Segunda 12 de Maio de 2014
IV SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Cristo, ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não
tem mais poder sobre ele, aleluia! (Rm 6,9)
Leitura
(Atos 11,1-18)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 11 1 os apóstolos e os irmãos da Judéia
ouviram dizer que também os pagãos haviam recebido a palavra de Deus.
2 E, quando Pedro
subiu a Jerusalém, os fiéis que eram da circuncisão repreenderam-no:
3 "Por que
entraste em casa de incircuncisos e comeste com eles?"
4 Mas Pedro fez-lhes
uma exposição de tudo o que acontecera, dizendo:
5 "Eu estava
orando na cidade de Jope e, arrebatado em espírito, tive uma visão: uma coisa,
à maneira duma grande toalha, presa pelas quatro pontas, descia do céu até
perto de mim.
6 Olhei-a atentamente
e distingui claramente quadrúpedes terrestres, feras, répteis e aves do céu.
7 Ouvi também uma voz
que me dizia: ‘Levanta-te, Pedro! Mata e come’.
8 Eu, porém, disse:
‘De nenhum modo, Senhor, pois nunca entrou em minha boca coisa profana ou impura’.
9 Outra vez falou a
voz do céu: ‘O que Deus purificou não chames tu de impuro’.
10 Isto aconteceu três
vezes e tudo tornou a ser levado ao céu.
11 Nisso chegaram três
homens à casa onde eu estava, enviados a mim de Cesaréia.
12 O Espírito me disse
que fosse com eles sem hesitar. Foram comigo também os seis irmãos aqui
presentes e entramos na casa de Cornélio.
13 Este nos referiu
então como em casa tinha visto um anjo diante de si, que lhe dissera: ‘Envia
alguém a Jope e chama Simão, que tem por sobrenome Pedro’.
14 Ele te dirá as
palavras pelas quais serás salvo tu e toda a tua casa.
15 Apenas comecei a
falar, quando desceu o Espírito Santo sobre eles, como no princípio descera
também sobre nós.
16 Lembrei-me então
das palavras do Senhor, quando disse: ‘João batizou em água, mas vós sereis
batizados no Espírito Santo’.
17 Pois, se Deus lhes
deu a mesma graça que a nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, com que direito
me oporia eu a Deus?"
18 Depois de terem
ouvido essas palavras, eles se calaram e deram glória a Deus, dizendo:
"Portanto, também aos pagãos concedeu Deus o arrependimento que conduz à
vida!"
Atos 11, 1-18 - “no reino
de Deus não há distinção de pessoas”
A imagem que Jesus mostrou a Pedro retrata também a imagem
que muitas vezes, nós criamos das outras pessoas que não comungam das nossas
idéias, das nossas concepções, das nossas preferências e a quem também nós
discriminamos. Deus nos purifica e através de nós Ele chama todas as pessoas.
Não podemos ir contra elas, combatemos as idéias. Não podemos discriminar
ninguém porque Deus concede a todos o mesmo dom que deu a nós e todos são
chamados a pertencer ao Seu reino. Somos nós essas pessoas que carregamos
coisas puras e coisas impuras dentro do nosso coração. Os nossos sentimentos,
paixões, emoções muitas vezes denotam o nosso estado de impureza. No entanto, o
Senhor nos purifica e nos prepara para um tempo novo. O Senhor Deus dará a vida
gerada no Espírito, a quem Ele nos mandar ir e, assim como Pedro visitou a casa
dos pagãos e o Espírito foi derramado em profusão, também pelo poder do
Espírito Santo Ele purifica os corações das pessoas e através de nós Ele visita
os corações. Não podemos desprezar a nossa família quando
entendemos e dizemos que lá não conseguimos realizar a nossa missão nem às
pessoas que não estão dentro da Igreja ou que pertencem à outra religião que
não é a nossa. Jesus nos mandar ir a todos com a vivência do amor. Ele quer
santificar as nossas famílias através de nós e das nossas fraquezas e elevar o
mundo com a nossa fé.
Salmo
responsorial 41/42
Minha alma
suspira por vós, ó meu Deus.
Assim como a corça suspira
pelas águas correntes,
suspira igualmente minha alma
por vós ó meu Deus!
A minha alma tem sede de Deus
e deseja o Deus vivo.
Quando terei a alegria de ver
a face de Deus?
Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso monte santo,
até a vossa morda!
Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!
Salmo 41 – “Minha alma suspira
por vós, ó meu Deus!”
Esta é uma grande verdade. Se no
for dada a graça de poder sondar o mais profundo do nosso ser nós iremos
perceber que as palavras do salmista são o grito da nossa alma. Anelamos e
desejamos ardentemente viver na presença de Deus. Este é o maior desejo do
coração do homem. Conscientes disto, nós podemos experimentar, desde já, da Luz
que vem do céu e nos guia aqui na terra. Somos novas criaturas quando deixamos
que a luz do céu entre no nosso coração.
Evangelho
(João 10,1-10)
Aleluia, aleluia,
aleluia.
Eu sou o bom pastor, conheço minhas ovelhas e elas me conhecem, assim
fala o Senhor (Jo 10,14).
Naquele tempo, disse Jesus: 10 1 “Em verdade, em verdade vos digo: quem
não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão
e salteador.
2 Mas quem entra pela
porta é o pastor das ovelhas.
3 A este o porteiro
abre, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz
à pastagem.
4 Depois de conduzir
todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas seguem-no,
pois lhe conhecem a voz.
5 Mas não seguem o
estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
6 Jesus disse-lhes
essa parábola, mas não entendiam do que ele queria falar.
7 Jesus tornou a
dizer-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
8 Todos quantos vieram
antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram.
9 Eu sou a porta. Se
alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará
pastagem.
10 O ladrão não vem
senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e
para que a tenham em abundância”.
A atitude mais
dignificante de um pastor consiste em estar disposto a dar a sua vida em defesa
do rebanho. Esquecendo-se de si mesmo, luta para garantir a sobrevivência de
suas ovelhas, embora venha a morrer. Não existe forma melhor de comprovar a
condição de guia do rebanho! Só quem age assim merece o título de pastor.
No trato com seus discípulos, Jesus inspirava-se neste modelo de pastor.
Conhecia os que havia chamado para estar com ele e partilhar a sua missão e o
seu destino. Colocava-se no meio deles como amigo e servidor, interessado em
que tivessem vida abundante – a vida eterna, oferecida pelo Pai. Cuidava para
que a ação perversa dos adversários – certas alas radicais do farisaísmo, as
autoridades religiosas e políticas etc. – não viesse a prejudicá-los.
Defendia-os dos ataques dos inimigos, calando a boca de acusava falsamente seus
discípulos. Colocava-se a serviço deles, desejoso de que fizessem uma
verdadeira experiência de Deus, reconhecido como Pai misericordioso. Lutava
para congregar quem vivia disperso, vagando por caminhos impróprios, por ser
mal-orientados.
