracasso.
Qualidades humanas, cultura
intelectual, e vida de santidade são dados inseparáveis. As pessoas muito
activas mas onde falta a vida de oração, de frequência dos sacramentos,
Eucaristia e comunhão diária, confissão frequente, direcção espiritual,
meditação, exame diário de consciência, recitação diária da Liturgia das Horas,
reza diária do Terço, outras práticas de devoção a Nossa Senhora, devoção ao
Anjo da Guarda, a São José, etc, fazem muito barulho mas não conseguem levedar
o meio em que vivem.
Estamos convencidos de que em
primeiro lugar está a santidade e só depois a acção?
Corremos todos o risco de muita
operosidade e pouca santidade.
Rezemos, façamos sacrifícios,
transformemos o trabalho em oração, mantenhamos a união com Deus ao longo do
dia e Deus fará o resto.
Para terminar, reparemos nestas
palavras de São Lucas, 13, 32: «Não temais pequeno rebanho, porque aprouve ao
vosso Pai dar-vos o Reino».
Não devemos esquecer este pormenor.
No mistério da conversão e santificação de cada cristão também conta o respeito
de Deus pela liberdade de cada pessoa. Ninguém se converte contra sua vontade.
Homilias Feriais
ATENÇÃO: Na página do
Evangelho do Dia aqui no NPDBRASIL, no final de cada Liturgia Diária você
encontra também 3 sugestões de Homilias Diárias, para cada dia da semana.
11ª SEMANA
2ª Feira, 18-VI: Uma nova
mentalidade.
2 Cor 6, 1-10
/ Mt 5, 38-42
Ouvistes que foi dito aos antigos: olho por olho, dente por dente. Pois eu digo-vos: não resistais ao malvado. Jesus pede uma nova mentalidade no relacionamento com as outras pessoas. É altura de acabar com a lei de Talião. Agora deve prevalecer o amor ao próximo, que exige capacidade de humilhação, desprendimento do próprio eu, espírito de serviço desinteressado, ajuda aos mais necessitados. É também ocasião de darmos um bom exemplo: pela constância nas tribulações, nas adversidades, nos açoites… pela ciência e pela paciência, pela bondade, pela palavra da verdade e pela força de Deus (cf Leit)
Ouvistes que foi dito aos antigos: olho por olho, dente por dente. Pois eu digo-vos: não resistais ao malvado. Jesus pede uma nova mentalidade no relacionamento com as outras pessoas. É altura de acabar com a lei de Talião. Agora deve prevalecer o amor ao próximo, que exige capacidade de humilhação, desprendimento do próprio eu, espírito de serviço desinteressado, ajuda aos mais necessitados. É também ocasião de darmos um bom exemplo: pela constância nas tribulações, nas adversidades, nos açoites… pela ciência e pela paciência, pela bondade, pela palavra da verdade e pela força de Deus (cf Leit)
3ª Feira, 19-VI: A riqueza da
caridade.
2 Cor 8, 1-9
/ Mt 5, 43-48
Ele (Jesus), que era rico, fez-se pobre por vossa causa, para que vos tornásseis ricos pela sua pobreza. S. Paulo reconhece que os fiéis de Corinto são ricos em tudo: na fé, na eloquência, na doutrina, nas atenções e na caridade (cf Leit). Precisamos descobrir o tesouro do amor aos inimigos, aqueles que nos incomodam: «No sermão da montanha, o Senhor lembra o preceito: ‘Não matarás’, e acrescenta-lhe a proibição da ira, do ódio e da vingança. Mais ainda: Cristo exige que o seu discípulo ofereça a outra face, que ame os seus inimigos (Ev)» (CIC, 2262). Este amor é uma consequência do amor que Deus semeia nos nossos corações.
Ele (Jesus), que era rico, fez-se pobre por vossa causa, para que vos tornásseis ricos pela sua pobreza. S. Paulo reconhece que os fiéis de Corinto são ricos em tudo: na fé, na eloquência, na doutrina, nas atenções e na caridade (cf Leit). Precisamos descobrir o tesouro do amor aos inimigos, aqueles que nos incomodam: «No sermão da montanha, o Senhor lembra o preceito: ‘Não matarás’, e acrescenta-lhe a proibição da ira, do ódio e da vingança. Mais ainda: Cristo exige que o seu discípulo ofereça a outra face, que ame os seus inimigos (Ev)» (CIC, 2262). Este amor é uma consequência do amor que Deus semeia nos nossos corações.
4ª Feira,20-VI: Sementeira
com generosidade e alegria.
