Liturgia da Segunda Feira — 27.08.2012
Antífona da entrada: A mulher que teme a Deus será louvada; seus filhos a
proclamam feliz e seu marido a elogia (Pr 31,30.28).
Leitura (2
Tessalonicenses 1,1-5.11-12)
Leitura da segunda carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
1 1 Paulo, Silvano e Timóteo à
igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus
Cristo.
2 A vós, graça e paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo!
3 Sentimo-nos na obrigação de incessantemente dar graças a Deus a respeito de
vós, irmãos. Aliás, com muita razão, visto que a vossa fé vai progredindo
sempre mais e desenvolvendo-se a caridade que tendes uns para com os outros.
4 De sorte que nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, pela vossa
constância e fidelidade no meio de todas as perseguições e tribulações que
sofreis.
5 Elas constituem um indício do justo juízo de Deus e de que sereis
considerados dignos do Reino de Deus, pelo qual padeceis.
11 Nesta esperança suplicamos incessantemente por vós, para que nosso Deus
vos faça dignos da vossa vocação e que leve eficazmente a bom termo todo o
vosso zelo pelo bem e a atividade de vossa fé.
12 Para que seja glorificado o nome de nosso Senhor Jesus em vós, e vós nele,
segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Salmo responsorial 95/96
Anunciai as maravilhas do Senhor
entre todas as nações!
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
Cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei seu santo nome!
Dia após dia anunciai sua
salvação,
Manifestai a sua glória entre as nações
E, entre os povos do universo, seus prodígios!
Pois Deus é grande e muito digno
de louvor,
É mais terrível e maior que os outros deuses;
Porque um nada são os deuses dos pagãos.
Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).
Evangelho (Mateus 23,13-22)
Naquele tempo disse Jesus: 23
13 "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o
Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem
entrar.
14 15 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorreis mares e terras
para fazer um prosélito e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do
inferno duas vezes pior que vós mesmos.
16 Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: 'Se alguém jura pelo templo, isto não
é nada; mas se jura pelo tesouro do templo, é obrigado pelo seu juramento'.
17 Insensatos, cegos! Qual é o maior: o ouro ou o templo que santifica o
ouro?
18 E dizeis ainda: 'Se alguém jura pelo altar, não é nada; mas se jura pela
oferta que está sobre ele, é obrigado'.
19 Cegos! Qual é o maior: a oferta ou o altar que santifica a oferta?
20 Aquele que jura pelo altar, jura ao mesmo tempo por tudo o que está sobre
ele.
21 Aquele que jura pelo templo, jura ao mesmo tempo por aquele que nele
habita.
22 E aquele que jura pelo céu, jura ao mesmo tempo pelo trono de Deus, e por
aquele que nele está sentado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Ai de vós...
Após uma fala de Jesus às
multidões e aos discípulos advertindo sobre a falsidade dos chefes religiosos
de Israel, Mateus apresenta sete increpações (três no texto de hoje)
dirigidas aos escribas e fariseus. Elas iniciam-se com a forma do lamento
"ai de vós...". Esta expressão é encontrada no Antigo Testamento,
dirigida aos que se afastam de Deus e praticam a iniquidade. A forma
literária deste texto de Mateus se aproxima das advertências do profeta
Isaías (5,8-22). Em cada uma delas, Jesus especifica os destinatários:
"escribas e fariseus", que são qualificados de
"hipócritas". A hipocrisia é característica do sistema religioso
representado pelos chefes religiosos que se fecham em seu prestígio e poder,
rejeitando a proposta libertadora e vivificante de Jesus.
As advertências destes
"ais" têm como alvo, também, os membros da própria comunidade de
Mateus, com discípulos oriundos do judaísmo, para que não retornem à antiga
prática a que haviam renunciado.
Oração
Pai, dá-me a graça de ser um evangelizador sincero. E livra-me da hipocrisia
de exigir dos outros o que eu mesmo não faço.
2. GUIAS CEGOS!
No intuito de precaver os seus discípulos, Jesus alertava-os quanto ao modo
de viver incoerente dos mestres da Lei e dos fariseus. Estes, na ilusão de
estarem vivendo uma vida modelar, comportavam-se como cegos que querem ser
guias dos outros cegos. A incompatibilidade da pretensão deles manifesta-se
de muitas maneiras.
Pensando ser os autênticos
intérpretes da Palavra de Deus, acabavam por desencaminhar as pessoas,
impedindo-as de entrar no Reino dos Céus. Insistiam nos detalhes da Lei, mas
descuravam o fundamental. Preocupados com a exterioridade, não permitiam que
a vontade de Deus penetrasse, realmente, em seus corações.
Resultado: ao invés de serem
portadores de salvação, acabavam sendo motivo de condenação tanto para os
judeus quanto para os pagãos, convertidos ao judaísmo por sua ação
proselitista. O fanatismo dos convertidos tornava-os merecedores de duplo
castigo.
Outra atitude equivocada dos
mestres da Lei e dos fariseus consistia em confundir as pessoas, por meio de
uma casuística estéril, levando-as a se afastarem da vontade de Deus. É pura
perda de tempo fazer distinções capciosas em torno do mandamento divino se,
no fundo do coração, a pessoa não tem a intenção de pautar sua vida por ele.
Este tipo de casuísmo é resultado de uma cegueira insensata.
Oração
Espírito de clarividência, sê meu guia seguro no caminho da fidelidade ao
Reino, precavendo-me contra quem, indevidamente, quer arvorar-se em líder.
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Antífona da entrada: No meio da Igreja, o Senhor colocou a palavra nos seus
lábios; deu-lhe o espírito de sabedoria e inteligência e o revestiu de glória
(Eclo 15,5).
