Liturgia da Segunda Feira — 18.11.2013
XXXIII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Meus pensamentos
são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis, e hei de
escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro, de onde estiverdes (Jr
29,11s.14).
Leitura (1 Macabeus 1,10-15.41-43.54-57.62-64)
Leitura do primeiro livro dos Macabeus.
1 10 Puseram todos o diadema depois de sua morte, e,
após eles, seus filhos durante muitos anos; e males em quantidade
multiplicaram-se sobre a terra.
11 Desses reis originou-se uma raiz de pecado: Antíoco Epífanes, filho do rei
Antíoco, que havia estado em Roma, como refém, e que reinou no ano cento e
trinta e sete do reino dos gregos.
12 Nessa época saíram também de Israel uns filhos perversos que seduziram a
muitos outros, dizendo: "Vamos e façamos alianças com os povos que nos
cercam, porque, desde que nós nos separamos deles, caímos em infortúnios sem
conta".
13 Semelhante linguagem pareceu-lhes boa,
14 e houve entre o povo quem se apressasse a ir ter com o rei, o qual
concedeu a licença de adotarem os costumes pagãos.
15 Edificaram em Jerusalém um ginásio como os gentios, dissimularam os sinais
da circuncisão, afastaram-se da aliança com Deus, para se unirem aos
estrangeiros e venderam-se ao pecado.
41 Então o rei Antíoco publicou para todo o reino um edito, prescrevendo que
todos os povos formassem um único povo e
42 que abandonassem suas leis particulares. Todos os gentios se conformaram
com essa ordem do rei, e
43 muitos de Israel adotaram a sua religião, sacrificando aos ídolos e
violando o sábado.
54 No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e cinco,
edificaram a abominação da desolação por sobre o altar e construíram altares
em todas as cidades circunvizinhas de Judá.
55 Ofereciam sacrifícios diante das portas das casas e nas praças públicas,
56 rasgavam e queimavam todos os livros da lei que achavam;
57 em toda parte, todo aquele em poder do qual se achava um livro do
testamento, ou todo aquele que mostrasse gosto pela lei, morreria por ordem
do rei.
62 Numerosos foram os israelitas que tomaram a firme resolução de não comer
nada que fosse impuro, e preferiram a morte antes que se manchar com
alimentos;
63 não quiseram violar a santa lei e foram trucidados.
64 Caiu assim sobre Israel uma imensa cólera.
Salmo responsorial 118/119
Vivificai-me, ó Senhor, e guardarei vossa aliança!
Apodera-se de mim a indignação,
vendo que os ímpios abandonam vossa lei.
Mesmo que os ímpios me amarem com seus laços,
nem assim hei de esquecer a vossa lei.
Libertai-me da opressão e da calúnia,
para que eu possa observar vossos preceitos!
Meus opressores se aproximam com maldade;
como estão longe, ó Senhor, de vossa lei!
como estão longe de salvar-se os pecadores,
pois não procuram, ó Senhor, vossa vontade!
Quando vejo os renegados, sinto nojo,
porque foram infiéis à vossa lei.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas
terá a luz da vida (Jo 8,12).
EVANGELHO (Lucas 18,35-43)
18 35 Ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego
sentado à beira do caminho, pedindo esmolas.
36 Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia.
37 Responderam-lhe: “É Jesus de Nazaré, que passa”.
38 Ele então exclamou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”
39 Os que vinham na frente repreendiam-no rudemente para que se calasse. Mas
ele gritava ainda mais forte: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”
40 Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Chegando ele perto,
perguntou-lhe:
41 “Que queres que te faça?” Respondeu ele: “Senhor, que eu veja”.
42 Jesus lhe disse: “Vê! Tua fé te salvou”.
43 E imediatamente ficou vendo e seguia a Jesus, glorificando a Deus.
Presenciando isto, todo o povo deu glória a Deus.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Fé e Ação tem que estar em sintonia,
senão...
O apóstolo São Pedro sempre falava em nome do grupo, às vezes dava
testemunhos belíssimos, outras vezes enfiava os pés pelas mãos. Nesse
evangelho, mais uma vez Pedro é censurado por Jesus, pela sua pouca Fé.
Lembrei-me da minha infância, quando certa vez
brincávamos de circo e eu cismei de equilibrar-me em uma corda grossa,
atravessando de uma árvore a outra, claro que levei um tombaço e passei
alguns dias com dor intensa em uma das pernas, mas por causa do medo, preferi
nada dizer a meus pais.
Mas alguém da nossa turma tinha essa habilidade, e
depois ele nos disse que aprendera com um artista de circo de verdade, “O
Segredo é você olhar à frente e não para baixo onde está o perigo”. Pedro não
se equilibrava sobre uma corda, mas andava sobre as águas, o que é
humanamente impossível...
Enquanto Pedro olhava á frente, onde estava Jesus,
caminhava, mas quando prestou mais atenção na ventania, daí começou a
afundar. Eu acho que Pedro, sendo pescador, sabia nadar, mas o pavor era
tanto que estava paralisado e não conseguia reagir.
Na vida em comunidade é exatamente assim: quando
caminhamos olhando o Ressuscitado que vai á nossa frente, orientando-nos e
incentivando “Vamos, caminha, não desanime, você vai conseguir, eu estou com
você...” caminhamos porque cremos Nele, caminhamos porque Ele está á nossa
frente, ensinando a rota, apontando-nos a meta, corrigindo-nos quando saímos
fora do percurso, vejam bem que os ventos contrários não param de soprar, as
Forças do Mal nunca deixarão de investir sobre a comunidade, mas com os olhos
fixos em Jesus a gente vai caminhando.
Quando porém, por alguma razão desviamos nossa atenção
de Jesus e perdemos o foco do nosso cristianismo, imediatamente sentimos a
força do mal tentando nos destruir e virar o barco da nossa comunidade.
Isso ocorre quando achamos que certas situações que
enfrentamos hoje, não têm mais jeito de se mudar, tem gente que não acredita
que a Família tem jeito, tem gente achando que a juventude não têm mais
jeito, tem gente achando que nem a Igreja tem mais jeito, e assim vai a
esteira de pessimismo e lamentação: Vida conjugal, casamento, política,
economia, está tudo irremediavelmente perdido, o Domínio da Força do Mal é
uma triste realidade, não vamos conseguir reverter esse “jogo”, mas vamos
continuar combatendo, só para cumprir tabela, mas o mundo não tem mais jeito
não... Nossos vícios e fraquezas, aqueles pecados que vira e mexe cometemos,
achamos que é mais forte que nós!
Quando esse pensamento nos domina, então começamos
afundar, como Pedro, e quando achamos que a Vaca já vai indo realmente para o
Brejo, clamamos por Jesus, sua mão forte, generosa, cheia de ternura, nos
segura firmemente e nos arranca das Forças do Mal, quando damos por nós,
estamos novamente a caminho, buscando a Santidade, lutando prá valer,
combatendo o bom combate. Onde arranjamos força? No Cristo Jesus, na
Eucaristia que nos abastece, na Palavra que nos liberta e nos encoraja.
Comunidade é o lugar do desafio, mas também é o lugar
onde, na travessia dessa Vida, temos o Senhor junto a nós, e de joelhos
dobrados o adoramos, Ele é o nosso Senhor, nosso Deus, aquele que nos
conduzirá ao Porto Seguro da Vida Eterna, e os ventos contrários terão de se
dobrar diante Dele... Afinal, o Mal não tem nenhuma chance contra a Igreja de
Cristo, e se alguém estiver em dúvida, devemos lembrar que a Igreja de
Cristo, Una, Santa Católica, já está no Terceiro Milênio de sua História.
Cadê os Reinos e Impérios que investiram contra ela? Não vejo ninguém...
2. Por onde Jesus passa suscita fé e vida
Lucas tomou de Marcos (Mc 10,46-52), com poucas modificações, o relato da
cura do cego. Marcos informa que o nome do cego era Bartimeu – o filho de
Timeu (Mc 10,46).
“Jesus Nazareno está passando”, dizem ao cego (v. 37).
Jesus está se aproximando de Jerusalém, passando por Jericó, um verdadeiro
oásis em meio ao deserto da Judeia. Jesus está sempre de passagem, é um
Messias itinerante. Por onde passa desperta interesse e atrai as pessoas: querem
ouvi-lo, ser tocados por ele e tocá-lo, pois dele “saía uma força que curava
a todos” (Lc 6,19). Por onde passa ele faz viver, ele suscita a fé na vida.
Ao ouvir que era Jesus quem estava passando, o cego
insistentemente grita por compaixão e exprime confiança no Messias davídico:
“Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” (v. 38; cf. Jr 33,15; Ez
34,23-24; 37,24). A insistência em ser ouvido revela a sua confiança em poder
receber a visão (cf. v. 39). Na sua passagem Jesus para, como no episódio em
Naim (cf. Lc 7,11-17), pois ele é compassivo; como Deus, ouviu o clamor do
seu povo escravo no Egito (cf. Ex 3,7-9).