Toda esta ação de Jesus resultava do cumprimento da ordem que recebera de seu
Pai: ser Mestre para guiar a humanidade para ao reencontro com Deus.
Oração
Pai, que eu saiba entregar-me com toda confiança nas mãos de teu Filho – o
bom Pastor –, pois só assim estarei seguro de estar trilhando o caminho para
ti.
Terça 13 de Maio de 2014
NOSSA SENHORA DE
FÁTIMA
A 13 de Maio de 1917, Nossa Senhora
apareceu aos Três Pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta. Nos meses seguintes,
até Outubro inclusive, a Virgem Maria voltaria a manifestar-se nos dias 13,
exceto em Agosto, quando se manifestou no dia 19, nos Valinhos. Nesses encontros,
Nossa Senhora recordou, em linguagem muito simples, acessível aos pastorinhos,
as verdades fundamentais do Evangelho. A sua mensagem pode resumir-se nos
termos de “oração e penitência”, oração e conversão. As aparições foram
reconhecidas pela Igreja como dignas de fé. Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI
foram peregrinos de Fátima.
Primeira leitura: Apocalipse 21, 1-5a
Eu, João, vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o
primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. 2E
vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já
preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. 3E
ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia:«Esta é a morada de Deus entre
os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará
com eles e será o seu Deus. 4Ele enxugará todas as
lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem
dor. Porque as primeiras coisas passaram.» 5O
que estava sentado no trono afirmou: «Eu renovo todas as coisas.»
A grande utopia da ressurreição do homem e do mundo
chegará a ser realidade. A cidade nova não tem nada da antiga: nem da Jerusalém
israelita, nem sequer da Igreja cristã. É algo de novo que integra aquilo que o
antigo tinha de melhor numa espécie de continuidade descontínua. João admira-se
de não haver templo na cidade nova. Para o cristianismo, todo o universo é
templo: Deus pode revelar-se onde quiser.
A liturgia aplica este texto a Maria. Deus revelou-se
nela. Ela foi a verdadeira Arca de Deus no meio do seu povo. Glorificada no
Céu, não esquece aqueles que lhe foram confiados como filhos. Daí, as suas
numerosas intervenções ao longo da história, como as de Fátima, em 1917. Ela
faz tudo para que, em cada um dos seus filhos, se realize o que já se realizou
n´Ela.
Salmo responsorial
86/87
Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes.
O Senhor ama a cidade
que fundou no monte santo;
ama as portas de Sião
mais que as casas de Jacó.
Dizem coisas gloriosas
da cidade do Senhor.
Lembro o Egito e a Babilônia
entre os meus veneradores.
Na Filistéia ou em Tiro
ou nos país da Etiópia,
este ou aquele ali nasceu.
De Sião, porém, se diz:
“Nasceu nela todo homem;
Deus é sua segurança”.
Deus anota no seu
livro,
onde inscreve os povos todos:
“Foi ali que estes nasceram”.
E por isso todos juntos
a cantar se alegrarão;
e, dançando, exclamarão:
“Estão em ti as nossas fontes!”
Evangelho: João 19, 25-27
Naquele tempo, estavam junto à cruz de Jesus estavam, de
pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26Então,
Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe:
«Mulher, eis o teu filho!» 27Depois,
disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo
acolheu-a como sua.
A mãe de Jesus aparece no princípio e no fim da vida
pública de Jesus, ou seja, nas bodas de caná (Jo 2, 1ss.) e junto à cruz do
Senhor (Jo 19, 1ss.). Nas bodas de Caná, Jesus dirige-lhe palavras que devem
entender-se no sentido de separação: Jesus diz-lhe que não intervenha na fase
da sua vida pública, que estava a iniciar. A partir desse momento, Maria como
que desaparece de cena. Mas, agora que chegou a hora de Jesus, Maria reaparece,
pois é também a sua hora. Em ambas as situações Jesus se lhe dirige chamando-a
“mulher” e não mãe, como seria normal. O Senhor parece querer apresentá-la como
a mulher estreitamente unida a Ele na realização da obra da redenção, a mulher
de que se fala no Génesis (Gn 3, 15) e no Apocalipse (Ap 12). As palavras que
Jesus dirige a Maria: “Eis o teu filho!” têm um sentido mais profundo do que o
imediatamente literal. A Igreja encarregou-se de aprofundá-lo. O afeto e a
relação maternal – a maternidade espiritual de Maria – concentrar-se-ão
naqueles por quem o seu Filho está a dar a vida. João personifica todos os
seguidores de Jesus. Segundo a teologia paulina, os crentes são “irmãos” de
Cristo, participantes da sua filiação.
IV SEMANA DA
PÁSCOA
Antífona da entrada: Alegremo-nos, exultemos de demos glória a Deus, porque o
Senhor todo-poderoso tomou posse do seu reino, aleluia! (Ap 19,7.6)
Leitura
(Atos 11,19-26)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
11 19 Entretanto, aqueles que foram
dispersados pela perseguição que houve no tempo de Estêvão chegaram até a
Fenícia, Chipre e Antioquia, pregando a palavra só aos judeus.
20 Alguns deles,
porém, que eram de Chipre e de Cirene, entrando em Antioquia, dirigiram-se
também aos gregos, anunciando-lhes o Evangelho do Senhor Jesus.
21 A mão do Senhor
estava com eles e grande foi o número dos que receberam a fé e se converteram
ao Senhor.
22 A notícia dessas
coisas chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém. Enviaram então Barnabé até
Antioquia.
23 Ao chegar lá,
alegrou-se, vendo a graça de Deus, e a todos exortava a perseverar no Senhor
com firmeza de coração,
24 pois era um homem
de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. Assim uma grande multidão uniu-se ao
Senhor.
25 Em seguida, partiu
Barnabé para Tarso, à procura de Saulo. Achou-o e levou-o para Antioquia.
26 Durante um ano
inteiro eles tomaram parte nas reuniões da comunidade e instruíram grande
multidão, de maneira que em Antioquia é que os discípulos, pela primeira vez,
foram chamados pelo nome de cristãos.
Atos
11, 19-26 – “a perseguição nos leva a caminhar com mais firmeza”
Ninguém
segura o poder de Deus! A perseguição por conta da morte de Estevão fez com que
os discípulos se dispersassem e se espalhassem por vários lugares chegando a
outras regiões. Deste modo, eles tiveram a oportunidade de anunciar a boa nova
de Jesus em outras cidades, aos judeus e, também, aos gregos. Assim se cumpria
o mandamento de Jesus: “Ide e evangelizai”! Mesmo que “aparentemente” as coisas
não estejam dando certo, a obra do Senhor se realiza na medida em que nós somos
fiéis e permanecemos confiantes nas Suas promessas. O que visivelmente era
considerado uma derrota, foi ao contrário, um ensejo de crescimento para a
Igreja de Jesus. Na nossa vida também podemos observar que a perseguição nos
desacomoda, nos desinstala e nos leva a caminhar e crescer com mais firmeza.