Leitura (2
Tessalonicenses 2,1-3.14-17)
Leitura da segunda carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
2 1 No que diz respeito à vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com ele, rogamo-vos, irmãos,
2 não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por
alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de
nós e que vos afirmassem estar iminente o dia do Senhor.
3 Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e
deve manifestar-se o homem da iniqüidade, o filho da perdição,
14 E pelo anúncio do nosso Evangelho vos chamou para tomardes parte na glória
de nosso Senhor Jesus Cristo.
15 Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós
aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa.
16 Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu
consolação eterna e boa esperança pela sua graça,
17 consolem os vossos corações e os confirmem para toda boa obra e palavra!
Salmo responsorial 95/96
O Senhor vem julgar nossa terra!
Publicai entre as nações:
"Reina o Senhor!"
Ele firmou o universo inabalável,
e os povos ele julga com justiça.
O céu se rejubile e exulte a
terra,
aplauda o mar com o que vive em suas águas;
os campos com seus frutos rejubilem.
E exultem as florestas e as
matas
na presença do Senhor, pois ele vem,
porque vem para julgar a terra inteira.
Governará o mundo todo com justiça,
e os povos julgará com lealdade.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A palavra do Senhor é via e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções
do coração (Hb 4,12).
Evangelho (Mateus 23,23-26)
Naquele tempo, 23 23 disse
Jesus: "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da
hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da
lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar
em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante.
24 Guias cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo.
25 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o
prato e por dentro estais cheios de roubo e de intemperança.
26 Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que
também o que está fora fique limpo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Denúncia contundente
Com mais duas increpações,
introduzidas com a advertência: "Ai de vós...", temos a
continuidade da contundente denúncia de Jesus aos escribas e fariseus,
integrantes da cúpula religiosa de Israel.
Nas comunidades do evangelista
Mateus, havia membros oriundos do judaísmo que ainda frequentavam a sinagoga.
Pressionados por seus antigos chefes religiosos, estavam diante do dilema: ou
abandonariam a sua fé em Jesus ou seriam expulsos da sinagoga.
Mateus, com os sete
"ais", exprime o anúncio de Jesus confrontando-o com a doutrina das
sinagogas. Embora se dirijam aos chefes religiosos, eles têm o caráter de
instrução às comunidades, advertindo-as contra a incoerência desta doutrina.
Lucas também reproduz estas advertências em "ais" em seu evangelho,
de maneira mais resumida, em diferente contexto. Mateus, aos "ais",
acrescenta a qualificação de hipócritas aos escribas e fariseus.
Com esta contundente denúncia,
Mateus tem em vista demover os membros de sua comunidade do retorno às
sinagogas. Afastando-se de uma religião opressora e excludente, na comunidade
eles encontram o jugo suave de Jesus, na liberdade, na misericórdia e no
amor.
Oração
Pai, dá-me pureza de coração para que do meu interior brotem a justiça, a
misericórdia e a fidelidade, e assim, eu possa guiar meus semelhantes na
caminhada para ti.
2. CEGUEIRA E
HIPOCRISIA
O exagero dos mestres da Lei e
dos fariseus em cumprir, minuciosamente, certas prescrições, tinha como
contraponto o desprezo pelo que, de fato, era importante. Os exemplos
oferecidos por Jesus eram contundentes. Embora fossem fiéis no pagamento do
dízimo das hortaliças, até mesmo das ervas mais comuns, deixavam de praticar
a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Agindo dessa forma, invertiam os
valores: o prioritário ocupava o segundo lugar, tornando-se menos importante,
ao passo que o elemento secundário passava a ter primazia.
Esta visão desfocada da
realidade pode ser fatal. Deixando de lado o que é fundamental, a pessoa
estará investindo sua vida numa causa perdida. A condenação virá na certa,
por se tratar de um projeto de vida sem consistência. Só a justiça, a
misericórdia e a fidelidade podem projetar a existência humana na perspectiva
da salvação.
A distorção da realidade
acontece também no cuidado que os mestres da Lei e dos fariseus tinham com a
limpeza das louças, para não contrair impureza, enquanto seu interior estava
repleto de maldade. Sem a pureza interior, a preocupação com a pureza das
coisas materiais de uso diário perde seu sentido. A impureza do coração
afasta a pessoa da vontade de Deus. Pelo contrário, buscando-se a pureza
interior, tudo o mais torna-se puro.
Portanto, é prudente não dar
ouvidos aos ensinamentos dos falsos mestres.
Oração
Espírito de sabedoria, ensina-me a distinguir as coisas fundamentais das
secundárias, de maneira a não me equivocar na realização da vontade do Pai.
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Antífona da entrada: Diante dos reis falo da vossa aliança, sem temer a
vergonha. Encontro alegria em vossos preceitos, porque muito os amo (Sl
118,46s).
Leitura (Jeremias
1,17-19)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
Naqueles dias, a palavra do
Senhor foi-me dirigida: 1 17 "Tu, porém, cinge-te com o teu cinto e
levanta-te para dizer-lhes tudo quanto te ordenar. Não temas a presença
deles; senão eu te aterrorizarei à vista deles;
18 quanto a mim, desde hoje, faço de ti uma fortaleza, coluna de ferro e muro
de bronze, (erguido) diante de toda nação, diante dos reis de Judá e seus
chefes, diante de seus sacerdotes e de todo o povo da nação.
19 Eles te combaterão mas não conseguirão vencer-te, porque estou contigo,
para livrar-te - oráculo do Senhor".
Salmo responsorial 70/71
Minha boca anunciará vossa
justiça.
Eu procuro meu refúgio em vós,
Senhor:
que eu não seja envergonhado para sempre!