“Jesus perguntou: ‘Que queres que eu te faça?’” (v.
41), ao que o cego respondeu: “Que eu veja, Senhor” (v. 41). Ele exprime o
que todo discípulo devia desejar ver. Mas de que visão se trata? “Vê, a tua
fé te salvou” (v. 42). Trata-se da iluminação pela fé que faz ver. O cego é,
aqui, modelo do discípulo que, iluminado pela fé, segue Jesus (v. 43).
ORAÇÃO
Pai, infunde em mim uma fé profunda como a do pobre cego, cujo desejo de ser
curado por Jesus levou-o a se abrir para a verdadeira visão que leva à
salvação.
3. SENHOR, QUE EU VEJA!
Ao fazer a leitura do profeta Isaías, na sinagoga de Nazaré, Jesus
identificou-se com o Messias, ungido pelo Espírito do Senhor, para
"anunciar aos cegos a recuperação da vista". De certo modo, todo o
seu ministério consistiu em ajudar a humanidade a superar a cegueira de que
era vítima. Cegueira do egoísmo, que impede de reconhecer o semelhante como
quem merece afeição. Cegueira da idolatria, que leva o ser humano a trocar
Deus pela criatura e deixar-se tiranizar por ela. Cegueira do pecado, com
suas mais diversas manifestações, cujo resultado é a desumanização da pessoa,
reduzindo-a à mais terrível escravidão.
A súplica do cego de Jericó pode ser a de todo
discípulo: "Senhor, que eu veja!" Sim, o discipulado exige a
libertação de todo tipo de cegueira. Isto só pode ser obra de Jesus. É ele
quem possibilita ao discípulo ter visão e discernimento para fazer as escolhas
certas e optar pelos caminhos mais condizentes com as exigências do Reino.
Contudo, o motor de tudo isto é a fé. No caso do cego
de Jericó, foi a fé que o moveu a implorar misericórdia junto a Jesus. E,
também, pela fé o discípulo é levado a buscar libertação junto a ele. Quanto
mais profunda ela for, tanto mais apurada será a visão do discípulo, ou seja,
maior será sua capacidade de "ver" o que Deus deseja dele.
Oração
Espírito que faz recobrar a visão, abre meus olhos para que eu possa
discernir, com clareza, os caminhos do Reino, e andar por eles, com
determinação e segurança.
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SANTOS ROQUE, AFONSO E JOÃO - PRESBÍTEROS E MÁRTIRES
( VERMELHO, PREFÁCIO COMUM DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA
MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Por amor de Cristo,
o sangue dos mártires foi derramado na terra. Por isso, sua recompensa é
eterna.
Leitura (2 Macabeus 6,18-31)
Leitura do segundo livro dos Macabeus.
6 18 Havia certo homem já de idade avançada e de bela
aparência, Eleazar, que se sentava no primeiro lugar entre os doutores da
lei. Queriam coagi-lo a comer carne de porco, abrindo-lhe a boca à força.
19 Mas ele, cuspindo e preferindo morrer com honra a viver na infâmia,
20 caminhou voluntariamente para o instrumento de tortura, como devem
caminhar os que têm a coragem de rejeitar o que não é permitido comer por
amor à vida.
21 Ora, os encarregados desse ímpio banquete ritual, já desde muito tempo
possuíam relações de amizade com Eleazar. Tomaram-no à parte e rogaram-lhe
que fizesse trazer as carnes permitidas, que ele mesmo tivesse preparado,
para comê-las como se fossem carnes do sacrifício, conforme ordenara o rei.
22 Desse modo, ele seria preservado da morte, e granjearia sua benevolência
em vista da antiga amizade.
23 Mas Eleazar, tomando uma bela resolução, digna de sua idade, da autoridade
que lhe conferia sua velhice, do prestígio que lhe outorgavam seus cabelos
brancos, da vida íntegra conservada desde a infância, digna sobretudo das
sagradas leis estabelecidas por Deus, preferiu ser conduzido à morte.
24 "Não é próprio da nossa idade", respondeu ele, "usar de tal
fingimento, para não acontecer que muitos jovens suspeitem de que Eleazar,
aos noventa anos, tenha passado aos costumes estrangeiros.
25 Eles mesmos, após o meu gesto hipócrita, e por um pouco de vida, se
deixariam arrastar por causa de mim, e isso seria para a minha velhice a
desonra e a vergonha.
26 E mesmo se eu me livrasse agora dos castigos dos homens, não poderia
escapar, nem vivo nem morto, das mãos do Todo-poderoso.
27 Sendo assim, se eu morrer agora corajosamente, mostrar-me-ei digno de
minha velhice, e terei deixado aos jovens um nobre exemplo de zelo generoso,
segundo o qual é preciso dar a vida pelas santas e veneráveis leis".
28 Ditas estas palavras, ele dirigiu-se ao suplício.
29 Aqueles que o levavam transformaram em dureza a benevolência, que pouco
antes haviam tido para com ele, julgando insensatas suas palavras.
30 E quando ele estava prestes a morrer sob os golpes, exclamou entre
suspiros: "O Senhor que possui a ciência santíssima o vê: podendo eu
livrar-me da morte, sofro em meu corpo os tormentos cruéis dos açoites, mas
os suporto com alma alegre porque é a ele que temo".
31 Dessa maneira passou à outra vida, deixando com sua morte não somente aos
jovens, mas também a toda a sua gente, um exemplo de coragem e um memorial de
virtude.
Salmo responsorial 3
É o Senhor quem me sustenta e me protege!
Quão numerosos, ó Senhor, os que me atacam;
quanta gente se levanta contra mim!
Muitos dizem, comentando a meu respeito:
“Ele não acha a salvação junto de Deus!”
Mas sois vós o meu escudo protetor,
a minha glória que levanta minha cabeça!
Quando eu chamei em alta voz pelo Senhor,
do monte santo ele meu ouviu e respondeu.
Eu me deito e adormeço bem tranqüilo;
acordo em paz, pois o Senhor é meu sustento.
Não terei medo de milhares que me cerquem
e, furiosos, se levantam contra mim.
Levantai-vos, ó Senhor, vinde salvar-me!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Por amor, Deus enviou-nos o seu filho como vítima por nossas transgressões
(1Jo 4,10).
EVANGELHO (Lucas 19,1-10)
19 1 Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
2 Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de
impostos.
3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da
multidão, porque era de baixa estatura.
4 Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por
ali.
5 Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe:
“Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa”.
6 Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.
7 Vendo isto, todos murmuravam e diziam: “Ele vai hospedar-se em casa de um
pecador”.
8 Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: “Senhor, vou dar a
metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o
quádruplo”.
9 Disse-lhe Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este
é filho de Abraão”.
10 Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Discípulo de Jesus
A Palavra "mundo" é largamente empregada pelo evangelista João, mas
as vêzes com sentido diferente, neste evangelho por exemplo, mundo não é o
planeta ou a Obra da Criação, mas sim o mundo do mal, dos que deliberadamente
se opõe a Verdade que Deus revelou em Jesus. Odiar é o contrário do Amar, o amor quer
a Vida do outro e a sua alegria, o Ódio quer a morte e a destruição daquele
que é odiado.
O homem quer um Deus forte e poderoso, um ser de moral
irrepreensível, seguidor da lei de Moisés, um Deus que privilegie os justos e
santos, e que castigue implacavelmente os injustos e pecadores. Um Deus que
continue a ter uma raça escolhida, exemplo de pessoas boas, sinceras, e que
por isso mesmo são sempre abençoadas com longa vida, e bens materiais. Um
Deus que se valorize e que não se misture com os míseros mortais.
O primeiro problema na relação da comunidade judaica
tradicional com Jesus, Ele não atende essa expectativa e ainda por cima, se
relaciona com pessoas que nem de longe fazem parte da "raça escolhida e
Nação Santa". Mas o que provocou o ódio e a rejeição a Jesus por parte
dos Judeus tradicionais, foi ele ter se apresentado como Filho de Deus, o
grande esperado e não havia outro.
Os seguidores autênticos de Jesus o imitam em tudo,
ensinam suas palavras, realizam as mesmas obras, ou seja, dão continuidade á
Missão de Jesus tornando-se assim a prova inequívoca de que Jesus
ressuscitou, está vivo e caminha com eles. Quem odeia a alguém, quer ver esse
alguém morto, esmagado e destruído para sempre, e alguém que lembre4 essa
presença, só fará aumentar o ódio dos seus opositores.
Na contemporaneidade essa rejeição e esse ódio por
Jesus, seu evangelho e seu reino, continua. Muda-se a referência, os Judeus
conservadores o odiavam porque ele não correspondia ao modelo de Messias que
eles acreditavam, a partir de suas tradições e da escritura, já o homem da
pós modernidade quer um Jesus que seja á sua imagem e semelhança, adequado a
um estilo de vida que privilegie a busca de prazer, de realização pessoal, em
um egocentrismo exacerbado onde o homem é o deus de si mesmo.