Toda dificuldade pela qual tivermos que passar será, para nós, uma ocasião
propícia para que percebamos a força de Deus agindo em nós e por nosso
intermédio. Com efeito, firmados na Sua palavra, podemos dar ao mundo um
testemunho de vida nova, de transformação e de conversão. A iniciativa é de
Deus. Aquele (a) que está de coração aberto, Deus o (a) faz Seu instrumento. É
assim que o reino cresce! O Espírito Santo é quem nos sustenta e nos capacita!
Deus dá a graça a quem permanece firme Nele. Ele tem um plano a realizar a
partir da nossa compreensão para as coisas que nos são humanamente
incompreensíveis. Precisamos perceber e avaliar se as dificuldades pelas quais
estamos passando, atualmente, estão sendo para nós motivo de crescimento. Deste
modo, nós também poderemos nos alegrar e permanecermos fiéis ao Senhor, com
perseverança e de coração.
Salmo
responsorial 86/87
Cantai
louvores ao Senhor, todas as gentes.
O Senhor ama a cidade
que fundou no monte santo;
ama as portas de Sião
mais que as casas de Jacó.
Dizem coisas gloriosas
da cidade do Senhor.
Lembro o Egito e a Babilônia
entre os meus veneradores.
Na Filistéia ou em Tiro
ou nos país da Etiópia,
este ou aquele ali nasceu.
De Sião, porém, se diz:
“Nasceu nela todo homem;
Deus é sua segurança”.
Deus anota no seu livro,
onde inscreve os povos todos:
“Foi ali que estes nasceram”.
E por isso todos juntos
a cantar se alegrarão;
e, dançando, exclamarão:
“Estão em ti as nossas fontes!”
Salmo 86 – “Cantai
louvores ao Senhor, todas as gentes.”
O salmista exalta a terra em que nascem aqueles (as) que têm Deus como sua segurança.
Todo homem que confia no Senhor tem sua origem na cidade Santa, isto é, o monte
santo que é o coração de Deus. No coração do Senhor, como num livro, estão
inscritos os nomes de todos os que têm fé. A fé em Jesus nos faz sermos Seus
irmãos e irmãs e nos dá a unidade e comunhão com todos os que Nele confiam. O
Senhor é a fonte da alegria que nos motiva a cantar e dançar alegremente os
seus louvores.
Evangelho
(João 10,22-30)
Aleluia, aleluia,
aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz,
eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).
10 22 Celebrava-se em Jerusalém a festa da
Dedicação. Era inverno.
23 Jesus passeava no
templo, no pórtico de Salomão.
24 Os judeus
rodearam-no e perguntaram-lhe: “Até quando nos deixarás na incerteza? Se tu és
o Cristo, dize-nos claramente”.
25 Jesus
respondeu-lhes: “Eu vo-lo digo, mas não credes. As obras que faço em nome de
meu Pai, estas dão testemunho de mim.
26 Entretanto, não
credes, porque não sois das minhas ovelhas.
27 As minhas ovelhas
ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem.
28 Eu llhes dou a vida
eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão.
29 Meu Pai, que mas
deu, é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai.
30 Eu e o Pai somos
um”.
UMA INCÓGNITA
SOBRE JESUS
O modo de proceder de Jesus bem com os seus ensinamentos deixavam
desconcertados os seus adversários. Embora realizasse gestos prodigiosos,
suficientes para revelar sua plena comunhão com o Pai, e falasse de maneira até
então desconhecida, permanecia uma incógnita a seu respeito. Os judeus, que
tinham tudo para reconhecê-lo como o Messias, permaneciam na incerteza. Por
isso, ficavam à espera de que Jesus lhes "dissesse abertamente" quem
ele era.
A postura assumida pelos adversários impedia-os de compreender a verdadeira
identidade messiânica de Jesus. Movidos pela suspeita, pela malevolência e pela
crítica mordaz, jamais conseguiriam chegar à resposta desejada. Daí a tendência
a acusar Jesus de blasfemo e imputar-lhe toda sorte de desvios teológicos e
políticos.
Em contraste com os adversários estavam os discípulos. Estes, sim, colocavam-se
numa atitude humilde de escuta, atentos às palavras do Mestre, buscando
desvendar-lhes seu sentido mais profundo. Dispuseram-se a segui-lo, para serem
instruídos não só por suas palavras, mas também por seus gestos concretos de
misericórdia, para com os mais necessitados. A comunhão de vida com o Mestre
permitia-lhes descobrir sua condição de Messias, o enviado do Pai.
A incógnita sobre Jesus permanece para quem se posiciona diante dele como
adversário. Quem se faz discípulo, não tem dificuldade de reconhecê-lo como
Messias.
Oração
Pai, dá-me um coração de discípulo que se deixa guiar docilmente pelo Mestre
Jesus, tornando-se, assim, apto para reconhecer sua condição de Messias de
Deus.
Quarta 14 de Maio de 2014
SÃO MATIAS
APÓSTOLO
(Vermelho)
Antífona da entrada: Não fostes vós que mês escolhestes. Fui eu que vos escolhi
e vos enviei para produzirdes fruto e o vosso fruto permaneça, aleluia! (Jo
15,16)
Oração
do dia
Ó Deus, que associastes
são Matias ao colégio apostólico, concedei, por sua intercessão, que, fruindo
da alegria do vosso amor, mereçamos ser contados entre os eleitos. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura
(Atos 1,15-17.20-26)
Leitura dos Atos dos apóstolos.
1 15 Num daqueles dias, levantou-se Pedro
no meio de seus irmãos, na assembléia reunida que constava de umas cento e
vinte pessoas, e disse:
16 “Irmãos, convinha
que se cumprisse o que o Espírito Santo predisse na escritura pela boca de
Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus.
17 Ele era um dos
nossos e teve parte no nosso ministério.
20 Pois está escrito
no livro dos Salmos: ‘Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela
habite; e ainda mais: Que outro receba o seu cargo’.
21 Convém que destes
homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em que o Senhor Jesus
viveu entre nós,
22 a começar do
batismo de João até o dia em que do nosso meio foi arrebatado, um deles se
torne conosco testemunha de sua Ressurreição”.
23 Propuseram dois:
José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome Justo, e Matias.
24 E oraram nestes
termos: Ó Senhor, que conheces os corações de todos, mostra-nos qual destes
dois escolheste
25 para tomar neste
ministério e apostolado o lugar de Judas que se transviou, para ir para o seu
próprio lugar.
26 Deitaram sorte e
caiu a sorte em Matias, que foi incorporado aos onze apóstolos.
Atos
1, 15-17.20-26 – “a escolha de Matias”
Como
as Escrituras já previam Judas Iscariotes, o qual participara do mesmo
ministério que os Apóstolos, pois fora um dos escolhidos por Jesus, foi o guia
dos que prenderam Jesus e O crucificaram. Na história dos homens há sempre
alguém que se desvia da verdade e segue a senda do mal. Assim também aconteceu
na história de Jesus. Os apóstolos, então, seguindo o que já dizia o Livro dos
Salmos, “que outro ocupe o seu lugar” sentiram a necessidade de escolher alguém
que se ajuntasse a eles. Por isso, com uma simples, mas poderosa oração, eles
elegeram o substituto de Judas, o traidor. A confiança deles no Espírito era
tão grande que não precisaram de grandes lances nem de planos estruturados.