Porque sois justo, defendei-me e libertai-me!
Escutai a minha voz, vinde salvar-me!
Sede uma rocha protetora para
mim,
um abrigo bem seguro que me salve!
Porque sois a minha força e meu amparo,
o meu refúgio, proteção e segurança!
Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.
Porque sois, ó Senhor Deus,
minha esperança,
em vós confio desde a minha juventude!
Sois meu apoio desde antes que eu nascesse,
desde o seio maternal, o meu amparo.
Minha boca anunciará todos os
dias
vossa justiça e vossas graças incontáveis.
Vós me ensinastes desde a minha juventude,
e até hoje canto as vossas maravilhas.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, porque o reino
dos céus há der deles! (Mt 5,10)
Evangelho (Marcos 6,17-29)
Naquele tempo, 6 17 o próprio
Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de
Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado.
18 João tinha dito a Herodes: "Não te é permitido ter a mulher de teu
irmão".
19 Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.
20 Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo;
protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa
mente o ouvia.
21 Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu
um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da
Galiléia.
22 A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande
satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: "Pede-me
o que quiseres, e eu to darei". 23 E jurou-lhe: "Tudo o que me
pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino".
24 Ela saiu e perguntou à sua mãe: "Que hei de pedir?" E a mãe
respondeu: "A cabeça de João Batista".
25 Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu
desejo: "Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista".
26 O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas,
não quis recusar.
27 Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele
foi, decapitou João no cárcere,
28 trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.
29 Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram
num sepulcro.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Anúncio do Reino
Os detalhes desta narrativa
sobre a execução de João têm dois efeitos: ironizam um rei fraco e sensual e
advertem os discípulos de Jesus nas comunidades que se inclinam a interpretar
Jesus como messias poderoso. De Jesus, assim como de João, não se deve
esperar a glória e o poder, mas, sim, o serviço humilde e divino, porém
frágil diante dos poderosos deste mundo. O dom da vida eterna não pertence
aos poderosos, mas a Deus.
O desfecho da vida de João
Batista é apresentado em paralelo, como prefiguração do desfecho da vida de
Jesus: anúncio do Reino, perseguição, articulação dos poderosos e morte. E
para ambos se tem a percepção de sua permanência nas comunidades, após a
morte.
Oração
Pai, que as contrariedades da vida jamais me intimidem e impeçam de seguir
adiante, cumprindo minha missão de evangelizador.
2. UM EXEMPLO DE
LIBERDADE
O relato do destino trágico de
João Batista serve de lição para os discípulos de Jesus, no exercício da
missão. A liberdade, que o Precursor demonstrou, deverá ser imitada por quem
está a serviço do Reino, e se defronta com tiranos e prepotentes, que
intimidam e querem calar quem lhes denuncia as mazelas.
Prevalecendo-se de sua condição,
Herodes seduziu a mulher do irmão para se casar com ela. João Batista não
teve medo de enfrentá-lo, e dizer-lhe não ser permitido conservar como
esposa, quem não lhe pertencia. Sua condição real não lhe dava o direito de
praticar tamanha arbitrariedade.
O profeta João sabia exatamente
com quem estava falando. Ele um "zé ninguém", questionando uma
autoridade estabelecida pelo imperador, com direitos quase absolutos sobre os
cidadãos. Por isso, não lhe parecia errado atropelar o direito sagrado de seu
irmão, de ter uma esposa.
Por outro lado, todos conheciam
muito bem o espírito violento da família de Herodes. Mesmo assim, João não
hesitou em denunciá-lo publicamente.
Quiçá não contasse com a ira de
Herodíades, atingida também pela denúncia. Foi ela quem instigou Herodes a
consumar sua maldade: decapitar a quem mandara lançar na prisão, por ter-lhe
lançado em rosto o seu pecado.
O testemunho de João Batista
inspira a quem se tornou discípulo da verdade.
Oração
Espírito de liberdade, não permitas que eu tema os grandes e prepotentes,
quando se trata de denunciar-lhes os pecados e as injustiças.
|
XXI
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai,
meu Deus, o servo que confia em
vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro
(Sl 85,1ss).
Leitura (1 Coríntios
1,1-9)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
1 1 Paulo, apóstolo de Jesus
Cristo por chamamento e vontade de Deus, e o irmão Sóstenes,
2 à igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Jesus Cristo,
chamados à santidade, juntamente com todos os que, em qualquer lugar que
estejam, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso;
3 a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus
Cristo!
4 Não cesso de agradecer a Deus por vós, pela graça divina que vos foi dada em Jesus Cristo.
5 Nele fostes ricamente contemplados com todos os dons, com os da palavra e
os da ciência,
6 tão solidamente foi confirmado em vós o testemunho de Cristo.
7 Assim, enquanto aguardais a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, não
vos falta dom algum.
8 Ele há de vos confirmar até o fim, para que sejais irrepreensíveis no dia
de nosso Senhor Jesus Cristo.
9 Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo,
nosso Senhor.
Salmo responsorial
144/145
Bendirei o vosso nome pelos
séculos, Senhor!
Todos os dias haverei de
bendizer-vos,
hei de louvar o vosso nome para sempre.
Grande é o Senhor e muito digno de louvores,
e ninguém pode medir sua grandeza.
Uma idade conta à outra vossas
obras
e publica os vossos feitos poderosos;
proclamam todos o esplendor de vossa glória
e divulgam vossas obras portentosas!
Narram todos vossas obras
poderosas,
e de vossa imensidade todos falam.
Eles recordam vosso amor tão grandioso
e exaltam, ó Senhor, vossa justiça.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai, diz Jesus, vigiai, pois, no dia em que não esperais, o vosso Senhor
há de vir (Mt 24,42.44).