2 Cor 9, 6-11
/ Mt 6, 1-6. 16-18
Quem semeia pouco, também colherá pouco, e quem semeia com largueza colherá com largueza. Com esta imagem da sementeira, S. Paulo anima-nos a semear com generosidade e alegria: «Deus ama quem dá com alegria» (Leit). Mas não esqueçamos que a semente é fornecida por Deus (cf Leit). Essa mesma generosidade na sementeira há-de notar-se nas formas de penitência interior: «A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três: o jejum, a oração e a esmola (Ev), que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros» (CIC, 1434).
Quem semeia pouco, também colherá pouco, e quem semeia com largueza colherá com largueza. Com esta imagem da sementeira, S. Paulo anima-nos a semear com generosidade e alegria: «Deus ama quem dá com alegria» (Leit). Mas não esqueçamos que a semente é fornecida por Deus (cf Leit). Essa mesma generosidade na sementeira há-de notar-se nas formas de penitência interior: «A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três: o jejum, a oração e a esmola (Ev), que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros» (CIC, 1434).
5ª Feira,21-VI: O pão nosso
de cada dia.
2 Cor 11, 1-11
/ Mt 6,
7-15
Orai, pois, deste modo: Pai nosso… o pão nosso de cada dia nos dai hoje. Ao pedirmos o pão nosso de cada dia reconhecemos que toda a nossa existência depende de Deus. Pedimos, em primeiro lugar, o necessário para resolver as necessidades de cada dia; e, depois, o que é necessário para a salvação da alma. O pão nosso «tomado à letra (sobre-substancial), designa directamente o Pão da vida, o corpo de Cristo, ‘remédio de imortalidade’, sem o qual não temos a vida em nós… A Eucaristia é o nosso pão de cada dia… E também são pão de cada dia as leituras que em cada dia ouvimos na igreja» (CIC, 2837).
Orai, pois, deste modo: Pai nosso… o pão nosso de cada dia nos dai hoje. Ao pedirmos o pão nosso de cada dia reconhecemos que toda a nossa existência depende de Deus. Pedimos, em primeiro lugar, o necessário para resolver as necessidades de cada dia; e, depois, o que é necessário para a salvação da alma. O pão nosso «tomado à letra (sobre-substancial), designa directamente o Pão da vida, o corpo de Cristo, ‘remédio de imortalidade’, sem o qual não temos a vida em nós… A Eucaristia é o nosso pão de cada dia… E também são pão de cada dia as leituras que em cada dia ouvimos na igreja» (CIC, 2837).
Homilia do Diácono José da Cruz –
11º Domingo do Tempo Comum — ANO B
"O REINO É OBRA DE DEUS!"
Nos meus tempos de criança na Vila
Albertina, lembro-me que quando a antiga casa da família Develis foi demolida,
para dar lugar a uma construção mais ampla e arrojada, costumávamos conversar
com um servente de pedreiro que trabalhava na obra, e a pergunta era sempre a
mesma “O que vão construir nesse lugar?”. Ele respondia que era uma casa bem
maior do que a que fora demolida, e quando perguntávamos quando ela ficaria
pronta, se seria bonita e luxuosa, como a gente pensava, o servente
desconversava “olha, sei que é uma casa, mas sou apenas um servente, só o
mestre de obras que conhece o projeto, saberia dizer. A gente apenas obedece e
vai executando o serviço do jeito que ele pede, e só no final, quando tudo
estiver pronto e acabado, é que teremos idéia, daquilo que ajudamos a
construir”.
O evangelho desse Décimo Primeiro
Domingo do Tempo Comum ajuda a desfazer esse equívoco presente até nos dias de
hoje, que é o da gente querer ser Mestre de Obras no Reino de Deus. Na minha
caminhada de igreja já vi um pouco de tudo, conheci pessoas que se apresentavam
como Engenheiros do Reino de Deus, com planos mirabolantes de ideologias
humanas, belíssimas por sinal, mas achando que isso era o reino , grupos que
desenvolveram uma espiritualidade muito forte e rigorosa, pensando que isso era
o reino. E não faltam também os que inventam Doutrinas religiosas afirmando que
se as mesmas não forem seguidas, o reino não acontecerá, e vem uma linha mais
tradicional de ser igreja, outro mais clássico e institucional, outro mais
liberal e até ensinamentos totalmente contrários ao cristianismo, onde o
pregador “jura de pé junto” que está anunciando a Verdade, porque fala em nome
de Jesus.