Qualquer postura, pensamento ou atitude que contrarie
tudo isso, irá atrair ódio e rejeição. O discípulo de Jesus sempre navega
contra a correnteza!
2. “Hoje aconteceu a salvação para esta casa”
Com este relato de Zaqueu, próprio de Lucas, o leitor é convidado a aprender
um paradoxo do encontro entre Jesus e Zaqueu: Jesus vinha procurar e salvar
Zaqueu antes mesmo que este buscasse vê-lo e conhecê-lo.
Zaqueu é apresentado em função de Jesus, que devia
passar por lá e que Zaqueu queria ver. O centro de atração de Zaqueu e da
multidão é Jesus. O relato visa, por um lado, à revelação da identidade
perdida de Zaqueu, como homem de fé (“Filho de Abraão – v. 9) e, em segundo
lugar, Zaqueu vai descobrir em Jesus seu Senhor: No v. 3 o narrador diz que
Zaqueu procurava ver quem era Jesus; no v. 8, ele disse ao Senhor: “Pois bem,
Senhor…” Esta transformação foi possível pela iniciativa de Jesus. Jesus, o
Senhor, não é só o ato da transformação, ele a provoca.
Toda a dinâmica do relato vai na direção da identidade
profunda de Zaqueu e Jesus. Procurando ver Jesus, Zaqueu foi visto por ele. O
encontro com Jesus transformou a vida de Zaqueu, inclusive do ponto de vista
ético: “Senhor, a metade dos meus bens eu darei aos pobres, e se prejudiquei
alguém, vou devolver quatro vezes mais.” (v. 8). A salvação vem por Jesus sem
que seja preciso esperar mais: “Hoje aconteceu a salvação para esta casa” (v.
9).
ORAÇÃO
Pai, faze-me puro de coração, como o Zaqueu convertido, tornando-me
desapegado das coisas deste mundo e capaz de dividi-las com os pobres.
3. AS ETAPAS DA SALVAÇÃO
O encontro de Zaqueu com Jesus mostra como a conversão acontece em etapas. De certo
modo, esta revela como a salvação acontece na vida de quem se torna discípulo
do Reino.
O primeiro passo consiste no desejo de ver Jesus. No
caso de Zaqueu, o Evangelho não esclarece os motivos deste anseio. Sabemos,
apenas, ter sido tão forte que nada deteve o homem até vê-lo realizado.
O segundo passo exige a superação de todos os
obstáculos. Para Zaqueu, um empecilho era sua baixa estatura. O problema foi
resolvido: subiu numa árvore.
O terceiro passo comporta deixar-se amar por Jesus, sem
restrições nem desconfiança, abrindo-lhe as portas do coração. Zaqueu desceu
depressa da árvore, para receber Jesus em sua casa, com alegria.
O quarto passo é uma mudança radical de vida. Radical
significa deixar de lado os esquemas e mentalidades antigos, para adequar-se
às exigências do Reino. Isto não se faz com palavras ou com boas intenções,
mas com gestos concretos. Zaqueu dispôs-se a dar metade de seus bens aos
pobres e a ressarcir, quatro vezes mais, aquilo que havia roubado. Desta
forma, ele provou que, realmente, a salvação tinha entrado em sua casa.
Oração
Espírito que gera conversão, toca o meu coração, abrindo-o para acolher a
salvação e manifestá-la com gestos concretos de amor.
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XXXIII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Meus pensamentos
são de paz e não de aflição, diz o Senhor. vós me invocareis, e hei de
escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro, de onde estiverdes (Jr
29,11s.14).
Leitura (2 Macabeus 7,1.20-31)
Leitura do segundo livro dos Macabeus.
7 1 Havia também sete irmãos que foram um dia presos
com sua mãe, e que o rei por meio de golpes de azorrage e de nervos de boi,
quis coagir a comerem a proibida carne de porco. 20 Particularmente admirável
e digna de elogios foi a mãe que viu perecer seus sete filhos no espaço de um
só dia e o suportou com heroísmo, porque sua esperança repousava no Senhor.
21 Ela exortava a cada um no seu idioma materno e, cheia de nobres
sentimentos, com uma coragem varonil, ela realçava seu temperamento de
mulher.
22 "Ignoro", dizia-lhes ela, "como crescestes em meu seio,
porque não fui eu quem vos deu nem a alma, nem a vida, e nem fui eu mesma
quem ajuntou vossos membros.
23 Mas o criador do mundo, que formou o homem na sua origem e deu existência
a todas as coisas, vos restituirá, em sua misericórdia, tanto o espírito como
a vida, se agora fizerdes pouco caso de vós mesmos por amor às suas
leis".
24 Receando, todavia, o desprezo e temendo o insulto, Antíoco solicitou em
termos insistentes o mais jovem, que ainda restava, prometendo-lhe com
juramento torná-lo rico e feliz, se abandonasse as tradições de seus
antepassados, tratá-lo como amigo, e confiar-lhe cargos.
25 Como o jovem não deu importância alguma, o rei mandou que a mãe se
aproximasse e o exortasse com seus conselhos, para que o adolescente salvasse
sua vida;
26 como ele insistiu por muito tempo, ela consentiu em persuadir o filho.
27 Inclinou-se sobre ele e, zombando do cruel tirano, disse-lhe na língua
materna: "Meu filho, compadece-te de tua mãe, que te trouxe nove meses
no seio, que te amamentou durante três anos, que te nutriu, te conduziu e te
educou até esta idade.
28 Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra; reflete bem: tudo o
que vês, Deus criou do nada, assim como todos os homens.
29 Não temas, pois, este algoz, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte,
para que no dia da misericórdia eu te encontre no meio deles".
30 Logo que ela acabou de falar, o jovem disse: "Que estais a esperar?
Não atenderei às ordens do rei; eu obedeço àquele que deu a lei a nossos pais
por intermédio de Moisés.
31 Mas tu, que és o inventor dessa perseguição contra os judeus, não
escaparás à mão de Deus".
Salmo responsorial 16/17
Ao despertar, me saciará vossa presença, ó Senhor!
Ó Senhor, ouvi a minha justa causa,
escutai-me e atende o meu clamor!
Inclinai o vosso ouvido à minha prece,
pois não este falsidade nos meus lábios!
Os meus passos eu firmei na vossa estrada,
e por isso os meus pés não vacilaram.
eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,
inclinai o vosso ouvido e escutai-me.
Protegei-me qual dos olhos a pupila
e guardai-me á proteção de vossas asas.
E verei, justificado, a vossa face,
e, ao despertar, me saciará vossa presença.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos escolhi a fim de que deis, no meio do mundo, um fruto que dure (Jo
15,16).
Evangelho (Lucas 19,11-28)
19 11 Ouviam-no falar. E como estava perto de Jerusalém,
alguns se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar
brevemente; ele acrescentou esta parábola:
12 "Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido
da realeza e depois regressar.
13 Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: ‘Negociai
até eu voltar’.
14 Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores,
para protestarem: ‘Não queremos que ele reine sobre nós’.
15 Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a
quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado.
16 Veio o primeiro: ‘Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas’.
17 Ele lhe disse: ‘Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas
pequenas, receberás o governo de dez cidades’.
18 Veio o segundo: ‘Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas’.
19 Disse a este: ‘Sê também tu governador de cinco cidades’.
20 Veio também o outro: ‘Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada
num lenço;
21 pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não
puseste e ceifas o que não semeaste’.
22 Replicou-lhe ele: ‘Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou
rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei.
23 Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o
teria retirado com juros’.
24 E disse aos que estavam presentes: ‘Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem
dez minas’.
25 Replicaram-lhe: ‘Senhor, este já tem dez minas!
26 Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não
tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem.
27 Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-os e
massacrai-os na minha presença’".
28 Depois destas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a
Jerusalém.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Abrir e doar-se, para ter ainda mais
Em nossas comunidades há pessoas carismáticas dotadas de dons maravilhosos
concedidos por Deus, as pessoas desenvolvem aptidão para alguma coisa, alguma
tarefa, mas há muitos que se omitem em usar seus dons, dizendo que não querem
aparecer, achando que assim estão sendo "humildezinhas", esse é um
grave pecado chamado de omissão... É como aquele servo avarento que recebeu
uma dessas minas para administrar, e com medo da responsabilidade e de uma
punição pelo mau uso do seu talento, manteve o seu dom trancado a sete chaves
para restituir ao Senhor no momento certo porém, a sua produção foi zero,
usou o talento e o dom apenas em benefício próprio, querendo só salvar a sua
vida e a sua alma.
Jesus inaugurou o Reino de Deus entre nós, mas só
inaugurou. Isto é, colocou a pedra fundamental que é ele próprio, e depois
confiou á sua Igreja a missão de edificá-lo. O homem que foi para um país
distante confiou a administração de suas minas a um grupo de pessoas, e como
qualquer bom acionista, Deus quer ver o seu reino se expandir, para que todos
o conheçam e venham dele participar. A construção do Reino de Deus depende
dos homens! Essa afirmação poderá escandalizar os que não a compreenderem,
mais isto é a mais pura verdade. Deus só age quando o homem colabora.