EVANGELHO (Mateus 24,42-51)
Naquele tempo, 24 42 disse
Jesus: "Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.
43 Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o
ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.
44 Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa
hora em que menos pensardes.
45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente que o Senhor constituiu sobre os de
sua família, para dar-lhes o alimento no momento oportuno?
46 Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, na sua volta, encontrar
procedendo assim!
47 Em verdade vos digo: ele o estabelecerá sobre todos os seus bens.
48 Mas, se é um mau servo que imagina consigo:
49 - Meu senhor tarda a vir, e se põe a bater em seus companheiros e a comer
e a beber com os ébrios,
50 o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e na hora em que
ele não sabe,
51 e o despedirá e o mandará ao destino dos hipócritas; ali haverá choro e
ranger de dentes".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Vigilância
Este texto de Mateus, semelhante
ao paralelo de Lucas (cf. 24 out.), é a conclusão do "discurso
escatológico", sobre o fim dos tempos, formado por uma coletânea colhida
dentre as tradições das primitivas comunidades cristãs. Tais textos
escatológicos estão presentes, também, no evangelho de Marcos.
Hoje temos duas parábolas na
forma comparativa, exortando à vigilância. A motivação é a expectativa da
volta do Senhor. Enquanto é aguardada esta volta deve-se vigiar, para não ser
pego de surpresa. Esta expectativa da "volta do Senhor" foi se
frustrando com o tempo, dando lugar à visão mais realista do encontro com
Jesus, já presente entre nós, no nosso próximo e irmão, principalmente nos
mais carentes e necessitados. Vigiar é estar atento à vontade do Pai que quer
que todos sejam um, sem privilegiados e excluídos. É estar sensível e
disponível para atender às necessidades de nossos irmãos, de modo a
assumirmos o serviço como realização pessoal e partilha da vida.
Oração
Pai, faze de mim um servo fiel e prudente, disposto a pautar toda a sua vida
pelos ensinamentos de teu Filho Jesus. Que eu jamais seja insensato!
2. O SERVO FIEL
A vida cristã é toda ela uma
preparação para o encontro definitivo com o Senhor. O dia e a hora deste
encontro não o sabemos. Por isso, Jesus insistia para que os discípulos se
mantivessem sempre vigilantes. A espera deveria mantê-los ativos, pois cada
minuto da existência poderia ser ocasião de se prepararem cada vez melhor.
O encontro com o Senhor
prepara-se por meio da prática do amor e da justiça, não simplesmente por
meio de determinados atos de piedade realizados mecanicamente. Quem o Senhor
encontrar amando o próximo e lutando pela justiça, será convidado para
participar da alegria de seu Reino.
Certos discípulos, pensando que
o Senhor tardaria muito a voltar e que, por isso, teriam tempo suficiente
para se preparar, não ficavam atentos, descambando para uma vida de
impiedade. Dada a incerteza da hora, é imprudente agir assim. Quando menos
esperam, serão chamados para prestar contas de sua existência, recebendo o
castigo dos servos maus.
O verdadeiro discípulo não se
descuida. Pelo contrário, transforma cada circunstância da vida em ocasião de
manifestar seu desejo de ser acolhido pelo Senhor. E na acolhida do outro, de
modo especial, dos mais pobres, mostra como ele próprio quer ser acolhido
pelo Pai.
Oração
Senhor Jesus, que eu me prepare para o encontro contigo, amando meu próximo e
lutando para construir um mundo mais justo e fraterno.
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XXI
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai,
meu Deus, o servo que confia em
vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro
(Sl 85,1ss).
Leitura (1 Coríntios
1,17-25)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
1 17 Cristo não me enviou para
batizar, mas para pregar o Evangelho; e isso sem recorrer à habilidade da
arte oratória, para que não se desvirtue a cruz de Cristo.
18 A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que
foram salvos, para nós, é uma força divina.
19 Está escrito: "Destruirei a sabedoria dos sábios, e anularei a
prudência dos prudentes".
20 Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador deste mundo? Acaso
não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo?
21 Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria
divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem.
22 Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria;
23 mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura
para os pagãos;
24 mas, para os eleitos - quer judeus quer gregos -, força de Deus e
sabedoria de Deus.
25 Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus
é mais forte do que os homens.
Salmo responsorial 32/33
Transborda em toda a terra a
bondade do Senhor!
Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
Aos retos fica bem glorificá-lo.
Dai graças ao Senhor ao som da harpa,
na lira de cordas celebrai-o!
Pois reta é a palavra do Senhor,
e tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
trasborda em toda a terra a sua graça.
O Senhor desfaz os planos das
nações
e os projetos que os povos se propõem.
Mas os desígnios do Senhor são para sempre,
e os pensamentos que ele traz no coração,
de geração em geração, vão perdurar.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai e orai para ficardes de pé ante o Filho do homem! (Lc 21,36)
EVANGELHO (Mateus 25,1-13)
Naquele tempo, 25 1 disse
Jesus aos seus discípulos: "O Reino dos céus será semelhante a dez
virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo.
2 Cinco dentre elas eram tolas e cinco, prudentes.
3 Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo.
4 As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as
lâmpadas.
5 Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram.
6 No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: 'Eis o esposo, ide-lhe ao
encontro'.
7 E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas.
8 As tolas disseram às prudentes: 'Dai-nos de vosso óleo, porque nossas
lâmpadas se estão apagando'.
9 As prudentes responderam: 'Não temos o suficiente para nós e para vós; é
preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós'.
10 Ora, enquanto foram comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas
entraram com ele para a sala das bodas e foi fechada a porta.