Vi questionamentos até cômicos:
será que Deus é Socialista, Marxista, ou tende mais para o Neoliberalismo?
Provavelmente não faltou quem pensasse em filiar Jesus Cristo
ao seu partido político, aliás, pregação política em nome dele é o que não
falta. Confesso que nos anos 80 eu passei por um drama de consciência muito
grande ,quando diziam que a gente não podia ficar em cima do muro, tinha que se
definir ou pela direita ou pela esquerda. Surgiram novas igrejas e religiões
que parecem mesmo ter procuração do Senhor, para falar do reino e do seu
evangelho. Essa é uma realidade que não se pode ignorar, Jesus mesmo falou
“muitos virão em meu nome dizendo: o Messias está aqui, o Reino está aqui, O
Senhor já está voltando!” Nunca vi tanta bobagem junta! As igrejas cristãs
anunciam o reino e são um sinal dele, entretanto o Dono do Projeto é Jesus
Cristo, que vai fazendo o reino acontecer, independente de qualquer ideologia
humana, política, social ou religiosa.
É a primeira parábola do evangelho,
onde tanto faz o homem dormir ou ficar acordado, a semente vai germinando e
crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. Podemos dizer que Jesus, não só
é o semeador, como também a própria semente. O seu projeto, que se consolidou
na cruz do calvário, parece ter sido um grande fracasso, até para os seus
seguidores fiéis, foi muito difícil acreditar que o Reino que ele tanto falava,
fosse vingar e dar certo, pois humanamente falando, o sistema religioso o havia
desmascarado, o Nazareno parecia tão perigoso, pela liderança que exercia,
pelos ensinamentos revolucionários que pregava, entretanto, a morte infame,
vergonhosa e humilhante o havia calado para sempre. Ninguém diria que aquela
pequenina semente, esmagada no calvário e depois escondida no sepulcro, fosse
brotar e viria a se transformar na maior de todas as árvores.
As palavras de Jesus nesse
evangelho querem nos transmitir confiança na sua ação Divina, e isso parece
algo difícil e desafiador para todos nós, é difícil acreditar no Reino, quando
olhamos ao redor e só vemos o caos do pecado dominando o ser humano, é verdade
que há pessoas que acreditam em um futuro melhor e o ajudam a construir no
presente, mas a grande maioria não crê em mais nada, “não há igreja que seja
boa, todas são pecadoras e eu não vou em nenhuma delas”, “não quero saber de
política, pois não existe político honesto, eu não acredito em mais ninguém e
não voto em ninguém, pode ser até da comunidade”, e assim, há os que não
acreditam mais no casamento, na família, nas instituições, está tudo
irremediavelmente perdido.
Qualquer pessoa pode pensar, falar
e até agir desta forma, mas nós cristãos não! Pois estaríamos negando o reino
que Jesus plantou no coração do homem, estaríamos duvidando do seu poder de
fazer germinar essa semente, estaríamos desconfiando que a sua graça não serve
para nada, e o que é pior, estaríamos achando que o poder das forças do mal,
presente na sociedade, é muito maior do que a Salvação, a graça e a redenção
que Jesus realizou a nosso favor e nesse caso, participar da Santa Missa seria
fazer memória desse grande fracasso que é o Cristianismo, impotente para
transformar o coração humano. De quem somos discípulos e testemunhas afinal? De
Jesus de Nazaré e do seu Reino, que está acontecendo misteriosamente e irá
levar os homens de Boa Vontade á sua plenitude, ou dos projetos megalomaníacos
do homem da modernidade, que insiste em construir um reino Antropocêntrico,
deixando Deus em um segundo plano?
E aqui
retomo aquele hino que me provocava calafrios nos anos 80 : Hei você, de que
lado está você? ( XI Domingo do Tempo Comum Mc 4, 26-34)
“Apostolado de filhos de Deus”
Você sabe como é um grande jogo de
futebol. Antes do jogo, há uma concentração para os atletas e uma preparação
psicológica para os torcedores. A televisão dá notícias da situação histórica
das duas equipes: pontos ganhos e pontos perdidos, titulares que vão começar
jogando e reservas que vão para o banco.
De repente, as equipes entram em campo. Muitas
palmas, rojões, bandeiras se agitam e a emoção toma conta de todos. Começa a
partida. Bola na trave, a torcida vibra, grita, pula. Alguém aproveita o
rebote, enche o pé… é gooool! Um mar humano se levanta e delira, agitando as
mãos e gritando em coro. O
artilheiro dá cambalhotas, cai de joelhos, jogadores se abraçam. É festa! Uma
grande “celebração”, num rito solene de alegria expressado por todos os gestos.