Basta imaginarmos o que teria acontecido com a nossa
Igreja, se o grupo de apóstolos tivessem mantido a comunidade apenas em
Jerusalém, não permitindo que ela se expandisse entre os pagãos, através do
apóstolo Paulo. Nos dias de hoje precisamos pensar com muita seriedade no
ensinamento desse evangelho, pois diante dos desafios da evangelização na pós
modernidade, temos todos a tentação de vivermos o cristianismo
"enterrados" em nossas comunidades cristãs, preservando assim o
santo evangelho como coisa santa e sagrada que não pode e nem deve ser levado
a um ambiente profano que é a sociedade atual e todos os seus segmentos.
Esquecemos que a missão primária da Igreja teve início
com uma ordem do Senhor... "IDE, a todas as Nações da terra". O
cristianismo quando vivido com autenticidade e coerência, tem essa força de
penetrar em qualquer cultura de qualquer época da nossa história, a Palavra
que levamos e o testemunho que vivemos, tem essa força transformadora que
ninguém consegue segurar. É exatamente isso que Deus espera de nós, é essa a
missão que Jesus nos confiou.
Estamos investindo bem e negociando em nossas relações
a riqueza da sua graça, ou egoisticamente queremos guardar tudo para nós e
garantir a nossa salvação? Se assim procedermos, esse pouco que dispomos nos
será tirado e ao chegarmos diante de Deus estaremos de mãos abanando...
2. O medo é contrário à fé
A parábola do rei que viajou para o estrangeiro é equivalente, quanto ao tema
principal, à parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-30). A introdução da
parábola evoca a morte-ressurreição de Cristo, a sua parúsia, a missão
conferida aos servos de cuidar do dinheiro do rei e a resistência e rejeição
do rei por seus concidadãos. Não obstante a resistência e rejeição, ele foi
nomeado rei e voltou para pedir contas de seu dinheiro.
Para o leitor do evangelho fica claro que se trata de
Jesus. O acento é posto no “outro servo”, que enrolou o dinheiro do rei num
lenço e, ao contrário dos outros dois, não valorizou esse dinheiro, por isso
não o fez frutificar. O medo o paralisou, e foi a desculpa da sua inércia, do
seu comodismo. De onde lhe vem este medo? Não será o mesmo raciocínio que
levou Caim a matar Abel: imaginar que Deus pudesse preferir um ao outro?
Fazer-se imagem de Deus pode ser perigoso e induzir a sérios equívocos. O
medo é contrário à fé. O espírito servil precisa ser expurgado da vida cristã
e ceder lugar à liberdade: “Vós não recebestes um espírito de escravos para
cair no medo, mas de filhos adotivos” (Rm 8,15).
ORAÇÃO
Pai, faze de mim um discípulo fiel de Jesus a quem deverei prestar contas do
bom uso dos dons que me concedeu. Que eu seja prudente no meu agir.
3. OS TALENTOS MULTIPLICADOS
A impaciência dos discípulos levava-os a acreditar que o fim dos tempos
estava chegando, e o Reino ia se manifestar glorioso. Jesus advertiu-os a não
se deixarem levar por esta falsa ilusão escatológica. O que haveriam de
experimentar em Jerusalém ainda estava longe de ser o fim.
Servindo-se da parábola dos talentos, Jesus tentou
incutir-lhes uma nova visão da história: antes de chegar o fim, os discípulos
teriam pela frente uma longa estrada a percorrer: seria o tempo de fazer
frutificar os dons recebidos de Deus, por meio da vivência da caridade. Só
depois dar-se-ia o encontro com o Senhor.
Esta maneira de entender a história é altamente
positiva. Leva o discípulo a engajar-se na prática do amor, sem se deixar
impressionar pela escatologia. Cabe-lhe aplicar-se com todo o empenho, de
forma a produzir o máximo possível de frutos, quando chegar o Senhor. Neste
sentido, saberá aproveitar cada momento de sua existência para fazer o bem. E
terá sensatez suficiente para não cruzar os braços, nem se deixar intimidar
diante dos obstáculos que terá de enfrentar.
O discípulo prudente sabe que o Senhor não aceitará
desculpas para justificar o comodismo e o medo. Quem deixar perder-se os
talentos recebidos, receberá o merecido castigo.
Oração
Espírito de engajamento, que eu aplique cada momento de minha vida para fazer
o bem, e assim, os dons que recebi do Senhor se multipliquem em gestos de
misericórdia.
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APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA
( BRANCO, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: O Senhor Deus vos
abençoou, virgem Maria mais que a todas as mulheres. Ele exaltou o vosso
nome: que toso os povos cantem vosso louvor (Jt 13,23.25).
Leitura (Zacarias 2,14-17)
Leitura da profecia de Zacarias
2 14 “Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de
Sião. Eis que venho residir no meio de ti - oráculo do Senhor.
15 Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu
povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos
exércitos.
16 O Senhor possuirá Judá como seu domínio, e Jerusalém será de novo (sua
cidade) escolhida.
17 Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-lo que surge de sua
santa morada”.
Salmo responsorial Lucas 1
O Poderoso fez por mim maravilhas
e santo é o seu nome.
A minha alma engrandece o Senhor,
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador.
Pois ele viu a pequenez de sua serva,
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez por mim maravilhas
e santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração,
chega a todos os que o respeitam.
Demonstrou o poder de seu braço,
dispersou os orgulhosos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e os humildes exaltou.
De bens saciou os famintos
e despediu, em nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor,
como havia prometido aos nossos pais
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus! (Lc 11,28)
EVANGELHO (Mateus 12,46-50)
12 46 Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e
seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar.
47 Disse-lhe alguém: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem
falar-te”.
48 Jesus respondeu-lhe: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”
49 E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: “Eis aqui
minha mãe e meus irmãos.
50 Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu
irmão, minha irmã e minha mãe”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Laços Fortes
Neste evangelho, os parentes de Jesus, sua Mãe e seus irmãos, nos diz o
texto, foram á sua procura, pois queriam levá-lo de volta á casa. Havia um
consenso de que ele estivesse louco, falando e fazendo coisas sem o saber.
Jesus era uma ameaça constante á estrutura do templo,
pois quebrava todas as regras e normas religiosas excludentes, curava as
pessoas de todas as suas enfermidades, e a pessoa nãom precisava oferecer
sacrifício algum pela sua cura. Como a Medicina não estava avançada e as
doenças ou enfermidades psicosomáticas eram muitas, a clientela do templo era
bem numerosa e as ofertas tinham que ser feitas, nem que fosse rolinhas e
pombinhos, para os mais pobres, todos eram tarifados. Era uma forma de se
obter a “pureza” institucionalizada. Quem ganhava com isso? A casta
sacerdotal, que era em sua maioria Latifundiários proprietários doa animais,
vendidos aos cambistas, que os revendiam por um alto preço nas portas do templo,
e os sacerdotes ganhavam duas vezes, na venda para o atravessador e depois na
oferta, onde uma boa parte lhes pertencia, segundo a lei.
Ora, se eu sou beneficiado com um negócio assim,
altamente lucrativo, qualquer pessoa que interferir nesse sistema, tirando a
clientela, vou fazer de tudo para tirá-lo de circulação, daí taxaram de Jesus
de Louco, e com certeza pressionaram seus familiares sobre os riscos que ele
estava correndo, por mexer em
um Vespeiro, quando tornava menos lucrativo o negócio dos
poderosos.
Agora fica fácil compreender a reação de Jesus diante
da comunidade, quando alguém o comunica que sua mãe e seus irmãos estavam
fora e queriam falar-lhe. Os que se deixam levar pelos orientações dos
poderosos desse mundo, não pertencem á Cristo, não são portanto, sua Mãe e
seus irmãos, uma vez que, não é sistema religioso que garante a salvação, mas
trata-se de um Dom oferecido a todos os homens através de Jesus Cristo.
A partir de agora Jesus estabelece laços fortes na
união dos Homens com Deus, quem ouvir a sua Palavra e seguir seus
ensinamentos, procurando fazer a Vontade de Deus, que quer a Vida para todos,
este sim tem com ele intimidade, está com ele em sintonia, esse sim pode ser
chamado de “sua Família” sua Mãe e seus irmãos. Não dá para pertencer a
Cristo mas viver segundo a vontade do mundo...ditada por um sistema que se
omite diante de injustiças e desigualdades, e que decreta a morte do mais
pobre. Quem concorda ou se omite diante dessa estrutura social injusta, não
pode e nem deve apresentar-se como cristão...
2. “do lado de fora”
O texto nos lembra o final do longo discurso sobre a montanha (5,7): “Nem
todo aquele que me diz: ‘Senhor!, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o
que fez a vontade do meu Pai que está nos Céus” (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos dá a razão pela
qual a parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a multidão que
incessantemente acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e seus discípulos,
alimentar-se. A sua família toma a decisão de ir buscá-lo para levá-lo para
casa, pois pensavam que ele estivesse “fora de si” (Mc 3,20-21). Observamos
que o termo irmão, na linguagem bíblica, abrange os parentes.