11 Mais tarde, chegaram também as outras e diziam: 'Senhor, senhor,
abre-nos!'
12 Mas ele respondeu: 'Em verdade vos digo: não vos conheço!'
13 Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
2. Vigilância previdente
Mateus, com esta sua exclusiva
parábola das dez moças, dá continuidade ao tema da vigilância, dentro da
perspectiva escatológica. No seu todo a parábola deixa a desejar, sob o ponto
de vista da falta de solidariedade das cinco virgens "previdentes".
A vigilância a que Jesus nos
convida não se restringe a devoções religiosas voltadas sobre si mesmas,
frequentemente individualistas e excludentes, mas nos leva ao empenho
missionário, na prática da misericórdia, na solidariedade e na partilha.
Assim nos unimos a Jesus e ao Pai, no Espírito, em comunhão de vida eterna.
Oração
Pai, mantenha acesa em mim a chama do zelo pelas coisas do Reino, de modo que
eu esteja sempre preparado para o encontro com o teu Filho Jesus.
2. A ESPERA PRUDENTE
Para o discípulo, não importa a
hora da chegada do Senhor. Importa, sim, estar pronto para recebê-lo, quando
ele chegar. O fato de Jesus tardar gera diferentes tipos de comportamentos
por parte dos discípulos. Dois deles são ilustrados pela parábola das dez
virgens.
As cinco virgens prudentes
representam os discípulos que não esperam o Senhor, de braços cruzados. Essa
espera não os aliena de suas responsabilidades concretas: lutar por um mundo
que corresponda aos anseios do Senhor. São cristãos engajados na luta pela
justiça, na defesa dos direitos dos fracos e oprimidos, na busca de um
testemunho autêntico de fé, num mundo marcado pela injustiça e pela
impiedade. E este empenho efetivo, a longo prazo, mantém suas lâmpadas
acesas.
As cinco virgens imprudentes
retratam os discípulos que esperam o Senhor numa contemplação inativa.
Preocupam-se em fazer o que agrada a Deus, porém excluindo o próximo do âmbito
de seus interesses. A oração não os motiva a fazer nada de concreto em
benefício dos outros. Seu amor a Deus não se expressa em forma de amor ao
próximo. Esta atitude, a longo prazo, se mostrará insuficiente para manter
suas lâmpadas acesas.
É preciso cuidar para que esta
constatação não seja feita tarde demais.
Oração
Senhor Jesus, dá-me prudência suficiente para estar sempre numa atitude de
alerta, a fim de estar pronto para o encontro contigo.
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XXI
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai,
meu Deus, o servo que confia em
vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro
(Sl 85,1ss).
Leitura (1 Coríntios
1,26-31)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
1 26 Vede, irmãos, o vosso grupo
de eleitos: não há entre vós muitos sábios, humanamente falando, nem muitos
poderosos, nem muitos nobres.
27 O que é estulto no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o
que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes;
28 e o que é vil e desprezível no mundo, Deus o escolheu, como também aquelas
coisas que nada são, para destruir as que são.
29 Assim, nenhuma criatura se vangloriará diante de Deus.
30 É por sua graça que estais em Jesus Cristo, que, da parte de Deus, se tornou
para nós sabedoria, justiça, santificação e redenção,
31 para que, como está escrito: "quem se gloria, glorie-se no
Senhor".
Salmo responsorial 32/33
Feliz o povo que o Senhor
escolheu por sua herança!
Feliz o povo cujo Deus é o
Senhor,
e a nação que escolheu por sua herança!
Dos altos céus o Senhor olha e observa;
ele se inclina para olhar todos os homens.
Mas o Senhor pousa o olhar sobre
os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimenta-los quando é tempo de penúria.
No Senhor nós esperamos
confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Por isso o nosso coração se alegra nele,
seu santo nome é nossa única esperança.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos dou novo preceito: que uns aos outros vos ameis, como eu vos tenho
amado (Jo 13,34).
Evangelho (Mateus 25,14-30)
Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: 24 14 "Será também como um homem que, tendo de viajar,
reuniu seus servos e lhes confiou seus bens.
15 A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a
capacidade de cada um. Depois partiu.
16 Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los
produzir, e ganhou outros cinco.
17 Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois.
18 Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de
seu senhor.
19 Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes contas.
20 O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco:
'Senhor, disse-lhe, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que
ganhei'.
21 Disse-lhe seu senhor: 'Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no
pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor'.
22 O que recebeu dois talentos, adiantou-se também e disse: 'Senhor,
confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que lucrei'.
23 Disse-lhe seu senhor: 'Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no
pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor'.
24 Veio, por fim, o que recebeu só um talento: 'Senhor', disse-lhe, 'sabia
que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não
espalhaste.
25 Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o
que te pertence'.
26 Respondeu-lhe seu senhor: 'Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde
não semeei e que recolho onde não espalhei.
27 Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia
com os juros o que é meu.
28 Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez.
29 Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á
mesmo aquilo que julga ter.
30 E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e
ranger de dentes'".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
2. Vida sem exclusões
Esta parábola de Mateus, tendo
provavelmente em sua origem algum dito de Jesus, parece ter sofrido
acréscimos e adaptações quando veiculada entre as primeiras comunidades. Nela
se encontram imagens extraídas de situações reais de ambição, opressão e
exclusão. O seu caráter seletivo e condenatório é pouco condizente com a
revelação de Jesus de Nazaré, manso e humilde de coração, que vem trazer vida
para todos, sem exclusões.
A parábola tem um sentido
escatológico, relativo ao fim dos tempos. Nas primeiras comunidades havia a
expectativa de uma volta breve de Jesus. Mateus adverte as comunidades que se
devia aguardar Jesus produzindo frutos concretos, e não na passividade e
indolência.