Apenas sugeriram o nome de dois homens e oraram pedindo ao Espírito Santo que
indicasse o nome daquele que era o escolhido de Deus. Fizeram um sorteio e com
muita confiança, sem nenhuma dúvida, eles acolheram o nome de Matias. Em
qualquer situação da nossa vida quando precisamos fazer as nossas escolhas nós
também podemos contar com a assistência do Espírito Santo, o qual conhece o
coração de todos e pode nos ajudar nas nossas resoluções. Se, ao invés de
muitos debates em reuniões de negócios, os homens resolvessem também pedir a
ajuda do alto, com certeza, os acertos seriam muito maiores do que os
fracassos. Que nós possamos, firmados no exemplo dos apóstolos e, com muita
confiança na condução do Espírito Santo, fazer também as opções para a nossa
vida, sem temor e com muita simplicidade.
Salmo
responsorial 112/113
O Senhor fez
o indigente assentar-se com os nobres.
Louvai, louvai, ó servos do Senhor,
louvai, louvai o nome do Senhor!
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e por toda a eternidade!
Do nascer do sol até o seu ocaso,
louvado seja o nome do Senhor!
O Senhor está acima das nações,
sua glória vai além dos altos céus.
Quem pode comparar-se ao nosso Deus,
ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono
e se inclina para olhar o céu e a terra?
Levanta da poeira o indigente
e do lixo ele retira o pobrezinho,
para faze-lo assentar-se com os nobres,
assentar-se com os nobres do seu povo.
Salmo 112 – “O Senhor
fez o indigente assentar-se com os nobres.”
O Senhor nos dá vida nova, levanta-nos da poeira, da lama e nos retira do lixo,
diz o salmista. E não faz somente isso, mas nos assenta com os nobres, com os
justos, com os santos. Será isso pouco para que nós possamos louvar o Seu Nome
e exaltá-lo do nascer ao por do sol?
Evangelho
(João 15,9-17)
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Eu vos designei para que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça (Jo 15,16).
15 9 Disse Jesus: “Como o Pai me ama, assim também eu vos
amo. Perseverai no meu amor. 10 Se guardardes os meus mandamentos,
sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai
e persisto no seu amor.
11 Disse-vos essas
coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.
12 Este é o meu
mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.
13 Ninguém tem maior
amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.
14 Vós sois meus
amigos, se fazeis o que vos mando.
15 Já não vos chamo
servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos,
pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
16 Não fostes vós que
me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais
fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo
quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.
17 O que vos mando é
que vos ameis uns aos outros”.
UMA FELIZ
COMPARAÇÃO
A situação de uma mulher em trabalho de parto serviu para ilustrar a situação
dos discípulos às voltas com o mistério pascal. Esta imagem, simples de ser
entendida, devia levá-los a intuir o sentido das palavras enigmáticas de Jesus.
Era mister compreender devidamente as exortações do Mestre, para evitar futuras
decepções.
Todo o processo do parto transcorre em meio a dores e sofrimentos. Hoje, a
medicina procura aliviar, ao máximo, esses sofrimentos, realizando partos
indolores. Isto não significa negar que o parto seja, por si, doloroso. O grau
de suportação da mãe torna-se quase infinito, quando ela pensa no desfecho do
seu sofrimento: a vinda de um ser humano ao mundo. A expectativa do filho, que
está para nascer, leva-a a relativizar sua dor.
Os discípulos passariam por uma experiência parecida com essa. O mistério
pascal teria seu componente necessário de sofrimento e de tristeza. Não seria
possível prescindir deles, nem abrandá-los. Uma dor cruel esperava-os, ao
contemplar o próprio Mestre pendendo de uma cruz. Entretanto, algo de sumamente
importante aconteceria no final de tudo isto: o Pai haveria de restituir-lhe a
vida. Para os discípulos, a esperança da ressurreição não lhes suavizou a dor
de ver o amigo crucificado, mas devolveu-lhes a alegria, e uma alegria tal, que
dela ninguém jamais poderá privá-los.
Oração
Espírito de felicidade, que a certeza da ressurreição me ajude a suportar
as dores e os sofrimentos, sem desfalecer.
Quinta 15 de Maio de
2014
IV SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Ó Deus, quando saístes à frente do vosso povo, abrindo-lhe
o caminho e habitando entre eles, a terra estremeceu, fundiram-se os céus,
aleluia! (Sl 67,8s.20)
Leitura
(Atos 13,13-25)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
13 13 Paulo e os seus companheiros navegaram
de Pafos e chegaram a Perge, na Panfília, de onde João, apartando-se deles,
voltou para Jerusalém.
14 Mas eles, deixando
Perge, foram para Antioquia da Pisídia. Ali entraram em dia de sábado na
sinagoga, e sentaram-se.
15 Depois da leitura
da lei e dos profetas, mandaram-lhes dizer os chefes da sinagoga: Irmãos, se
tendes alguma palavra de exortação ao povo, falai-a.
16 Paulo levantou-se,
fez um sinal com a mão e falou: "Homens de Israel e vós que temeis a Deus,
ouvi.
17 O Deus do povo de
Israel escolheu nossos pais e exaltou este povo no tempo em que habitava na
terra do Egito, de onde os tirou com o poder de seu braço.
18 Por espaço de
quarenta anos alimentou-os no deserto.
19 Destruiu sete
nações na terra de Canaã e distribuiu-lhes por sorte aquela terra durante quase
quatrocentos e cinqüenta anos.
20 Em seguida, lhes
deu juízes até o profeta Samuel.
21 Pediram então um
rei, e Deus lhes deu, por quarenta anos, Saul, filho de Cis, da tribo de
Benjamim.
22 Depois, Deus o
rejeitou e mandou-lhes Davi como rei, de quem deu este testemunho: Achei Davi,
filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará todas as minhas vontades.
23 De sua
descendência, conforme a promessa, Deus fez sair para Israel o Salvador Jesus.
24 João tinha pregado,
desde antes da sua vinda, o batismo do arrependimento a todo o povo de Israel.
25 Terminando a sua
carreira, dizia: ´Eu não sou aquele que vós pensais, mas após mim virá aquele
de quem não sou digno de desatar o calçado´".