Chegados os familiares acompanhados da mãe de Jesus
eles são anunciados.
Por duas vezes se diz que estão “do lado de fora” (vv.
46.47). Esta sutil observação parece-nos importante: distante de Jesus, sem
ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem contemplar o que ele faz em favor
da multidão, sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura. É preciso se
aproximar, entrar no “círculo” de Jesus, se aproximar e se deixar envolver
por sua palavra, para poder fazer a experiência de que “o que é loucura no
mundo, Deus escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne ultrapassa os laços de
sangue; é “todo aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus” (v. 59).
ORAÇÃO
Pai, reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs de fé, de forma a
testemunhar que formamos uma grande família, cujo pai és tu.
3.
A MÃE DE JESUS
Esta narrativa de Mateus também é encontrada nos evangelhos de Marcos e
Lucas. A figura central é a "mãe". No processo de geração a
mulher-mãe tem um papel fundamental. A própria Terra é tida como
"mãe" em relação à vida que, sem cessar, desabrocha em sua superfície.
Na narrativa há um confronto entre as multidões às
quais Jesus fala, e sua família, mãe e irmãos, que ficam de fora e procuram
falar com Jesus. A família, tendo a mãe como centro, está na base do conceito
de Israel e é o elo fundamental da continuidade da tradição do judaísmo.
Abraão e sua descendência, a partir de Sara, constituem o povo eleito. Em
continuidade, Davi e sua descendência constituem a dinastia real escolhida
por Javé. O sacerdote hereditário é a base do poder do Templo. Daí as
genealogias que confirmavam as purezas racial e funcional.
Enquanto a pureza religiosa exigia o afastamento das multidões, Jesus se põe
em íntimo contato com elas. Removendo a prioridade dos laços consangüíneos
familiares, que garantiam o privilégio da eleição, Jesus, sem exclusões,
constitui a grande família unida no cumprimento da vontade do Pai, que deseja
vida plena para todos.
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SANTA CECÍLIA - VIRGEM E MÁRTIR
( VERMELHO, PREFÁCIO COMUM OU DAS SANTAS – OFÍCIO DA
MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Louvem as virgens o nome do Senhor,
porque só ele é excelso; sua glória excede a terra e o céu (Sl 148,12ss).
Leitura (1 Macabeus 4,36-37.52-59)
Leitura do segundo livro dos Macabeus.
4 36 Judas e seus irmãos disseram então: “Eis que nossos inimigos estão
aniquilados; subamos agora a purificar e consagrar de novo os lugares
santos”.
37 Reunido todo o exército, subiram à montanha de Sião.
52 No dia vinte e cinco do nono mês, isto é, do mês de Casleu, do ano cento e
quarenta e oito, eles se levantaram muito cedo,
53 e ofereceram um sacrifício legal sobre o novo altar dos holocautos, que
haviam construído.
54 Foi no mesmo dia e na mesma data em que os gentios o haviam profanado, que
o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos, das harpas, das liras e
dos címbalos.
55 Todo o povo se prostrou com o rosto em terra para adorar e bendizer no céu
aquele que os havia conduzido ao triunfo.
56 Prolongaram por oito dias a dedicação do altar, oferecendo com alegria
holocaustos e sacrifícios de ações de graças e de louvores.
57 Adornaram a fachada do templo com coroas de ouro e com pequenos escudos,
consagraram as entradas do templo e os quartos, nos quais colocaram portas.
58 Reinou uma alegria imensa entre o povo e o opróbrio das nações foi
afastado.
59 Foi estabelecido por Judas e seus irmãos, e por toda a assembléia de
Israel que os dias da dedicação do altar seriam celebrados cada ano em sua
data própria, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de
Casleu, e isto com alegria e regozijo.
Salmo responsorial 1Cr 29
Queremos celebrar o vosso nome glorioso.
Bendito sejais vós, ó Senhor Deus,
Senhor Deus de Israel, o nosso pai,
desde sempre e por toda a eternidade!
A vós pertencem a grandeza e o poder,
toda a glória, esplendor e majestade,
pois tudo é vosso: o que há no céu e sobre a terra!
A vós, Senhor, também pertence a realeza,
pois sobre a terra, como rei, vos elevais!
Toda glória e riqueza vêm de vós!
Sois o Senhor e dominais o universo,
em vossa mão se encontra a força e o poder,
em vossa mão tudo se afirma e tudo cresce!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).
EVANGELHO (Lucas 19,45-48)
19 45 Naquele tempo, Jesus entrou no templo e começou a
expulsar os mercadores.
46 Disse ele: "Está escrito: A minha casa é casa de oração! Mas vós a
fizestes um covil de ladrões".
47 Todos os dias ensinava no templo. Os príncipes dos sacerdotes, porém, os
escribas e os chefes do povo procuravam tirar-lhe a vida.
48 Mas não sabiam como realizá-lo, porque todo o povo ficava suspenso de
admiração, quando o ouvia falar.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Lucas explica
Olha São Lucas, a gente aqui do Terceiro Milênio da Era Cristã, está achando
que podemos trabalhar esta reflexão em cima dessa acusação muito grave que
Jesus faz contra os mercadores "Fizestes da minha casa um esconderijo de
Ladrões".
___Vocês estão no caminho certo, mas falta incluir a frase inicial que é
também muito importante "A minha casa é casa de oração...".
___Então há uma relação entre essas duas afirmações?
___Claro que há! Pense que uma casa de oração é antes de tudo um lugar de
encontro...
___Certo! Encontro com os irmãos e irmãs e também com
Deus. Mas encontro para que?
___Ótima pergunta, tem gente que pensa que é um encontro só para rezar.
___Mas não é?
___O Rezar juntos é apenas consequência de quem vive em comunhão e só está em
comunhão com Deus e os irmãos quem se doa, dando algo de si para os outros.
Quando você faz o contrário e tira algo dos outros para si, isso se chama
"Roubo".
___Ah....! Quer dizer que ainda tem muitos
"mercadores" em nossas comunidades?
___Claro que tem! Como tinha nas comunidades primitivas do primeiro século...
Sempre que nos trabalhos pastorais somos um obstáculo para que os irmãos e
irmãs não tenham acesso á esta Vida Nova oferecida por Jesus, estamos na
verdade tirando algo que lhes pertence. Sempre que a Igreja não cumpre sua
missão primária que é evangelizar, está também roubando algo valioso que não
lhe pertence.
___É por isso que os Escribas, os Príncipes dos
Sacerdotes e Chefes do Povo estavam querendo acabar com Jesus? Ele estava
atrapalhando seus "negócios"...
___Isso mesmo., Jesus é alguém que se doa, seus ensinamentos não são apenas
retórica e discurso bonito, olhando para ele e prestando atenção naquilo que
fala e faz, a comunidade facilmente irá se dar conta dos mercenários
disfarçados de pastores que há em seu meio.
2. “Minha casa será casa de oração”
O texto da purificação do Templo encontra-se nos quatro evangelhos (Mt
21,12-13; Mc 11,11.15-17; Lc 9,45-46; Jo 2,14-16).
O que acontece no Templo, por ocasião da Páscoa, é
escandaloso. As pessoas ligadas ao Templo, aproveitando-se da obrigatoriedade
de oferecer sacrifícios e da distância que os peregrinos percorriam a pé para
chegar a Jerusalém, comercializam todo tipo de animais prescritos pela Lei
para o sacrifício. Além disso, havia uma moeda própria do Templo, por isso
devia ser pura, isto é, sem nenhuma efígie; o câmbio, que todas as pessoas
tinham que fazer, acontecia no próprio Templo.
O texto de Lucas se limita dizer que Jesus expulsava os
comerciantes do Templo (cf. v. 45), sem mencionar, ao contrário de João,
Marcos e Mateus, como Jesus o fez. O cuidado do Templo é responsabilidade do
rei. Jesus entra em Jerusalém como rei. O seu ensinamento não é feito somente
de palavras; o gesto que ele acaba de fazer ensina: “Minha casa será casa de
oração” (v. 46). O cerco sobre Jesus vai se fechando; seus adversários querem
eliminá-lo (cf. v. 47).
ORAÇÃO
Espírito purificador, tira do meu coração toda sorte de maldade e de egoísmo,
que o tornam indigno de ser morada de Deus.
3.
A FUNÇÃO DO TEMPLO É RECOBRADA
Jerusalém era a meta da longa marcha de Jesus. Aí, o Templo constituía seu
ponto final. Por que? Porque o Templo, na religião judaica, era o lugar da
morada de Deus no meio do povo. Para Jesus, é a casa do Pai. E, como Filho, é
para a casa do Pai que ele se dirige.
O Mestre decepcionou-se com o que viu: o Templo fora transformado num
antro de exploradores inescrupulosos, que se serviam do espaço sagrado para
enriquecer, lançando mão dos mais vis artifícios de exploração. Na mais total
impunidade, e com a cobertura dos sacerdotes, davam a impressão de estar
prestando um grande serviço aos peregrinos. Situação, porém, insuportável
para Jesus!