Oração
Pai, transforma-me em discípulo responsável que sabe aproveitar cada
circunstância para fazer frutificar os dons que me concedes, colocando-os a
serviço do meu próximo.
2. O TALENTO
MULTIPLICADO
O encontro definitivo com o
Senhor é que dá sentido à vida do discípulo. Este evento futuro e incerto
motiva as suas iniciativas. Cada minuto de sua existência é tomado como
possibilidade de fazer algo mais. Não perde a chance de se mostrar fiel ao
Senhor, nas mínimas coisas.
O discípulo age a partir dos dons
recebidos de Deus. Quantos e quais sejam, pouco lhe importa. Importa-lhe
apenas saber que o Senhor quer vê-los multiplicados. O verdadeiro discípulo
sabe como fazer multiplicar seus dons. Isto se dá no serviço ao próximo,
buscando construir a justiça e a fraternidade, e fazendo deles instrumento de
restauração da dignidade humana. Quanto mais o discípulo põe a serviço dos
outros os dons recebidos de Deus, mais estes se multiplicam.
A atitude dos discípulos
operosos e engajados contrasta com a dos preguiçosos, medrosos, acomodados,
sem criatividade. Por preguiça espiritual, eles não se sentem motivados a
fazer multiplicar o dom recebido de Deus. Por medo da severidade de Deus, por
considerarem poucos os dons recebidos, por temerem enfrentar o mundo e seus
desafios ou por não saberem como agir, o fato é que não progridem no caminho
para Deus. A vida inútil que levam, resultará em severa punição, quando se
encontrarem com o Senhor.
Oração
Senhor Jesus, faze de mim um discípulo operoso e criativo, que saiba colocar,
sem medo, a serviço dos outros, os dons recebidos.
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02.09.2012
22º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II
SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
"Este povo me honra com os
lábios, mas o coração está longe de mim." __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: será
publicado durante a semana.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Iniciamos
hoje o mês da Bíblia para nos recordar que todo dia é dia da Palavra de Deus.
Por isso a Escritura Sagrada é luz para nossos pés e força no caminhar.
Também convém lembrar a festa da "Dedicação da nossa Catedral
Metropolitana", no dia 5 de setembro, próxima quarta-feira. A igreja
catedral é a "mãe" de todas as igrejas da Arquidiocese. Ela nos faz
sentir um só coração e uma só alma em torno de Cristo e da sua Palavra,
pregada pelos Bispos e pelos padres, mas sobretudo pelo Arcebispo quando fala
de sua Cátedra. Nesta semana rezemos pelo nosso País, chamado a ser uma casa
de irmãos, uma nação sem exclusão. Que o Dia da Pátria signifique um dia de
se pensar no futuro e de rejeitar toda corrupção, alimentando o sonho de uma
ética fundada no respeito e na cidadania.
INTRODUÇÃO DO
WEBMASTER: As
leituras de hoje nos falam dos mandamentos de Deus. São sábios e quem os
observa terá a vida. Diz Moisés na primeira leitura: "Se vocês
obedecerem, viverão, entrarão e tomarão posse da terra que o Senhor lhes
dará". Mas a observância, nos diz Jesus no evangelho, não é exterior,
tem que vir do coração. Para isso é necessária, antes de tudo, a conversão.
Uma sociedade sem esta obediência terá conflitos, lutas, violência, roubos,
assassinatos, adultérios e insegurança. Isto será fonte de morte e não de
vida. As leis do Senhor são justas. Recordemo-nos sempre: nosso Deus está
próximo de nós e atento aos nossos pedidos.
Sintamos o júbilo real
de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres
cânticos ao Senhor!
XXII DOMINGO DO TEMPO
COMUM
Antífona da entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Primeira Leitura
(Deuteronômio 4,1-2.6-8)
Leitura do livro do Deuteronômio.
Moisés falou ao povo: 4 1
"E agora, ó Israel, ouve as leis e os preceitos que hoje vou
ensinar-vos. Ponde-os em prática para que vivais e entreis na posse da terra
que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá.
2 Não ajuntareis nada a tudo o que vos prescrevo, nem tirareis nada daí, mas
guardareis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, exatamente como vos prescrevi.
6 Observai-as, praticai-as, porque isto vos tornará sábios e inteligentes aos
olhos dos povos, que, ouvindo todas essas prescrições, dirão: 'eis uma grande
nação, um povo sábio e inteligente'.
7 Haverá, com efeito, nação tão grande, cujos deuses estejam tão próximos de
si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que o invocamos?
8 Qual é a grande nação que tem mandamentos e preceitos tão justos como esta
lei que vos apresento hoje?"
Salmo responsorial 14/15
Senhor, quem morará em vossa
casa
e no vosso monte santo habitará?
Aquele que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente;
que pensa a verdade no seu íntimo
e não solta em calúnias sua língua.
Que em nada prejudica o seu
irmão
nem cobre de insultos seu vizinho;
que não dá valor algum ao homem ímpio,
mas honra os que respeitam o Senhor.
Não empresta o seu dinheiro com
usura
nem se deixa subornar contra o inocente.
Jamais vacilará quem vive assim!
Segunda Leitura (Tiago
1,17-18.21-22.27)
Leitura da carta de Tiago.
1 17 Toda dádiva boa e todo dom
perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem
mesmo aparência de instabilidade.
18 Por sua vontade é que nos gerou pela palavra da verdade, a fim de que
sejamos como que as primícias das suas criaturas.
21 Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia e recebei com
mansidão a palavra em vós semeada, que pode salvar as vossas almas.
22 Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos
enganardes a vós mesmos.