Caso seja o fim de campeonato, pode haver alguém atravessando o estádio de
joelhos com as mãos erguidas para o céu, o povão invadindo o gramado e
carregando os heróis.
Quanta emoção! Tudo aqui é
esplendor, é festa. Parece bastante diferente do que acontece com a semente
lançada à terra, comparada ao Reino de Deus, que o Senhor nos conta hoje. No
entanto, apesar de a semente não crescer com um espetáculo comparado a um jogo
de futebol, nós, apóstolos do Reino de Deus precisamos ter um entusiasmo
semelhante para anunciá-Lo. Fá-lo-emos com grande alegria, com todo o
entusiasmo, pois sabemos que essa semente vai crescer e produzir muitos frutos,
frutos abundantes, frutos de vida eterna.
São Jerônimo explicava a parábola
do grão que germina dizendo que a semente simboliza o Verbo da vida, Jesus
Cristo; a terra, os corações dos homens. A semente cai na terra. O dormir do
semeador é comparado à morte de Jesus Cristo, pois depois da morte de Cristo o
número de fiéis cresce cada vez mais entre adversidades e bonanças.
A semente de mostarda, que tem um
diâmetro aproximado de 1,6
milímetros , resultava numa árvore que às margens do lago
da Galileia media entre 2 a
4 metros .
Os primeiros cristãos começaram a lançar a semente do Reino de Deus. Curioso!
Enquanto mais perseguidos, mais aumentava o número de cristãos. Tanto é assim
que Tertuliano, um advogado que se converteu ao cristianismo no ano 197 e que
depois passou a ser catequista na Igreja, dizia que “o sangue dos mártires é a
semente de novos cristãos”. Hoje como outrora, não somos a maioria da
população, mas continuamos chamados a conquistar o mundo para Cristo.
Olhemos mais uma vez para os nossos
irmãos da aurora do cristianismo, agora através da epístola a Diogneto, um dos
primeiros escritos cristãos: “Os cristãos, de fato, não se distinguem dos
outros homens, nem por sua terra, nem por sua língua ou costumes. Com efeito,
não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo
especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e
a especulação de homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento
humano. Pelo contrário, vivendo em casas gregas e bárbaras, conforme a sorte de
cada um, e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao
resto, testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal. Vivem na
sua pátria, mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam
tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é pátria deles, a cada pátria é
estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os
recém-nascidos. Põe a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não
vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem
as leis estabelecidas, as com sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são
perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são
mortos e, deste modo, lhes é dada a vida; são pobres e enriquecem a muitos;
carecem de tudo e tem abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo,
tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são
injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e são punidos
como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida. Pelos
judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos, a
aqueles que os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio”.
Talvez o que impede sermos
apóstolos entusiasmados da Boa-Nova seja o nosso comodismo: já têm muitas
pessoas falando de Jesus, eu… para quê? Minha mãe já reza bastante, desse jeito
todo o mundo se converterá, inclusive eu. Meu irmão já vai à Missa todos os
domingos, para que irei eu?
Também a falta de fé impede a
evangelização que devemos, como cristãos, realizar. Muitos católicos vivem aburguesados,
estão tranquilos por falta de fé. Se a fé fosse viva, se a caridade ardesse em
seus corações quereriam conquistar todos para Deus, fazendo apostolado com a
sua vida e com a sua palavra de fogo em todos os ambientes dessa nossa
sociedade.
A falta de estratégia as vezes nos
deixa na inatividade: conversas vulgares, sempre as mesmas (além das piadas
malsonantes, vocabulário baixo). É preciso saber elevar o nível, fazer-nos
amigos de nossos conhecidos, atrai-los através da mansidão. Mãe, um segredo: não
se consegue a conversão dos filhos aos gritos. Jovem, você não conseguirá a
conversão daquele seu amigo sem rezar e sem se sacrificar por ele. É preciso
viver a caridade através dos serviços que prestamos; fazer com que eles,
através da nossa amizade, abram o coração; enfim, precisamos fazer um
apostolado de amizade, esse dá certo em qualquer ambiente: no trabalho, na
escola, na faculdade, nas fábricas, nos laboratórios etc. Como apóstolos dos
tempos modernos, o que precisamos é ter uma grande confiança no Senhor. Com fé,
esperança e caridade, seguiremos avante, por Cristo e com Cristo.
Pe. Françoá
Rodrigues Figueiredo Costa
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