Atos
13, 13-25 – “ uma palavra de alento ”
O
objetivo de Paulo era encorajar o povo desanimado e sem fé que estava reunido
para ouvir sobre a lei e os profetas. Tomando a palavra, Ele recordou para eles
a sua própria história, isto é a história de Israel. Partindo da sua origem ele
relembrou a sua passagem pela escravidão do Egito quando Deus de lá os tirou
com braço poderoso, tendo-os, cercado de cuidados no deserto, durante quarenta
anos. Discorrendo sobre os reis, desde Saul até Davi, Paulo anunciou o Nome de
Jesus Cristo, Aquele que fora prometido por Deus para salvar Israel. Assim, ele
mostrou àquele povo que havia um sentido para o seu viver e que ele precisava
abraçar a salvação de Jesus, homem segundo o coração de Deus, enviado para
fazer a Sua vontade. Falar dos antepassados, reviver a vida é rebuscar em cada
coração os acontecimentos passados que nos permitiram encontrar a proteção de
Deus que cuida do nosso caminhar. Somos hoje como esse povo sem coragem que
passou pelas dificuldades, superou barreiras, mas, às vezes ainda não entendeu
o porquê e para que as coisas aconteceram. A consciência da dor, da
dificuldade, da luta é bem firme em nós, porém o sabor da vitória e da proteção
do Senhor nas horas difíceis é quase imperceptível. Baseando-nos nisto, nós
também, precisamos recordar a história da nossa salvação, partindo das nossas
origens, do nosso berço até os dias de hoje quando nós já tivemos a experiência
com Jesus ressuscitado. Esse exercício nos fará recordar as maravilhas que têm
acontecido na nossa vida, os pequenos milagres e, com certeza, servirá para nós
como alento, para que possamos mudar o rumo das nossas preocupações. É muito
bom que de vez em quando nós façamos uma retrospectiva na nossa existência, até
para descobrir também, em que erramos e em que acertamos para que nos sirva de
crescimento humano e espiritual. - Faça hoje você também como Paulo: recorde a
sua história, desde cedo, desde o berço. Perceba o que melhorou na sua vida, na
vida da sua família. – E se ainda não está bom, perceba que você ainda tem o
tempo de agora para confiar que tudo irá melhorar!
Salmo
responsorial 88/89
Ó Senhor, eu
cantarei eternamente o vosso amor.
Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso
amor,
de geração em geração eu cantarei vossa verdade!
Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!”
E a vossa lealdade é tão firme como os céus.
“Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor,
e o ungi para ser rei, com meu óleo consagrado.
Estará sempre com ele minha mão onipotente,
e meu braço poderoso há de ser a sua força.
Não será surpreendido pela força do inimigo,
nem o filho da maldade poderá prejudicá-lo.
Diante dele esmagarei seus inimigos e agressores,
ferirei e abaterei todos aqueles que o odeiam.
Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele,
sua força e seu poder por meu nome crescerão.
ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu Pai,
sois meu Deus, sois meu rochedo onde encontro a salvação!’”
Salmo 88 – “Ó Senhor,
eu cantarei eternamente o vosso amor”
O amor de Deus é garantido para sempre na vida daqueles que cantam a Sua verdade.
Assim, de geração a geração a graça do Senhor se manifesta e se expande como
uma bênção eterna. Se cultivarmos o hábito de dar graças a Deus e de louvá-Lo,
com certeza, os nossos descendentes assim também o farão e com eles também
sempre estará o braço poderoso do Senhor. Sua verdade e o Seu amor são como uma
corrente elétrica que se distribui através dos tempos.
Evangelho
(João 13,16-20)
Aleluia, aleluia,
aleluia.
Jesus Cristo, a fiel testemunha, primogênito dos mortos, nos amou e do
pecado nos lavou em seu sangue derramado (Ap 1,5).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo
segundo João.
Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus lhes disse: 13 16 "em verdade, em verdade vos digo:
o servo não é maior do que o seu Senhor, nem o enviado é maior do que aquele
que o enviou.
17 Se compreenderdes
estas coisas, sereis felizes, sob condição de as praticardes.
18 Não digo isso de
vós todos; conheço os que escolhi, mas é preciso que se cumpra esta palavra da
Escritura: ´Aquele que come o pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar´. 19Desde já vo-lo digo,
antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais e reconheçais quem sou
eu.
20 Em verdade, em
verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviei recebe a mim; e quem me
recebe, recebe aquele que me enviou".
O AMIGO TRAIDOR
A traição de Judas não pegou Jesus de surpresa. O comportamento do discípulo
deve ter chamado a atenção do Mestre. Sem dúvida, havia em Judas algo revelador
de sua pouca sintonia com ele.
O gesto desse discípulo não deixa de ser intrigante. Por que trair um Mestre
como Jesus, que superava, em sabedoria e poder, todos os demais até então
conhecidos? Por que uma atitude tão mesquinha em relação a quem se mostrara tão
misericordioso e compassivo?
Só existe uma resposta para este questionamento: a liberdade de Judas. Embora
escolhido por Jesus para fazer parte do círculo dos íntimos aos quais tinham
sido confiados os ministérios necessários para o anúncio do Reino, o traidor
não foi capaz de abrir mão de seus esquemas mentais, e contar, efetivamente,
com Jesus. Embora convivesse com o Mestre, este, porém, não exercia influência
sobre ele. Pelo contrário, Judas deixava-se influenciar pelas forças demoníacas
do dinheiro e do poder político.
A traição, neste caso, situa-se num contexto de esperanças frustradas. Judas
preferiu dar ouvido ao tentador. Foi sua desgraça! Deixou-se dominar pelos
salteadores, ao invés de dar ouvido à voz do Pastor!
O gesto tresloucado de Judas é um alerta para os discípulos de todos os tempos.
Ninguém está isento de passar de amigo a traidor. Sem obediência total à voz do
pastor, não existe discipulado que se sustente.
Oração
Espírito de arrependimento toca o meu coração, para que eu me penitencie
pelas vezes que traí o amigo Jesus.
Sexta 16 de Maio de 2014
IV SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Vós nos resgatastes, Senhor, pelo vosso sangue, de todas as
raças, línguas, povos e nações e fizestes de nós um reino e sacerdotes para o
nosso Deus, aleluia! (Ap 5,9s)
Leitura
(Atos 13,26-33)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
13 26 “Irmãos, filhos de Abraão, e os que
entre vós temem a Deus: a nós é que foi dirigida a mensagem de salvação.
27 Com efeito, os
habitantes de Jerusalém e os seus magistrados não conheceram Jesus, e,
sentenciando-o, cumpriram os oráculos dos profetas, que cada sábado são lidos.
28 Embora não achassem
nele culpa alguma de morte, pediram a Pilatos que lhe tirasse a vida.
29 Depois de
realizarem todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro,
puseram-no num sepulcro.
30 Mas Deus o
ressuscitou dentre os mortos.
31 Durante muitos dias
apareceu àqueles que com ele subiram da Galiléia a Jerusalém, os quais até
agora são testemunhas dele junto ao povo.
32 Nós vos anunciamos:
a promessa feita a nossos pais,
33 Deus a tem cumprido
diante de nós, seus filhos, suscitando Jesus, como também está escrito no Salmo
segundo: ‘Tu és meu Filho, eu hoje te gerei’."