27 A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar
os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e conservar-se puro da corrupção
deste mundo.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus, nosso Pai, nesse seu imenso amor, foi quem gerou-nos com a palavra da
verdade, nós, as primícias do seu gesto criador! (Tg 1,18)
EVANGELHO (Marcos
7,1-8.14-15.21-23)
Naquele tempo, 7 1 os fariseus e
alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno de Jesus.
2 E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos
impuras, isto é, sem as lavar.
3 (Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos
antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;
4 e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos
outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e
os pratos de metal.) 5 Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: "Por
que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o
pão com as mãos impuras?"
6 Jesus disse-lhes: "Isaías com muita razão profetizou de vós,
hipócritas, quando escreveu: 'Este povo honra-me com os lábios, mas o seu
coração está longe de mim.
7 Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos'.
8 Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens".
14 Tendo chamado de novo a turba, dizia-lhes: "Ouvi-me todos, e
entendei.
15 Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai
do homem, isso é que mancha o homem.
21 Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus
pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos,
22 adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação,
orgulho e insensatez.
23 Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª-: 1Cor 2,1-5; Sl 118 (119),97.98.99.100.101.102 (R/. 97a); Lucas 4,16-30
3ª-: 1Cor 2,10b-16; Sl 144 (145),8-9.10-11.12-13ab.13cd-14 (R/. 17a); Lc
4,31-37
4ª-: 1Rs 8,22-23.27-30); 1Cr 29, 10.11.12; (Mt 16,13-19); Lec. III – p.246
5ª-: 1Cor 3,18-23; Sl 23 (24),1-2.3-4ab.5-6 (R/. 1); Lc 5,1-11
6ª-: 1Cor 4,1-5; Sl 36 (37),3-4.5-6.27-28.39-40 (R/. 39a); Lc 5,33-39
Sab-: Mq 5,1-4a ou Rm 8,28-30; Sl 70 (71),6; Sl 12 (13),6 (R/. Is 61,10); Mt
1,1-16.18-23
23º DTC-: Is 35,4-7ª; Sl 145 (146),7.8-9a.9bc-10 (R/. 1.2a); Tg 2,1-5; Mc
7,31-37 (Cura do surdo-mudo)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A FONTE DO BEM
E DO MAL"
Na relação com Deus, o moralismo
exacerbado é algo abominável, nascido no rigorismo de normas e preceitos,
sendo um fardo insuportável que as pessoas vão arrastando vida afora, achando
que isso as faz merecedoras da Salvação que Deus oferece. Os inventores
dessas mil "regrinhas" para se conseguir a salvação, se deleitam em
ensinar as pessoas a andarem, naquilo que eles têm a coragem de chamar de
"caminhos do Senhor". A Santa Igreja tem o seu Código de Direito
Canônico, que tem como objetivo ajudar o cristão membro da Igreja, a viver
santamente desfrutando ao máximo da graça e santidade que Jesus oferece,
entretanto, não é a pura observância dos cânones, que irá levar alguém a
fazer a experiência de Deus em sua vida.
O problema está em que, com
tantas regras e normas, muitas vezes inventadas por lideranças religiosas,
pastorais, movimentos e associações, abafa-se na vida do cristão aquilo que é
essencial, uma relação com Deus a partir do seu íntimo, isso é, a partir do
coração, centro de decisão e da Vida. A pregação de que devemos fugir das
coisas do mundo e só buscar as coisas de Deus, é perigosamente alienadora,
pois agindo nessa linha, tudo aquilo que é humano, e que não faz parte da
esfera do sagrado, torna-se profano e portanto, motivo de condenação ao
pecador.
Conheci um deficiente visual,
que tocava sanfona no Mercado Municipal, para ganhar uns trocados, e o seu
repertório, bastante variado, agradava a todas as idades. No final do dia
embolsava as doações e ia embora, todo feliz. Sempre alegre e extrovertido,
era alguém feliz e que sabia fazer feliz as pessoas que o rodeavam para ouvir
suas músicas ou suas histórias engraçadas. Um dia alguém o levou a uma igreja
cristã e depois de algumas participações começou o processo de sua conversão,
e daí, uma vez convertido, e tendo conhecido Jesus, foi orientado para que
não mais tocasse aquelas músicas do mundo, que eram pecaminosas diante de
Deus, e assim, o "Ceguinho da Sanfona" como era mais conhecido,
mergulhou numa grande tristeza que acabou em depressão, nunca mais o vi.
Os Fariseus eram pessoas muito
piedosas e fiéis ao judaísmo, mas entre eles havia os "fanáticos"
que observavam rigorosamente todas as leis e normas, e adoravam impor o
cumprimento da mesma aos demais. Os discípulos de Jesus andavam muito felizes
por tê-lo encontrado, e a alegria era tanta que nem se importavam com certas
regras, entre elas a de lavar as mãos antes de tomar refeições, e não o
faziam por despeito ou por provocação aos Fariseus, é que realmente o
encontro com Jesus de Nazaré despertara neles algo novo e inaudito, que
nenhuma religião tinha ainda oferecido, era algo que vinha de dentro, do mais
íntimo do seu ser, mas os Judeus do Farisaísmo cobraram de Jesus a
observância da lei "Por que os seus discípulos não lavam as mãos antes
de comer, como faz um judeu piedoso?". A novidade maravilhosa que Jesus
oferecia, não era mais importante do que o cumprimento da lei.
Como é triste quando na
comunidade as pessoas são cobradas por alguns, que se julgam justos e Santos,
cobra-se conversão, exige-se coerência de vida, retidão de caráter,
testemunho de vida, conduta moral irrepreensível, principalmente desprezar e
fugir de tudo o que não é sagrado. Ocorre que as pessoas que não tem esse
perfil, ou não são perseverantes acabam deixando a comunidade, uma vez que se
sentem constrangidas por ficarem ouvindo "pelas costas" a respeito
de sua vida "torta".