A expulsão dos vendedores e compradores teve a finalidade de fazer o
Templo recobrar sua verdadeira função: ser casa de oração, portanto, lugar de
encontro com o Pai e reabastecimento espiritual, espaço de vivência da fraternidade
e da igualdade. Enquanto "casa", seria o espaço do encontro dos
filhos de Deus.
Uma vez purificado, o Templo tornou-se lugar privilegiado da pregação de
Jesus. Ao ouvi-lo, o povo ficava extasiado, e se apinhava ao seu redor.
Agora, sim, voltara a ser casa do Pai, onde o Filho se sente à vontade para
falar das coisas de Deus. Os projetos malévolos dos sacerdotes e dos escribas
não o intimidavam. Afinal, enquanto Filho, aquele lugar lhe pertencia.
Oração
Espírito purificador, tira do meu coração toda sorte de maldade e de egoísmo,
que o tornam indigno de ser morada de Deus.
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XXXIII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Meus pensamentos
são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis, e hei de
escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro, de onde estiverdes (Jr
29,11s.14).
Primeira Leitura (1Mc 6,1-13)
Leitura do Primeiro Livro dos Macabeus.
Naqueles dias, 1o rei Antíoco
estava percorrendo as províncias mais altas do seu império, quando ouviu
dizer que Elimaida, na Pérsia, era uma cidade célebre por suas riquezas, sua
prata e ouro,
2e que seu templo era fabulosamente rico, contendo véus
tecidos de ouro e couraças e armas ali deixadas por Alexandre, filho de
Filipe, rei da Macedônia, que fora o primeiro a reinar entre os gregos.
3Antíoco marchou para lá e tentou apoderar-se da cidade,
para saqueá-la, mas não o conseguiu, pois seus habitantes haviam tomado
conhecimento do seu plano
4e levantaram-se em guerra contra ele. Obrigado a fugir, Antíoco
afastou-se acabrunhado e voltou para a Babilônia.
5Estava ainda na Pérsia, quando vieram comunicar-lhe a
derrota das tropas enviadas contra a Judeia.
6O próprio Lísias, tendo sido o primeiro a partir de lá à
frente de poderoso exército, tinha sido posto em fuga. E os judeus
tinham-se reforçado em armas e soldados, graças aos abundantes despojos que
tomaram dos exércitos vencidos.
7Além disso, tinham derrubado a Abominação, que ele havia
construído sobre o altar de Jerusalém. E tinham cercado o templo com altos
muros, e ainda fortificado Betsur, uma das cidades do rei.
8Ouvindo as notícias, o rei ficou espantado e muito agitado.
Caiu de cama e adoeceu de tristeza, pois as coisas não tinham acontecido
segundo o que ele esperava.
9Ficou assim por muitos dias, recaindo sempre de novo numa
profunda melancolia, e sentiu que ia morrer.
10Chamou então todos os amigos e disse: “O sono fugiu de
meus olhos, e meu coração desfalece de angústia.
11Eu disse a mim mesmo: A que grau de aflição cheguei e em
que ondas enormes me debato! Eu que era tão feliz e amado, quando era
poderoso!
12Lembro-me agora das iniquidades que pratiquei em Jerusalém. Apoderei-me
de todos os objetos de prata e ouro que lá se encontravam, e mandei
exterminar sem motivo os habitantes de Judá.
13Reconheço que é por causa disso que estas desgraças me
atingiram, e com profunda angústia vou morrer em terra estrangeira”.
Salmo responsorial 9A
Cantarei de alegria, ó Senhor, pois me livrastes!
Cantarei de alegria, ó Senhor, pois me livrastes!
Senhor, de coração vos darei graças,
as vossas maravilhas cantarei!
Em vós exultarei de alegria,
cantarei ao vosso nome, Deus Altíssimo!
Voltaram para trás meus inimigos,
perante vossa face pereceram.
Repreendestes as nações, e os maus perdestes,
apagastes o seu nome para sempre.
Os maus caíram no buraco que cavaram,
nos próprios laços foram presos os seus pés.
Mas o pobre não será sempre esquecido,
nem é vã a esperança dos humildes.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; como trouxemos a
imagem do homem terrestre, assim também traremos a imagem do homem celeste.
(1Cor 15,42.49).
Evangelho (Lucas 20,27-40)
Naquele tempo, 27aproximaram-se de
Jesus alguns saduceus, que negam a ressurreição,
28e lhe perguntaram: “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: se
alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a
viúva a fim de garantir a descendência para o seu irmão.
29Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem
deixar filhos.
30Também o segundo
31e o terceiro se casaram com a viúva. E assim os sete:
todos morreram sem deixar filhos.
32Por fim, morreu também a mulher.
33Na ressurreição, ela será esposa de quem? Todos os sete
estiveram casados com ela”.
34Jesus respondeu aos saduceus: “Nesta vida, os homens e as
mulheres casam-se,
35mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos
mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em
casamento;
36e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos,
serão filhos de Deus, porque ressuscitaram.
37Que os mortos ressuscitam, Moisés também o indicou na
passagem da sarça, quando chama o Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e
o Deus de Jacó’.
38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos
vivem para ele”.
39Alguns doutores da Lei disseram a Jesus: “Mestre, tu
falaste muito bem”.
40E ninguém mais tinha coragem de perguntar coisa alguma a
Jesus.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Lá vem os Saduceus com suas historinhas...
Quem é que já não teve a tentação de imaginar o céu como uma continuidade
dessa vida? Os Fariseus vêm até Jesus com uma Histórinha maluca e até cômica.
Eram sete irmãos e um deles tomou uma certa mulher como esposa, entretanto
ele morreu. Como era costume e com base na Lei de Moisés, um dos irmãos a
tomou como esposa, mas um dia esse também “Bateu a Cacholeta”.
Imediatamente um outro irmão dos cinco restantes, desposou a tal viúva que
deveria ser “Fogo”...
O terceiro também não aguentou o “tranco” e veio a
falecer. Bom, os sete irmãos, cada um a seu tempo, desposou essa mulher e daí
vem a perguntinha inoportuna e sem cabimento: Na Vida Eterna ela será esposa
de qual deles?
Seria um despropósito imaginarmos que vamos levar
conosco para a Vida Eterna nossos probleminhas de relacionamento desta vida.
Primeiro, que se não resolvemos aqui nossos problemas existenciais ou de
relacionamento, não vai ser lá que vamos resolver.
A Vida Plena de comunhão com Deus comporta uma
continuidade mas também uma descontinuidade: seremos nós mesmos, mas de um
outro jeito! Nesta vida terrena as nossas relações, ao mesmo tempo em que nos
aguça para o amor, também denuncia a nossa incapacidade de um amor total como
o de Jesus, entretanto, ao atingirmos a plenitude do céu não haverá mais
limites ou qualquer impossibilidade nesse sentido, porque estaremos em Deus e
com Deus, que é a Plenitude da plenitude.
O Céu é uma comunidade. Estaremos em comunhão com as
pessoas mas o elo dessa comunhão não será mais o nosso empenho e esforço, as
relações serão perfeitas porque Deus mesmo será o nosso elo de comunhão, em
Deus seremos Tudo em Todos.
Então para que servem as nossas relações neste mundo,
principalmente a vida conjugal apresentada neste evangelho? Exatamente para
exercitarmos a vivência desta comunhão que jamais deve buscar a si, mas ao
outro, fazer o outro feliz, ao passo que o outro, deverá ter tomado a decisão
de ser sempre feliz, , independente se o outro irá fazê-lo feliz ou não pois
no céu, para ser feliz não dependeremos mais uns dos outros, mas apenas de
Deus e por isso, essa esperada e sonhada felicidade, já está de certo modo
garantida em Jesus
Cristo.
Os Saduceus só conseguem imaginar o céu dentro de
categorias humanas, se fosse assim, o céu de Deus não seria um lugar tão
bonito e perfeito!
2. Os ressuscitados não podem mais morrer
Os saduceus não são propriamente um grupo religioso, mas uma espécie de
aristocracia ligada ao Templo de Jerusalém. Eles não acreditam na
ressurreição dos mortos (cf. v. 27; At 23,8), ao contrário dos fariseus.
Considerando o modo como eles apresentam o caso, a ressurreição na concepção
deles é uma espécie de prolongamento ou repetição da vida presente.
O caso apresentado por eles é absurdo e, provavelmente,
tem o intuito de ridicularizar a fé na ressurreição (vv. 19-23). Para isso,
recorrem à lei do levirato (= cunhado): “Se dois irmãos viverem juntos e um
deles morrer sem filhos, a viúva não sairá de casa para casar-se com um
estrangeiro; seu cunhado se casará com ela e cumprirá com ela os deveres
legais de cunhado; o primogênito que nascer continuará o nome do irmão morto,
e assim não se apagará o nome dele em Israel” (Dt 25,5-6).