O
discurso de Paulo, em Antioquia da Pisída, pode resumir-se assim: o evangelho é
a consumação de tudo quanto Deus fez, anunciou e prometeu ao seu povo. No
fundo, Paulo usa os mesmos argumentos de Pedro no seu primeiro discurso, no dia
de Pentecostes. Provavelmente era um esquema habitual para quem anunciava o
Evangelho em ambientes judaicos. Jesus, injustamente condenado, foi reconhecido
justo por Deus na ressurreição. É esta a palavra de salvação, a boa nova, a
realização da promessa feita aos pais (cf. v. 32). Deus é suficientemente forte
para vencer o mal, ainda o mais horrível. Deus salva aqueles que acreditam no seu
poder, esse poder com que ressuscitou Jesus.
Ao anunciar a ressurreição, Paulo fundamenta-se
em «testemunhas» (v. 30), transmitindo aquilo que recebeu. Sabe que não é
testemunha, como Pedro e os outros Apóstolos, mas tem consciência de pertencer
ao grupo dos missionários. Por isso, acrescenta: «nós estamos aqui para vos
anunciar a Boa-Nova de que a promessa feita a nossos pais».
Salmo
responsorial 2
Tu és meu
Filho, e eu hoje te gerei!
“Fui eu mesmo que escolhi este meu rei
e, em Sião, meu monte santo, o consagrei!”
O decreto do Senhor promulgarei,
foi assim que me falou o Senhor Deus:
“Tu és meu filho, e eu hoje te gerei!”
Podes pedir-me e, em resposta, eu te darei
por tua herança os povos todos e as nações,
e há de ser a terra inteira o teu domínio.
Com cetro férreo haverás de dominá-los
e quebra-los como um vaso de argila!
E agora, poderosos, entendei;
soberanos, aprendei esta lição:
com temos servi a Deus, rendei-lhe glória
e prestai-lhe homenagem com respeito!
Evangelho
(João 14,1-6)
Aleluia, aleluia,
aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14,6)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo
segundo João.
14 1 Disse Jesus: “Não se perturbe o vosso
coração. Credes em Deus, crede também em mim.
2 Na casa de meu Pai
há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos
um lugar.
3 Depois de ir e vos
preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou,
também vós estejais.
4 E vós conheceis o
caminho para ir aonde vou”.
5 Disse-lhe Tomé:
“Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?”
6 Jesus lhe respondeu:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”.
NÃO SE
PERTURBE!
O discípulo do Ressuscitado vê-se confrontado com duas situações que, se mal
compreendidas, poderão ser causa de perturbação. Por um lado, tem diante de si
um projeto, cujas exigências e conseqüências são preocupantes: pautar a própria
vida pelo ideal do Reino, num mundo hostil e refratário ao amor, tem um preço a
ser pago. Por outro lado, o discípulo pergunta-se pelo fim de tudo isto, pela
meta para onde caminha. O sentido da caminhada e o ânimo com que ela é feita,
dependem de uma certa lucidez. Caso contrário, o discípulo deixar-se-á vencer
pelo desânimo.
Jesus tomou a iniciativa de tranqüilizar os discípulos, apelando para a fé:
"Assim como vocês acreditam em Deus, acreditem também em mim". Suas
palavras elucidavam as dúvidas que povoavam o coração deles. Acolhidas na fé,
essas palavras surtiriam o efeito tranqüilizador desejado.
Para os discípulos, abriu-se uma perspectiva de comunhão escatológica com o
Pai. Simbolicamente, Jesus referiu-se à casa com muitas moradas. O vocábulo
casa evoca afeto, convivência, intimidade. As muitas moradas significam a
disposição do Pai para acolher a todos, sem exceção. Quem chegar na casa do
Pai, será recebido por ele.
Esse lugar de acolhida será preparado por Jesus, o qual precederá os seus
discípulos. Com uma tal certeza, pode-se deixar de lado todo receio. Basta
seguir o caminho aberto por Jesus.
Oração
Espírito de tranqüilidade afasta para longe de mim toda perturbação, e faze-me
confiar plenamente nas palavras de Jesus, que já nos preparou um lugar na casa
do Pai.
Sábado 17 de Maio de 2014
IV SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Povo resgatado por Deus, proclamai suas maravilhas: ele vos
chamou das trevas à sua luz admirável, aleluia! (1Pd 2,9)
Leitura
(Atos 13,44-52)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
13 44 No sábado seguinte, afluiu quase toda
a cidade para ouvir a palavra de Deus.
45 Os judeus, vendo a
multidão, encheram-se de inveja e puseram-se a protestar com injúrias contra o
que Paulo falava.
46 Então Paulo e
Barnabé disseram-lhes resolutamente: “Era a vós que em primeiro lugar se devia
anunciar a palavra de Deus. Mas, porque a rejeitais e vos julgais indignos da
vida eterna, eis que nos voltamos para os pagãos.
47 Porque o Senhor
assim no-lo mandou: ‘Eu te estabeleci para seres luz das nações, e levares a
salvação até os confins da terra’”.
48 Estas palavras
encheram de alegria os pagãos que glorificavam a palavra do Senhor. Todos os
que estavam predispostos para a vida eterna fizeram ato de fé.
49 Divulgava-se,
assim, a palavra do Senhor por toda a região.
50 Mas os judeus
instigaram certas mulheres religiosas da aristocracia e os principais da
cidade, que excitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e os expulsaram do
seu território.
51 Estes sacudiram
contra eles o pó dos seus pés, e foram a Icônio.
52 Os discípulos, por
sua vez, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
É
breve o intervalo que separa o discurso de Paulo em Antioquia e a continuação
do seu ensino, no sábado seguinte, na sinagoga. Mas este intervalo tem por fim
mostrar o interesse que a pregação do Apóstolo desperta entre judeus e pagãos.
Querem ouvir mais, e Paulo exorta-os a permanecerem na graça de Deus, isto é,
na escuta do Evangelho. De facto, no sábado seguinte «quase toda a cidade» (v.
44) acorre a escutar a Palavra de Deus. Mas os judeus encheram-se de inveja e
«judeus incitaram as senhoras devotas mais distintas e os de maior categoria da
cidade» contra Paulo e Barnabé, que são expulsos do território. É nesse momento
que se dá a separação definitiva entre o Evangelho e o Judaísmo.
Paulo
reafirma o direito dos judeus a serem evangelizados antes de mais ninguém… Mas,
uma vez que recusavam o evangelho, era a vez de o anunciarem aos pagãos. Em
Antioquia, os missionários declaram que se voltam para os pagãos, não só por
causa da recusa dos judeus, mas também por causa das palavras de Isaías que
fala da luz para todos os povos (49, 6). Os cristãos são herdeiros do destino
glorioso que estava reservado a Israel, que se tornou incapaz de o realizar,
uma vez que recusou Jesus Cristo. Lucas termina a narrativa de um modo
positivo: «Quanto aos discípulos, estavam cheios de alegria e do Espírito
Santo» (v. 52).