Jesus dá um basta a toda essa
hipocrisia e coloca uma relação nova com o Pai, não mais a partir da conduta
e aparência exterior, mas sim do coração, fonte do bem e do mal, sendo que o
que dele provém é que determina as nossas ações, podendo contaminar com o
mal, ou contagiar com o Bem. A partir dessa verdade, ninguém mais poderá ser
julgado, uma vez que só Deus tem acesso ao coração humano, onde o seu amor de
Pai, manifestado em Jesus, transborda o coração dos que nele crêem, fazendo-o
irradiar esse amor por onde andam, pautando todas as suas decisões e
atitudes, a ponto de São Paulo dizer, "que o amor é a plenitude da
lei."
De que adianta saber lavar
corretamente jarras e copos, ou tomar banho cada vez que se chega da praça,
como os fariseus? Não freqüentar certos ambientes ou casas, evitar a
companhia de certas pessoas, não ler certas revistas, não assistir certos
filmes, mas ter o coração cheio de mágoa, rancor, amargura? E mais ainda,
destilar o veneno da intriga, da desconfiança, provocar ou sentir inveja,
ciúmes? Toda e qualquer preocupação com ações exteriores, só será edificante
se o coração estiver convertido, caso contrário, ressoará em nossos ouvidos a
severa advertência do Senhor, com relação ao Farisaísmo desde século
"Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de
mim". (22º. Domingo do Tempo Comum)
2. O que é principal
para Jesus
Jesus está diante de
"inquisidores" enviados pelos chefes religiosos de Jerusalém à
Galileia. Sua função é espiar Jesus e preparar o arquivo para a condenação.
Todas as faltas devem ser anotadas. Então o questionam porque percebem que
alguns discípulos seus comem com as mãos impuras. Estão infringindo a
tradição dos antigos. Está em foco a questão da "tradição", que é
mencionada seis vezes no texto. No caso atual estão sendo feridos os códigos
de pureza, que eram um dos elementos fundamentais para definir a identidade
étnica e nacionalista do povo, dentro da reivindicada característica de
superioridade da eleição por Deus. Jesus remove estes princípios
exclusivistas afirmando o essencial para Deus: a vida e o amor para todos.
Com a citação do profeta Isaías, "é inútil o culto que me prestam, as
doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos" (Is 29,13...),
Jesus questiona como o apego à tradição humana leva a abandonar o principal,
o amor ao próximo, que é o mandamento de Deus.
Eram muitas "as leis e os
decretos" a serem observados. Eles eram apresentados como o traço
característico da superioridade do povo de Israel em relação aos outros povos
(primeira leitura). Estas leis e decretos, apresentados como "Lei de
Moisés", eram resultado de acréscimos sucessivos, ao longo do tempo, a
partir do núcleo do Decálogo. Prevalecia neste conjunto de leis, criadas
pelas elites religiosas do Templo de Jerusalém, a mera tradição humana que
até chegava a opor-se ao verdadeiro projeto de Deus. Com sua ideologia estas
leis geravam a humilhação e a submissão que abriam as portas para a
exploração do povo fiel.
Com uma inversão, Jesus revela
que a impureza é, na realidade, o apego à materialidade do culto, relegando a
segundo plano, ou omitindo-se, os gestos concretos de amor ao próximo, aos
mais carentes e necessitados. "A religião pura e sem mancha diante de
Deus e Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas dificuldades e
guardar-se da corrupção do mundo" (segunda leitura).
A partir do alimento que, sendo
ingerido, segue o destino comum, Jesus destaca que o contraste pureza x impureza
não está no exterior, corpo, ou nos alimentos, mas no coração. Comumente o
coração é apresentado como fonte de pensamento e emoção. Aqui o coração é
apresentado como fonte de ação, boa ou má. Os fariseus, apegando-se às
tradições humanas e interesseiras, afastam-se da justiça de Deus em seus
corações.
Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu me iluda, buscando uma pureza exterior,
quando a que te agrada é a que provém do meu interior.
3. O QUE SAI DO CORAÇÃO
Uma antiga denúncia profética
foi retomada por Jesus. O profeta Isaías teve a perspicácia de perceber o
descompasso entre o culto faustoso praticado no templo de Jerusalém e as
violências e injustiças que campeavam na cidade. O louvor proclamado com os
lábios não correspondia às maldades praticadas com as mãos. O apego exagerado
a certas tradições religiosas não chegava a gerar a conversão do coração.
Algo semelhante passava-se com
uma ala do farisaísmo no tempo de Jesus. A veneração afetada dos fariseus às
normas legais não os impedia de dar vazão às suas más intenções. Aí se
revelava o que eram por dentro. A piedade exterior era fachada de um interior
cheio de perversidade. A observância escrupulosa das normas de pureza
mostrava-se inútil, pois não chegava a atingir seu verdadeiro objetivo:
tornar a pessoa internamente pura para Deus.
O discípulo do Reino, no
pensamento de Jesus, faz o caminho inverso ao dos fariseus. Sua preocupação
maior consiste em não se deixar contaminar pelas malícias que brotam do
coração. Pouco lhe importam as coisas exteriores. Comer sem ter lavado as
mãos é menos importante do que sentar-se à mesa e partilhar o pão com os
necessitados. Ser muito atento na limpeza das louças e talheres só tem
sentido se tiver o respaldo de uma vida centrada na prática do amor e da
justiça.
Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu me iluda, buscando uma pureza exterior,
quando a que te agrada é a que provém do meu interior.
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