Na resposta Jesus revela a ignorância deles:
interpretam mal a Escritura e desconhecem o poder de Deus, supondo que a
morte anulasse o poder de Deus.
Eles pensavam, como dissemos, que a ressurreição fosse
continuidade da vida terrena. É preciso se abrir à novidade de Deus e nele
esperar: “os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da
ressurreição dos mortos não se casam; e já não poderão morrer” (vv. 35-36).
Ora, sem a relação ao Deus dos vivos, a própria Escritura é letra morta.
Jesus faz remontar a crença na ressurreição a Moisés: “Que os mortos
ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente,
quando chama o Senhor de “Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó’” (v.
37).
A ressurreição não pode ser pensada como pura e simples
continuidade de nossa vida terrestre. Há uma ruptura com nossa vida neste
mundo: “Neste mundo, homens e mulheres se casam”, mas no mundo futuro e na
ressurreição não se casam (v. 34.35). Os ressuscitados têm um ponto em comum
com os anjos: eles não podem mais morrer; logo, não necessitam mais de
descendência. Deus é o Deus dos vivos (cf. v. 38): “Ninguém de nós vive e
ninguém de nós morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que
vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos” (Rm 14,7-8).
ORAÇÃO
Pai, és Deus da vida e Deus dos vivos, e queres todos os seres humanos em
comunhão contigo para sempre. Ajuda-me a viver, já nesta vida, esta comunhão
eterna.
3.
A VIDA SUPERA A MORTE
Ao questionar Jesus, os saduceus tinham a intenção de ridicularizar os
fariseus, cuja fé na ressurreição dos mortos era bem conhecida, por ser uma
crença propagada nos meios populares. Os saduceus queriam também conhecer a
posição de Jesus, para saber de que lado se posicionava.
O ponto de partida da pergunta foi uma história um
tanto grotesca, fundada numa teologia mal-enfocada. Supunha-se, erroneamente,
que a ressurreição fosse a continuação pura e simples da vida terrena. Que a
humanidade está envolvida por um determinismo cruel, estando todos os seres
humanos fadados a idêntico destino eterno. Que a morte supera a vida, pois é
para o sheol, lugar de trevas e sombra, que caminham todas as pessoas. Que Deus
não tem o poder de interferir no destino eterno delas.
Jesus responde, estabelecendo uma distinção entre
"este mundo" e o "outro mundo". O erro dos saduceus
consiste em
confundi-los. O ser humano está destinado a viver neste
mundo, sem perder de vista o outro. Sendo Deus o Senhor da vida, pode doá-la
tanto neste mundo quanto no outro. Entretanto, no mundo vindouro, a vida será
vida plena, sem as limitações da vida terrena. Cessam, aí, as preocupações
terrenas, como casar-se e dar-se em casamento, e desaparece, também, as
ameaças da morte. A comunhão com o Pai torna-se penhor de vida eterna. A
morte dá início, neste caso, a uma explosão de vida.
Oração
Espírito vivificador, que a esperança na ressurreição dos mortos me faça
viver neste mundo, sem perder de vista que meu destino é a vida plena, na
comunhão com o Pai.
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Liturgia do Domingo 24.11.2013
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO — ANO C
( BRANCO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA
SOLENIDADE )
__ "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reinado" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO:
A celebração de hoje marca o ponto de chegada do nosso ano litúrgico.
Celebramos, neste período, os mistérios da vida de Jesus Cristo, desde seu
nascimento até sua morte e ressurreição, sua ascensão, Pentecostes, a memória
da Virgem Maria e dos Santos, conduzidos, neste ano, pelo evangelista Lucas.
No último domingo do ano litúrgico celebramos a Festa de Cristo Rei,
significando que na caminhada de mais um ano de fé, queremos coroá-lo como
nosso Rei. Por isso, a liturgia nos convida a contemplar a realeza e a
divindade de Cristo: é o Rei da paz, do amor, da justiça, da santidade. Neste
domingo, concluímos o Ano da Fé, instituído pelo Papa Emérito Bento XVI, em
11 de outubro de 2012, quando celebramos os 50 anos de abertura do Concílio
Vaticano II. A Igreja no Brasil comemora hoje o dia dos leigos, os
missionários do Reino de Deus nas diferentes áreas e atividades que tecem a
vida humana, religiosa e social. Louvamos a Deus por tantas mulheres e homens
que vivem profundamente sua vocação batismal, colocando-se inteiramente a
serviço da Boa Nova, anunciada, vivida e celebrada.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS:
Com a Solenidade de Cristo Rei do Universo, a Igreja encerra o Ano
Litúrgico e, no Brasil, inicia a Campanha para a Evangelização. Junto com
toda a Igreja, nossa comunidade encerra também o Ano da Fé, com a solene
profissão do Credo em todas as missas. Dessa forma, participamos com
entusiasmo desse momento eclesial tão importante. Esperamos que os frutos do
Ano da Fé repercutam em nossas vidas e na missão de anunciar o amor de Deus a
todas as criaturas. Que a Campanha para a Evangelização seja um testemunho de
fé e de compromisso missionário. Também lembramos que hoje é o Dia do Leigo,
de quem depende em grande parte a vida e a missão da Igreja.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Cristo é
chamado a dirigir o povo de Deus, a ser seu condutor; sua realeza é de origem
divina e tem o primado sobre tudo, porque nele o Pai pôs a plenitude de todas
as coisas. No entanto, o evangelho de Lucas apresenta a realeza de Jesus
narrando a paródia da sua investidura como Rei dos Judeus na cruz., que
lembra a outra paródia que se deu no pretório de Pilatos e narrada pelos outros
evangelistas. A investidura real de Jesus se desenrola em torno da cruz,
trono improvisado do novo Messias. Para tornar mais evidente essa
aproximação, Lucas recorda a inscrição que encabeça a cruz, mas sem dizer que
se trata de um motivo de condenação. Assim, a inscrição tem o lugar da
palavra de investidura, como a do Pai que investe seu filho no batismo. Além
disso, Lucas introduz aqui um episódio que se refere a outro lugar e lhe
acrescenta uma frase com a qual a multidão espera que Jesus se manifeste como
rei; mas ele não quer que sua realeza lhe advenha da fuga à sua sorte, e sim
de sua fidelidade à ela!
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor
ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor!
JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO. CRISTO, SENHOR
DA PAZ E DA UNIDADE
Antífona da entrada: O Cordeiro que
foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a
honra. A ele glória e poder através dos séculos (Ap 5,12; 1,6 (aqui seria
13))
Comentário das Leituras: As três
leituras bíblicas deste último domingo do ano litúrgico, sob diversos
ângulos, incidem no tema da realeza. A unção de Davi como rei de Israel por
volta do ano mil antes de Cristo é tipo messiânico da Realeza de Cristo – o
Ungido, cuja paixão e cruz é o testemunho máximo ao serviço do Reino de Deus,
e cujo senhorio universal e salvífico culmina na reconciliação com Deus e de
todos os seres pelo sangue de sua cruz. No dia em que festejamos Jesus Cristo
Rei do Universo e encerramos solenemente o Ano da Fé, ouçamos com atenção as
leituras, para que possamos compreender a natureza e o poder do Reino que
Jesus inaugurou na terra e, assim, professarmos nossa fé com convicção e
amor.
Primeira Leitura (2 Samuel 5,1-3)
Leitura do segundo livro de Samuel.
5 1 Todas as tribos de Israel vieram ter com Davi em
Hebron e disseram-lhe: “Vê: não somos nós teus ossos e tua carne?
2 Já antes, quando Saul era nosso rei, eras tu que dirigias os negócios de
Israel. O Senhor te disse: ‘és tu que apascentarás o meu povo e serás o chefe
de Israel’”.
3 Vieram, pois, todos os anciãos de Israel ter com o rei em Hebron. Davi fez
com eles um tratado diante do Senhor e eles sagraram-no rei de Israel.
Salmo responsorial 121/122
Quanta alegria e felicidade: vamos à casa do Senhor!
Que alegria quando ouvi que me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.
Para lá sobem as tribos de Israel,
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel,
o nome do Senhor.
A sede da justiça lá está
e o trono de Davi.
Segunda Leitura (Colossenses 1,12-20)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
1 12 Sede contentes e agradecidos ao Pai, que vos fez
dignos de participar da herança dos santos na luz.
13 Ele nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no Reino de seu
Filho muito amado,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15 Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação.
16 Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas
visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo
foi criado por ele e para ele.
17 Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele.
18 Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito
dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas.
19 Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude
20 e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por
intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a
paz a tudo quanto existe na terra e nos céus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
É bendito aquele que vem vindo, que vem vindo em nome do Senhor; e o reino
que vem seja bendito, ao que vem e a seu reino, o louvor! (Mc 11,9s).
EVANGELHO (Lucas 23,35-43)
23 35 A
multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes
escarneciam de Jesus, dizendo: “Salvou a outros, que se salve a si próprio,
se é o Cristo, o escolhido de Deus!”