Salmo
responsorial 97/98
Os confins
do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!
Evangelho
(João 14,7-14)
Aleluia, aleluia,
aleluia.
Se guardais minha palavra, diz Jesus, realmente vós sereis os meus
discípulos (Jo 8,31s).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo
segundo João.
14 7 Disse Jesus: “Se me conhecêsseis, também
certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes
visto”.
8 Disse-lhe Filipe:
“Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta”.
9 Respondeu Jesus: “Há
tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu,
viu também o Pai. Como, pois, dizes: ‘Mostra-nos o Pai’
10 Não credes que
estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de
mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias
obras.
11 Crede-me: estou no
Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras.
12 Em verdade, em
verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e
fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.
13 E tudo o que
pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no
Filho.
14 Qualquer coisa que
me pedirdes em meu nome, vo-lo farei”.
JESUS E O PAI
Não se pode de compreender a existência de Jesus, prescindindo de sua íntima
comunhão com o Pai. Suas palavras e seus gestos foram sempre referidos ao Pai.
A consciência de ser o Filho enviado estava sempre presente em tudo quanto
fazia. E mais: tinha consciência de estar chegando a hora de voltar para junto
do Pai.
Sendo assim, o Filho divino pode ser considerado como a transparência do Pai.
Quem o conhece, conhece o Pai. Quem o vê, vê também o Pai. Ouvi-lo, significa
ouvir o Pai. Contemplar seus milagres, corresponde a contemplar o Pai
manifestando seu amor pela humanidade. É, pois, inútil pretender ter acesso a
Deus, prescindindo de Jesus.
Evidentemente, o Pai não é Jesus. E Jesus não é o Pai. As palavras de Jesus não
dão margem para equívocos. Seria falsa qualquer identificação, e não
corresponderia ao pensamento de Jesus. A comunhão entre ambos não redunda da
fusão de um no outro.
Apesar disto, Jesus não titubeou em fazer esta afirmação ousada: "Quem me
vê, vê o Pai". Da contemplação da vida de Jesus, é possível chegar a
compreender quais são as pautas da ação de Deus, ou seja, a maneira como ele se
relaciona com os seres humanos, e o que espera deles.
Portanto, não é preciso ir longe para encontrar Deus. Jesus é o caminho pelo
qual chegamos até o Pai.
Oração
Espírito de discernimento ilumina minha mente e meu coração para que eu
possa reconhecer o Pai na contemplação do Filho Jesus.
18 de Maio de 2014
V DOMINGO DA PÁSCOA
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO : A Páscoa não é uma alegria passageira. Páscoa é, mais do
que tudo, um projeto de vida que tem como fim a Vida. Coração perturbado não
compreende a grandiosidade desse mistério. Por isso o Senhor nos exortará: “Não
se perturbe o vosso coração”. Jesus nos fala da casa do Pai, assegurando- -nos
que lá tem muitas moradas, as quais ele mesmo preparará. É o amor que ama até o
fim e para lá do fim! Jesus quer todos consigo, seja aqui, seja depois daqui.
No entanto, a atitude de apreensão é muito humana e muito nossa, como muito
humano e muito nosso é o desejo dos apóstolos de ver o Pai. Vivemos uma
permanenente procura de Deus, sentimos um desejo, menos intenso, mais intenso
de ver o rosto de Deus. E na procura de Deus, precisamos de pontos de
referência para não nos perder. Jesus se coloca como ponto de refrência, seja
para vencer a angústia pelo que pode acontecer, seja para encontrar a casa do
Pai e fazer comunhão com Ele.
INTRODUÇÃO: Neste quinto Domingo do Tempo Pascal, celebramos a unidade
perfeita entre o Pai e Filho. A morte e a ressurreição de Cristo abriu-nos o
caminho para chegarmos à fonte e origem do Amor. É nessa perspectiva que
caminhamos para a festa de Pentecostes.
INTRODUÇÃO: A afirmação de Jesus personaliza os temas bíblicos
característicos e permite a toda experiência humana confrontar-se com ele sobre
o sentido fundamental da existência. Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado
como homem aos homens, fala as palavras de Deus e consuma a obra de salvação a
ele confiada pelo Pai. Eis por que ele, ao qual quem vê, vê também o Pai, pela
plena presença e manifestação de si mesmo por palavras e obras, sinais e milagres,
e especialmente por sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos, enviado
finalmente o Espírito de verdade, aperfeiçoa e completa a revelação e a
confirma com o testemunho divino de que Deus está conosco para libertar-nos das
trevas do pecado e da morte e para ressuscitar-nos para a vida eterna.
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo,
cantemos cânticos jubilosos ao Senhor!
Antífona da entrada: Cantai ao Senhor um canto novo, porque ele fez maravilhas;
e revelou sua justiça diante das nações, aleluia! (Sl 97,1s)
Comentário das Leituras: A fé cristã que se torna
adulta deixa de ser crença e passa a se manifestar concretamente na vida
pessoal e na vida da comunidade. A fé adulta é fonte de novos ministérios na
comunidade, faz de Jesus a pedra angular, o confessa como Caminho, Verdade e Vida
e espera com ele viver eternamente feliz. Abramos os nossos corações às
leituras deste Domingo, a fim de testemunharmos com mais entusiasmo a fé em
Jesus Cristo e fazer de nossa comunidade um centro de divulgação do Evangelho.
Leitura
(Atos 6,1-7)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 6 1 como crescesse o número dos
discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas
teriam sido negligenciadas na distribuição diária.
2 Por isso, os Doze
convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: "Não é razoável que
abandonemos a palavra de Deus, para administrar.
3 Portanto, irmãos,
escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício.
4 Nós atenderemos sem
cessar à oração e ao ministério da palavra".
5 Este parecer agradou
a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo;
Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
6 Apresentaram-nos aos
apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos.
7 Divulgou-se sempre
mais a palavra de Deus. Multiplicava-se consideravelmente o número dos
discípulos em Jerusalém. Também grande número de sacerdotes aderia à fé.
Este é o texto que refere a
instituição dos diáconos, como colaboradores dos Apóstolos e participantes de
uma parte da sua missão.
1 «aumentando o número dos
discípulos». A cada passo S.
Lucas insiste no aumento dos cristãos. Outras insistências: Act 2,
41; 5, 14; 6, 7; 9, 31; 11, 21.24; 12, 24; 14, 1; etc.). Estes «helenistas» eram cristãos convertidos de entre os
judeus emigrantes, que na diáspora falavam a língua grega e se encontravam
agora na situação de retornados à Terra Santa. Pelos nomes gregos que têm, os
primeiros 7 diáconos pertenceriam na generalidade a este grupo.
2-4 «Vamos dedicar-nos totalmente à
oração…». Como a missão dos Apóstolos era ingente, impunha-se que
estes não se dispersassem por actividades que outros podiam desempenhar. Foi a
circunstância providencial para a primeira ordenação dos diáconos, que não eram
meros agentes sociais, pois tinham também uma função sagrada, como a
distribuição da Eucaristia, a pregação do Evangelho e a administração do
Baptismo (cf. Act 8, 5.7.16); constituíam um verdadeiro grau da
hierarquia, distinto do presbiterado (cf. 1 Tim 3, 8). A oração, a
que se dedicavam intensamente os Apóstolos, não era apenas a oração oficial das
reuniões comunitárias, mas a oração pessoal, a sós com Deus, segundo se deduz
de Act 10, 9. Na oração intensa residia o segredo da sua eficácia
apostólica e da transformação do mundo que operaram, um segredo cheio de
actualidade.
Salmo
responsorial 32/33
Sobre nós venha, Senhor,
a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!
Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
Aos retos fica bem glorificá-lo.
Daí graças ao Senhor ao som da harpa,
n lira de dez cordas celebrai-o.
pois reta é a palavra do Senhor,
tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
Transborda em toda a terra a sua graça.
O Senhor pousa o olhar sobe os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vida
e alimentá-los quando é tempo de penúria.
O
salmista convida-nos insistentemente a aclamar, louvar e cantar salmos ao
Senhor, pois a Sua Palavra realiza a verdade, a justiça e o amor.
Leitura
(1 Pedro 2,4-9)
Leitura da primeira carta de são João.
2 4 Achegai-vos a ele, pedra viva que os
homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus;
5 e quais outras
pedras vivas, vós também vos tornais os materiais deste edifício espiritual, um
sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por
Jesus Cristo.
6 Por isso lê-se na
Escritura: "Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida, preciosa:
quem nela puser sua confiança não será confundido".
7 Para vós, portanto,
que tendes crido, cabe a honra. Mas, para os incrédulos, "a pedra que os
edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular, uma pedra de tropeço, uma
pedra de escândalo".
8 Nela tropeçam porque
não obedecem à palavra; e realmente era tal o seu destino.
9 Vós, porém, sois uma
raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para
Deus, a fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à
sua luz maravilhosa.
Temos aqui um texto de excepcional
riqueza eclesiológica, em que os privilégios do antigo Povo de Deus são
transpostos para o novo Povo de Deus, a Igreja, por meio dum método
hermenêutico de actualização (deraxe) de textos do A. T., nomeadamente
de Is 8, 14; Ex 19, 5-6; Os 1, 6.9; 2, 3.25. Esses
privilégios são basicamente a eleição, a consagração e a missão de «anunciar os louvores d’Aquele
que vos chamou…». Este
texto é o ponto de partida para um dos ensinamentos nucleares do Vaticano II,
sobre o sacerdócio comum dos fiéis e a dignidade e missão dos leigos: todas as
realidades mundanas diárias transformadas em oferta – «sacrifícios espirituais» (v. 5)
– a Deus (LG 34).
4 «Cristo, a Pedra viva…». O termo grego, lithos, designa
uma pedra trabalhada, preparada; Jesus é a pedra escolhida por
Deus, mas rejeitada pelos homens, o alicerce e a pedra
angular sobre a qual repousa todo o edifício da Igreja (cf. Mt 16, 18;
21, 42-46; cf. Salm 117 (118), 22; Is 8,
14; Act 4, 11).
5 «Vós mesmos, como pedras vivas, entrai…». Aqui
temos uma das muitas imagens com que é representada a Igreja, «edifício de Deus» (cf. 1 Cor 3, 9.11), um edifício que
cresce sempre, edificado por Deus, tendo Cristo como pedra angular e os Apóstolos como alicerce (cf. Ef 2, 19-22).
9 «Sacerdócio real…». Ex 19,
6 diz «reino de sacerdotes», que os LXX traduziram por «sacerdócio régio» (basileion hieráteuma); por sua
vez, Apoc 1, 5 diz: «reis e sacerdotes»; 1 Pe 2, 9 segue
a Septuaginta.
Evangelho
(João 14,1-2)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ficai em mim, e eu em vós hei de ficar, diz o Senhor; quem em mim
permanece; esse dá muito fruto (Jo 15,4s).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo
segundo João.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 14 1 "Não se perturbe o vosso coração.
Credes em Deus, crede também em mim.
2 Na casa de meu Pai
há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos
um lugar.
3 Depois de ir e vos
preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também
vós estejais.
4 E vós conheceis o
caminho para ir aonde vou".
5 Disse-lhe Tomé:
"Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o
caminho?"
6 Jesus lhe respondeu:
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
7 Se me conhecêsseis,
também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o
tendes visto".
8 Disse-lhe Filipe:
"Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta".
9 Respondeu Jesus:
"Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que
me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai...
10 Não credes que
estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de
mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras.
11 Crede-me: estou no
Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras.
12 Em verdade, em
verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e
fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai".
Temos na leitura uma pequena parte do chamado discurso do
adeus, o início do capítulo 14 de S. João. As palavras de Jesus, «não se perturbe o vosso coração» aparecem
com grande relevo, pois se repetem no v. 27.
2-3 Nestes
versículos, que admitem diversas traduções, Jesus esclarece os seus discípulos
de que a sua partida é para lhes abrir caminho para a casa do Pai, o Céu, a
meta final para todos os fiéis, por isso diz que ali há «muitas moradas», isto
é, lugar para todos (cf. Lc 16, 9; Jo 13, 36; 12, 26.32;
17, 24). A casa de Deus era o templo (2, 16-17) que se tornou o símbolo da
comunhão com Deus na bem-aventurança eterna; neste sentido esta é a única vez
que a expressão «moradas» aparece
em todo o N. T., além da alusão em Heb 6, 19-20 (ver Henocetiópico, 39,
4; 41, 2).
6-9 Jesus é o «caminho» não apenas pelos seus ensinamentos e
exemplos, mas porque Ele mesmo se identifica com a «verdade» (é o
Verbo, a expressão adequada do Pai – Jo 1, 1.14.18) e a «vida» (Jo 1,
4.14.16; 3, 16; 6, 47; 10, 9-10; 11, 25-26): Ele está no
Pai e o Pai está n’Ele (vv. 10-11; 10, 38; 17, 21), fazendo Um com Ele (10, 30;
17, 11.21-22), por isso afirma que «quem Me vê, vê o Pai»(v.
9). Aqui radica o facto de Jesus ser não apenas caminho, mas o único caminho
para o Pai, talvez por isso o cristianismo era designado inicialmente
como o caminho (Act 9.2;
18, 25; 24, 22). Neste versículo a revelação de Jesus aos seus atinge o clímax
e é uma das mais expressivas sínteses de todo o Evangelho.
12 A
garantia das «obras maiores» dos discípulos (entendam-se as obras
relativas à expansão da obra salvadora de Jesus) é a ida de Jesus para o Pai,
que põe em acto o poder da sua mediação e o envio do Espírito Santo.
Oração
Pai, não deixes que jamais o medo tome conta de meu coração, a ponto de
impedir-me de caminhar rumo à tua casa, pelo caminho aberto por teu Filho Jesus.