36 Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam-se dele,
ofereciam-lhe vinagre e diziam:
37 “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo”.
38 Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: “Este é o rei dos judeus”.
39 Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: “Se és o
Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”
40 Mas o outro o repreendeu: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo
suplício?
41 Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas
este não fez mal algum”.
42 E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu
Reino!”
43 Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”.
LEITURAS DA SEMANA DE 25 de
Novembro a 01 de Dezembro de 2013:
2ª Vd - Dn 1,1-6.8-20; Dn 3,52-56; Lc 21,1-4
3ª Br - Dn 2,31-45; Dn 3,56-61; Lc 21,5-11
4ª Br - Dn 5,1-6.13-14.16-17.23-28; Dn 3,62-67; Lc 21,12-19
5ª Vd - Dn 6,12-28; Dn 3,68-74; Lc 21,20-28
6ª Vd - Dn 7,2-14; Dn 3,75-81; Lc 21,29-33
Sb Br - Rm 10,9-18; Sl 18(19); Mt 4,18-22
Dm Rx - 1º DOM. DO ADVENTO. (ano A): Is 2,1-5; Sl 121(122);
Rm 13,11-14a; Mt 24,37-44 (Vigilância)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Reino começa hoje
Intrigante o diálogo dos dois ladrões e o diálogo de um deles com Jesus e que
termina com uma afirmativa belíssima, que pode ser a motivação maior deste
Evangelho na Festa de Cristo Rei. Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.
Imaginamos que o assim chamado Bom Ladrão, foi acolhido
no céu logo após sua morte ali na cruz, ao lado de Jesus. Entretanto a
afirmativa acena para um Reino que começou ali na cruz e que irá se consumir
na Vida Eterna. O leitor poderá até pensar: mas que começo trágico desse
Reino, que perspectiva pode ter um reino, que no seu início tem seu
idealizador morto com requintes de crueldade no madeiro da cruz, morte
humilhante e vergonhosa? Nem seus seguidores mais fiéis estavam ali, apenas
um deles junto as mulheres...
Para São Lucas, que realça a Salvação a toda humanidade,
a cruz inaugura o Reino e o retorno do paraíso, não só daquele ladrão
arrependido, mas de toda humanidade e assim, a derrota humilhante é na
verdade a vitória. O Amor é mais forte que a morte! O Reino é o Amor, e o
Amor é o Reino. O tempo do Amor, da Justiça e da Paz está definitivamente
inaugurado entre os homens e Deus manifestado em Jesus de Nazaré, começa o
seu Reinado que não terá fim, ao contrário do Império que o condenou.
Jesus manifestou o Amor da plenitude junto com a
Misericórdia, nos ensinamentos e palavras, nas ações sempre a favor da
Vida. Os príncipes dos sacerdotes, os soldados e um dos ladrões, não viram
Nele nada disso pois cada um tinha sua divindade, os Príncipes dos Sacerdotes
seguiam a Santa Lei de Moisés, os soldados viam deus no Imperador, e o Ladrão
que o desafia com impropérios, nem consegue ver ou sentir deus em algo ou em
alguém, ele fez sua opção pelo mal e já se conformou com ele, não vendo
mais nenhuma saída para sua vida.
O outro Ladrão não é melhor que os demais, mas consegue,
do meio da sua maldade que o havia condenado, enxergar que há um Bem naquele
Homem, vendo nele algo que vislumbre o próprio Deus... Ele não fez mal algum,
portanto, vê com nitidez o Bem nas ações de Jesus. Foi o seu primeiro ato de
Fé em Jesus Cristo,
acreditando no Bem que ele veio nos trazer, não vendo Nele nenhum Mal.
Muitas vezes até cremos em Cristo mas não conseguimos
vislumbrar suas ações do Bem em nosso meio. Onde está então o Reino de DEUS,
que Jesus inaugurou em nosso meio? Seria ingenuidade querermos enxergá-lo só
dentro da nossa Igreja.
Aonde houver alguém se doando, se entregando por amor,
vivendo a esperança e a misericórdia em suas relações, aonde houver gente
vivendo o perdão, aonde houver gente lutando pela Vida, brigando pela Justiça,
a Paz e a Igualdade, ali estará Cruz do Senhor, ali estará o Reino, não
ainda em sua forma definitiva.
Que palavras saem de nossa boca, clamor humilde mas
cheio de esperança, como daquele ladrão, ou maledicências e impropérios, como
aqueles que desafiavam o Cristo na Cruz?
Viva Cristo Rei!
2. “Meu reino não é deste mundo”
A solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, é a festa de
encerramento do ano litúrgico.
Há nos evangelhos um único texto em que Jesus assume o
título de rei: “O sumo sacerdote o interrogou de novo: ‘És tu o Messias, o
Filho do Deus Bendito?’ Jesus respondeu: ‘Eu sou’” (Mc 14,61-62).
De resto, Jesus rejeita para si o título de rei que
pudesse identificá-lo com a esperança de restaurar a monarquia davídica e a
libertação do país da dominação estrangeira. Jesus rejeita todos os títulos
que poderiam fazer pensar no desejo de poder (Mc 1,25.34.44; 3,12; 5,43;
7,36; 8,26.30).
O poder observado no mundo não é o vivido por Jesus e
proposto aos seus discípulos: “Para vós, não será assim” (ver: Lc 22,24-27).
Jesus se distancia de toda forma de poder e distingue a concepção de poder da
comunidade dos discípulos com a comum dos “grandes deste mundo”. O que deve
ser buscado por toda a Igreja é a prioridade do serviço: “O maior é aquele
que serve” (Lc 22,27).
Perguntado por Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” (Jo
18,33), Jesus responde: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). A única
realeza que Jesus aceita é a da cruz.
Os evangelhos recordarão, então, a inscrição sobre a
cruz: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Mt 27,37; Mc 15,26; Lc 23,38; Jo
19,19-22). A partir da cruz, sobre o título de rei, não paira nenhuma
ambiguidade, pois a realeza de Jesus é o serviço até a entrega radical da
própria vida, como ato de amor supremo. Jesus, Rei do universo, inaugura um
modo de vida que não admite o gosto do poder, tal qual “as nações” o
compreendem.
As três interpelações dos que zombavam de Jesus (vv.
35.37.39) lembram as interpelações do relato das tentações (cf. Lc 4,1-13).
Isto pode nos fazer compreender que a cruz do Senhor é o lugar da tentação
suprema que ele vence: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito” (23,46).
No relato das tentações como na paixão, a tentação é a
mesma: usar o poder em benefício próprio, usar da condição de Filho de Deus e
de Messias para si mesmo. O silêncio do Senhor sobre a cruz ante as
interpelações e zombarias é expressão de sua rejeição de todo poder mundano
que o desviasse de realizar a vontade do Pai.
A cruz é o lugar em que se exerce a realeza tipicamente
jesuânica: o poder de salvar, de dar a vida. À súplica do malfeitor: “...
lembra-te de mim, quando começares a reinar” (v. 42), Jesus responde: “...
hoje estarás comigo no Paraíso” (v. 43; cf. Lc 4,21).
ORAÇÃO
Espírito de fidelidade ao Pai, faze o Reino acontecer na minha vida, como
aconteceu com Jesus, levando-me a viver na absoluta submissão ao querer do
Pai.
3. ESTE É O REI DOS JUDEUS!
A crucifixão de Jesus constituiu-se em um trauma para os discípulos. Eles
esperavam que seu Mestre fosse um Messias-rei glorioso, cheio de poder, capaz
de pôr fim à opressão romana. Por isso, diante do Crucificado, viram
esvair-se todas as suas esperanças.
Contudo, a inscrição afixada no alto da cruz -
"Este é o rei dos judeus" - era verdadeira. Efetivamente, Jesus era
"rei dos judeus", mas seu reino era bem diferente daquele que os
discípulos e os adversários esperavam.
Uns e outros não conseguiam perceber a dinâmica de
salvação em que estava envolvida a morte de cruz. Ali, Jesus estava salvando
toda a humanidade, por ser o Cristo de Deus, o eleito. A crucifixão resultava
de sua fidelidade total ao Pai, Senhor de sua existência.
Isto significava que a vontade divina sempre fora o
imperativo na vida do Filho de Deus. O Reino do Pai tornara-se o Reino de
Jesus. Reino articulado no querer divino, e não na força das armas, da
violência, das conquistas, da opressão. Por conseguinte, os judeus e todos os
que quisessem salvar-se, deveriam aderir a este Reino, cujo Rei é Jesus.
Os dois ladrões, também crucificados com o Mestre,
revelaram duas atitudes contrastantes diante desse Rei: um o rejeitou como
fraco e impotente; o outro o acolheu e o reconheceu como sendo vítima da
injustiça. A este Jesus acolheu em seu Reino!
Oração
Espírito de fidelidade ao Pai, faze o Reino acontecer na minha vida, como
aconteceu com Jesus, levando-me a viver na absoluta submissão ao querer do
Pai.
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